Monthly Archives: maio 2016

Conheça mais 10 destinos gay friendly do mundo
   5 de maio de 2016   │     0:00  │  0

Receber e atender de maneira adequada o publico gay é um diferencial que tem rendido muito a destinos turísticos pelo mundo todo. Trate-se da mítica San Francisco ou da descolada Berlim, da liberal Amsterdã, da boêmia Praga ou da exótica Bangkok, comprova-se um esforço por atender cada vez melhor as necessidades específicas deste público, considerado exigente e bastante sofisticado.

1. São Francisco, Estados Unidos
São Francisco, Estados UnidosSão Francisco é a cidade gay-friendly por excelência. Bandeiras arco-íris enfeitam as janelas dos apartamentos em vários bairros da cidade. O bairro de Castro provavelmente é o reduto gay mais conhecido do mundo: tem quase todos seus bares e lojas voltados para esse público. A semana do orgulho gay é coroada pela Parada do Orgulho Gay, Lésbico, Bissexual e Transgênero (GLBT), em que cerca de meio milhão de pessoas se divertem durante o último domingo de junho. Também durante o mês de junho ocorre o festival de cinema gay.

2. Sydney, Austrália
Em Sydney, gays e lésbicas são uma parte vital, bem-organizada e colorida da sociedade. Anfitriã dos Jogos Gays em 2002, Sydney também recebe o maior evento turístico do país, o Mardi Gras. A parada hedonista com tons políticos é seguida por mais de quinhentas mil pessoas. A vida de praia também ajuda a apimentar esta cidade australiana, cheia de corpos bronzeados.

3. Brighton, Inglaterra

Foto do site www.viagemnafoto.com.

Talvez seja por causa da associação de longa data de Brighton com a cena teatral, mas, por mais de 100 anos, a cidade tem sido um paraíso gay. A comunidade gay é formada por mais de 40.000 habitantes, quase um quarto de toda a população local. O bairro de Kemptown é onde tudo acontece, com uma série de bares, hotéis, cafés, livrarias e saunas com proprietários gays.

 4. Amsterdã, Holanda Conhecida como a capital gay e lésbica na Europa, Amsterdã teria uma população gay que chegaria a 30%. As estatísticas são provavelmente exageradas, mas o número de locais voltados para o público gay não são: mais de 100 bares, baladas, hotéis, livrarias, academias e todo tipo de serviço. Amsterdã recebe também a única parada gay a ser realizada sobre a água, nos canais da cidade. Em 2010, o evento reuniu, aproximadamente, 500 mil pessoas. Ainda maior é o Dia da Rainha, no dia 30 de abril, ao redor do Homomonument, dedicado àqueles perseguidos pelo nazismo em razão de suas preferências sexuais.

5. Berlim, Alemanha
Berlim, AlemanhaO liberalismo lendário de Berlim gerou uma das maiores cenas gays e lésbicas no mundo. O prefeito Kmaus Woxereit declarou: “eu sou gay, e isso é uma coisa boa”. Como convém a uma cidade descentralizada como Berlim, não há um distrito gay, embora exista um certo número de áreas gay friendly. Grandes multidões se voltam no início de junho para o Schwul-Lesbisches Strassenfest (a feira de rua gay e lésbica, em tradução literal), que serve de aquecimento para o Christopher Street Day, celebração GLBT que ocorre em várias cidades da Europa em junho.

6. Puerto Vallarta, México
Puerto Vallarta, MéxicoPuerto Vallarta, no México, tem se tornado um destino gay friendly nos últimos anos. Muitos hotéis, tours e cruzeiros na região estão voltados para o mercado homossexual. Encontre amigos e amigas na cidade em muitos dos bares de martini, boates de strip-tease e shows de drag queen.

7. Nova York, Estados Unidos
Os bairros de Chelsea e Greenwich Village em Nova York são sinônimos de vida gay. Um bom número de baladas tranquilas e bares gay continua a nascer no centro de Chelsea. Todos os movimentos, sejam de arte ou de moda, são fortes em Nova York, e o movimento gay não é exceção. A parada gay, realizada em junho, foi a primeira desse tipo no mundo e atrai visitantes dos mais distantes locais à cidade.

8. Rio de Janeiro, Brasil
A cena gay no Rio de Janeiro é muito ativa, apesar de ser menos visível do que em cidades como São Francisco ou Sydney. Eleito em 2009 o melhor destino gay, à frente de cidades como Buenos Aires, Londres e mesmo Sydney, o Rio conta com um grande número lojas, cinemas e baladas GLBT. A rua Farme de Amoedo, em Ipanema, é considerado point gay na capital carioca e é um excelente local para fazer amizades, relaxando com uma bela vista para o mar.

9. Praga, República Tcheca
Praga, República TchecaA boêmia cidade de Praga tem muita história e cultura. Em novembro, a capital da República Tcheca recebe um festival de filmes GLBT. Apesar da aceitação geral da cidade a casais do mesmo sexo, há uma cena gay segregada, e as demonstrações públicas de afeto não são aconselháveis.

10. Bangkok, Tailândia
Bangkok, TailândiaO movimento gay é único em Bangkok. A cultura tailandesa admite e aceita a homossexualidade. Mas, apesar de não haver discriminação, recomenda-se uma certa reserva em locais públicos. No entanto, você encontrará na cidade grande numero de karaokês, hotéis, saunas e salões de massagem voltados para a comunidade gay.

Fonte: Agência Andrés Bruzzone Comunicação

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Movimentos Prós e contra impeachment estarão presente na Parada Gay de SP
   4 de maio de 2016   │     0:00  │  0

Esquerda e direita agendaram suas manifestações para os espaços com os quais sentem mais afinidade.

Por questões históricas, manifestantes de esquerda e direita preferem se concentrar em locais diferentes na capital paulista – Foto: Montagem

Por questões históricas, manifestantes de esquerda e direita preferem se concentrar em locais diferentes na capital paulista – Foto: Montagem

Enquanto na capital federal um grande muro erguido no meio da praça dos Três Poderes separa os manifestantes favoráveis e contrários ao impeachment, em São Paulo a segregação é mais sutil: a direita se concentra na avenida Paulista, enquanto a esquerda ocupa o Anhangabaú. A distância entre o vale e o topo da colina não é apenas material, como o muro de Brasília: é essencialmente simbólica.

Como explica Ecléa Bosi em seu livro Memória e Sociedade, as “pedras da cidade” são os suportes materiais da nossa imaginação: cada um desses espaços representa uma experiência vivida, um momento de nossa própria formação. Não é por acaso que a esquerda escolheu o Anhangabaú: uma longa tradição transformou  o centro na principal arena das lutas sociais na cidade.

Talvez o marco inicial dessa opção tenha sido a “batalha da praça da Sé”, em 7 de outubro de 1934.  Os integralistas de Plínio Salgado tinham anunciado a realização de um grande desfile no local – uma demonstração de força inspirada na Marcha sobre Roma, de Mussolini.  Em resposta, todos os grupos de esquerda –anarquistas, comunistas, trotskistas, sindicalistas—se reuniram para barrar a manifestação. O confronto deixou seis mortos e trinta feridos. Após quatro horas da batalha, os integralistas fugiram.

As manifestações no centro só voltaram a ganhar força em 1945, na redemocratização do país. A princípio, o PCB promoveu um grande comício no Pacaembu para celebrar a libertação de Luis Carlos Prestes, mas depois adotou o Anhangabaú, como nos grandes comícios realizados em 5 de janeiro de 1947 (com 100 mil pessoas) e 4 de novembro, que reuniu Getúlio Vargas e Luis Carlos Prestes. O mesmo cenário também abrigou as grandes manifestações da campanha “O Petróleo é Nosso”, em 1948.

A esquerda voltou ao centro durante o regime militar: a missa na Catedral da Sé em memória do jornalista Vladimir Herzog, em 31 de outubro de 1975, foi o maior protesto contra a ditadura realizado após a decretação do Ato Institucional nº 5, em 1968. Depois dele vieram as grandes manifestações da campanha das diretas-já: em 25 de janeiro de 1984, o comício na Sé reuniu cerca de 300 mil pessoas. Foi seguido por outro no Vale do Anhangabaú, em 16 de abril, com mais de um milhão de pessoas.

Na campanha de Lula à Presidência, em 1989, Lula voltou aos palcos preferidos do antigo PCB: depois de um grande comício no Pacaembu, Lula participou no dia 12 de novembro de um gigantesco ato na Sé, que reuniu um público equivalente ao do comício das diretas, em 1984.

Isso não significa que a esquerda também não tenha utilizado a avenida Paulista: ela foi o cenário da comemoração da vitória de Lula na eleição presidencial de 2002, e voltou a ser ocupada pela grande manifestação contra o impeachment de Dilma, em 18 de março deste ano. Mas nunca teve, para a esquerda, a mesma densidade histórica adquirida pelo centro.

A avenida da elite

Inaugurada em 1891, a avenida Paulista passou a ser ocupada, a partir de 1910, pelas mansões dos grandes fazendeiros de café. Ela logo passou a abrigar o Carnaval da elite paulistana, conhecido como Corso, que consistia num desfile de carruagens e conversíveis com foliões ricamente vestidos.

A partir de 1956, com a inauguração do Conjunto Nacional, os casarões começaram a ser substituídos por edifícios comerciais, uma tendência que se acentuou após a inauguração da nova sede do Masp, em 1968. A avenida se transformou assim no principal centro financeiro do País.

As manifestações na Paulista são relativamente recentes. Elas começaram de fato quando a torcida do Corinthians decidiu festejar ali o título de campeão paulista de 1977. A partir dos anos 90, como observa Heitor Frúgoli Jr. no livro Centralidade em São Paulo, a avenida passou a ser utilizada para protestos de bancários, metroviários, professores e médicos em greve. Depois passou a acolher a Parada Gay e outras celebrações de vulto, como a Marcha para Jesus, mais tarde empurrada para a zona norte.

Mas, como a avenida sempre abrigou os principais símbolos da riqueza paulistana – antes as mansões dos barões do café, e hoje os grandes bancos e a Fiesp  –, acabou sendo adotada pela direita no decorrer da atual crise política. Mas nem sempre foi assim. Até o início dos anos 60, a direita também preferia o centro velho, que até então ostentava um comércio sofisticado (na Barão de Itapetininga) e uma grande concentração de cinemas (na Ipiranga e na São João).

As grandes manifestações contra Getúlio Vargas durante a Revolução de 1932 ocorreram na praça da Sé e no Largo São Francisco. Depois disso, a maior concentração ocorreu em 19 de março de 1964, antes do golpe militar: a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” reuniu cerca de 500 mil pessoas, que seguiram da praça da República até a praça da Sé, passando pela rua Direita.

Após a implantação da ditadura, os conservadores abandonaram as ruas. Só voltaram agora, para exigir o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. E a avenida da Fiesp logo se revelou o lugar ideal para suas manifestações – que tiveram início em 15 de março de 2015 e culminaram no grande protesto do dia 13 do mês passado. Até quando esse casamento simbólico vai perdurar, ninguém sabe. Hoje a Paulista já começa a perder corporações para a Faria Lima, a Berrini, a Marginal Pinheiros. E a disposição da direita de ir às ruas em geral dura pouco. Quando ela voltar, talvez escolha outra avenida.

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História de Gay Talese sobre espionagem sexual num motel tem caso similar em Goiânia
   3 de maio de 2016   │     0:00  │  0

Um dos maiores repórteres americanos, adepto do novo jornalismo, conta, em reportagem e livro, a história de um empresário que espionava clientes mantendo relações sexuais.

Gay Talese, um dos expoentes do novo jornalismo, é adepto da tese de que a realidade é mais ampla do que imaginamos e escarafuncha assuntos por décadas

Gay Talese, um dos expoentes do novo jornalismo, é adepto da tese de que a realidade é mais ampla do que imaginamos e escarafuncha assuntos por décadas

No início da década de 1980, o repórter Marco Antônio da Silva Lemos — hoje desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios —, publicou uma reportagem que alcançou ampla repercussão: funcionários de um motel entre Goiânia e Aparecida de Goiânia estavam espionando clientes que mantinham relações sexuais. Segundo a denúncia, havia um “espelho com fundo falso” que permitia ver o que acontecia numa das suítes.

O motel era propriedade de dois sócios, L. S. e I. A. A Casa do Amor, obviamente com nome em francês para ficar mais chique e up to date, tornou-se um local a se evitar. Mesmo outros motéis foram abandonados, provisoriamente, pelos clientes. Um dos sócios, que era político, apareceu na redação do jornal “Diário da Manhã” e contestou a informação de que seus funcionários ou eles próprios espionavam clientes. Ouvido pelo Jornal Opção, Marco Antônio disse que, apesar da denúncia, não houve nenhuma investigação séria a respeito. A única coisa certa é que os funcionários deixaram de sentir prazer com o prazer dos outros.

Em seguida, espalharam, não se sabe quem, uma série de boatos. Um deles dizia que havia até gravações de cenas calientes nas quais os “modelos” eram frequentadores de motéis goianos. Nunca se provou nada a respeito. Mas falou-se nisso durante algum tempo. Talvez tenha sido um prenúncio das atuais lendas urbanas. Mas a história da Casa do Amor é, tudo indica, verdadeira.

No domingo, 24, a reportagem “O dono de motel que espionou a vida sexual de seus hóspedes por décadas”, de Ana Pais, da BBC, relata uma história parecida com a de Goiânia. No início de 1980, o repórter Gay Talese, um dos cultores do novo jornalismo ou jornalismo literário, recebeu uma correspondência em que um empresário americano informava que havia adquirido um hotel, na cidade de Aurora, no Colorado, com o objetivo de “satisfazer suas tendências voyeuristas”.

O empresário havia instalado “grelhas de ventilação falsa no teto de vários dos 21 quartos para poder espiar os hóspedes enquanto estes mantinham relações sexuais”. Como Gay Talese estava no auge, apontado como um dos principais contadores de histórias do jornalismo americano, o homem queria narrar o caso dos anos em que espionara homens e mulheres transando. Chegou a convidar o jornalista para observar casais mantendo relações sexuais. De uma curiosidade infinda pelos segredos mais recônditos dos homens, o repórter aceitou o convite e observou “um casal fazendo sexo oral sem pedir permissão”.

Livro de Gay Talese sai em julho, mas já pode ser encomendado nos sites da Livraria Cultura e da Amazon. É a história de um voyeur num motel dos Estados Unidos

[Gay Talese é autor de um livro estupendo sobre a máfia ítalo-americana. Para obter informações, tornou-se amigo de um mafioso, frequentou sua casa e conviveu com sua família. O objetivo era entender a organização criminosa por dentro e entender como viviam os chefões, para além de preconceitos ou do jornalismo meramente policial. O resultado, exposto no livro “Honra Teu Pai” (Companhia das Letras, 512 páginas, tradução de Donaldson M. Garschagen), é jornalismo de primeira linha e, pode-se dizer, um trabalho antropológico irrepreensível. Os mais heterodoxos poderão chamá-lo de “antropologia participante”. Chegaram a criticá-lo, sobretudo pela amizade com o clã mafioso Bonanno. A excelência do livro — muito superior ao romance “O Poderoso Chefão” (o que salva a obra, paradoxalmente, é o excelente filme de Francis Ford Coppola), de Mario Puzo — silenciou seus críticos.

Homem elegante, que usa ternos refinados e não abdica de um bom chapéu, Gay Talese aprecia mergulhar profundamente nos assuntos que investiga. Pessoas famosas, “esgotadas” pela imprensa, não lhe chama a atenção. No Brasil quem lhe interessa é a cantora Simone, que tem “uma voz muito interessante” e “estilo”.

Ao pesquisar sobre o motel americano, ficou sabendo de um assassinato, mas decidiu não denunciá-lo. Ao perceber que um de seus hóspedes traficava drogas, Gerald Foos esperou que saísse, entrou no quarto, roubou as drogas e as destruiu. Pouco depois, o homem, culpando a namorada pelo desaparecimento das drogas, estrangulou-a.

O que Gerald Foos fez? Anotou a história, detalhe por detalhe, mas não denunciou o homem à polícia. Porque, tendo roubado as drogas, poderia também ser indiciado. Ao ler as anotações do empresário, Gay Talese decidiu não entregá-lo às autoridades. “Passei algumas noites sem dormir, me perguntando se deveria entregar Foos. Mas pensei que já era tarde demais para salvar a namorada do traficante”, escreveu o repórter no texto publicado na “New Yorker”.

Criticado, ao revelar a história na revista, na edição de 11 de abril deste ano, disse à BBC Mundo: “Tenho 84 anos e sou jornalista há quase 65. Não acho que tenha de me defender”. Sua reportagem, “O Motel do Voyeurista”, provocou sensação e questionamento. Um livro detalhando a história, com o mesmo título, será publicado em julho. “The Voyeur’s Motel” (Grove Atlantic, 240 páginas) já pode ser encomendado nos sites da Amazon (R$ 56,55) e da Livraria Cultura (R$ 57,29).

Céu e inferno

Por que Gay Talese esperou 36 anos para contar a história em reportagem e livro? Porque não trabalha com fontes anônimas. Enquanto Gerald Foos, o dono do motel e voyeur, não autorizou-o a contar a história mencionando seu nome, com todas as informações, o repórter atilado esqueceu suas múltiplas anotações no fundo de uma gaveta.

Gerald Foos adquiriu o motel em 1969 e, com o apoio de sua mulher, Donna, começou a espionar os hóspedes. “Quando um casal atraente chegava, Foos e a mulher colocavam os dois em um dos quartos com as grelhas no teto. Foos e Donna então subiam para a parte de cima para poder espiar o casal.”

O empresário registrou as histórias de 1969 a 1995, “quando vendeu” o motel. Nas conversas com Gay Talese, Gerald Foos admitiu que é voyeurista, mas o repórter descobriu ao menos um deslize. Ele disse que começou a espionagem sexual em 1966, mas só comprou o motel em 1969. Suas anotações dão conta de encontros entre chefes e suas secretárias e relatos de sexo grupal (sobre a vida sexual pouco ortodoxa dos americanos, Gay Talese escreveu “A Mulher do Próximo”. A movimentada vida sexual dos goianienses, inclusive num frequentadíssimo clube de swing, com pessoas das classes alta e média, ainda não mereceu registro equivalente).

Em 2013, com os crimes prescritos, Gerald Foos finalmente deu autorização para Gay Talese publicar a história e revelar seu nome. O repórter recuperou as anotações, as suas e as do empresário, e publicou o artigo na “New Yorker”. “Esperei 30 anos para conseguir que me liberasse o uso de seu nome. Se não tivesse conseguido, nunca teria escrito ‘O Motel do Voyeurista’”, afirma o jornalista e escritor.

Porém, se a história consagra ainda mais Gay Talese — Sam Mendes será diretor do filme baseado na história do livro —, deixou Gerald Foos em maus-lençóis. Logo após a publicação do texto na revista, começou a ser ameaçado de morte e algumas pessoas jogaram ovos na porta de sua casa. Ele teve de chamar a polícia para protegê-lo.

A polícia de Aurora disse à BBC que não há registros policiais a respeito de Gerald Foos e de sua mulher. Questionado pela BBC sobre a credibilidade do empresário como “fonte jornalística”, Gay Talese afirma que é uma “estupidez” discutir o assunto. Sugeriu à repórter que lesse o livro e não apenas a reportagem, que contém “10% da história”.

Embora sempre cortês, Gay Talese explicitou que prefere responder perguntas “sérias e críticas”. “Pelo menos você não estaria me questionando por uma pequena parte. Quero ser questionado pelo todo.”

Jornalistas tendem a não entender, ou não querer compreender, o que está dizendo Gay Talese. Em geral, nós pensamos que ao reportar um fato, quase sempre às pressas, estamos publicando a realidade na sua inteireza. Na verdade, estamos fazendo um breve recorte na realidade, eliminando suas arestas, e tornando o assunto palatável para os leitores. Mas as contradições da realidade, sua amplitude, geralmente ficam de fora da maioria das reportagens. Gay Talese faz uma espécie de “jornalismo da lentidão”, escarafunchando os fatos por longo tempo, maturando suas ideias a respeito, e só quando percebe que tem clareza e domínio amplo sobre o tema é que escreve suas reportagens, que, na prática, são ensaios.

Uma curiosidade: num de seus livros, “Vida de Escritor” (Companhia das Letras, 512 páginas, tradução de Donaldson M. Garschagen), o jornalista conta que, ao visitar a Itália, quando o chamaram de “Talese”, nem olhou, pois pensou que não era com ele. Descobriu que, no país de Dante e de don Corleone, não se pronuncia “Talise”, como nos Estados Unidos, e sim “Talese”.
Gay Talese está falando de hotel ou motel? O texto da BBC opta por motel — então deixei assim.

Fonte: Jornal Opção

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Peça de Tennessee Williams ganha 3 versões, com casais hétero e gays
   2 de maio de 2016   │     0:00  │  0

Os atores Antonio Motta e Marcos Reis em cena da peça 'Chuva G'

Os atores Antonio Motta e Marcos Reis em cena da peça ‘Chuva G’

Há um quê gay que mal se contém nas peças de Tennessee Williams (1911-83). Vivendo em uma época mais opressora, contudo, o dramaturgo americano o disfarçou sob personagens femininas intensas, coadjuvantes homossexuais desajustados e algumas elipses para lá de sugestivas.

“Ele era gay e tinha uma empatia especial com as mulheres nos seus textos. Resolvemos trabalhar com essa conjectura”, diz o diretor de teatro Leonardo Medeiros, também conhecido pelo trabalho em cinema e televisão.

Trabalhar com essa conjectura significa encenar três versões para um mesmo texto de Williams: uma protagonizada por um casal de personagens héteros (como no original), uma por um casal gay e outra por um casal de lésbicas.

“As Palavras da Chuva” (hétero) e “Chuva G” (gay) já estavam em cartaz. “Chuva L” (lésbica) estreia neste domingo (1º), no horário entre elas.

Em comum entre os três espetáculos, quase tudo: texto (uma peça de um ato só), cenografia, marcação dos intérpretes etc. Mudam os atores. E o resultado cênico, é claro.

“As medidas de interpretação é que mudam”, afirma o diretor do Teatro da Rotina.

“Quando o texto da personagem feminina é passado para um ator homem, ele ganha uma eloquência que é uma libertação de gênero.”

Da mesma forma, ele afirma, quando é uma atriz que assume o papel originalmente escrito para uma interpretação masculina, o personagem “perde agressividade”.

Em cena, o casal da vez alucina, dialoga sobre o peso da solidão, devaneia sobre as impossibilidades do amor e, sobretudo, se molha no pequeno palco, todo encharcado –água é o tema simbólico sobre o qual se desenvolve o texto.

“A peça gira em torno dos significados psicanalíticos da água –o amor, o sexo– e todas as suas acepções: a água de beber, da chuva, parada.”

‘AS PALAVRAS DA CHUVA’, ‘CHUVA L’ e ‘CHUVA G’
QUANDO dom., às 18h (“As Palavras da Chuva”), às 20h (“Chuva L”) e às 22h (“Chuva G”)
ONDE Teatro da Rotina, r. Augusta, 912, tel. (11) 95489-9836
QUANTO R$ 30 (cada versão)
CLASSIFICAÇÃO 16 anos

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5 gênios homossexuais e revolucionários
   1 de maio de 2016   │     0:12  │  0

O diretor Vladimir Carvalho retrata a geração que gerou bandas como Capital Inicial, Legião Urbana e Plebe Rude

O diretor Vladimir Carvalho retrata a geração que gerou bandas como Capital Inicial, Legião Urbana e Plebe Rude

Renato Russo foi o líder de uma das bandas mais emblemáticas do rock nacional – o Legião Urbana. Criada em Brasília, infuenciou os jovens dos anos 80 e primeira metade dos 90 com canções como “Que País é Este?” e “Faroeste Cabloco.”

O cantor e compositor nunca escondeu sua homossexualidade, expressa em letras como “Meninos e Meninas” e “Maurício.”

Eterno galã de “…E o Vento Levou”, Clark Gable (na foto, em cena do filme Mogambo, de 1953) nunca assumiu sua homossexualidade, mas isso não o impediu de ter uma agitada vida amorosa.

É o que defende o britânico David Bret, autor de “Clark Gable – Tormented Star”. A obra é a primeira a tratar, em detalhes, das relações homossexuais do ator. Segundo Bret, Gable se relacionou com alguns dos mais poderosos homens de Hollywood.

Virgínia Woolf foi uma das mais brilhantes escritoras da Inglaterra, atuando também como ensaísta e crítica literária. Embora fosse casada com o editor e teórico Leonard Woolf, sua grande paixão foi a também escritora Vita Sackville-West.

Alguns críticos chegam, inclusive, a afirmar que uma de suas grandes obras, “Orlando”, tenha se inspirado na história de Vita.

Poetisa, escritora e feminista, Gertrude Stein nasceu nos Estados Unidos, mas foi em Paris, na França, que estabeleceu seus vínculos mais importantes com a vanguarda artística da primeira metade do século XX. Entre seus amigos, estiveram Pablo Picasso, Matisse e James Joyce.

Uma de suas obras mais conhecidas é “Autobiografia de Alice B. Toklas”, inspirado na mulher que foi sua companheira e grande paixão por 25 anos. O livro trata de como se formaram algumas das mais importantes correntes artísticas dos anos 10, 20 e 30.

Truman Capote revolucionou duas áreas da escrita com suas obras – foi um dos inventores do jornalismo literário, que foi recebido pelos escritores também como “romance de não-ficção”. Sua obra mais conhecida é “A sangue frio”, no qual reconstroi o brutal assassinato (real) de uma família, bem como traça o perfil dos assassinos.

Capote nunca escondeu sua homossexualidade, tendo militado ativamente pela igualdade de direitos. Seu companheiro, por cerca de 25 anos, foi Jack Dunphy – embora a relação fosse marcada por traições de Capote.

Fonte: Márcio Juliboni – EXAME

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