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Duas agressões contra lésbicas, em um dos casos uma das vítimas teve três dedos decepados
   2 de março de 2013   │     23:18  │  3

A noite da última sexta-feira (01) era para ser apenas mais um momento de descontração para as namoradas Thalita Andrade, 29 anos, e Roberta Nascimento, 26 anos que foram apreciar a exposição do artista plástico Eder Muniz, no Teatro Acbeu, na Vitória, em Salvador.

“Estava tudo tranquilo. E eu estava muito feliz nesse dia. Mas por volta das 22 horas, o segurança começou a expulsar as pessoas da exposição. Ele estava com muita pressa de fechar. Eu tinha tomado muita cerveja e senti vontade de ir ao banheiro, e sabia tinha umas amigas que estavam lá”, relatou Thalita à reportagem do Bocão News.
Ainda segundo Thalita o segurança teria impedido a ida dela ao banheiro. “Ele (segurança) ficou nervoso e tentou me impedir. Ele bateu em um menino e depois bateu em minha namorada, Roberta, que foi quem mais sofreu, quando tentou me defender. Ele partiu os supercílios dela, que caiu no chão”, conta. “Foi uma violência gratuita. Não tem nada que justifique. Ainda mais vindo de uma segurança que está ali para proteger a gente”, lamentou a jovem à reportagem.
Ainda segundo a universitária, o segurança registrou um boletim de ocorrência na 1ª Delegacia (Barris). “Algumas amigas me contaram que ele apareceu lá com a camisa rasgada e nariz sangrando. Esse segurança não sofreu agressão de ninguém. Ele se colocou como vítima, quando na verdade era agressor”, disparou.
Na mesma noite de sexta, depois da confusão, o casal se dirigiram para o Hospital Português, onde Roberta ficou internada. Logo depois, que Roberta recebeu alta no final da manhã deste sábado (02), elas foram para a 14ª Delegacia (Barra), onde registraram queixa.

Já no segundo caso a agressão veio através de abuso de poder que ocorreu no último domingo, no Parque São Bernardo, em Valparaíso. Kyvia Torres Rego, 34 anos, discutia com a companheira Renata Agrale, 24 anos, dentro de casa. A briga tomou grandes proporções e foi parar no meio da rua. Vizinhos que presenciaram o fato acionaram uma viatura da polícia que circulava próximo à residência do casal.

Kyvia foi algemada com os dedos decepados e teve que aguardar atendimento com escolta policial (Foto: Divulgação)

Segundo Heyrovsky Torres – irmão de Kyvia, dois policiais militares chegaram ao local e abordaram as duas. Um deles pegou as chaves e os documentos do carro de Renata que estavam jogados no chão e pediu para que a mulher fosse embora. Kyvia, na tentativa de impedir a saída da namorada, entrou no banco de trás do carro.

Ainda segundo Heyrovsky, um dos policiais tirou a moça do carro e a jogou no chão. “O policial perguntou quem era o homem da relação e em seguida começou a espancar minha irmã, falando que, a partir daquele momento iria tratá-la como homem” explicou Torres.

De acordo com Kyvia, os policiais tentaram retirá-la do carro com socos e tapas no rosto. As marcas ficaram por todo o corpo. Ela afirmou que pediu aos policiais que parassem com a agressão. Mas não teria sido atendida. Os policiais então puxaram a jovem de dentro do carro que teve os dedos presos na porta do veículo.

Assine a petição contra o deputado fundamentalista Pr. Marco Feliciano
     │     0:40  │  2

Pedimos a  todos  que assinem esta petição.  Pós só assim conseguiremos que os senhores deputados Federais destituam da presidência da Comissão de Direitos Humanos, o Pr. Marco Feliciano (Partido Social Cristão; leia-se Assembléia de Deus), conhecido por comentários racistas e homofóbicos, além de não respeitar as religiões de matriz africana. É inaceitável que a comissão fique nas mãos de alguém que irá lutar contra qualquer avanço em direção ao reconhecimento dos direitos humanos no Brasil, uma matéria ainda tão frágil em nosso país. Para se ter um paralelo, imaginemos que países autoritários comandassem o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.  Ao designar o Pr. Marco Feliciano para essa posição, os demais parlamentares realizam um ato que contraria a lógica ou o bom senso.

PARA ASSINAR A PETIÇÃO CLIC NO LINK ABAIXO

Imediata destituição do Pr. Marco Feliciano da Presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal

 

Os gays e a bíblia
   1 de março de 2013   │     13:11  │  8

Artigo

Por Frei Betto – Nascido em Belo Horizonte,  em 25 de agosto de 1944 é um escritor e religioso autor de 53 livros, editados no Brasil e no exterior  dominicano brasileiro, filho do jornalista Antônio Carlos Vieira Christo e da escritora e culinarista Maria Stella Libanio Christo

 

 

 

É no mínimo surpreendente constatar as pressões sobre o Senado para evitar a lei que criminaliza a homofobia. Sofrem de amnésia os que insistem em segregar, discriminar, satanizar e condenar os casais homoafetivos.

 

 

No tempo de Jesus, os segregados eram os pagãos, os doentes, os que exerciam determinadas atividades profissionais, como açougueiros e fiscais de renda. Com todos esses Jesus teve uma atitude inclusiva. Mais tarde, vitimizaram indígenas, negros, hereges e judeus. Hoje, homossexuais, muçulmanos e migrantes pobres (incluídas as “pessoas diferenciadas”).

 

Relações entre pessoas do mesmo sexo ainda são ilegais em mais de 80 nações. Em alguns países islâmicos elas são punidas com castigos físicos ou pena de morte (Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Nigéria etc).

 

No 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, 27 países membros da União Europeia assinaram resolução à ONU pela “despenalização universal da homossexualidade”.

 

A Igreja Católica deu um pequeno passo adiante ao incluir no seu Catecismo a exigência de se evitar qualquer discriminação a homossexuais. No entanto, silenciam as autoridades eclesiásticas quando se trata de se pronunciar contra a homofobia. E, no entanto, se escutou sua discordância à decisão do STF ao aprovar o direito de união civil dos homoafetivos.

 

Ninguém escolhe ser homo ou heterossexual. A pessoa nasce assim. E, à luz do Evangelho, a Igreja não tem o direito de encarar ninguém como homo ou hétero, e sim como filho de Deus, chamado à comunhão com Ele e com o próximo, destinatário da graça divina.

 

São alarmantes os índices de agressões e assassinatos de homossexuais no Brasil. A urgência de uma lei contra a homofobia não se justifica apenas pela violência física sofrida por travestis, transexuais, lésbicas etc. Mais grave é a violência simbólica, que instaura procedimento social e fomenta a cultura da satanização.

 

A Igreja Católica já não condena homossexuais, mas impede que eles manifestem o seu amor por pessoas do mesmo sexo. Ora, todo amor não decorre de Deus? Não diz a Carta de João (I,7) que “quem ama conhece a Deus” (observe que João não diz que quem conhece a Deus ama).

 

Por que fingir ignorar que o amor exige união e querer que essa união permaneça à margem da lei? No matrimônio são os noivos os verdadeiros ministros. E não o padre, como muitos imaginam. Pode a teologia negar a essencial sacramentalidade da união de duas pessoas que se amam, ainda que do mesmo sexo?

 

Ora, direis ouvir a Bíblia! Sim, no contexto patriarcal em que foi escrita seria estranho aprovar o homossexualismo. Mas muitas passagens o subtendem, como o amor entre Davi por Jônatas (I Samuel 18), o centurião romano interessado na cura de seu servo (Lucas 7) e os “eunucos de nascença” (Mateus 19). E a tomar a Bíblia literalmente, teríamos que passar ao fio da espada todos que professam crenças diferentes da nossa e odiar pai e mãe para verdadeiramente seguir a Jesus.

 

Há que passar da hermenêutica singularizadora para a hermenêutica pluralizadora. Ontem, a Igreja Católica acusava os judeus de assassinos de Jesus; condenava ao limbo crianças mortas sem batismo; considerava legítima a escravidão e censurava o empréstimo a juros. Por que excluir casais homoafetivos de direitos civis e religiosos?

 

Pecado é aceitar os mecanismos de exclusão e selecionar seres humanos por fatores biológicos, raciais, étnicos ou sexuais. Todos são filhos amados por Deus. Todos têm como vocação essencial amar e ser amados. A lei é feita para a pessoa, insiste Jesus, e não a pessoa para a lei.