Monthly Archives: junho 2016

O que fascina na travesti ?
   30 de junho de 2016   │     0:00  │  0

Artigo

Por: Flávio Gikovate  – Médico psiquiatra, psicoterapeuta e escritor brasileiro. Formado pela USP em 1966, desde 1967 trabalha como psicoterapeuta, dedicando-se principalmente às técnicas breves de psicoterapia.

A travesti é um personagem intrigante que interessa principalmente a um bom número de homens heterossexuais. Nascidos meninos, desde cedo se identificam com o gênero feminino e, ao crescer, transformam seu corpo (afora os genitais) com o intuito de parecerem mulheres. São extravagantes no vestir, despertando o desejo visual masculino com uma ousadia que falta à grande maioria das mulheres. Diferem das transexuais que querem efetivamente assumir a condição feminina. A travesti quer parecer mulher mas não quer ser.

É constrangedor para a maioria dos homens sentir desejo por eles (elas?) – mas sentem; muitos se iludem dizendo que não perceberam a diferença. Sentir desejo por um homem é ser homossexual e este “fantasma” continua a espantar a quase todos. O constrangimento se atenua porque a travesti desperta o desejo justamente por suas características femininas (adquiridas de forma artificial e bastante trabalhosa), de modo que algumas se atrevem a chegar perto deles.

Pode parecer inesperado mas o fato é que um bom número de homens se aproxima dos travestis justamente por serem “falsas mulheres”, por possuírem o pênis. No início assumem o papel ativo no ato sexual mas aos poucos vão ganhando coragem de se aproximar do pênis e mesmo de serem penetrados. O prazer experimentado leva muitos a um estado de alarme, pois este tipo de gozo é interditado aos heterossexuais: onde já se viu sentir excitação táctil por força da estimulação anal? Que dizer então da penetração anal?

A verdade é que as sensações masculinas relacionadas com a região anal parecem ser mais fortes do que aquelas sentidas pelas mulheres. Arrisco aqui uma hipótese para explicar o gosto pelas travestis: a vergonha, a culpa e os temores da homossexualidade se atenuam muito porque eles estão se relacionando não com homens de verdade mas com “quase mulheres” que despertam neles forte desejo visual (típico do contexto heterossexual).

O tema é complexo.

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Casa de Apoio Brenda Lee reabre serviço de acolhimento a travestis e transexuais
   29 de junho de 2016   │     0:00  │  1

O serviço de acolhimento da Casa de Apoio Brenda Lee, voltada para travestis e transexuais com HIV, reabriu as portas em março deste ano e já abriga 15 pessoas. O atendimento ficou suspenso por quase cinco anos. Por conta da reabertura e do importante capítulo que a ONG ocupa na história de enfrentamento ao HIV, a Agência de Notícias da Aids começou dia (24) uma série de reportagens sobre ela. É uma homenagem a sua fundadora, Brenda Lee, e ao legado que ela deixou com a casa que possibilita melhor qualidade de vida a um público diariamente violentado, marginalizado e estigmatizado pela sociedade.

O lugar que oferece acolhimento, abrigo e caminhos para emancipação das travestis carrega essa característica social desde o começo de sua história, em 1984, quando Brenda Lee comprou o imóvel para morar e ser uma pensão. Lá, a travesti Brenda, assassinada em 1996, acolhia as jovens expulsas de seus lares e abandonadas por suas famílias, por causa da sexualidade.

No período em que não houve acolhimento, de 2011 a 2015, cursos como de maquiagem, cabeleireiro e manicure continuaram sendo oferecidos. “As atividades de acolhimento foram encerradas porque a diretoria não sabia mais lidar com o novo perfil das acolhidas. Na época da Brenda, a maioria dos usuários era de travestis que vinham da Europa doentes de aids. Em 2011, já eram travestis mais jovens, usuárias de drogas, que precisam até de reabilitação. Por falta de estrutura para lidar com o novo perfil, a procura também foi diminuindo”, explica o assistente social Thiago Aranha, atual diretor-presidente da Casa de Apoio Brenda Lee.

Outro fator que pesou na decisão de encerrar o acolhimento causou muitos problemas entre as usuárias. Era a antiga regra da quarentena. Ou seja, como chegavam com a saúde debilitada pelo HIV, vindas de hospitais especializados, como o Emílio Ribas, elas precisavam ficar 40 dias sem sair às ruas a partir do dia do acolhimento. A regra foi perdendo a razão à medida em que os novos tratamentos para HIV/aids foram se tornando mais eficientes. “Uma das primeiras mudaças que fiz foi extinguir essa regra”, conta Thiago.

Mas, além do acolhimento, de acordo com Thiago, a ONG correu o risco de fechar, pois a antiga presidente, Maria Luiza, por motivos pessoais, não poderia mais responder por ela.

“Ela me falou que não podia continuar e sugeriu que eu assumisse. Tive medo, não sabia se conseguiria, mas a dona Luiza me apoiou e eu acredito que um lugar com toda essa história não pode fechar. Conversei com pessoas da área, busquei ajuda e conselhos sobre o que poderia fazer e estou aqui, desde 2014.”

Já em 2013, a diretoria da ONG começou a se reestruturar para a retomada do serviço de acolhimento, revendo documentos, normas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), adaptações,  atualizações e promovendo rodas de conversa com os interessados.

24 horas

A  casa de quatro andares tem seis quartos ocupados, capacidade para atender 25 usuárias, salas de estar, de TV, para acolhimento, cozinha, banheiros, recepção, laje com varanda e funciona 24 horas por dia.

“A pessoa que quer vir para cá precisa conversar com um assistente social ligado a casas de apoio ou ser encaminhada por algum serviço de saúde”, informa Thiago. Segundo ele, um dos motivos para essa orientação é o acompanhamento no tratamento do HIV. “Nós temos um arquivo de todos os usuários e acompanhamos o tratamento. Muitas delas vêm direto do hospital. Por isso, precisamos desse cuidado e controle”.

Entre orientadores, auxiliar de limpeza, de cozinha, psicólogos, estagiários e voluntários trabalham direto na casa cerca de sete pessoas remuneradas, fora os seis integrantes da diretoria, que são voluntários. Embora tenha como foco travestis e transexuais, a Casa de Apoio Brenda Lee também abriga dois jovens gays que precisavam de cuidados e abrigo, pois receberem alta do hospital e não têm para onde ir.

“A Brenda dizia que tudo o que a sociedade rejeitava, ela acolhia. Se um homossexual estava com aids e todo mundo dava as costas para ele, ela ia atrás, trazia pra cá e cuidava. Buscamos trazer sempre esse exemplo para o nosso dia a dia”, explica o diretor.

A ONG se mantém com um incentivo recebido de uma parceria entre estado e município, o aluguel de um terreno que comprou com o objetivo de construir uma nova casa de apoio e as vendas de objetos doados ao brechó. “Fazemos o possível para fechar a conta todo mês e não ter emergência, mas ainda precisamos de muita ajuda”, afirma Thiago.

Por uma parceria feita pelo projeto municipal Transcidadania, as travestis e transexuais estão estudando. Um quadro indicando vagas de emprego fica pendurado na sala de estar. “Nós queremos que elas tenham autonomia, liberdade, sejam emancipadas, enfim, possam se sustentar e viver com segurança. Então, buscamos meios para isso,” explica Thiago.

“Aqui é uma casa de primeira. Eu não imaginava que seria recebida assim. A gente come bem, cuida do nosso espaço e tem cinco refeições por dia”, conta Poliana, que está há um mês na ONG, se recuperando de uma cirurgia feita depois de ter sido esfaqueada pelo ex-marido.

Palácio das Princesas

Em 1985, um ano depois de ter comprado o imóvel no bairro da Bela Vista, aconteceu uma série de assassinatos de travestis em São Paulo, Brenda, então, acolheu um número maior de meninas e, assim, a pensão recebeu o nome de Palácio das Princesas. Com o tempo, algumas de suas amigas começaram a aparecer doentes e ela as acolhia também. Até que recebeu o primeiro paciente portador do vírus HIV, em 1986, e virou casa de apoio.

“Ela ajudou as pessoas num momento que ninguém sabia nada sobre a aids. Recebeu e cuidou dos primeiros casos da doença e também tinha uma ala para cuidar das que estavam com tuberculose”, continua Thiago, que, antes de ser diretor-presidente da ONG, era voluntário.

“Após seu assassinato, a família não quis assumir a casa, que foi comprada, virou ONG e foi assumida por uma diretoria que queria respeitar a memória dela e continuar o trabalho”, diz o diretor.

Na próxima reportagem, contaremos a história de Poliana e de outras pessoas que vivem na casa.

Serviço

Casa de Apoio Brenda Lee

Tel.: (11) 3112-1384

Rua Major Diogo, 779, Bela Vista, São Paulo – SP

Fonte: Agencia Aids

28 de junho: A Batalha de StoneWall, marco do movimento LGBT
   28 de junho de 2016   │     2:12  │  0

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Os acontecimentos de Stonewall se transformaram no marco fundador do movimento da diversidade sexual. Naquela época, os atos homossexuais eram ilegais em todos os Estados, exceto Illinois. Greenwich Village, bairro de Nova York onde se encontrava Stonewall, era o destino das pessoas LGBTI que fugiam de suas casas ou sofriam o despejo.

A sociedade daquele tempo então se encontrava fortemente moldada pela propaganda estatal conservadora sobre a família e a sexualidade. Este discurso sobre a moral e os bons costumes, arraigadas na heterossexualidade como norma, era impulsionado pelos governos americanos como o de McCarthy e instituições como a Igreja. A propaganda maccartista (referente ao senador McCarthy, conhecido pela perseguição aos direitos civis nos EUA) também era dirigida contra os comunistas ou anarquistas que eram considerados um risco. Por outro lado, a perseguição e o assédio policial eram constantes. Esta situação levava a que a vida das pessoas LGBTI fosse em grande medida clandestina, reduzida a lugares específicos como bairros das grandes cidades e a bares clandestinos geridos pela máfia, como o caso de Stonewall.

Ares de liberdade

Em 28 de junho de 1969 uma vez mais a polícia se fez presente para levar adiante um novo enfrentamento. Os agentes estavam acostumados a revistar aos clientes, às travestis as revistavam nos banheiros “para comprovar seu sexo” e eram diretamente detidas, vestir mais de duas peças de roupas do “sexo oposto” era ilegal.

O cansaço frente à impunidade policial essa noite estourou, começando pelas trans que se negaram a ser detidas, seguidas pelos demais que se negaram a entregar suas identificações, até que ecoou o grito de uma lésbica invadindo aos presentes: “Alguém vai fazer algo?”. A multidão estava inquieta, enojada e muito decidido, a revolta havia começado.

Um dos presentes Michael Fader relatava o fato assim: “Todos tínhamos um sentimento coletivo de que havíamos suportado o suficiente desta merda. Não era nada concreto que alguém tinha dito a outro, era algo como se tudo o que havia ocorrido durante anos tinha se acumulado nessa noite específica e nesse lugar específico, e não foi uma manifestação organizada… Todos na multidão sentimos que nunca íamos voltar. Era como se fosse a última gota. Era hora de retomar algo que sempre nos tomaram!

Os distúrbios dessa noite se estenderam durante dois dias mais, com barricadas, corridas e enfrentamento corpo a corpo com a polícia. Com este acontecimento, que ganhou notoriedade pública nos jornais, surgiu o movimento da diversidade sexual na batalha contra a repressão e o assédio das forças repressivas e o Estado.

Stonewall foi parte de uma época onde a efervescência juvenil se traduziu no movimento hippie, nas experiências lisérgicas e inovações musicais e artísticas, o ressurgimento do feminismo e grandes acontecimentos históricos como o repúdio à guerra imperialista contra Vietnã e a tomada das ruas de Paris no Maio Francês pelas mãos de estudantes e trabalhadores. O caso da Argentina esteve atravessado pelo processo de insurgência operária-estudantil conhecido como o Cordobazo (ascenso operário-estudantil em 1969, em Córdoba, uma das cidades industriais mais importantes da Argentina) dando espaço à formação em 1971 da “Frente de Libertação Homossexual” (FLH) com ativistas e intelectuais do porte de Nestor Perlongher (sociólogo e ativista, foi professor da Unicamp) e Manuel Puig, (escritor argentino), entre outros.

 

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Google cria vídeos em 360º de Paradas do Orgulho Gay do mundo inteiro para comemorar o dia 28 de junho
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O Google lançou  no dia 23 de junho um projeto para levar as Paradas do Orgulho LGBTT do mundo todo a pessoas que não podem participar delas fisicamente. Chamado de #prideforeveryone (#orgulhoparatodos), o projeto disponibiliza registros em 360 graus das Paradas do Orgulho LGBTT de diversos locais do mundo, incluindo Estados Unidos, Canadá, Brasil, Colômbia, Índia, China, Japão, Austrália, Reino Unido, Irlanda e Itália.

Segundo a empresa, o objetivo do projeto é que “trazer o senso de empolgação e de união [das Paradas a pessoas que normalmente não poderiam estar presentes”, como também comemorar o dia 28 de junho, data esta que se comemora o Dia Internacional do Orgulho Gay em todo mundo. Conforme o Engadget aponta, muitas pessoas no mundo deixam de ir a esses eventos por conta de leis anti-LGBTTs de alguns países, ou por medo de ser discriminado por suas famílias ou conhecidos. O vídeo abaixo apresenta o projeto:

De acordo com uma pesquisa citada pelo próprio Google, mesmo nos Estados Unidos, 52% da população LGBTT nunca foi a uma dessas paradas. Isso apesar do fato de os Estados Unidos não ser um dos mais de 70 países em que pertencer a essa comunidade é um crime.

Em entrevista ao USA Today, Arjan Dijk, vice-presidente de marketing disse acreditar que a mensagem do projeto é ainda mais iportante após o massacre homofóbico que aconteceu em Orlando no dia 12 de junho. Dijk também é patrocinador executivo dos Gayglers, o grupo dos funcionários LGBTT que trabalham no Google. “Acho que depois de Orlando, essa mensagem é ainda mais importante, que as pessoas devem ter orgulho de quem elas são e de quem elas amam”, disse.

De acordo com o site do projeto, funcionários do Google e seus parentes e amigos participaram da 20ª Parada do Orgulho LGBTT em São Paulo e registraram o evento em vídeo 360º. Com mais de 2 milhões de participantes, a Parada de São Paulo é uma das maiores do mundo. No ramo de tecnologia, não foi só o Google que apoiou o evento: a Microsoft também incentivou seus funcionários a participar.

28 de junho é o Dia do Orgulho LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersex), data celebrada e lembrada mundialmente, que marca um episódio ocorrido em Nova Iorque, em 1969. Naquele dia, as pessoas que frequentavam o bar Stonewall Inn, até hoje um local de frequência de gays, lésbicas e trans, reagiram a uma série de batidas policiais que eram realizadas ali com frequência.

O levante contra a perseguição da polícia às pessoas LGBTI durou mais duas noites e, no ano seguinte, resultou na organização na 1° parada do orgulho LGBT, realizada no dia 1° de julho de 1970, para lembrar o episódio. Hoje, as Paradas do Orgulho LGBT acontecem em quase todos os países do mundo e em muitas cidades do Brasil ao longo do ano.

Infelizmente, a perseguição, discriminação e as violências contra pessoas por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero – real ou percebida – não acabou. No relatório ”Making love a crime”, a Anistia Internacional mostra que em 38 países da África, a homossexualidade é criminalizada por lei, e ao longo da última década houve diversas tentativas de tornar estas leis ainda mais severas.

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Menino de 9 anos sofre estupro coletivo em escola de Fortaleza‏
   27 de junho de 2016   │     0:00  │  1

Polícia Civil apura se grupo de alunos da mesma escola cometeu o ato. Criança sofria bullying de alunos há dois anos, segundo pais da vítima.

Caso de estupro coletivo ocorreu em escola no Bairro Presidente Kennedy, em Fortaleza, segundo os pais .

Caso de estupro coletivo ocorreu em escola no
Bairro Presidente Kennedy, em Fortaleza, segundo
os pais .

Os pais de um aluno de 9 anos de uma escola pública de Fortaleza denunciam um caso de estupro coletivo ocorrido dentro do colégio no início deste mês, supostamente cometido por outros estudantes. Segundo depoimento da mãe à polícia, o garoto já sofria bullying e agressões na escola há dois anos.

O caso foi denunciado no 34º Distrito Policial e corre sob sigilo para não atrapalhar as investigações, mas, segundo o pai da criança, que não quer se identificar, um laudo do IML constatou a violência contra a criança.

“Na segunda-feira [6/06] eu encontrei meu filho quando fui buscar na escola, ele estava chorando, nervoso, todo se tremendo e eu perguntei o que havia acontecido. ‘Os meninos me pagaram e fizeram maldade comigo’. Fiz o b.o. no 34º Distrito, e um policial me levou ao IML. O exame de corpo de delito mostrou que meu filho foi violentado”, relata o pai.

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Ainda de acordo com os pais, a criança afirmou que foi amordaçada na escola por cinco estudantes, que seguraram os membros e taparam a boca para evitar que criança gritasse, enquanto sofria abuso dentro da escola, no Bairro Presidente Kennedy.

Bullying e agressões
O pai da vítima afirma ainda que a criança havia relatado agressões e bullying na escola há dois anos. “Eu procurava a direção da escola, falava das marcas de agressão no meu filho, a direção sempre falava que iria resolver, mas nunca foi atrás de solucionar a situação”, conta.

A Secretaria Municipal de Educação afirma que abriu sindicância para apurar os relatos dos pais e encaminhou o caso para o Conselho Tutelar. A secretaria afirma ainda que a criança vítima de abuso, a família e a escola são acompanhados pela Célula de Acompanhamento Social da pasta.

Na terça-feira (7), um dia após o caso de estupro coletivo, o aluno que sofreu abusos foi transferido de escola, após obter uma declaração de transferência.

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