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Homens trans devem ir ao urologista ? E mulheres trans, ao ginecologista ?

Por: Dr. Marcelo Magalhães – Médico graduado pela Universidade de Brasília. Tenho especialização em Cirurgia Geral pelo Hospital de Base do Distrito Federal e Urologia 

Artigo

Vivendo em uma sociedade onde a genitália “define” seu gênero, estamos cansados de ver as dificuldades que pessoas trans e travestis passam em seu dia a dia. Isto não é diferente quando precisam acessar serviços de saúde, em especial áreas como a urologia e ginecologia, especialidades que se acredita tratar apenas da genitália do indivíduo.

Se já é difícil um homem trans (com ovários, útero e vagina) conseguir um atendimento digno em ginecologia ou uma mulher trans (com próstata, pênis e testículos) em urologia, imagina o contrário? É escancarada a falta de informação e violência quando vemos notícias e relatos do tipo: “Homens trans não sabem quando ir ao urologista” ou “Ginecologista recusa atendimento a mulher trans alegando não atender homens”. Gostaria de deixar alguns pontos claros a este respeito aqui.

Para mulheres trans/ travestis/ pessoas que nasceram com pênis

Estes são alguns dos motivos para elas frequentarem o consultório urológico:

  • Aquelas que não realizaram ou não desejam a cirurgia de afirmação de gênero devem manter uma rotina com o urologista enquanto tiverem vida sexual ativa. Além dos cuidados com os genitais em si, também tratamos de questões sexuais como libido, ereção e ejaculação;
  • Quem deseja a cirurgia de redesignação sexual deve ser avaliada, entre outros especialistas, pelo urologista e cirurgião plástico especializados neste tipo de procedimento. Todo o processo e acompanhamento cirúrgicos devem ser feitos com estes cirurgiões de forma regular, para cuidados com a uretra e neovagina, por exemplo;
  • Independente de ter feito cirurgia ou não, pessoas que nasceram com pênis devem manter a rotina habitual de rastreamento para o câncer de próstata. É importante saber que a próstata não é removida durante a cirurgia de redesignação. Todas necessitam realizar exame de PSA e toque prostático a partir dos 50 anos, exceto quem possui histórico familiar da doença, quando a idade é adiantada para os 45 anos.

E, afinal, mulheres trans devem ir ao ginecologista também? Sem dúvida.

  • Embora as chances de desenvolver câncer de mama sejam menores em comparação às mulheres cis, este risco é pelo menos 50 vezes maior comparado a homens cis quando mulheres trans/ travestis estão em hormonioterapia. Este já é motivo o bastante para visitas regulares ao ginecologista e realizar palpação de mamas e mamografia. A partir dos 50 anos ou aquelas há mais de 10 anos em hormonização já precisam realizar este check-up a cada 2 anos (critério idade) e 4 anos (critério tempo de hormonização);
  • Além disto, ginecologistas podem ajudar no tratamento de condições como alterações da libido, anorgasmia, dores durante o sexo e cuidados com a neovagina;
  • É importante também não subestimar o significado que pode ter para uma mulher trans a visita ao profissional desta área – uma forma de reconhecer e afirmar seu gênero – e que deveria ser feito de forma natural e acolhedora.

Para homens trans/ pessoas que nasceram com vagina

Homens trans certamente devem frequentar o consultório ginecológico:

  • Mesmo aqueles que foram submetidos à mastectomia (e apresentam menores chances de evoluir com câncer de mama), devem seguir um programa de rastreamento. Isto porque nem todo o tecido glandular é 100% removido durante a cirurgia. Uma mamografia não sendo mais possível, pode ser substituída por exames de ultrassom ou ressonância magnética;
  • Não tendo realizado cirurgias genitais, o homem trans deve seguir também com os cuidados referentes à saúde do colo do útero, coletando o preventivo a cada 1-2 anos, e exames do endométrio e ovários. Mesmo homens trans submetidos à hormonização com testosterona devem manter tais cuidados pois este hormônio não altera o risco de doenças nestes órgãos;
  • Outro papel fundamental do profissional aqui é quando há o desejo de o paciente engravidar. Todo o processo de fertilização, gestação e parto devem ser feitos junto a uma equipe multiprofissional capacitada e da forma mais acolhedora possível,Quanto à urologia, existe espaço para atuar junto a homens trans? Sem dúvida também garantindo a humanização de todo o processo.

Quanto à urologia, existe espaço para atuar junto a homens trans? Sem dúvida também.

  • Preciso lembrar que a especialidade trata também de condições relacionadas aos rins, bexiga e canais urinários, comuns a qualquer indivíduo. Pessoas com vagina, por exemplo, apresentam chances maiores de infecções urinárias durante toda a vida – o constrangimento que uma pessoa trans pode passar ao usar banheiros coletivos agrava ainda mais este cenário. Outras situações comuns incluem: incontinência urinária, cálculos renais e tumores nestes órgãos;
  • Ainda, de forma semelhante, a urologia e cirurgia plástica também estão envolvidas com cirurgias genitais para afirmação de gênero em homens trans. Os procedimentos são: metoidioplastia (criação de um falo usando apenas tecidos genitais locais) e faloplastia (criação de um falo usando tecidos de áreas doadoras, próteses testiculares e eréteis). O acompanhamento e tratamento de possíveis complicações devem também fazer parte da rotina urológica nestes pacientes.

Infelizmente a população LGBTQIAP+ ainda sofre com uma assistência à saúde que não enxerga suas necessidades. Talvez a sigla ‘trans’ sinta isto ainda mais na pele, pelo simples despreparo nosso, cuidadores da saúde. Seja no desconforto e falta de naturalidade ao lidar com a pessoa trans, desconhecimento técnico específico, até agressões verbais e morais, especialmente em torno de assuntos relacionados ao trato geniturinário, quem sai perdendo somos todos nós.

 

A Constituição, a Bíblia e a homossexualidade
   6 de março de 2023   │     0:00  │  0

Artigo

Por: Jairo Vasconcelos Rodrigues Carmo – Magistrado aposentado, professor.  Bacharel em Direito – UFPA – AGO/1977; Mestrado em Direito das Relações Sociais* – UGF – 1986; Mestrado em Direito Civil* – UERJ – 2001. Cursou as disciplinas de qualificação, recebendo o Título de Especialista da UGF.

Convém falar dos direitos civis dos homossexuais. Assusta um religioso mais realista que Deus. Jesus foi radical em dois flagrantes: ao censurar a hipocrisia e o comércio no templo de Jerusalém. Nas questões sexuais, Ele sugere princípios de conduta moral, como fez ante o adultério, enfatizando que o mero olhar pode consumá-lo (Mateus 5:27-28). Sobre o divórcio, Moisés cedeu à dureza dos corações. Acolhe a mulher samaritana com a dignidade de mulher casada, embora não o fosse e vivesse uma sexta união, a quem oferece águas espirituais para a vida eterna (João 4:14).

O afeto homossexual não perturbava as civilizações antigas. A cultura judaica é que proibia todas as formas de sexo fora do casamento. A Torá pune a sua prática (Levítico 18:22; 20:13). Josefo, historiador judeu do primeiro século, declara que “nossas leis não admitem nenhuma outra mistura de sexos senão aquela que a natureza indicou, entre um homem e sua esposa […], e abomina o encontro de um homem com outro homem”. No Novo Testamento, Paulo aborda o tema na Primeira Carta aos Coríntios e na Carta aos Romanos.

As posições são convergentes: condenar a homosse­xualidade. O que muda é a motivação. Para o apóstolo, todo pecado sexual ofende o corpo que é templo do Espírito Santo. Então prega a monogamia (I Coríntios 7:2). Vista a repetida passagem de Romanos 1:24-27, os exegetas se dividem em três núcleos interpretativos: (i) alude à prostituição homossexual; (ii) recrimina o sexo homossexual entre heterossexuais; (iii) o texto é lição idiossincrática de Paulo, análogo a outras, como a que proíbe a mulher de falar nas igrejas ou de usar véu.

Outro argumento forte é o silêncio de Jesus. A própria Bíblica é escassa, reduzindo a homossexualidade a dez referências no Antigo Testamento (Gênesis 13:13; Levítico 18:22 e 20:13; Deuteronômio 22:5; Juízes e 2 Reis 23:7; 1 Reis 14:24, 15:12 e 22:46; Livro da Sabedoria 14:26), três em Paulo (1 Coríntios 6:9-10; Romanos 1:24-27; 1 Timóteo 1:9-10) e uma em Judas (1:7). No contexto bíblico, é acertado dizer-se que a sexualidade é amor íntimo do par andrógino, em um relacionamento moralmente legítimo, fiel e vitalício.

A grande questão é o embate religioso e as lutas por direitos na pós-modernidade que pede tudo. Segundo Perlingieri, não existe um número fechado de condutas tuteladas: “tutelado é o valor da pessoa sem limites” (Perfis, p. 156). Se o divórcio foi legalizado, por que não as uniões homossexuais? Muitos rabinos, hoje, comungam desse ponto de vista, sendo favoráveis à regulamentação da convivência entre pessoas do mesmo sexo, inclusive com a realização das cerimônias de compromisso. O ideal jurídico é oferecer respostas adequadas aos conflitos oriundos das relações humanas, tanto mais no variadíssimo espectro dos arranjos familiares, formados ao premir das circunstâncias, com amor e até desamor.

O problema do casamento é especialmente complexo porque demanda ajustes na legislação civil, formulada, historicamente, com base na família heterossexual. Rede­finição, para incluir casais homossexuais, deve buscar o debate dialógico, conferindo, no final, eficácia às situações que digam respeito a direitos fundamentais. Não mais cabe pensar o Direito como um sistema normativo fechado às transformações sociais e às ressignificações axiológicas, respeitando-se, sempre, as ordens religiosas que não podem ser obrigadas contra suas cartilhas estatutárias ou doutrinais.

É certo que a ordem do casamento tradicional não resultará abalada. Mudam os tempos e com eles virão casos novos de vida em comum. Recentemente, os jornais noticiaram a outorga de escritura pública de união poliafetiva. Em termos políticos, a Constituição consagra a dignidade da pessoa humana, vedando discriminações em razão de fé, gênero, sexo, cor e raça. Esse é o fundamento que levou o Supremo Tribunal Federal a incluir as uniões estáveis no rol das entidades familiares, evoluindo dali, nas instâncias inferiores, à equiparação ao casamento civil. 

Minha visão é que, na sociedade contemporânea, livre e pluralista, marcada por singularidades, os direitos civis fluirão expansivos, tal como defendem os intérpretes da Constituição aberta, cabe aos cristãos aprofundar o diálogo e a tolerância, a exemplo de Jesus. Importa compreender, na outra ponta, os crentes fervorosos, sobretudo os que exercem a liberdade de defender suas viscerais convicções. Para todos, digo: viva e deixe viver. “A minha graça te basta”: que essa resposta dada a Paulo (2 Coríntios 12:9) sirva-nos de parâmetro e última certeza, “pois se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão” (Gálatas 2:21).

Os limites da lei, como um espelho, mostram nossos defeitos e as fragilidades do ser que é barro humano. Jesus é a Luz do unigênito que ilumina; Ele, sim, cheio de Graça e Verdade, diz o Evangelho de João. Quanto a nós, a ninguém julgueis, somos todos pecadores.

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HPV, sexo anal e câncer: existe relação entre os 3?
   18 de janeiro de 2023   │     0:00  │  0

Artigo

Por: Fábio Lopes Queiroz – Doutor em cirurgia geral e mestre em genética do câncer colorretal, acumula 25 anos de experiência no exercício da medicina

O HPV, também conhecido como Papilomavírus Humano, é um vírus de fácil transmissão que contamina as células da nossa pele e mucosas. Estima-se que ele está presente em 80% das pessoas sexualmente ativas, uma vez que pode ser transmitido por contato íntimo, principalmente o contato sexual.

Sabemos que o nosso ânus é um local de transição da pele e mucosa, por isso, pode ser facilmente contaminado com o HPV. Ali, o vírus pode encontrar um ambiente favorável e levar a alterações na mucosa que recobre o interior do canal, e estas podem evoluir para um tumor. Por isso, a infecção por esse vírus também está relacionada a um aumento na incidência de câncer de ânus.

O que precisamos deixar claro neste artigo é que o sexo anal não causa o câncer mas, se feito sem proteção, aumenta a chance de transmissão de infecções sexualmente transmissíveis como o HPV.

 

Câncer anal no Brasil

Infelizmente, não temos dados concretos dos números no Brasil, mas nos últimos 25 anos, sua incidência aumentou cerca de 50% em todo o mundo.

Sabe-se que, em geral, o câncer anal é mais prevalente em pessoas entre 50 e 60 anos, sobretudo mulheres. Mas existem alguns grupos particularmente suscetíveis à doença, como os infectados pelo HIV do sexo masculino e homens que fazem sexo com homens sem proteção.

Para os homens, os dois principais fatores que influenciam o risco de infecção genital por HPV são a circuncisão e o número de parceiros sexuais. Para as mulheres, determinados fatores têm sido associados a um risco aumentado de infecção genital por HPV, como início da atividade sexual a idade precoce, ter muitos parceiros sexuais, ter relações sexuais com um parceiro que teve muitos outros parceiros e ter relações sexuais com homens não circuncidados.

Prevenção é o melhor caminho!

Para evitar o risco, é fundamental usar preservativo. Porém, a camisinha não previne 100%, uma vez que a base do pênis, períneo, púbis e saco escrotal, que não são revestidos por ela, podem entrar em contato com o ânus e contribuir com o contágio. Além disso, o contato da boca ou língua, dedos e brinquedos compartilhados também transmitem o vírus.

Por isso, é recomendado a realização dos exames preventivos, principalmente em pessoas com HIV, homens que têm relação sexual com homens, imunossuprimidos e indivíduos que já tiveram lesões na região pelo HPV.

Existem dois tipos principais de exames: a citologia anal, que consiste na coleta de um raspado de células do ânus com uma escovinha e a anuscopia com magnificação, que consiste em procurar lesões no ânus sugestivas de acometimento pelo HPV com um microscópio.

O tratamento da condição dependerá do caso e do estágio da detecção. Ele inclui cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou uma combinação dessas opções.

Quer saber mais sobre o HPV e câncer anal? Agende a sua consulta e vamos conversar!

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Relacionamento aberto, LGBTQIA+ e a atualização social

Homem hétero e fio terra: uma discussão que ainda causa choque
   8 de novembro de 2022   │     0:00  │  0

Artigo

Por: Luiza Sahd – jornalista e escritora. Colaborou nas revistas Tpm, Superinteressante, Marie Claire e Playboy falando sobre comportamento, ciência, viagem, amor e sexo. Vive entre São Paulo e Madrid há anos, sem muita certeza sobre onde mora. Em linhas gerais, mora na internet desde 2008.

Assim como a gente deveria fazer na vida real, para falar aqui de toque anal — popularmente evocado como fio terra –, vou tentar fazer a introdução mais cuidadosa e delicada que puder.

Acontece o seguinte: um dos maiores fetiches do pornô mundial é o sexo anal e, sendo eu da mesma espécie que as pessoas com quem eventualmente transo, não entendo como tanta gente (talvez a maioria) acredita que um gênero pode ficar feliz com estímulos anais e o outro não.

Se homem que é homem não gosta de ser tocado na próstata, de duas, uma: ou eles supõem que não existe prazer ali — mas fantasiam com a nossa penetração dolorosa mesmo assim — ou nem pararam para pensar que nossos ânus são idênticos e que, portanto, recebem estímulos com o mesmo prazer ou desprazer. Deve haver, ainda, em algum lugar, os que acham que enfiar dedos em buracos é coisa que só um cara sabe fazer e os que acreditam que a nossa alegria está puramente no privilégio de oferecer esse orifício inusitado para o bel prazer do parceiro. Nesse caso, rir é o melhor remédio.

Antes de tudo, quero falar com minhas amiguinhas, as mulheres, sobre nojo. Na primeira vez que coloquei meu próprio reto pra jogo, além de sentir dor (porque a coisa não foi feita com a perícia que deveria), fiquei tensa o tempo todo com a possibilidade de ter fezes vergonhosamente expostas para a apreciação visual e olfativa do crush. Todo respeito por quem curte cocô, mas nunca foi muito a minha área. Assim sendo, graças ao combo dor + nojo, deixei o assunto pra lá por mais de uma década.

Corta para Madrid, onde descobri que o homem europeu não é moderno só na hora de usar cachecol e alpargata: aqui, os caras não tem lá muito problema em dizer que já beijaram outros e, fora isso, são mais íntimos das próprias próstatas. Com mais frequência do que o brasileiro, eles costumam dar e pedir uma atenção especial na região (você, garota que está lendo este texto: você sabe que tem uma próstata também, certo?).

Muito que bem. Meus primeiros contatos com esse “submundo” foram cheios de temor pelos motivos de sempre. Se já não tenho a melhor relação do mundo com minhas fezes, o que dizer das alheias? Não, obrigada. Até o dia em que recebi um apelo sutil por fio terra vindo de um cara 800% hétero e me perguntei “Não eras tão desconstruída, Luiza? Vai lá!”. E fui mesmo.

Se você achou que essa história teria um desfecho mirabolante, achou errado. A incursão não só foi ótima (muito interessante sentir as contrações de prazer na mão se você nunca penetrou ninguém, recomendo!) como teve um desfecho sem acidentes, inclusive por motivos de lencinho umedecido no criado-mudo. Não, eles não limpam de verdade e a gente tem que lavar tudo bem direitinho depois, mas lenços garantem a continuidade do chamego sem maiores desconfortos até a próxima ida ao banheiro. Tudo assim de simples, sempre e quando você tenha em mente que o que entrou num bumbum não pode entrar numa vagina; as bactérias não combinam e isso aí sempre dá ruim na vagina — esse sim, um órgão de cristal. Tudo pode acontecer numa vagina, por mais cuidado que a gente tenha.

Voltando ao lado B do sexo, o que dizer dessa prática tão trivial que mal conheço e já admiro pacas? Do primeiro teste em diante, pode-se afirmar que virei uma eletricista em série (e que os homens que gostam, amam). Poucas coisas me emocionam mais num encontro do que a ideia de que não estou sendo apenas caçada, dominada ou submetida. É um pouco como se o casal pudesse esmagar a simbologia sinistra do patriarcado usando apenas um dedinho — ou o que achar melhor.

Na manobra do fio terra, não é só a “alternância de poder na cama” que interessa. Se todos os homens hétero percebessem que também existe prazer e poder em ser penetrado, talvez soubessem mais uma série de coisas sobre eles mesmos, os relacionamentos, o universo e tudo mais. Esse assunto não deveria ser um constrangimento; constrangimento deveria ser chegar na gatinha achando de verdade que a emulação de pornô clássico vai proporcionar o prazer digno de berros que as atrizes fingem sentir. Só de espiar de relance um XVídeos convencional, minha vagina tranca de dor.

Ultimamente, me pergunto se é coincidência que homens que curtem ser penetrados sejam mais cuidadosos na hora de penetrar alguém. Sempre. Parece até que esses aprenderam que um corpo é sempre um templo, seja ele do gênero que for. Que não precisa arrombar portas quando você tem a chave e a fechadura. Que o cu deles é idêntico ao meu. Que está tudo bem com querer ou não querer ser penetrado, mas, nesse caso, pelos motivos certos.

 

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