
As declarações de Casimiro López estão a causar polémica. O bispo considera que o casamento homossexual fomenta um clima violento na família e dá origem a filhos com “graves perturbações de personalidade”
Na sua mais recente carta, que dirige aos fiéis todas as as sexta-feiras, o bispo de Segorbe-Castellón não poupa palavras para criticar as uniões entre pessoas do mesmo sexo.
Para o prelado, entre os “efeitos” do casamento gay estão “entre outros, a debilitação do amor duradouro entre os cônjuges, do amor materno e paterno, do amor filiar, o aumento notável de filhos com graves perturbações da sua personalidade e desenvolvimento de um clima que termina com frequência em violência”.
Na missiva, citada pelo El Pais, o bispo defende o matrimônio como união “única e indissolúvel de um homem e uma mulher”, alegando que esse é “o projeto de Deus, obscurecido pela nossa dureza de coração”.
Analise politico : Por que a Igreja se opõe à adoção por casais gays?
A pressão exercida pelo Magistério da Igreja sobre parlamentos contra leis favorecendo o reconhecimento dos direitos das pessoas GLBTT, há elementos importantes também para reflexão sobre adoção por casais gays.
A questão específica da adoção é uma das mais polêmicas e por meio da qual se pode perceber de forma muito clara o preconceito contra os gays. Inclusive aquele presente entre eles mesmos. É comum ver alguns homossexuais se posicionando contra a adoção.
Antes de discutir a validade da adoção por casais homossexuais, é importante frisar que esta já é uma realidade no Brasil. Há muitosfilhos e filhas de homossexuais. Na imensa maioria das vezes, ainda que não se esconda a opção sexual, quem adota o faz como solteiro. Mas já há casos de adoção realizadas legalmente por casais. Destacamos o caso da menina Teodora, adotada por um casal gay no interior de São Paulo, e que consta como filha de seus dois pais na certidão.
Ou seja, uma lei de adoção por parte de gays, ponto polêmico no Congresso, que nem entrou no projeto da então Deputada Marta Suplicy, viria somente dar respaldo legal a situação já existente.
A oposição à adoção gay é um bom termômetro em relação à homofobia. Quem defende ser prejudicial à criança, muitas vezes o faz baseado em argumentos que se apóiam em bases falsas sobre a homossexualidade. Por exemplo, a idéia que um casal gay não possuiria estabilidade suficiente para educar alguém porque os relacionamentos gays seriam efêmeros, rápidos, não perdurariam.
Pesquisa feita nos Estados Unidos (infelizmente não há similar no Brasil) comparou a duração de relações homoafetivas com de heterossexuais e concluiu não haver diferenças significativas.