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Como ajudar um amigo religioso que não consegue se assumir gay?
   2 de junho de 2014   │     0:00  │  20

Artigo.

Por: Fátima Protti – psicóloga, terapeuta sexual e de casal. Pós-graduada pela USP e autora do livro “Sexo, Amor e Prazer”.

Sexóloga Fátima Protti explica que é possível ajudar no processo de aceitação da homossexualidade de alguém, mas é preciso respeitar o tempo de cada pessoa

Sou gay assumido, minha família me aceita e me respeita. Tenho um amigo que não vive a mesma situação, infelizmente. Ele é homossexual, já se relacionou com homens, mas não consegue se aceitar. Tanto ele quanto a família são muito religiosos, acho que isso interfere na maneira dele lidar com a própria sexualidade. Tenho vontade de ajudá-lo. Como posso fazer isso?

Caro leitor, qualquer atitude insistente da sua parte pode ser entendida e sentida como uma grande pressão ou agressão. Às vezes, nossa boa intenção em ajudar prejudica uma grande amizade, enterrando de vez a mínima possibilidade de estar ao lado desse amigo para poder apoiá-lo no momento oportuno. No seu caso, acredito que é melhor deixá-lo à vontade. Torcer para que num futuro muito próximo ele se liberte dos grilhões que o aprisionam.

No entanto, se existe entre vocês intimidade e cumplicidade, você pode ajudá-lo nesse processo de aceitação, mesmo que seja de uma maneira sutil. Aos poucos, promova saídas e atividades de lazer com a presença de outros amigos gays. Isso facilita a identificação e a troca de ideias.

Conversas gerais sobre o tema também auxiliam na reflexão. Uma publicação sobre diversidade sexual ou homossexualidade pode ser um presente útil, fornecendo temas para esses bate-papos. Indico para você um livro legal neste sentido. A obra “O Armário – Vida e Pensamento do Desejo Proibido” (Editora Independente), de autoria de Fabrício Viana.

É preciso entender que a sociedade ainda trava uma luta com seu próprio preconceito em relação à homossexualidade. Para um número grande de pessoas, ela é entendida, equivocadamente, como uma patologia ou uma anormalidade, apesar de a Associação Americana de Psiquiatria ter tirado esta orientação homossexual do quadro das doenças mentais, em 1973. A Organização Mundial de Saúde fez o mesmo em 1993.

O preconceito em nossa sociedade tem raízes profundas, pois ao longo do tempo foram construídas ideias e crenças sobre nossa sexualidade, sem fundamentos, e com a intenção de controle e dominação.

A família, a religião, o trabalho e os amigos podem facilitar ou dificultar a saída do armário. Aliás, está é uma maneira precisa que descrever o ato de assumir publicamente uma orientação sexual.

Mas a saída do armário fica muito difícil se a pessoa ainda não aceitou plenamente a própria orientação homossexual, entendendo que é normal desejar e se relacionar afetivo e sexualmente com outra pessoa do mesmo sexo.

Todo esse processo é delicado e, na maioria das vezes, longo. É único, pois implica vários aspectos da história de vida de uma pessoa. O medo, a culpa e a vergonha estão sempre presentes, principalmente quando o desejo aparece. É preciso tempo para ressignificar aquilo que a impede de assumir de fato a sua homossexualidade.

É a partir daí que o seu amigo ou qualquer pessoa na mesma situação que a dele vai construir seus relacionamentos, uma vida emocional e sexual saudável.

Pais mostram em vídeo transformação de filho transgênero de 6 anos
   1 de junho de 2014   │     0:00  │  0

Se muitos adultos têm dificuldade de compreender o conceito de identidade de gênero, imagine uma criança. Para Ryland Whittington, de 6 anos, isso sempre foi muito claro. Nascido como menina, ele nunca se identificou com o seu sexo e questionava constantemente seus pais sobre o assunto. Quando completou 5 anos, Jeff e Hillary Whittington, de San Diego, Estados Unidos, permitiram que ele fizesse a transição do universo feminino para o masculino.

Na última semana, a família foi homenageada no 6º Harvey Milk Diversity Breakfast e recebeu o Premio Inspiração depois de exibir o vídeo em que mostra a transição do filho Ryland de menino para menina. No evento, o garoto subiu ao palco usando terno e gravata e leu um anúncio ao público: “Meu nome é Ryland Whittington. Eu sou uma criança transgênera”.

O vídeo “The Whittington Family: Ryland’s Story”, publicado na web nesta semana, já alcançou quase 350 mil visualizações no Youtube. A família só foi confrontada com a identidade de gênero dele, quando Ryland já estava mais crescido. Isso porque ele nasceu com um problema de surdez e só começou a escutar após fazer um implante coclear — dispositivo tecnológico que estimula as fibras nervosas do ouvido. Pouco depois de aprender a falar, ele contou aos pais: “Eu sou um menino”.

 

Jeff e Hillary, despreparados para lidar com a novidade, acharam que era algo temporário, que iria passar. Mas, ao completar 5 anos, ele começou a rejeitar tudo que se relacionasse ao universo feminino. O estopim foi quando ele questionou aos pais: “Por que Deus me fez assim?”.

 

A família decidiu, então buscar ajuda profissional e pesquisar sobre a identidade de gênero de crianças. A explicação encontrada foi que Ryland é transgênero. A pesquisa trouxe um baque: 41% das pessoas transgêneras tentam cometer suicídio devido à dificuldade de serem aceitos socialmente. Decididos, Jeff e Hillary, que têm também uma filha mais nova, abraçaram a “nova” identidade de seu filho.

A mudança das roupas, dos brinquedos e da decoração do quarto foram apenas algumas das alterações. O menino adorou cortar os cabelos e a família ainda precisou se adaptar a se referir a ele no gênero masculino.

“A identidade de gênero de Ryland não foi provocada pelo nosso jeito de criá-lo, nossa estrutura familiar ou fatores ambientais”, explica um trecho do vídeo. As imagens retratam a infância de um menino comum e feliz.

Fonte: Extra Globo

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