Category Archives: Religião

Você é homofóbico? Talvez você seja um gay enrustido !
   7 de novembro de 2022   │     12:31  │  0

A homofobia poderia ser o resultado da repressão de certas pessoas a seus próprios desejos.

O The New York Times publicou em 2012 um artigo com essa manchete provocadora que ligava a homofobia à homossexualidade. O texto expunha o resultado de várias pesquisas. Evidentemente, nem todos os homofóbicos são homossexuais. Você pode ter antipatia ou ódio contra pessoas diferentes de você por diversas razões: educação, crenças de qualquer tipo ou medo. Contudo, essa aversão também pode ser produzida pela repressão de certas pessoas de seus próprios desejos, como diria Freud. É exatamente o que aconteceu com personalidades de certa notoriedade pública. Nos Estados Unidos, vários líderes evangélicos e políticos que classificavam a homossexualidade como pecado ou que defendiam sua classificação como crime se tornaram famosos. Com o passar do tempo se descobriu que aqueles que defendiam essas teses haviam tido experiências com pessoas do mesmo sexo.

Várias pesquisas mostram a correlação entre homofobia e homossexualidade. Uma delas foi publicada em 2012, depois da análise do comportamento de 748 jovens norte-americanos e alemães. No estudo, pediram-lhes que expressassem sua tendência sexual em uma escala de zero a 10, de homossexual a heterossexual. Em seguida, realizaram um exercício de “associação semântica” que consistia em categorizar imagens relacionadas à homossexualidade ou à heterossexualidade, enquanto o computador media o tempo de reação. Os pesquisadores incluíram a palavra eu de modo subliminar. Aparecia apenas 35 milissegundos para que a mente consciente não a notasse. De acordo com a associação semântica, se alguém acredita que é homossexual e antes apareceu a palavra eu, faz uma conexão mais rápida, medida pelo computador.

Os resultados concluíram que mais de 20% dos participantes que se declararam completamente heterossexuais apresentaram alguma discrepância em suas respostas. E o mais surpreendente: essas pessoas estavam mais inclinadas a promulgar políticas contra os homossexuais ou a impor punições mais severas ao grupo por crimes menores. Quando os pesquisadores aprofundaram na educação que os participantes haviam recebido, encontraram um elo comum: aqueles cujas respostas foram mais discrepantes durante o exercício tinham crescido em ambientes muito controladores, com pais muito beligerantes contra a homossexualidade.

Em 1996, já tinha sido realizada uma pesquisa que media a excitação de 64 homens por meio da espessura de seu pênis enquanto assistiam a vídeos de sexo entre heterossexuais e entre homossexuais. Aqueles considerados homofóbicos negaram que gostassem de vídeos entre pessoas do mesmo sexo. No entanto, seus pênis diziam outra coisa: estavam excitados.

As pesquisas anteriores ainda são controversas, tanto pelos métodos selecionados e os porcentuais sugeridos como pela não repetição dos resultados. É o que afirma um artigo publicado em 2013 que não encontrou correlação entre a aversão e as tendências homossexuais, e que foi igualmente refutado.

Parece óbvio insistir em que nem todos os homofóbicos são homossexuais, mas é possível que em alguns casos haja alguma relação, como se deduz de várias investigações científicas ou, pelo menos, de algumas declarações de pessoas que reconheceram o vínculo. Vale a pena ser mais sincero consigo mesmo e, como sugere Richard Ryan, um dos pesquisadores da Universidade de Rochester, despertar a compaixão pelos próprios intransigentes. Talvez eles tenham vivido em ambientes muito controladores e estejam lutando contra uma parte de si mesmos.

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Lista aponta 72 países do mundo perigosos para ser gay; veja quais
   13 de março de 2021   │     17:55  │  0

No Brasil, a LGBTfobia, criminalizada recentemente por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), ainda é responsável por muita violência ,  assassinatos e  constrangimentos de pessoas da comunidade LGBTQIA+ . A situação é muito ruim, mas em outros 71 países do mundo é ainda pior: a homossexualidade é considerada crime. A gravidade de tal infração é tão alta que, em 13 países, pode condenar gays e lésbicas à pena de morte, em muitos dos outros pode levar à prisão.

A informação é de um relatório da Associação Internacional de Gays e Lésbicas, atualizado até 2016.

Somente na África é possível ser preso em 31 nações por ser lésbica ou gay. São elas: Argélia, Botsuana, Burundi, Camarões, Comores, Eritreia, Etiópia, Gâmbia, Gana, Guiné, Quênia, Libéria, Líbia, Malauí, Mauritânia, Maurício, Marrocos, Namíbia, Nigéria, Senegal, Serra Leoa, Somália, Sudão do Sul, Sudão, Suazilândia, Tanzânia, Togo, Tunísia, Uganda, Zâmbia e Zimbábue. Recentemente, a Angola descriminalizou a homossexualidade .

Na Ásia há outros 23 países em que a detenção pode ocorrer apenas por parecer ser homossexual: Afeganistão, Bangladesh, Butão, Brunei, Gaza (no território palestino ocupado), Índia, Sumatra Meridional e Achém (na Indonésia), Iraque, Irã, Kuwait, Líbano, Malásia, Maldivas, Mianmar, Omã, Paquistão, Catar, Arábia Saudita, Singapura, Sri Lanka, Síria, Turcomenistão, Emirados Árabes Unidos, Uzbequistão e Iêmen.

Nas três Américas o relatório totaliza 11 nações: Antígua e Barbuda, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Jamaica, São Cristóvão e Névis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadina e Trinidad e Tobago. Já na Oceania, mais seis países: Ilhas Cook (associadas à Nova Zelândia), Kiribati, Papua Nova Guiné, Samoa, Ilhas Salomão, Tonga e Tuvalu.

Entre os 72 países, 13 localizados na África e na Ásia, com destaque para a região do Oriente Médio, se destacam por permitirem a aplicação de pena de morte para o crime de ser homossexual. São os países mais perigosos do mundo para ser gay:

1) Sudão
2) Irã
3) Arábia Saudita
4) Iêmen
5) Mauritânia
6) Afeganistão
7) Paquistão
8) Catar
9) Emirados Árabes Unidos
12) Iraque
11) Síria (em algumas partes)
12) Nigéria (em algumas partes)
13) Somália (em algumas partes)

 

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Vocação para Igualdade é tema de livro lançado pela Igreja Batista em Maceió
   24 de outubro de 2019   │     9:57  │  0

O livro conta com uma apresentação do prof. Doutor em teologia Raimundo Cesar Barreto

O livro conta com uma apresentação do prof. Doutor em teologia Raimundo Cesar Barreto

A Igreja Batista do Pinheiro – IBP é uma dessas comunidades tradicionais de batistas em Maceió que excepcionalmente, no ano de 2016, foi excluída da Convença Batista Brasileira por romper com a tradição heterossexista recebendo como membros plenos através do batismo, a população LGBTI.
Depois de um longo processo de 10 anos de oração, diálogo e pesquisa a Igreja decidiu compilar toda essa experiência em um livro com o título “Vocação para a Igualdade” lançado pela editora Novos Diálogos.
O livro conta com uma apresentação do prof. Doutor em teologia Raimundo Cesar Barreto do Seminário Teológico de Princeton, Nova Jersey- EUA. Segundo um dos organizadores do livro o Prof. Pastor Paulo Nascimento trata-se do primeiro livro no Brasil a trazer uma proposta fruto de uma caminhada.        Há um ensaio introdutório escrito por Nascimento, contando toda a trajetória da Igreja, contextualização de sua missão e eclesiologia libertadora.

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“Vocação para a Igualdade” divide-se em três partes: Na primeira parte “Estudos Comunitários” são encontrados alguns textos que foram escritos para serem estudados na Escola Bíblica da Igreja, textos estes discutindo a diversidade sexual, a luz de uma teologia bíblica.
A parte dois do livro intitulada “Olhares e repercussões” são descritas em quatro capítulos de autores nacionais e internacionais, reservado a repercussão que o caso de exclusão da Igreja Batista do Pinheiro da Convenção teve no Brasil e no mundo.
A terceira parte são as “Vozes da Comunidade” com depoimentos e relatos de pessoas da comunidade da Igreja, seja LGBTI ou heterossexuais, contando a sua experiência. Um destes depoimentos é de Júlio Daniel Farias – um dos fundadores do movimento LGBTI+ de Alagoas, ativista do Grupo Gay de Alagoas e do Afinidades GLSTAL que em 2007, abraçou o Cristianismo sem querer abrir mão da sua identidade sexual, gerando toda essa repercussão.
O livro será lançado no dia 28 de outubro, as 20 horas e contará com uma roda de conversa com os organizadores Odja Barros e Paulo Nascimento e ainda terá participação musical de Andréa Lais e Banda Seu Moço Alagoano.
Na Igreja Batista do Pinheiro – R. Miguel Palmeira, 1300 – Pinheiro, Maceió – AL (82) 3241-9402

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Índia, dos tempos passados, a criminalização e reconhecimento da homossexualidade
   21 de dezembro de 2018   │     11:58  │  0

Em setembro desse ano, a Suprema Corte da Índia determinou que relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo não é mais uma ofensa criminal e que a discriminação baseada na orientação sexual é uma violação fundamental dos direitos humanos. Essas notícias foram celebradas ao redor do mundo e marcaram um marco na história do país, e para os direitos LGBT em geral – a maior e mais populosa democracia do mundo está permitindo que os seus cidadãos amem quem eles quiserem.

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Participants get ready as they attend a gay pride parade promoting gay, lesbian, bisexual and transgender rights in Mumbai

Enquanto o mundo estava celebrando, eu tive alguns amigos britânicos me enviando mensagens dizendo “Finalmente! A Índia alcançou os dias de hoje! Isso é incrível! Parabéns!”. Essas mensagens foram genuinamente enviadas como uma celebração da decisão indiana em retirar a proibição, e como essas mensagens foram enviadas por amigos próximos eu não fiquei ofendido. Porém, eu tive que lembrar eles de que a relação que a Índia tem com as identidades de gênero, fluidez e sexualidade tem sido, historicamente, muito mais avançada que a do ocidente. Na realidade, eu lembrei aos meus amigos, que foi somente quando a Índia foi colonizada pelos britânicos que regras de identidade de gênero foram introduzidas e a homossexualidade foi banida, fazendo com que o país se alinhasse com os valores da Inglaterra vitoriana.

Os ingleses viam a abordagem relaxada da Índia sobre a sexualidade e o gênero como anormais, imorais e não-cristãos, e assim que conseguiram tomar o poder das políticas do país, eles forçaram as suas crenças de que somente existem dois gêneros e que as relações sexuais e o casamento deveriam somente existir entre um homem e uma mulher.

Esse então é um lembrete para muitos que a Índia teve uma abordagem aberta e liberal da sexualidade e gênero, e de alguma maneira “alcançava os tempos de hoje”, antes mesmo do ocidente. Retirar a proibição sobre relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo se tornou um passo no processo de descolonização da Índia, e a rejeição do legado homofóbico do império britânico. Isso é realmente o que nós deveríamos estar celebrando e lembrando as pessoas.

Antes do Raj britânico, a intimidade homoafetiva na Índia era simplesmente parte da vida, e as linhas entre homem e mulher e heterossexual e homossexual nos tempos antigos indianos eram borrados.

Abaixo alguns exemplos:

REI BHANGASVANA

indra_dikpalaBhīṣma narra a história do Rei Bhangasvana, que, depois de ter cem filhos foi transformado em uma mulher pelo deus Indra durante uma caça. Agora como mulher, ela retorna para o seu reino, relata a história, entrega o seu reino para o seu filho e se aposenta na floresta para ser a esposa de um eremita, dando a luz para outros cem filhos, agora como a mãe. Depois de um tempo, Indra oferece transformar ele de volta em um homem, mas ela se recusa. O sexo deu muito mais prazer para ela como mulher do que como homem, e ela se sentia mais confortável como uma mulher, e por isso ela resolveu permanecer com esse novo gênero.

AGNI

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Agni, o deus do fogo, riqueza energia criativa, teve relações sexuais com outros homens envolvendo receber o sêmen de outros deuses. Apesar de ser casado com a deusa Svaha, Agni também é representado como par romântico de Soma, o deus da lua. Agni toma um papel interessante nesse relacionamento, aceitando o sêmen de Soma com a sua boca, criando paralelos do papel de Agni em aceitar sacrifícios da Terra pelos Céus.

 

KRITTIVASI RAMAYANA

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Algumas versões do texto Bengali Krittivasi Ramayana contêm a estória de duas rainhas que tiveram uma criança juntas. Quando o famoso rei da dinastia Sun, Maharaja Dilipa, morreu, os semi-deuses ficaram preocupados que ele não teria ninguém para suceder o trono. Shiva apareceu para as duas rainhas viúvas e disse, “Vocês duas devem fazer amor e através da minha benção vocês irão conceber um belo filho”. As duas rainhas executaram a ordem de Shiva e uma delas deu a luz a uma criança.

 

KAMA SUTRA

O Kama Sutra é o mais antigo e notável texto clássico Hindu sobre o comportamento sexual humano da literatura sânscrita. Ele se apresenta como um guia para uma vida virtuosa e graciosa que discute a natureza do amor, vida familiar, e outros aspectos para as características orientadas pelo prazer da vida humana. Esse é outro exemplo da abertura que a Índia tinha ao abordar o comportamento e preferências sexuais, oferecendo conselhos sobre posições sexuais tanto para casais heterossexuais como homossexuais.

O MAHABHARATA

Na estória do Mahabharata (o poema época mais longo da Índia), Arjuna (o filho de Indra) é enviado para o exílio, onde ele decide viver a sua vida como uma pessoa trans nomeada Brihannala. Ela até performa a tradicional dança indiana de kathak e abraça as suas características femininas em seu máximo.

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SOMVAT E SUMEDHA

Outro épico hindu é o Somvat e Sumedha, dois amigos de infância que decidem se casar apesar de serem homens.

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OUTROS EXEMPLOS

Outros exemplos da antiga abordagem indiana sobre sexualidade e gênero a de incluem Awadh, hoje conhecido como o município de Lucknow, que tinha um governador que vivia como o gênero oposto em algumas situações, e mudava de parceiros sexuais nessas situações. Novelas bengali do final do século XIX, como os de Indira, descrevem relações lésbicas, e textos de muçulmanos sufistas do leste indiano explicitamente mencionam o romance homossexual entre homens sem nenhum tipo de vergonha ou culpa. Essas novelas e textos surgem das crenças metafísicas indianas de que existe mais do que o binarismo homem/mulher, mas também um homem com o coração de uma mulher e uma mulher com o coração de um homem. Indianos aplicam masculinidade e feminilidade para os corpos físicos e para as almas. O Bhagavad Gita nos ensina que não existe nada inatural na natureza e todas as maneiras de ser são manifestações do divino.

AS IMPOSIÇÕES DO IMPÉRIO BRITÂNICO

Essa abordagem aberta e fluida de gênero e sexualidade colidiam com as ideias da coroa britânica de como a sociedade deveria ser. Na época, a Inglaterra era ditada pela religião cristã e crenças sociais vitorianas conhecidos por serem pudicos e puritanos, e qualquer forma de intimidade que não tinha como objetivo a procriação era considerável inaceitável. Atos homossexuais eram vistos como os piores de todos.

O Império Britânico implementou a seção 377 do Código Penal Indiano em 1861, o que tornou uma ofensa criminal qualquer tipo de relacionamento que demonstre um “desejo carnal inaceitável”, a punição para tal era a cadeia, multas pesadas, ou ambos. A lei também foi implementada na Austrália, e nas colônias britânicas do Sudeste Asiático e da África.

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O Raj britânico também fez um esforço consciente para alienar e marginalizar comunidades não-binárias, tais como as Hijras – uma identidade de gênero de pessoas intersexo ou designadas homens ao nascer que se apresentam como mulheres. Hoje, Hijras são reconhecidas e protegidas pelas leis da Índia, Paquistão e Bangladesh.

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O QUE LEMBRAR

Então, o que estamos celebrando? Esse movimento louvável da Suprema Corte, embora um pouco atrasado, não é uma questão da Índia estar entrando de acordo com o mundo moderno ou tentando “chegar nos dias de hoje”. Enquanto a Inglaterra foi mais rápida em jogar fora os preconceitos e a discriminação de seu passado, é importante lembrar que foi a Inglaterra que jogou esse peso nos ombros da Índia. E por isso a Índia não precisa “alcançar” o resto do mundo; ela está na realidade celebrando a fluidez de gênero e as relações homoafetivas que existiam há séculos. A Índia está se livrando dos quadros legais do seu passado imperial e abraçando parte da sua cultura e história que tinham sido enterrados pelo peso do colonialismo.

Um Ateu Gay em uma família evangélica
   7 de novembro de 2016   │     0:00  │  0

“Um ateu gay numa família evangélica e o aprendizado diário de se conviver com as diferenças”, um relato pessoal.

Quem sabe o dia que LGBTs derem mais holofote para os cristãos que pregam a inclusão do que para os que pregam a segregação a gente possa virar esse jogo

Quem sabe o dia que LGBTs derem mais holofote para os cristãos que pregam a inclusão do que para os que pregam a segregação a gente possa virar esse jogo

Eu vejo alguns LGBTs que criticam gays religiosos, os que querem ser aceitos nas suas instituições religiosas e que lutam por esta aceitação, como a Diversidade Católica.
Alguns costumam chama-los de “idiotas”, que “parecem que não leram a “bíblia homofóbica” e que deveriam era deixar a igreja, ao invés de buscar serem aceitos por quem os discrimina.

Eu, particularmente, admiro e apoio LGBTs que lutam para serem aceitos dentro das suas religiões/instituições por três motivos:

1. Liberdade de crença é para todos, inclusive para LGBTs, e deve ser respeitada.

2. Instituições religiosas fazem parte da sociedade. As pessoas que absorvem os preconceitos que são pregados na maioria das vezes dentro destas instituições não deixam seus preconceitos lá dentro, elas trazem pra sociedade. Logo, a luta pelo fim da discriminação LGBT passa pelo fim da discriminação LGBT dentro dessas instituições e para isso a mudança tem que ocorrer lá dentro e tem que ter pessoas dispostas a lutarem por essa mudança interna.

3. Sou de família evangélica e fui teísta até pouco depois de sair do armário, quando me aproximei do ateísmo. Eu escolhi lutar “daqui de fora”, daí minha admiração por quem luta “lá de dentro” por uma mesma luta: a luta por igualdade e pelo fim da discriminação.

Quem sabe o dia que LGBTs derem mais holofote para os cristãos que pregam a inclusão do que para os que pregam a segregação a gente possa virar esse jogo.

Às vezes tenho a triste sensação de que alguns homossexuais precisam alimentar essa falsa guerra para sobreviver, que não é de interesse dos próprios criar um ambiente pacífico porque daí, estes que tanto dedicaram seu tempo para a guerra, não saberão como viver num ambiente de paz.

Meu maior exemplo de cristão inclusivo por qual tenho um profundo respeito e admiração é meu vô, presbítero de 82 anos, um dos pioneiros da Assembleia de Deus na minha cidade, com homenagem pela Câmara de Vereadores e tudo.
Ele já teve participação do Marco Feliciano na igreja que ele frequenta e também assiste e contribui mensalmente com R$ 15 ao pastor Malafaia (e sou eu quem vou pagar os boletos, olha só que coisa).

A primeira pessoa pra quem me assumi foi pra ele, porque o tenho como meu pai. Depois de muito chorar durante minha “explanação” do outing, e de ouvir suas considerações bíblicas sobre todas essas questões, ele disse que me criou para seguir minha vida e ser feliz.

Posteriormente vindo me questionar, curioso, se eu seria “o homem ou a mulher” da relação e dizendo que tinha um advogado na igreja dele, com mais de 40 anos, muito boa pessoa e trabalhador que ele podia “arranjar casamento” com ele pra mim, claro que achei graça e disse não.

Já discutimos sentados no sofá assistindo programa do Malafaia, assistindo audiências públicas homofóbicas no Congresso e ele reconheceu que os homossexuais ainda têm muito que lutar  pela conquista da igualdade e condenando os parlamentares teocratas, dizendo que estes deveriam “deixar os gays em paz”.

Pra mim é  um exercício diário de aprendizagem  a convivência com as diferenças dentro da minha família e sei que pra eles também é. Eles não se metem na minha sexualidade e não tentam “me converter” e eu não me meto na crença deles e não tento fazê-los deixar de praticarem sua fé.

Às vezes, óbvio, eu ainda ouço um comentários homofóbicos aqui e ali, mas depois que eles notaram que eu estava me afastando das atividades familiares, sentados pra conversar e eu disse, numa boa, que esses comentários me atingiam e me feriam. Que sabiam que eles não faziam por má fé, que era por hábito cultural e de criação, e que por isso eu optava por não me expor a isto; A partir daí eles passaram a tomar mais cuidado e pararam com as brincadeiras constrangedoras, como aquelas perguntas  “Cadê as namoradas?” quando estamos com gente de fora da família e nos reaproximamos mais…

E são as lições que tiro dessa convivência familiar sobre conviver e respeitar as diferenças que procuro aplica-las na militância política. 

” Tudo Está Cheio de Amor

Você receberá amor
Você receberá cuidado
Você receberá amor
Você tem que confiar nisso
Talvez não das fontes
Nas quais você derramou o seu
Talvez não das direções
Para as quais está olhando”
Por: Marcos Oliveira

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