O trabalho é mais um a apontar disparidades no acesso à saúde para a comunidade
A saúde da população LGBTQIA+ é um campo de estudos em expansão e os achados convergem: são as pessoas que têm pior acesso ao sistema de saúde. Agora, pesquisadores do Hospital Israelita Albert Einstein, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de São Caetano do Sul relatam que a disparidade acompanha esses indivíduos após os 50 anos, seja em instituições públicas ou privadas.
“O acesso à saúde vai muito além do paciente entrar pela porta do nosso serviço. É necessário um atendimento humanizado, um acolhimento, especialmente, desse grupo que sofre com dupla invisibilidade – por ser LGBTQIA+ e idoso”, afirma Milton Crenitte, geriatra do Einstein e um dos autores do artigo.
Já a população negra LGTBQIA+ tem o pior índice de acesso à saúde, com 41%, enquanto as pessoas brancas da comunidade têm uma pontuação de 29%. Por outro lado, apenas 17% das pessoas cisgêneras (cuja identidade de gênero corresponde ao gênero que lhe foi atribuído no nascimento) e heterossexuais brancas avaliaram como ruim seu acesso à saúde contra 28% da população cis e hétero negra.
Outro dado que a investigação traz é que 74% das mulheres cisgêneras e heterossexuais disseram ter realizado, ao menos, uma mamografia em sua vida, em oposição a apenas 40% das pessoas LGBTQIA+. O número também é menor em exames de câncer de colo de útero: 73% das mulheres cisgêneras e heterossexuais realizaram os procedimentos, enquanto 39% das pessoas LGBTQIA+ relataram terem feito os exames.
O resultado principal, de acordo com o trabalho publicado em artigo científico na revista Clinics, é a demonstração de que orientação sexual e identidade de gênero são determinantes para um pior acesso aos serviços de saúde no país.
Longa discussão
Este não é o primeiro estudo e, provavelmente, nem o último a analisar a desigualdade que a população LGBTQIA+ sofre em relação ao acesso à saúde. No mês passado, um estudo encomendado pela farmacêutica Sanofi trouxe um cenário semelhante.
No Brasil, grupos minoritários, que incluem a comunidade LGBTQIA+, expressam baixos índices de confiança na prestação de serviços de saúde. Isso é motivado, sobretudo, por experiências negativas no passado. De acordo com o levantamento, 87% da população com deficiência, por exemplo, é capaz de relatar ao menos uma experiência negativa com o atendimento médico, enquanto a comunidade LGBTQIA+ representa 86%.
No que tange a satisfação diante dos serviços prestados, a diferença entre membros da comunidade (77%) e público geral (86%) é de 9%. A lacuna é ainda maior se o paciente pertencer a dois ou mais grupos marginalizados. No caso brasileiro, minorias étnicas figuram nas categorias que se sentem desprezadas pela prestação de serviços de saúde. ‘Não se sentir ouvido’ (37%), ‘ser julgado’ (20%) e ‘estar inseguro’ (19%) são algumas das queixas mais comuns.
Eles estão presentes em várias partes e muito próximos de nós. Seja no convívio familiar, no trabalho, novelas, ou mesmo na rua, os casais homossexuais já fazem parte de nossas vidas e não podemos negar. Fato que não é recente, mas muitas pessoas ainda não conseguiram aceitar.
A homossexualidade não é algo novo na sociedade. Estudos apontam que a pratica surgiu há 1,7 mil anos A.C. Na época, ninguém saia chamando a pessoa de gay, o amor entre casais do mesmo sexo era tão comum que o termo homossexual nem existia. Os próprios gregos, com o consentimento dos pais e do filho tinham sua iniciação sexual através do homossexualismo. Por sinal a denominação surgiu em 1848, pelo psicólogo alemão Karoly Maria Benkert, quando passaram a denominar o relacionamento de pessoas do mesmo sexo como uma doença. “A homossexualidade é uma construção sociocultural, que varia de país para país. É uma questão de como a população será educada para essa questão”, explica o neuropsicólogo Anderson Cassol Dozza.
Considerada por muitos estudiosos como uma doença, a homossexualidade só passou a ser tratada como opção sexual no final do século passado. “Muitos consideravam a opção como uma desordem mental, um desvio de comportamento, o que atualmente é considerado equivocado, tanto que não existe uma cura para algo que não é considerado transtorno”, salienta o neuropsicólogo.
Apesar de ser algo presente na sociedade, muitas pessoas ainda veem com preconceito a escolha de casais do mesmo sexo. Para os mais radicais a maior preocupação é com o desenvolvimento das crianças e como tratar do assunto. Segundo Dozza uma ideia totalmente equivocada e que deve ser tratada de forma natural. Ele salienta que os pais precisam estar abertos para abordar o assunto, sempre respeitando a idade da criança: “É importante que os pais conversem com os filhos sobre sexualidade, não escondam nada, expliquem que casais homossexuais também têm sentimentos, que não é um bicho de sete cabeças, não é anormal, e que devem ser respeitados”.
Na escola a postura deve ser a mesma. Os professores não devem tratar de forma diferente meninos e meninas heterossexuais de meninos e meninas homossexuais. “A escola tem um enorme papel quando o assunto é sexualidade, em que série vai ser abordado o assunto, ter a presença dos pais para discutir o tema, e à medida que os alunos vão crescendo eles acabam descobrindo o que desejam para a sua vida afetiva”, destaca Dozza.
Para o neuropsicólogo se faz muita “tempestade” em um assunto que acaba estando presente no nosso dia-a-dia, principalmente nos meios de comunicação como televisão e internet: “A novela é um exemplo desta exposição. Quando um casal de homossexuais está se beijando, eles estão demonstrando todo o seu amor, carinho e afeto, da mesma maneira quando envolve casais heterossexuais. O problema é que não se debate o assunto, parece uma forma de forçar a sociedade a achar que isso é o correto e aí entra o papel dos pais”, salienta Dozza.
Outro ponto que vem sendo discutido é a adoção de crianças por parte de casais homossexuais. Muitos questionam a postura que os casais terão na criação dos filhos e de que maneira será formada a opinião dessa criança. Pesquisas realizadas pela associação Psicológica Americana, (American Psychological Association) apontam que 99,99% das crianças adotadas por homossexuais não apresentaram nenhuma mudança psicológica, física ou mental na identificação de gênero, “bem pelo contrário, em alguns casos a pesquisa apontou uma relação afetiva muito melhor do que com os pais heterossexuais”, aponta o neuropsicólogo.
Para o neuropsicólogo Dozza a melhor maneira de se ter o convívio entre heterossexuais e homossexuais é através do diálogo. “O preconceito está muito presente na sociedade, seja na questão sexual, religiosa ou étnica, mas é preciso que as pessoas estejam cientes de que é um assunto que deve ser discutido sem neurose, respeitando a opção de cada um”.
_Ela é a “mãe” do bate-cabelo e lenda viva da noite de São Paulo, fará um show na boate pra ficar na história_
A festa *Queens Night* promovida pelo Club Metrópole neste sábado 27/05, a partir das 22h, terá a presença luxuosa de *Márcia Pantera* considerada uma das maiores artistas do seu tempo. Com 35 anos de carreira, a queen carrega um título poderoso: *criadora e precursora do bate-cabelo* . Lenda viva da noite paulistana, ela é a pioneira e, até hoje, uma das principais performers do país, influenciando gerações de artistas brasileiros — de Pabllo Vittar ao estilista Alexandre Herchcovitch, que teve Márcia como modelo para desfilar as suas criações.
De acordo com Victor Hugo Bione, produtor artitisco do Club Metrópole, trazer Márcia é uma honra. “Ela representante de um movimento de drag queen que revolucionou o entretenimento”, completou.
O bate-cabelo, a técnica de jogar as madeixas freneticamente no ritmo da música foi criada por Marcia no fim dos anos 1980 e, em pouco tempo, espalhou-se a palavra de uma performer que faz verdadeiras acrobacias com a força de sua peruca. Tudo isto e muito mais você confere com exclusividade na Metrópole.
A noite contará com as participações da final da *Drag Bomb* uma competição de _Lip Sync Battle_ e o som de DJ’s drags América, Polly Pockt (Pista Brasil), Hilary Salt, Makuza Hoax, Safira Blue (Pista New York) e Mayven How (Piscina Lounge).
Os ingressos antecipados promocionais estão disponíveis por R$ 15,00 (meia-entrada) e R$ 30,00 (inteira) à venda no sympla.com.br/clubmetropole.
Ingressos físicos no Bar do Céu, rua das Ninfas, 84 e Pajubar Av. Manoel Borba, 693, Soledade. Mais informações nos números (81) 99828-1640 | WhatsApp (81) 99201-3807.
O Club Metrópole sempre traz surpresas para o seu público cativo e turistas que estão de passagem no Recife. Depois de um hiato de três meses o selo Guapo aterrissa neste sábado 20/05, a partir das 22h, na bate da Rua das Ninfas, no bairro da Boa Vista, coração LGBTQIA+ da capital pernambucana.
Sob o tema Caribe, a Guapo chega com seu conceito latino inédito de festa e sua proposta de apresentar os seus DJS como performers. Será uma noite única para o público vivenciar a experiência da magia da Guapo que é sucesso por onde passa
Segundo Victor Hugo Bione, produtor artistico do Club Metrópole, a Guapo é mais do que uma festa é a chance do público curtir um espetáculo a parte de luzes de led e figurinos. “É uma festa de nível internacional recheada e encantada de cores e música tudo sob a ótica das ilhas caribenhas e muitos piratas sarados”, diz.
Por citar a música fazem parte do LINE UP, desta edição, os DJs Adham (residente da Guapo), Breno Barreto, Fábio Marx, todos de São Paulo, além dos regionais Weverton Pimentel (PE) e Thomaz (PE). “Quem já foi numa Guapo sabe que o rolê é certo e não há salsa e merengue que fique sem se encantar com os mais belos latinos e piratas em cena da edição pernambucana da Guapo Caribe”, afirma Victor Hugo Bione.
A Guapo foi criada há dois anos por Eudes Freire, Leandro Paes e Maurício Lagrecca, com objetivo de levar algo diferente pra noite do Brasil. “Eles conseguiram por isso que é um sucesso nacional e internacional no Mercosul”, diz Victor Hugo Bione.
Os ingressos antecipados promocionais estão disponíveis por R$ 25,00 (meia-entrada) e R$ 30,00 (inteira) à venda no sympla.com.br/clubmetropole.
Ingressos físicos no Bar do Céu, rua das Ninfas, 84 e Pajubar Av. Manoel Borba, 693, Soledade. Mais informações nos números (81) 99828-1640 | WhatsApp (81) 99201-3807.
A mãe trans Erika Fernandes compartilha sua experiência em amamentar seu filho biológico, fruto da relação com seu marido, o homem trans Roberto Bete
O casal trans Erika Fernandes e Roberto Bete , influenciadores digitais, costuma dizer que a paixão entre eles foi à primeira vista. Juntos há três anos, com o desenvolver da relação, a vontade de aumentar a família surgiu e eles decidiram então que teriam um filho biológico, mas Erika queria ir além.
Como toda a mãe, ela tinha o sonho de poder amamentar seu bebê e desenvolver essa conexão que é especial e única. Uma relação que une a criança à mulher. Mas, sendo uma mulher trans, como isso seria possível? A fonoaudióloga neonatal e consultora internacional de amamentação Kely Carvalho explica que, na literatura internacional, há pelo menos um caso registrado do tipo, que ocorreu em 2018, o que ela considera que foi “praticamente ontem”.
“É super-recente. O caso descreve uma mulher trans que amamentou o filho da companheira por mais de seis meses. Até este período ela amamentou só no peito, com leite que ela produziu, depois ela precisou da complementação, o que é bem comum inclusive para mulheres cis”, explica a especialista. Kely foi uma das responsáveis por acompanhar a amamentação que Erika deu para seu filho, o pequeno Noah , que está com sete meses.
influenciadora explica que quando o casal decidiu engravidar, precisou interromper a hormonização, referente à transição de gênero, por cerca de um ano e meio.
“Paramos para que eu pudesse voltar a produzir espermas e o Beto a ovular, e assim conseguimos ter condição de engravidar. Chegamos a fazer acompanhamento médico para checar se estávamos com algum atrofiamento ou algum outro tipo de questão que impedisse a gradivez, inclusive. No quarto ciclo menstrual dele, nós conseguimos”, relembra Erika.
Todo o pré-natal foi realizado no ambulatório trans do Centro de Referência e Treinamento (CRT), de São Paulo, local onde o casal também realiza seu tratamento hormonal de transição. Com isso, Erika relata que ela e Beto não
sofreram transfobia durante o processo, uma vez que “toda a equipe é preparada para atender pessoas trans”.
“Tivemos a sorte de contar com profissionais aptos que não foram transfóbicos. Lá mesmo fizemos todo o pré-natal e eles nos indicaram a maternidade onde o Noah nasceu, que já havia atendido inclusive um caso parecido com o nosso”, diz.
Para a amamentação, Erika precisou tomar uma medicação que induz a produção de prolactina , o hormônio responsável por produzir o leite humano, além de realizar um processo de sucção na glândula mamária, com o auxílio de uma bombinha que estimula a região do mamilo e dos dutos. Essa sucção imita o bebê sugando os mamilos, quando está tomando leite, e serve para que o corpo entenda que é necessário a produção de leite, uma vez que ‘algo’ está. sugando os mamilos.
diária, a cada 20 minutos, que é o tempo que o bebê costuma mamar assim que nasce. Depois diminui o intervalo para cada uma hora e por fim, a cada três horas. Depois do nascimento do meu filho, a médica sugeriu que eu continuasse fazendo o procedimento até que ele parasse de mamar”, conta Erika, que reforça que esse tratamento também é aplicado em mulheres cis que, por algum motivo, não conseguem amamentar.
A influenciadora lembra que seu desempenho na produção de leite superou as expectativas das especialistas que a acompanhavam e que sua vontade de amamentar teve relação direta com o resultado.
“Geralmente, a lactação ocorre quando a mulher já está há três meses fazendo o tratamento, mas com 20 dias eu já estava produzindo leite. A médica ficou muito surpresa e feliz com o resultado. Era uma coisa que eu queria muito e ela me disse que meu empenho ajudou. Nessa minha emoção de querer demais que acontecesse, acabei liberando muita ocitocina, que é outro hormônio que ajuda na lactação”, explica.
Nem tudo foram flores
Apesar da vontade de ter a experiência de amamentar seu filho, Erika conta que nem tudo saiu como o planejado e que não romantiza o processo. Com dois meses, Noah começou a rejeitar o peito da mãe e foi necessário dar fórmula para alimentar a criança.
“Era um sonho para mim amamentar e até hoje ainda sonho, literalmente, à noite com isso, mas não romantizo a experiência porque não foi nem um conto de fadas, não foi nada bonitinho, foi muito dolorido”, lembra Erika, que se recordou também sobre uma experiência que teve ainda na maternidade.
Nos quatro primeiros dias do bebê nascido, a mãe deu de mamar ‘errado’, mas não sabia. Com medo de ser impedida de amamentar por conta das dores, acabou não compartilhando a dificuldade com as enfermeiras.
“No início a ‘pega’ dele estava errada e eu não sabia. Para mim era só colocar no peito que ele sugava. Fiquei quatro dias dando de mamar ‘errado’, sofrendo, sentindo dor e quase chorando. A médica e as enfermeiras entravam no quarto e me perguntavam: ‘E aí está doendo?’, e eu falava que não. Tinha medo de falar que Tinha medo de falar que estava doendo e elas interromperem a amamentação, que era algo que eu não queria”, conta Erika.
Uma experiência solitária
A experiência de amamentação costuma ser compartilhada por muitas mulheres cis, que se apoiam com seus relatos. Muitas podem contar ainda com a vivência de suas mães, em quem confiam em compartilhar suas angústias e medos com todo o novo universo que a maternidade traz. Sem referências, Erika conta que sua jornada de amamentação como uma mãe trans foi solitária.
“As pessoas diziam que aquilo não era certo, que não era algo possível, que eu estava fazendo uma coisa errada. Eu tive medo de chegar para alguém e compartilhar minhas dúvidas, meus receios e as dores que eu estava sentido com a amamentação, inclusive com a minha mãe. Era como se eu tivesse vergonha de chegar, falar sobre o assunto, e receber como resposta: ‘Você não era para estar fazendo isso’. Eu sofria comigo mesma”, lembra a mãe.
Contudo, Erika e Beto têm uma grande rede de apoio, com uma família unida que acompanhou todo o processo desde a gestação com eles, o que a influenciadora considera que foi “muito importante”.
“A minha mãe e a mãe do Roberto vieram aqui para casa e ficaram uns 15 dias no início para nos ajudar. Eu parei completamente a minha vida para viver em torno dele e do nosso filho. Não conseguia tomar banho direito, não conseguia comer, não conseguia fazer nada. Nas redes sociais, muitas pessoas criticaram o tratamento, dizendo que leite estimulado não é leite, mas por que para mim como mulher trans, querendo fazer esse tratamento, o meu leite não é leite e quando uma mulher cis faz o mesmo procedimento, o dela é considerado o certo? Não é um tratamento diferenciado para mulheres trans”, defende a influenciadora.
Procedimento baseado em protocolo internacional
A consultora internacional de amamentação, Kely Carvalho, explica que o procedimento adotado no caso da Erika segue os protocolos estipulados pela Academia de Medicina da Amamentação (ABM na sigla em inglês), reconhecida internacionalmente. Em 2020, a instituição publicou diretrizes para o atendimento a pessoas LGBTQIAP+ e, dentre os itens, estavam orientações para o atendimento a pessoas trans e travestis.
“A Erika não foi a primeira paciente trans que atendemos”, conta Kely, que afirma que antes já havia recebido dois casos: uma travesti e uma pessoa trans não binária.
“O tratamento é o mesmo oferecido para mulheres cis, mas apenas as trans e travestis que se hormonizam. Por exemplo, no caso da travesti que atendemos, ela não se hormonizava por questões de saúde, sendo assim, ela não conseguiu produzir nenhuma gota de leite, mas ela amamentou”, enfatiza a especialista.
Neste caso, a técnica utilizada foi a da ‘relactação’ ou ‘translactação’ que consiste em colocar uma sonda no peito com leite artificial ou leite de quem gestou. “Essa paciente travesti tinha um companheiro trans que gestou a criança. Como ele não havia retirado as mamas, nós tirávamos o leite do peito dele e colocávamos na sonda para que a mãe travesti pudesse amamentar o filho”, explica Kely.
Nos três casos, a consultora de amamentação trabalhou em conjunto com a ginecologista e obstetra Ana Thais Vargas, que traz uma reflexão sobre o preconceito das pessoas com o trabalho que as especialistas desenvolvem. Ela explica que por parte da comunidade médica, até hoje, não enfrentou nenhum tipo de discriminação e que “a recepção é sempre muito boa”, além de haver muito interesse em entender como os procedimentos foram realizados.
O problema está na sociedade como um todo e, em especial, no movimento feminista radical que gera uma recepção “sempre muito violenta”, segunda a médica.
“Violenta na exposição de fotos de aulas com fotos de pacientes que foram dadas em congressos e que são tiradas de contexto, violenta nos ataques diretos com expressões chulas e até ameaças. Aparece toda hora nas nossas redes sociais. E se isso acontece conosco, que somos profissionais, que lidamos com isso em determinado tempo, imagina na vida dessas pessoas trans e travestis?”, diz a obstetra, que afirma: “Isso só me traz mais certeza de que devo continuar fazendo esse trabalho”.
Kely corrobora com a declaração da colega e explica que só passou a ser criticada pelo seu trabalho quando incluiu pessoas trans e travestis: “Enquanto eu atendia só o público cis, recebia muitos elogios sobre o meu trabalho. Quando comecei a atender as pessoas trans e travestis, os comentários foram outros. ‘Você já está indo longe demais, está inventando coisa, está querendo dar ‘suco de macho’ para os bebês tomarem”.
A consultora de amamentação defende ainda que há falta de pesquisas e publicações científicas sobre o assunto, mas que antes desses aparatos teóricos, falta “enxergar essas pessoas como pessoas”.
“Nenhum direito foi conquistado de graça para as minorias – as pessoas pretas, as mulheres e os LGBTs. Eu trabalho para que as pessoas tenham a possibilidade de amamentar seus filhos pelo tempo que for bom para elas e bom para as crianças. Amamentar no peito é mais que alimentar o bebê. Peito é comida, diversão e arte. Cada gota de leite conta”, finaliza