Monthly Archives: maio 2014

Estudo da USP aponta que mais de 70% dos homens homossexuais já sofreram humilhações
   27 de maio de 2014   │     12:49  │  0

Pesquisa apresentada na Faculdade de Saúde Pública da USP ouviu 1,2 mil homens; preconceito e violência ainda são grandes.Discriminação acentua as doenças psíquicas

Quanto maior a exposição da orientação sexual, maior é a chance de discriminação e agressão. As violências em relação à população LGBT são contínuas e atravessam toda a trajetória de vida do homossexual, independentemente do gênero, diz autor do trabalho

Os tempos são outros e as pessoas estão, de fato, mais abertas aos assuntos relacionados à homossexualidade, mas a revelação da orientação sexual para os amigos, a família, colegas de escola e trabalho ainda é tratada como tabu para grande parte da população homossexual, que continua sendo alvo de preconceito e, em alguns casos, de violência. Uma pesquisa desenvolvida na pós-graduação da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) mostra que a resistência do preconceito na sociedade, que sabe pouco sobre o assunto, se torna ainda mais evidente e causadora de problemas graves de saúde, como os psíquicos.

Apoiado nos relatos de 1,2 mil homens homossexuais, de 18 a 77 anos, colhidos em São Paulo, o psicólogo clínico Luiz Fábio Alves de Deus tentou compreender o processo de revelação da orientação sexual dessas pessoas e suas consequências em diferentes contextos sociais. “A diversidade e o compartilhamento da não heterossexualidade ainda são produtores de violências e de marginalização e exclusão das pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT)”, detalha, lembrando a proposta do trabalho. A observação de Luiz Fábio foi de que o compartilhamento é mais frequente em alguns espaços do que em outros. “O processo de revelação tem início com algum amigo mais próximo e à medida em que há espaço, a pessoa conta para a família, na maioria dos casos para a mãe primeiro, e pessoas de contextos sociais mais próximos e significativos”, comenta.

E a consequência, já conhecida pela maioria, é que quanto maior a exposição da orientação sexual, maior é a chance de discriminação e agressão. As violências em relação à população LGBT, segundo o pesquisador, são contínuas e atravessam toda a trajetória de vida do homossexual, independentemente do gênero, se masculino ou feminino. “Não é pontual como em outras situações de violência, como num assalto, por exemplo. Estamos falando de pessoas que, em geral, já são alvos de comportamentos hostis e violências da infância à vida adulta, por não corresponderem ao que socialmente é esperado deles em termos de sexualidade.” Presentes em todos os contextos sociais, como aponta o estudo, intitulado “Contextos de revelação da orientação sexual: no final do arco-íris tem um pote de ouro?”, as violências são tanto de caráter físico, quanto moral e psicológico.

Na população de homens homossexuais estudada, 16% informou já ter sofrido algum episódio de agressão verbal em razão da desconfiança de sua sexualidade. Quando o pesquisador observou o grupo em que a orientação sexual era amplamente conhecida, 72% informaram ter sido alvo de xingamentos ou humilhações públicas por causa da sua não heterossexualidade. Na violência física, do grupo em que a orientação sexual não era conhecida por ninguém, 4% disseram já ter sido alvo de algum episódio desse tipo de violência, e no grupo onde a orientação estava totalmente revelada, 21% afirmaram já ter sofrido agressão física.

Como a revelação da orientação está atrelada a perdas e ganhos em termos de prestígio, status social, afeto e amizades, há ainda um gerenciamento das informações a esse respeito, selecionando as pessoas com as quais é possível compartilhar o “segredo”. “Revelar ou ocultar a orientação sexual, portanto, ainda é questão estruturante da vida homossexual”, diz o pesquisador. Dessa forma, o estudo revela, ainda, que os homossexuais de pele branca estão entre os que mais optam pela revelação. Já os de pele negra revelam menos por já carregarem uma carga pesada de preconceito em razão da discriminação racial. Os homossexuais jovens com até 29 anos também se revelaram mais que os de 30 anos ou mais. E 51% dos entrevistados informaram não serem praticantes de nenhuma religião.

Diante da aceitação familiar
No que diz respeito a aceitação familiar, a professora de psicologia do Centro Universitário Newton Paiva, em Belo Horizonte, Marina Reis Botelho lembra dois formatos de família: a tradicional, onde a revelação é aceita, porém com alguma dificuldade e restrições, como a de conhecer e conviver com o parceiro da pessoa; e as contemporâneas, que têm outras configurações e têm melhor entendimento. Nos dois casos, no entanto, ela conta que, para ajudar a compreender a revelação da homossexualidade, é preciso olhar para este momento de forma adequada.

Na psicologia, segundo a professora, genética e ambiente, que antes eram vistos de forma isolada na identificação do ser humano, agora não podem ser mais separadas. “A orientação, heterossexual e homossexual, vem da associação genética com o ambiente. O ambiente inclui as histórias e circunstâncias da vida que vão nos atingindo, e isso tudo vai estabelecendo o nosso tipo de comportamento e personalidade”, explica Marina Reis, que também é psicoterapeuta familiar, lembrando que a homossexualidade não pode ser confundida com patologia.

Sobre essa questão, o Conselho Federal de Psicologia tem mobilizado todos os profissionais pela rejeição do requerimento que propõe a realização de audiência pública para debater a Resolução CFP 01/99, que orienta os psicólogos (as) a não exercerem qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas e/ou adotarem ação coercitiva que tenda a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados. “Ninguém vai ao psicólogo tratar a homossexualidade como se fosse um problema”, diz.

Discriminação acentua as doenças psíquicas
A questão envolvendo o preconceito sexual, no entanto, é que os efeitos da forte discriminação e violência contra a população LGBT, muitas vezes acentuada com a revelação, afeta diretamente a saúde psíquica e física, que é muito mais prejudicada na população homossexual. Nos Estados Unidos, a Gay and Lesbian Medical Association and LGBT Health Experts compilou resultados de pesquisas na área de saúde feitas com a população LGBT. Entre as condições de saúde que mais têm interessado os pesquisadores, está a saúde mental dos homossexuais. O fato de conviverem cotidianamente com a condenação social da homossexualidade faz com que experimentem, em diversas fases da vida, sentimentos de autorrejeição, depressão e ansiedade.

Em muitos casos, o ato de revelar a orientação sexual submete as lésbicas e os homossexuais ao mais completo ostracismo nos núcleos sociais de maior significância, como a família, a escola e o ambiente de trabalho. E esses cenários de hostilidades estão diretamente associados ao comprometimento da saúde mental dessas pessoas, elevando a possibilidade de suicídio e de comportamentos de maior risco à saúde em geral, como o consumo excessivo de cigarro e álcool. Este, aliado ao uso de substâncias ilícitas, inclusive, potencializariam as tentativas de suicídio.

Com as pessoas sendo convocadas a atender exigências e expectativas sociais e a marginalização da não heterossexualidade em alguns contextos, a decisão de assumir a orientação sexual fica ainda mais complicada. “A primeira tendência, ao se pensar acerca dos resultados da pesquisa, é achar que as pessoas não devem se revelar para outros, mas o que queremos destacar é exatamente o contrário. As pessoas devem ser livres para viverem sua sexualidade com alguém do mesmo sexo ou do sexo oposto, porém esse direito não tem sido garantido, e queremos chamar atenção para isso”, diz o psicólogo Fábio Alves de Deus.

Os resultados, segundo ele, demonstraram que ainda há muito a ser feito para a concretização da cidadania e o respeito para as pessoas não heterossexuais. E, nesse sentido, o diálogo e a responsabilização de representantes dos diferentes contextos em que o homossexual está inserido pelo desenvolvimento de políticas públicas e de ações que desconstruam as noções de que a homossexualidade é pecado, desvio de caráter e todo o leque de ideias que marginalizam essas pessoas, são peças-chave do processo de mudança desse comportamento de muita gente.

Comédia nacional “Do Lado de Fora” tem homossexualidade como tema
   26 de maio de 2014   │     0:00  │  0

Luis Vaz, Andre Bankoff, Mauricio Evanns, Titi Muller e a drag queen Silvetty Montilla estão no elenco

Nova comédia nacional “Do Lado de Fora” estreou em Campinas no Cinépolis do Campinas Shopping na quinta-feira, 15 de maio.

O filme traz no elenco os atores Luis Vaz, Andre Bankoff, Mauricio Evanns, Titi Muller e a drag queen Silvetty Montilla, em uma história que aborda a homossexualidade.

Rodrigo (Mauricio Evanns) e Mauro (Luis Vaz) são dois adolescentes gays que decidem ir pela primeira vez à Parada LGBT de São Paulo. Eles têm a companhia do tio Vicente (Marcello Airoldi), um executivo solteiro e também homossexual. Apesar de se divertirem no evento, eles presenciam uma cena de agressão homofóbica e socorrem a vítima, Roger (Andre Bankoff), um homem casado cuja esposa está grávida. Quando os quatro se reúnem, eles decidem fazer um pacto para saírem do armário em menos de um ano.

Do Lado De Fora – Trailer Oficial

Comédia nacional “Do Lado de Fora” tem homossexualidade como tema
     │     0:00  │  0

Luis Vaz, Andre Bankoff, Mauricio Evanns, Titi Muller e a drag queen Silvetty Montilla estão no elenco

Nova comédia nacional “Do Lado de Fora” estreou em Campinas no Cinépolis do Campinas Shopping na quinta-feira, 15 de maio.

O filme traz no elenco os atores Luis Vaz, Andre Bankoff, Mauricio Evanns, Titi Muller e a drag queen Silvetty Montilla, em uma história que aborda a homossexualidade.

Rodrigo (Mauricio Evanns) e Mauro (Luis Vaz) são dois adolescentes gays que decidem ir pela primeira vez à Parada LGBT de São Paulo. Eles têm a companhia do tio Vicente (Marcello Airoldi), um executivo solteiro e também homossexual. Apesar de se divertirem no evento, eles presenciam uma cena de agressão homofóbica e socorrem a vítima, Roger (Andre Bankoff), um homem casado cuja esposa está grávida. Quando os quatro se reúnem, eles decidem fazer um pacto para saírem do armário em menos de um ano.

Do Lado De Fora – Trailer Oficial

Milk ainda é o mais influente ativista LGBT da história
   25 de maio de 2014   │     13:42  │  0

Trinta e seis anos depois do seu assassinato, Harvey Milk continua a ser o mais influente ativista pelos direitos LGBT (Comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgéneros), recorda hoje o The Independent.

Harvey Milk era um jovem judeu comum de Nova Iorque que trabalhava na loja dos pais nos seus tempos livres. Depois de acabar o ensino secundário, alistou-se na Marinha, regressando quatro anos mais tarde a casa, onde levava uma vida comum.

Tudo isso iria mudar, quando em 1972 se mudou para São Francisco e decidiu abrir uma loja na rua Castro, bem no meio da comunidade de LGBT.

A sua loja ganhou grande popularidade e rapidamente Milk se tornou uma importante voz do ativismo e um líder politico. “Os direitos apenas são adquiridos por aqueles que se fazem ouvir”, dizia.

Candidatou-se por duas vezes a um lugar à concelhia de São Francisco mas perdeu nas duas vezes. Todavia, a sua persistência fez com que acabasse por garantir um lugar no quadro, tornando-o um dos primeiros oficiais assumidamente gay a ser eleito na história dos Estados Unidos, como supervisor da cidade de São Francisco.

“Não é uma vitória só minha. Se um gay pode ganhar, isso significa que existe esperança de que o sistema possa funcionar também para as minorias, desde que elas lutem por isso”, afirmou na altura.

A sua história na política não foi longa, uma vez que um ano depois, a 27 de Novembro de 1978, foi assinado pelo seu colega também supervisor Dan White.

Apesar disso, ainda hoje, mais de três dezenas de anos depois, a sua luta continua a motivar dezenas de pessoas que saem à rua para lutar pelos seus direitos, conta o The Independent.

Psicóloga cristã” que diz ter cura gay é cassada por conselho de psicologia
   24 de maio de 2014   │     16:01  │  0

Ela é acusada de infringir o Código de Ética da categoria ao oferecer “cura gay” a seus pacientes

Marisa Lobo, a “psicóloga cristã”, deve abandonar aprimeira metade dessa autodenominação.

Assim concluiu o Conselho Regional de Psicologia do Paraná. A entidade, que representa os profissionais do Estado, decidiu cassar o registro de Marisa na sexta passada (16).

A fiel da Igreja Batista e psicóloga formada pela Universidade Tuiuti do Paraná é acusada de infringir oCódigo de Ética da categoria ao oferecer “cura gay” a seus pacientes –a cartilha proíbe “qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas”.

Marisa nega. É, afirma, um crime sem corpo: falta “achar o gay que curei”.

Diz-se vítima de “maquiavélica perseguição religiosa”. Um de seus escudeiros é o amigo e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), a quem já recebeu em sessões informais de terapia, por internet e telefone.

Feliciano assinou um artigo no site Gospel Prime culpando o “sindicalismo gay” pela decisão.

O processo remonta a 2012. Na época, Marisa disse à Folha compartilhar a opinião da cantora Claudia Leitte: “Amo [gays], mas prefiro meu filho machinho”.

Segundo a ré, os conselheiros foram unânimes na condenação. A entidade paranaense afirma que não se pronunciará até o resultado do julgamento, pois o processo corre em sigilo. Marisa afirma que já recorreu ao Conselho Federal de Psicologia.

‘EX-GAYS’

A cartilha dos psicólogos diz que a psicologia é laica, fim de papo. Marisa pensa o contrário. E afirma não estar só. “Muitos estudantes [evangélicos] de psicologia estão me procurando, reclamando que são humilhados nas faculdades.”

Para Marisa, homossexuais arrependidos não são nenhum unicórnio. Eles existem, sim, e a (ainda) psicóloga diz estar disposta a reunir vários deles, junto com suas famílias, num evento em agosto. Quer convidar os presidentes do Conselho Regional do Paraná e de grupos LGBTT para “mostrar ao mundo essa hipocrisia de usar maconha, fazer aborto, ser gay, mas não dar a um ex-gay o direito de existir sem virar chacota”.

“Tenho um grupo de 49 amigos ex-gays no Whatsapp e um grupo no Facebook com mais de 150 ex-gays. São pessoas que existem, e eu, como psicóloga, não posso dizer que eles existem sem ser acusada de homofóbica.”

Se a cassação sair do papel –e Marisa do consultório–, ela diz já ter planos. Espera engrossar a bancada evangélica no Congresso. Conta que sairá candidata a deputada federal pela legenda do “mentor Feliciano”, o Partido Social Cristão. “Agora é a vez do milagre de Deus na minha vida.”