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A história por trás da bandeira arco-íris, símbolo do orgulho LGBT
   2 de junho de 2017   │     15:51  │  0

Baker nasceu em 2 de junho de 1951 em Chanute, no Estado americano do Kansas.

O criador de um dos principais símbolos da comunidade LGBT – a bandeira arco-íris – morreu aos 65 anos em sua casa em Nova York, nos Estados Unidos, informou a imprensa americana.

Gilbert Baker morreu enquanto dormia. As causas da morte ainda não foram divulgadas.

Mas qual é a história por trás de sua maior criação? E como a bandeira arco-íris se tornou um símbolo da comunidade LGBT?

Baker criou o estandarte, originalmente com oito cores, em 1978, para o Dia de Liberdade Gay de San Francisco, na Califórnia (Estados Unidos).

A bandeira original tinha as seguintes cores, cada uma representando um aspecto diferente da humanidade:

  • Rosa – sexualidade
  • Vermelho – vida
  • Laranja – cura
  • Amarelo – luz do sol
  • Verde – natureza
  • Turquesa – mágica/arte
  • Anil – harmonia/serenidade
  • Violeta – espírito humano

Naquela ocasião, 30 voluntários ajudaram Baker a pintar a mão as duas primeiras bandeiras arco-íris. Elas foram hasteadas para secar no último andar de galeria de um centro da comunidade gay em San Francisco.

Sujos de tinta, eles tiveram de esperar até a noite para lavar suas próprias roupas – já que não podiam lavá-las em lavanderias públicas.

Tempos depois, a bandeira foi reduzida a seis cores, sem o rosa e o anil. O azul também acabaria por substituir o turquesa.

Falando sobre sua criação, Baker disse que queria transmitir a ideia de diversidade e inclusão, usando “algo da natureza para representar que nossa sexualidade é um direito humano”.

Em 2015, o Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMa, adquiriu a bandeira para a sua coleção de obras, chamando-a de “poderoso marco histórico do design”.

“Decidi que tínhamos de ter uma bandeira, que uma bandeira nos encaixasse em um símbolo, o de que somos pessoas, um tribo”, disse Baker ao museu em uma entrevista.

“E as bandeiras são sobre proclamar poder, então é muito apropriado”, acrescentou na ocasião.

Bandeira arco-írisDireito de imagemREUTERS
Image captionO aniversário de 25 anos da bandeira foi celebrado em 2003

Homenagem

A bandeira arco-íris foi hasteada no centro de San Francisco para homenagear Baker.

Em sua conta no Twitter, o roteirista americano Dustin Lance Black disse: “Os arco-íris choram. Nosso mundo é bem menos colorido sem você, meu amor. Gilbert Baker nos deu a bandeira do arco-íris para nos unir. Nos unirmos de novo”.

O senador pelo Estado da Califórnia Scott Weiner afirmou que o trabalho de Baker “ajudou a definir o movimento LGBT moderno”.

Parada gay em Nova York (2005)Direito de imagemGETTY IMAGES
Image captionBandeira tornou-se símbolo da diversidade e da inclusão

Das Forças Armadas ao design

Baker nasceu em 2 de junho de 1951 em Chanute, no Estado americano do Kansas. Ele cresceu em Parsons, também no mesmo Estado, onde sua avó tinha uma pequena loja de roupas. Seu pai era juiz e sua mãe, professora.

De 1970 a 1972, ele serviu nas Forças Armadas americanas. Quando deixou o Exército, Baker aprendeu a costurar sozinho e usou a habilidade para criar pôsteres para marchas de protesto anti-guerra e a favor dos direitos LGBT.

Foi durante esse período que ele se tornou amigo de Harvey Milk, o primeiro parlamentar abertamente homossexual da história dos Estados Unidos.

Baker criou a bandeira arco-íris em 1978, mas se recusou a registrá-la como sua marca.

Em 1994, ele se mudou para Nova York, onde viveu até sua morte.

Naquele ano, ele criou a maior bandeira do mundo em comemoração ao 25º aniversário da Rebelião de Stonewall – como ficou conhecidas as manifestações da comunidade LGBT contra a invasão da polícia de Nova York ao bar Stonewall Inn, em Manhattan.

Os protestos anteciparam o movimento moderno de libertação gay e a luta dos direitos LGBT nos Estados Unidos.

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História de Gay Talese sobre espionagem sexual num motel tem caso similar em Goiânia
   3 de maio de 2016   │     0:00  │  0

Um dos maiores repórteres americanos, adepto do novo jornalismo, conta, em reportagem e livro, a história de um empresário que espionava clientes mantendo relações sexuais.

Gay Talese, um dos expoentes do novo jornalismo, é adepto da tese de que a realidade é mais ampla do que imaginamos e escarafuncha assuntos por décadas

Gay Talese, um dos expoentes do novo jornalismo, é adepto da tese de que a realidade é mais ampla do que imaginamos e escarafuncha assuntos por décadas

No início da década de 1980, o repórter Marco Antônio da Silva Lemos — hoje desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios —, publicou uma reportagem que alcançou ampla repercussão: funcionários de um motel entre Goiânia e Aparecida de Goiânia estavam espionando clientes que mantinham relações sexuais. Segundo a denúncia, havia um “espelho com fundo falso” que permitia ver o que acontecia numa das suítes.

O motel era propriedade de dois sócios, L. S. e I. A. A Casa do Amor, obviamente com nome em francês para ficar mais chique e up to date, tornou-se um local a se evitar. Mesmo outros motéis foram abandonados, provisoriamente, pelos clientes. Um dos sócios, que era político, apareceu na redação do jornal “Diário da Manhã” e contestou a informação de que seus funcionários ou eles próprios espionavam clientes. Ouvido pelo Jornal Opção, Marco Antônio disse que, apesar da denúncia, não houve nenhuma investigação séria a respeito. A única coisa certa é que os funcionários deixaram de sentir prazer com o prazer dos outros.

Em seguida, espalharam, não se sabe quem, uma série de boatos. Um deles dizia que havia até gravações de cenas calientes nas quais os “modelos” eram frequentadores de motéis goianos. Nunca se provou nada a respeito. Mas falou-se nisso durante algum tempo. Talvez tenha sido um prenúncio das atuais lendas urbanas. Mas a história da Casa do Amor é, tudo indica, verdadeira.

No domingo, 24, a reportagem “O dono de motel que espionou a vida sexual de seus hóspedes por décadas”, de Ana Pais, da BBC, relata uma história parecida com a de Goiânia. No início de 1980, o repórter Gay Talese, um dos cultores do novo jornalismo ou jornalismo literário, recebeu uma correspondência em que um empresário americano informava que havia adquirido um hotel, na cidade de Aurora, no Colorado, com o objetivo de “satisfazer suas tendências voyeuristas”.

O empresário havia instalado “grelhas de ventilação falsa no teto de vários dos 21 quartos para poder espiar os hóspedes enquanto estes mantinham relações sexuais”. Como Gay Talese estava no auge, apontado como um dos principais contadores de histórias do jornalismo americano, o homem queria narrar o caso dos anos em que espionara homens e mulheres transando. Chegou a convidar o jornalista para observar casais mantendo relações sexuais. De uma curiosidade infinda pelos segredos mais recônditos dos homens, o repórter aceitou o convite e observou “um casal fazendo sexo oral sem pedir permissão”.

Livro de Gay Talese sai em julho, mas já pode ser encomendado nos sites da Livraria Cultura e da Amazon. É a história de um voyeur num motel dos Estados Unidos

[Gay Talese é autor de um livro estupendo sobre a máfia ítalo-americana. Para obter informações, tornou-se amigo de um mafioso, frequentou sua casa e conviveu com sua família. O objetivo era entender a organização criminosa por dentro e entender como viviam os chefões, para além de preconceitos ou do jornalismo meramente policial. O resultado, exposto no livro “Honra Teu Pai” (Companhia das Letras, 512 páginas, tradução de Donaldson M. Garschagen), é jornalismo de primeira linha e, pode-se dizer, um trabalho antropológico irrepreensível. Os mais heterodoxos poderão chamá-lo de “antropologia participante”. Chegaram a criticá-lo, sobretudo pela amizade com o clã mafioso Bonanno. A excelência do livro — muito superior ao romance “O Poderoso Chefão” (o que salva a obra, paradoxalmente, é o excelente filme de Francis Ford Coppola), de Mario Puzo — silenciou seus críticos.

Homem elegante, que usa ternos refinados e não abdica de um bom chapéu, Gay Talese aprecia mergulhar profundamente nos assuntos que investiga. Pessoas famosas, “esgotadas” pela imprensa, não lhe chama a atenção. No Brasil quem lhe interessa é a cantora Simone, que tem “uma voz muito interessante” e “estilo”.

Ao pesquisar sobre o motel americano, ficou sabendo de um assassinato, mas decidiu não denunciá-lo. Ao perceber que um de seus hóspedes traficava drogas, Gerald Foos esperou que saísse, entrou no quarto, roubou as drogas e as destruiu. Pouco depois, o homem, culpando a namorada pelo desaparecimento das drogas, estrangulou-a.

O que Gerald Foos fez? Anotou a história, detalhe por detalhe, mas não denunciou o homem à polícia. Porque, tendo roubado as drogas, poderia também ser indiciado. Ao ler as anotações do empresário, Gay Talese decidiu não entregá-lo às autoridades. “Passei algumas noites sem dormir, me perguntando se deveria entregar Foos. Mas pensei que já era tarde demais para salvar a namorada do traficante”, escreveu o repórter no texto publicado na “New Yorker”.

Criticado, ao revelar a história na revista, na edição de 11 de abril deste ano, disse à BBC Mundo: “Tenho 84 anos e sou jornalista há quase 65. Não acho que tenha de me defender”. Sua reportagem, “O Motel do Voyeurista”, provocou sensação e questionamento. Um livro detalhando a história, com o mesmo título, será publicado em julho. “The Voyeur’s Motel” (Grove Atlantic, 240 páginas) já pode ser encomendado nos sites da Amazon (R$ 56,55) e da Livraria Cultura (R$ 57,29).

Céu e inferno

Por que Gay Talese esperou 36 anos para contar a história em reportagem e livro? Porque não trabalha com fontes anônimas. Enquanto Gerald Foos, o dono do motel e voyeur, não autorizou-o a contar a história mencionando seu nome, com todas as informações, o repórter atilado esqueceu suas múltiplas anotações no fundo de uma gaveta.

Gerald Foos adquiriu o motel em 1969 e, com o apoio de sua mulher, Donna, começou a espionar os hóspedes. “Quando um casal atraente chegava, Foos e a mulher colocavam os dois em um dos quartos com as grelhas no teto. Foos e Donna então subiam para a parte de cima para poder espiar o casal.”

O empresário registrou as histórias de 1969 a 1995, “quando vendeu” o motel. Nas conversas com Gay Talese, Gerald Foos admitiu que é voyeurista, mas o repórter descobriu ao menos um deslize. Ele disse que começou a espionagem sexual em 1966, mas só comprou o motel em 1969. Suas anotações dão conta de encontros entre chefes e suas secretárias e relatos de sexo grupal (sobre a vida sexual pouco ortodoxa dos americanos, Gay Talese escreveu “A Mulher do Próximo”. A movimentada vida sexual dos goianienses, inclusive num frequentadíssimo clube de swing, com pessoas das classes alta e média, ainda não mereceu registro equivalente).

Em 2013, com os crimes prescritos, Gerald Foos finalmente deu autorização para Gay Talese publicar a história e revelar seu nome. O repórter recuperou as anotações, as suas e as do empresário, e publicou o artigo na “New Yorker”. “Esperei 30 anos para conseguir que me liberasse o uso de seu nome. Se não tivesse conseguido, nunca teria escrito ‘O Motel do Voyeurista’”, afirma o jornalista e escritor.

Porém, se a história consagra ainda mais Gay Talese — Sam Mendes será diretor do filme baseado na história do livro —, deixou Gerald Foos em maus-lençóis. Logo após a publicação do texto na revista, começou a ser ameaçado de morte e algumas pessoas jogaram ovos na porta de sua casa. Ele teve de chamar a polícia para protegê-lo.

A polícia de Aurora disse à BBC que não há registros policiais a respeito de Gerald Foos e de sua mulher. Questionado pela BBC sobre a credibilidade do empresário como “fonte jornalística”, Gay Talese afirma que é uma “estupidez” discutir o assunto. Sugeriu à repórter que lesse o livro e não apenas a reportagem, que contém “10% da história”.

Embora sempre cortês, Gay Talese explicitou que prefere responder perguntas “sérias e críticas”. “Pelo menos você não estaria me questionando por uma pequena parte. Quero ser questionado pelo todo.”

Jornalistas tendem a não entender, ou não querer compreender, o que está dizendo Gay Talese. Em geral, nós pensamos que ao reportar um fato, quase sempre às pressas, estamos publicando a realidade na sua inteireza. Na verdade, estamos fazendo um breve recorte na realidade, eliminando suas arestas, e tornando o assunto palatável para os leitores. Mas as contradições da realidade, sua amplitude, geralmente ficam de fora da maioria das reportagens. Gay Talese faz uma espécie de “jornalismo da lentidão”, escarafunchando os fatos por longo tempo, maturando suas ideias a respeito, e só quando percebe que tem clareza e domínio amplo sobre o tema é que escreve suas reportagens, que, na prática, são ensaios.

Uma curiosidade: num de seus livros, “Vida de Escritor” (Companhia das Letras, 512 páginas, tradução de Donaldson M. Garschagen), o jornalista conta que, ao visitar a Itália, quando o chamaram de “Talese”, nem olhou, pois pensou que não era com ele. Descobriu que, no país de Dante e de don Corleone, não se pronuncia “Talise”, como nos Estados Unidos, e sim “Talese”.
Gay Talese está falando de hotel ou motel? O texto da BBC opta por motel — então deixei assim.

Fonte: Jornal Opção

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Erastes, Jimi Hendrix, Bruce Banner: 48 curiosidades da história LGBT
   12 de março de 2015   │     0:00  │  0

por:  Marcio Caparica

A homossexualidade e a transexualidade existem desde que o mundo é mundo. Conheça fatos inusitados envolvendo LGBTs do Egito Antigo até os dias de hoje. 

  1. A peça pornográfica mais antiga do mundo, criada há mais de 3 mil anos, tem casais de dois homens, duas mulheres, e de homem com mulher.
  2. A cantada mais antiga já registrada aparentemente foi dita entre dois homens. Uma história mitológica da vigésima dinastia do Egito Antigo narra uma discussão entre Horus e Seth sobre quem governaria que durou 80 anos. Seth tentou persuadir Horus a ir para a cama com ele, dizendo “Como suas nádegas são bonitas! E como suas coxas são musculosas!”. Eles, então, fazem sexo.
  3. No Egito, dois manicures reais chamados Niankhkhnum e Khnumhotepforam encontrados enterrados juntos numa tumba compartilhada, similar à maneira como pares casados costumavam ser enterrados. Sua epígrafe diz: “Unidos na vida e unidos na morte”. Eles viveram por volta de 2400 a.C., e acredita-se que são o casal gay mais antigo de que se tem registro.
  4. Algumas figuras históricas homossexuais e bissexuais transformaram seus amantes em deuses. Alexandre, o Grande, queria transformar seu amante de infância Heféstion em um deus quando ele morreu, mas só conseguiu declará-lo um Herói Divino. O imperador romano Hadrian, que construiu uma muralha no norte do Reino Unido, conseguiu fazer de seu amante,Antínoo, um deus depois que este se afogou no rio Nilo.
  5. A igreja abençoava casamentos homoafetivos no século IX, entre eles o do imperador bizantino Basil I (nascido em 830/835, reinando entre 867 e 886) e seu parceiro, João.
  6. O mito de criação narrado em O Banquete, de Platão, conta que havia três sexos: aqueles com duas cabeças masculinas (que descendiam do Sol), aqueles com duas cabeças femininas (que descendiam da Terra) e aqueles com uma cabeça masculina e uma feminina (que descendiam da Lua). Quando se enfureceu com eles, Zeus aleijou a todos cortando-os ao meio. Desde esse dia, de acordo com a história, nós buscamos nossa outra metade para nos completarmos. Isso é conhecido como a Origem do Amor.
  7. Mercúrio representa a harmonia dos princípios masculinos e femininos. Na mitologia, Mercúrio era pai de Hermafroditus, que tinha órgãos sexuais masculinos e femininos.
  8. Os antigos gregos não acreditavam na heterossexualidade nem na homossexualidade. Mas eles acreditavam em passivo e ativo. A forma mais comum de relacionamentos homoafetivos acontecia quando um homem mais velho, o erastes, atuava como mentor e amante de um garoto mais jovem, o eromenos. Eles acreditavam que o esperma era a fonte do conhecimento e que por meio dele era possível “transmiti-lo”.
  9. Um bando de 150 casais gays de Tebas derrotou um exército de Esparta, e seguiu invicto por 30 anos.
  10. Na China antiga, referia-se à homossexualidade como “a manga cortada” e “prazeres do pêssego mordido“.
  11. Até o final do século XV, em inglês, a palavra “girl” significava apenas uma criança de qualquer gênero. Se era necessário diferenciar entre elas, crianças do sexo masculino eram tratadas por “knave girls” e as do sexo feminino, “gay girls”.
  12. Acredita-se que a palavra drag vem de um acrônimo de uma instrução de palco criada por Shakespeare e seus contemporâneos: “Dressed Resembling A Girl” (“vestido como uma garota”, em tradução livre).
  13. A corte da colônia de Virgínia registrou a primeira ambiguidade de gênero entre os colonizadores norte-americanos em 1629. Um servo de nomeThomas(ine) Hall foi declarado oficialmente pelo governador como sendo ao mesmo tempo “um homem e uma mulher”. Para evitar que todos ficassem confusos, Hall recebeu ordens de vestir artigos de roupa de ambos os sexos todos os dias.
  14. No início do século XVII, em Londres, existiu um bordel gay no local onde hoje está o palácio de Buckingham.
  15. Frederico II, conhecido como Frederico, o Grande, reinou sobre a Prússia entre 1740 e 1786. Quando jovem, tentou fugir com seu namorado, Hans Hermann von Katte, mas os dois foram capturados na fronteira. Frederico foi perdoado, mas foi obrigado por seu pai a assistir à decapitação de Hans. Ele é considerado um dos maiores governantes que o país, hoje parte da Alemanha, já teve, e entre outras coisas é o responsável pela introdução da batata no cardápio prussiano. Ele morreu sem deixar herdeiros.
  16. Colégios e internatos eram vistos, no Brasil Império (1822-1889), como um reduto onde “proliferaria a perversão sexual, tanto de meninos quanto de meninas, cabendo aos professores, inclusive, o papel de corruptor”.
  17. Nicholas Biddle, um dos primeiros exploradores da América do Norte, descobriu que entre a tribo dos Minitarees “se um garoto demonstra qualquer sintoma de efeminação ou inclinações de menina, ele é colocado entre as garotas, vestido como elas, criado como elas e às vezes casado com outros homens”.
  18. Registros de hospitais, como o Sanatório Pinel de São Paulo, revelam que os médicos brasileiros tratavam a homossexualidade como uma doença. Havia um certo desespero em compreender os gays e fornecer uma explicação científica para o comportamento. Em 1872, foi desenvolvido na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro o primeiro trabalho científico no país em que dedicava um capítulo exclusivo para a “sodomia ou prostituição masculina”. Realizado pelo médico Francisco Ferraz de Macedo, a pesquisa tinha o objetivo de auxiliar no tratamento da sífilis. “Não é raro encontrarmos pelas ruas da cidade, especialmente nas portas dos teatros, quando há espetáculos, rapazes de 12 e 20 anos, trajando fina bota de verniz, calça do mais fino tecido unida ao corpo, feita assim expressamente para desenhar-lhe as formas”, descrevia o médico, com especial atenção ao vestuário de sua objeto de pesquisa.
  19. Já houve um rei gay em Uganda. Há inúmeros registros de que o rei Mwanga II, que governou entre 1884 e 1888, teve casos com seus servos homens.
  20. No século XIX a palavra gay era usada em inglês para se referir a uma mulher que se prostituía, e um homem gay era um homem que ia para a cama com muitas mulheres.
  21. Os homossexuais do século XIX em Londres criaram um dialeto próprio de gírias para poderem se comunicar em público sem receios de serem presos, chamado Polari.
  22. O livro Carmilla, sobre uma vampira lésbica que caçava jovens donzelas, foi escrito 25 anos antes de Drácula, de Bram Stoker.
  23. Ao que tudo indica os EUA já tiveram um presidente gay: James Buchanan. Ele morou 10 anos junto com seu futuro vice-presidente, William Rufus King. Outro presidente norte-americano, Andrew Jackson, chamava Buchanan de “senhorita Nancy” e “tia Fancy”.
  24. O uso moderno da palavra “gay” vem de gaycat, uma gíria utilizada entre moradores de rua para designar um garoto que acompanhava um mendigo mais velho e mais experiente, deixando subentendido que havia uma troca de sexo por proteção.
  25. No Rio, no começo do século XX, “gouveia” era gíria para homem velho que deseja garotos jovens. A pretensa primeira história pornográfica homoerótica brasileira chamava-se “O Menino do Gouveia” e foi publicada pela revista Rio Nu, em 1914, que trazia a ilustração de dois homens durante o ato sexual.
  26. O monóculo deixou de ser usado hoje em dia, mas era altamente popular entre “os círculos requintados de lésbicas no início do século XX”.
  27. O livro Homossexualismo, de 1906, era categórico ao afirmar que “pederastas ativos e passivos” existiam em todas as classes sociais do Rio de Janeiro, inclusive na Igreja, no Exército e nas Forças Navais, entre funcionários públicos, diplomatas e juízes. Pires de Almeida, seu autor, relacionava a capacidade de se assobiar às práticas sexuais: “Os que não sabem assobiar são unicamente os pederastas passivos; uns, pelo abalo incômodo que produz, no reto, não só esse, como outros movimentos mais ou menos violentos; a tosse, o espirro”.
  28. Um jurista propôs que se condenasse a até um ano de cadeia “atos libidinosos entre indivíduos do sexo masculino que causarem escândalo público”, durante a redação do Código Penal Brasileiro no final dos anos 30. “Felizmente, o artigo 258, bem como a cláusula, foram cortados da última lista de propostas para o Código Penal de 1940″, completa o livro Frescos Trópicos.
  29. A organização LGBT mais antiga ainda em funcionamento é o Centro para a Cultura e Lazer, fundado em 1946. Esse nome tão genérico tinha a intenção de mascarar seu propósito, tabu na época.
  30. Os gays vítimas do Holocausto, marcados com o triângulo cor-de-rosa invertido, ainda eram considerados criminosos depois de libertados dos campos de concentração. Muitas vezes eles eram enviados de volta para prisões para cumprirem penas por serem homossexuais.
  31. Durante a década de 1950 houve uma tentativa de se trocar o termo “homossexual” por “homófilo”. A intenção era enfatizar o amor entre pessoas do mesmo sexo, não o sexo.
  32. Há várias décadas os heterossexuais amam a revista Playboy, mas ela também já deu sua ajuda para os homossexuais. Hugh Hefner, seu editor, foi o único que topou publicar um conto de ficção científica sobre um mundo em que os heterossexuais eram uma minoria num mundo dominado por homossexuais, em 1955. Quando recebeu uma enxurrada de cartas reclamando, ele respondeu: “se é errado oprimir os heterossexuais numa sociedade homossexual, então o reverso também é errado.”
  33. “As Bodas do diabo”. Foi assim que a revista Fatos & Fotos noticiou o primeiro casamento entre dois homens no Brasil, em dezembro de 1962, em Copacabana, no Rio. A reportagem refletia o preconceito com descrições do tipo a “solenidade mais espantosa do século”, uma “afronta às leis do país”, uma “caricatura grotesca”.
  34. Muitos conhecem o código dos lenços, mas poucos sabem que as lésbicas usavam estrelas azuis nos pulsos entre as décadas de 1950 e 1970 para identificarem-se em clubes.
  35. Jimi Hendrix fingiu ser gay para fugir do alistamento militar em 1962.
  36. Um romance de ficção científica publicado em 1969 previu a aceitação da comunidade LGBT pela maioria da população. Ele também previa que a China se tornaria uma potência econômica, a criação da União Europeia, a TV via satélite, impressoras a laser e a popularização da maconha.
  37. Durante a década de 1960 o termo AC/DC, emprestado dos termos para as correntes elétricas, era usado como uma gíria para bissexuais nos EUA.
  38. Um serial killer conhecido como Doodler (“rabiscador”, em tradução livre) tinha como alvo os gays de San Francisco na década de 1970. Ele desenhava suas futuras vítimas nuas antes de assassiná-las. Três alvos conseguiram sobreviver, o suspeito foi identificado, mas ninguém estava disposto a prestar depoimento para condená-lo por medo de sairem do armário.
  39. Quando a HQ do Hulk foi adaptada para a televisão na década de 1970, o nome do protagonista Bruce Banner foi alterado para David Banner, porque considerava-se que “Bruce” era um nome típico de gays.
  40. O primeiro boneco abertamente gay, Gay Bob, chegou às prateleiras em 1977. Ele tinha um brinco na orelha e vinha numa caixa em forma de armário.
  41. Leonard Matlovich foi o primeiro soldado dos Estados Unidos a se declarar homossexual. Quando morreu, foi enterrado numa lápide sem nome e ficou conhecido apenas como o Veterano Gay do Vietnam. Em seu epitáfio pode-se ler: “Quando eu estava no exército, deram-me uma medalha por matar dois homens, e uma dispensa por amar um.”
  42. O filme De Volta Para O Futuro, de 1985, tem uma cena excluída em que Marty confessa ao Doutor que está preocupado com a possibilidade de virar gay se ele der em cima da própria mãe.
  43. O governo dos Estados Unidos considerou criar uma “bomba gay”. Em 1994 os cientistas ponderavam que despejar feromônios sexuais sobre as tropas inimigas faria com que os soldados ficassem com tesão um pelos outros.
  44. O ator John Barrowman quase conseguiu o papel de Will no seriado Will & Grace, em 1998. Ele foi preterido pelos produtores do programa, no entanto, por se considerado “hétero demais”. Barrowman é gay. Eric McCormack, que conseguiu o papel, é hétero.
  45. Ativistas LGBT da Austrália fundaram em 2004 um micropaís chamado“Reino Gay e Lésbico das Ilhas do Mar de Coral”. A bandeira nacional é uma bandeira do arco-íris, a moeda oficial é o euro, e ele existe até hoje.
  46. Em 2007, um grupo proveniente da ilha grega de Lesbos entrou com uma ordem judicial para impedir que grupos gays utilizassem a palavra “lésbica” em seus nomes porque era “ofensivo”. Não funcionou.
  47. A agência de notícias chinesa Xinhua publicou em 2009 uma nota sobre a suposta existência de uma cidade sueca em que 25 mil lésbicas viviam sob a proibição de conversarem com homens. Vários sites turísticos da Suécia saíram do ar nos dias seguintes devido à enorme quantidade de internautas chineses que os visitavam em busca de mais informações.
  48. Um bilionário de Hong Kong ofereceu 65 milhões de dólares para o homem que conseguisse seduzir e se casar com sua filha lésbica. Não funcionou.

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