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Se a escola não ensina, ensine a escola a respeitar a sua cidadania
   20 de fevereiro de 2013   │     0:00  │  0

O sistema educacional brasileiro, em sua metodologia, não funciona como deveria

Artigo

Por: Terry Marcos Dourado – Fundador e presidente da  ACDHRios Brasil Central e da Rede LGBT-GO, Conselheiro LGBT Estadual de Goiáis, Secretário Nacional de Comunicação da ABGLT

A pesquisa intitulada “Juventudes e Sexualidade”, realizada pela UNESCO e publicada em 2004, aplicada em 241 escolas públicas e privadas em 14 capitais brasileiras, revelou que 39,6% dos estudantes masculinos não gostariam de ter um colega de classe homossexual; 35,2% dos pais não gostariam que seus filhos tivessem um colega de classe homossexual; e 60% dos professores afirmaram não ter conhecimento o suficiente para lidar com a questão da homossexualidade na sala de aula.
Entre tantas outras importantes pesquisas realizadas, destacamos também a produzida e divulgada em 2011, pela organização não-governamental Reprolatina. Realizada em 11 capitais brasileiras, incluindo Goiânia, a pesquisa registra que, durante uma visita dos entrevistadores/pesquisadores em escola da capital goiana, “um estudante se aproximou da equipe de pesquisadores e disse: “Olha, esse aqui é o viadinho da escola”. O menino não falou nada e depois foi agredido fisicamente por colegas. Momentos depois a diretora deu um empurrão num menino surdo para fazê-lo entrar na sala porque ele não tinha “escutado” o sinal para entrar na sala. Na sala de aula não tem intérprete para surdos.”, relata a pesquisa.
A pesquisa da Reprolatina também relata: “Em outra escola, durante uma entrevista com um estudante chegou outro estudante e chutou o entrevistado. Posteriormente vieram um segundo e um terceiro meninos que também chutaram o menino entrevistado, batendo numa ferida que ele tinha na perna. Nessa hora, o menino agredido manifestou sentir dor, mas falou que já estava acostumado a ser agredido. O pesquisador interveio, mas os agressores foram embora sem prestar muita atenção. Duas meninas que estavam próximas, que se referiram como amigas do menino agredido falaram que ele gosta de ser agredido e que, inclusive, provoca as agressões. (…)”.
Estes, são pequenos fragmentos de uma gravíssim a doença social chamada homofobia que, como um câncer ou o HIV/Aids, vai corroendo mentes ignorantes; também a vida e as esperanças de um futuro melhor da parte de suas vítimas. São adolescentes, jovens e adultos, excluídos do convívio social, “expulsos” ou “deletados” das escolas e universidades goianas e brasileiras pelo simples motivo de terem uma sexualidade ou uma orientação sexual ou uma identidade de gênero diferente dos padrões heteronormativos de uma sociedade que, embora finja ser diferente, ainda é ultraconservadora, dogmática, religiosamente fanática, e pseudomoralista, em pleno século 21.
Considerando que a sexualidade não é necessariamente perceptível, salvo quando ela é publicamente expressa, seja por via verbal ou através das manifestações de afeto, em plena “era moderna”, ainda há uma forte vigilância social considerando o tripé comportamental “sexo-gênero-sexualidade”, a partir do sexo masculino e feminino, gerando expectativas sobre o que são coisas de homens e coisas de mulheres e, a partir daí, criando formas de ser, de agir e de se expressar.
Mas à medida em que as pessoas de um determinado sexo não seguem à risca tais expectativas, elas sofrem punições, na forma de discriminação, marginalização ou mesmo sendo física, moral e psicologicamente violentadas, uma vez que o tal “desvio” pode significar uma ameaça de rompimento da norma het erossexual, o que seria “inaceitável” e “inadmissível”.
Por esta razão, alguns recentes pesquisadores entendem que a homofobia não afeta somente lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT). É “normal” (no sentido de rotina) que um indivíduo qualquer, que não corresponda às normas de gênero dos padrões heteronormativos da sociedade, seja tratado, sobretudo, como um potencial homossexual e, assim, seja discriminado como tal. Há diversas outras situações em que a homofobia causa estragos na vida de homossexuais, e até de heterossexuais, complicando a vida, por exemplo, de parceiros ou parceiras de bissexuais, travestis e transexuais que sofrem discriminação por se relacionar com pessoas LGBT e amigos/as e parentes destas últimas podem ser retaliados/as por seu convívio com LGBT ou sofrem indiretamente com o preconceito e discriminação voltados a pessoas próximas.
No contexto geral, com relação aos aspectos social e político, a homofobia afeta a todos e todas, se considerarmos o fato de que a homofobia é um sintoma gravíssimo de uma sociedade que promove a discriminação, a desigualdade, por não respeitar a pluralidade ou diversidade sexual.
Uma das facetas da homofobia se manifesta por meio de crimes de ódio, ou seja, assassinatos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), motivados pela discriminação destas orientações sexuais e identidades de gênero, que no entendimento de preconceituosos e homofóbicos, ferem diretamente o direito fundamental à vida. Desde meados dos anos de 1980 o Grupo Gay da Bahia (GGB) produz o Relatório Anual de Assassinatos de Homossexuais, que na sua edição deste ano de 2012, até hoje, 10 de dezembro, já contabilizou quase 320 “homicídios” – um recorde altamente negativo para o Brasil, na área dos direitos humanos, pois o nosso país, a cada ano, se afirma como o país com o maior número de assassinatos homofóbicos no mundo.
Não podemos esquecer que a homofobia que ocorre via estigmas, preconceitos e discriminações, ainda torna suas vítimas, cidadãs e cidadãos LGBT, muito mais vulneráveis à depressão, transtornos de ansiedade generalizados e de conduta e distúrbios no uso de álcool e drogas. Além disso, fazem com que pessoas LGBT tornem-se mais propensas a pensar em e atentar contra suas próprias vidas, ou a fugirem de suas casas (isso, quando não são expulsas pelas próprias famílias) passando a viver na marginalidade.
O Brasil, através de suas autoridades governamentais, em todas as esferas (municipais, estaduais e federal) precisa, emergencialmente por um fim definitivo nesta realidade maligna, cruel, absurda. Uma realidade inaceitável, inadmissível, mas que ocorre todos os dias dentro e fora das escolas brasileiras: a homofobia!. Uma realidade dolorosa para centenas, milhares de estudantes que são execrados, humilhados, torturados em sua dignidade e cidadania, torturados fisicamente (alguns até a morte!).
Cada vez mais adolescentes e jovens vêm sendo humilhados, socialmente excluídos da sociedade e do ambiente escolar por terem a orientação sexual ou a identidade de gênero diferente da “maioria” das pessoas/colegas. São ações de “bullying”, são ações preconceituosas… É a homofobia presente – e cada vez mais forte – dentro e fora das escolas brasileiras. Escolas que deveriam, em tese (e também na prática), serem ambientes de educação e formação de um caráter humano sadio, sem preconceitos, onde todos sejam iguais mesmo em suas diferenças. Mas, infelizmente, a verdade é outra.
O sistema educacional brasileiro, em sua metodologia, não funciona como deveria. Há muitas falhas. Os preconceitos sociais, em especial a homofobia, fazem parte da rotina escolar em todos os 27 Estados Brasileiros, incluindo o Distrito Federal. E o resultado desta lastimável realidade é, dentre outras situações negativas, o alto índice de evasão escolar pelas vítimas dos preconceitos, pelas vítimas da forte homofobia. Uma maioria quase absoluta de professores, “educadores”, coordenadores pedagógicos, funcionários administrativos, diretores escolares e demais servidores das escolas brasileiras são ignorantes em não saberem como lidar naturalmente com a homossexualidade na rotina escolar. As escolas brasileiras – exceções à parte – não sabem educar seus alunos para respeitar a d iversidade natural da dinâmica da Vida. Não sabem como educar seus alunos para respeitar o próximo como ele é, respeitando as diferenças entre seres humanos que completam o todo chamado “Sociedade”.
Portanto, cidadãs e cidadãos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais): se a escola não ensina, está mais do que na hora de ensinarmos a escola a respeitar a sua cidadania.

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Estigma é o maior entrave para que HSH acessem serviços de saúde, diz pesquisa
   19 de fevereiro de 2013   │     0:00  │  0

Dados de uma pesquisa realizada pela Internet com 5779 homens que fazem sexo com homens (HSH) em 165 países mostram que a homofobia e o preconceito são os principais entraves para que esta população consiga acessar os serviços de saúde. Entre os participantes, 18% afirmaram estar infectados pelo HIV e 17% desconhecem sua sorologia para o vírus da aids.

 

Os dados integram um estudo realizado no ano passado pelo Fórum Mundial sobre HSH e HIV, organização não governamental com base nos Estados Unidos.

 

Segundo o estudo, uma baixa porcentagem dos participantes informou que os insumos de prevenção, como preservativos (35%), lubrificantes (21%), testes (36%) e tratamento do HIV (42%) são de fácil acesso. Os países com maior renda apresentaram taxas mais elevadas, mas o melhor índice, que se referia ao acesso à testagem, não passou dos 54%.

 

Uma parte da pesquisa foi qualitativa e feita em conjunto com organizações da África do Sul, Quênia e Nigéria, que coletaram informações de 71 HSHs que participaram de debates sobre acesso à saúde nestes países.
Eles citaram como principais problemas a criminalização da homossexualidade, o preconceito, a homofobia nos serviços médicos e a pobreza. Estas barreiras podem criar um ambiente onde se permite a violência e a discriminação dos HSH, que, para se protegerem, escondem suas orientações sexuais até dos médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde.

 

Já as organizações em comunidade se mostraram ambientes seguros e onde poderiam celebrar sua verdadeira identidade e receber atenção médica com respeito.

 

Vários HSH informaram ainda dificuldade em acessar os sistemas de educação e emprego, o que contribui para o abuso de substâncias ilícitas e o trabalho sexual.

 

Brasil
Ativistas pelos direitos da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) identificaram na pesquisa internacional problemas e desafios que também são comuns no Brasil.

 

Para eles, vários pontos precisam ser melhorados no País, especialmente no combate ao fundamentalismo religioso no poder legislativo.
Toni Reis, secretário de Educação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), acredita que há um “bom acesso” por parte desta população aos serviços de saúde no País, mas “atraso” em relação aos diretos em geral, sobretudo, por ainda não existir uma lei que criminalize a homofobia.
“Nos espaços de saúde, nós em geral temos bom acesso e um respeito à diversidade, pesar de ainda encontramos dificuldades. Não é 100%.  Mas no plano individual, nossa comunidade ainda enfrenta muita homofobia internalizada, causada especialmente pela família e pela religião”.
Para ele, o Brasil está em um “meio termo”: com muito a avançar, mas já com conquistas importantes.
O ativista Beto de Jesus vê dificuldades no acesso aos serviços de saúde não só pela homofobia e preconceito, mas também por fatores como seu horário de funcionamento, que em sua opinião deveriam ser mais acessíveis.

 

Beto é um dos responsáveis pelo projeto “Quero Fazer”, que leva aconselhamento e testagem para o HIV para grupos considerados mais vulneráveis à infecção. Segundo ele, a motivação para o projeto se relaciona a essa dificuldade de acesso, também relatada no Brasil.

 

“Temos uma população vulnerável e que sofre muito com o preconceito, com horários inacessíveis, etc. Se um é maltratado nos serviços de saúde, vai contar para outro e isso vira uma bola de neve. O Quero Fazer foi desenhado para ser uma forma de desenvolver este tipo de atividade fora do espaço público, garantindo o acesso da população”.
Beto diz que o serviço público deveria ter estratégias para diminuir este problema. “Nossos serviços não estão preparados para trabalhar com essa população”, comentou. “Ficarmos subjugados ao que a bancada evangélica diz que se pode fazer com os gays é um crime. Os dados mostram que os jovens gays são os que mais estão se infectando, então eles precisam de ações específicas”, finalizou.

Cantora Alagoana Lança livro de literatura Erótica e CD “Um sentimento por segundo”
   18 de fevereiro de 2013   │     10:19  │  0

Cantora Natalhinha Marinho

Literatura erótica e canções de ritmos variados resultaram nas mais recentes obras da artista Natalhinha Marinho. Há 07 anos tocando na noite de Maceió e participando de vários projetos culturais, Natalhinha lança, pela internet, seu primeiro álbum, intitulado “Um sentimento por segundo”, acompanhado do livro “Recortes”, composto por 11 contos.

O livro e o álbum dialogam entre si. Doses de erotismo e boemia fazem parte do conjunto da obra. Para Natalhinha, o romantismo e o fluxo de ideias e sentimentos formam a unidade artística de suas criações. “Não foi o livro que surgiu do cd ou vice-versa, os dois nasceram juntos. São personagens fictícios, viagens de casos e acasos, metáforas com elementos musicais para o erotismo que resultaram nos contos e músicas”, completou.
“Poucas Cinzas” é a música que demonstra bem a interação entre o livro e o cd. O último conto do livro serviu como ponto de partida para a criação desta música, que fala, da nostalgia da quarta-feira de cinzas e de maneira irreverente possui elementos de marchinha carnavalesca e de axé music.
As músicas inéditas de autoria da artista possuem variedade rítmica de reggae, samba, marchinha de carnaval, balada romântica, blues, entre outros. Na percussão elementos inusitados, como a utilização do som de risco do isqueiro, dão um tom experimental à música que tem o mesmo nome do álbum “Um sentimento por segundo”. É também nesta canção que Natalhinha firma a única parceria de composição do cd, junto com Janeo Amorim e Mahelvson Chaves.
Magno Almeida, formado em letras, membro da Cia. do Chapéu, contribuiu com “Recortes” escrevendo o posfácio. Para ele, o que mais chama atenção é a literatura “selvagem e livre”. “Os rótulos de enquadramentos teóricos do texto literário estão cada vez mais líquidos hoje, coisa que me encanta totalmente porque literatura tem que, para começo de conversa, ser totalmente ‘selvagem e livre’. E é justamente dessa forma que te menciono e te enquadro. Eu adoro esse erotismo, essa pornografia não declarada, mas intencional, essa passagem da língua pelo corpo, meu, seu, alheio, esporádico. E vi tudo isso”, afirmou Magno.
O álbum e o livro lançados virtualmente, através da rede social: www.facebook e do blog de Natalha Marinho. O cd foi gravado por Marinho e Janeo Amorim, com participações dos instrumentistas Chico Torres, Mahelvson Chaves e Randerson Almeida. Já o livro foi revisado por Renata Czarny e tem fotografias de Jessyka Benário e Natalhinha Marinho.
Natalhinha Marinho iniciou seus trabalhos musicais em 2005, com a banda Olorum. Em 2007, montou o grupo Strada BR que participou de duas edições do Festival Universitário de Primavera, promovido pela Universidade de Ciências Médicas de Alagoas (Uncisal). Ainda em 2007 ingressou na Associação Artística Cia. do Chapéu, ficando responsável pela composição e execução da trilha sonora do espetáculo “Alice!?” e na produção musical de outras performances desenvolvidas pela companhia. Desde 2010 participa do grupo Tridestilados e da banda Fulô de Maracujá. Atualmente participa do espetáculo “Uma Noite em Tabariz”, da Cia. do Chapéu; da banda Cazuadinha, acompanha a cantora Roberta Aureliano, além de desenvolver seus trabalhos individuais.
por: Debora Muniz – Jornalista

 

 

1 em cada 4 homens já fez ou faria sexo com outro homem, diz pesquisa
   15 de fevereiro de 2013   │     13:48  │  10

Quase um quarto dos moradores homens de Londres fizeram ou fariam sexo com outro homem

Segundo a revista “Time Out London” de 60% das mulheres de Londres e 23% dos homens da capital do Reino Unido, ou teve ou teria uma experiência homossexual.   Isso significa que quase 42% da população da cidade é homossexual ou bissexual.

É a figura rosa choque que esta saindo de um casulo ? A  Time Out pesquisa também revela que 80% dos londrinos se dizem e pensam que são melhores do que a média na cama, os demais 20% dormiria com seu melhor amigo na mesma cama.

Entre outras estatísticas, que também revelou que os gays estavam tendo relação sexual muito mais do que os heterorrexias.

Muitos dos entrevistados relatam ter tido ter tido mais de 100 parceiros sexuais, numa media de 30 anos de vida.  Apenas um em cada cem homens heterossexuais, disse o mesmo e apenas uma pequena quantidade de  0,006% das mulheres.

A média de  parceiros por pessoa é de 13 para homens heterossexuais e 60 para os homens gays. Mas se isso faz parecer que a capital britânica é uma utopia sexual, não se deixe enganar.

A renúncia do Papa Bento XVI e os Direitos Humanos: onde estamos e para onde iremos ?
   14 de fevereiro de 2013   │     15:40  │  1

Por: Luciano Freitas Filho – Assessor Pedagógico da Secretaria de Educação de Pernambuco, formou-se e fez mestrado em educação na Universidade Federal de Pernambuco.

 

A notícia da renúncia do Papa Bento XVI, a ser   oficializada no próximo dia 28 de fevereiro, é de causar estranheza e nos pega   de surpresa em plena folia com o Rei Momo, com os Pierrots e as Colombinas.   Essa “saída de cena” intriga e provoca reflexões não somente nos católicos,   mas também em todas as pessoas ao redor. Sejam quais forem os reais motivos   que levaram o líder máximo da Igreja Católica a abdicar do Pontificado, essa   renúncia implica em novas possibilidades para as sociedades que, embora   laicas, se movem em torno dos preceitos e costumes do   Catolicismo.

 

Justiça seja feita, por mais que tenha certa antipatia   e discorde quase que plenamente dos valores difundidos nos discursos e   práticas do atual Papa, tiro meu chapéu e aplaudo sua atitude em deixar a   vaidade de lado e abdicar do poder. Abrir mão de poder é algo que é fácil no   discurso, mas difícil na prática para qualquer que seja a pessoa e sua classe   social. Reconhecer a hora de sair e abrir mão do poder tem um gosto amargo de   fel .

 

Por outro lado, mesmo o aplaudindo, considero essa   saída um alívio para a Diversidade e os Direitos Humanos, tendo em vista que o   Bento XVI é uma liderança polêmica, pouco simpática à emancipação da mulher,   ao ser e estar dos LGBT, do atuar firmemente na defesa da recuperação dos   países africanos ou no combate à exploração dos trabalhadores. Eis um líder   que se afasta bastante de uma evangelização progressista que prima pela   liberdade das pessoas de serem e estarem enquanto diferentes, do olhar para as   pessoas para além do julgar, mas primordialmente colaborar com elas na   perspectiva de seu bem-estar e uma vida no e para o amor. Não há como evitar   estabelecer um paralelo entre o referido líder e demais líderes Católicos, a   ver como exemplo o Papa João Paulo II, Dom Helder Câmara, entre outros. O   Bento XVI de longe é um evangelizador carismático como os supracitados,   líderes que entoaram o coro de um Catolicismo da libertação.

 

A notícia em questão nos traz certa esperança de que   aquele que estar por vir, o sucessor deste, traga aos Cristãos discursos que   provoquem reais mudanças sociais. Para além de cultos e discursos   “iluminados”, é preciso que o Vaticano mova seus fieis em prol das práticas   que agreguem, que consigam ir além do julgar o certo e o errado, o moral e o   imoral, porém que apontem uma ética que guie para a felicidade e o amor ao   próximo, como é recorrente nas práticas de muitos setores da própria Igreja   Católica, de muitos líderes e fieis cristãos. De nada adianta o Conclave   quebrar padrões ao eleger uma Papa negro, latino ou oriental, se as práticas e   os discursos do próximo eleito persistirem conservadoras, opressoras ou   estimulando preconceitos. Desse modo, mudaremos o corpo, mas o espírito de   longe será santo.

 

O que se espera dos Cardeais é o enxergar dos novos   caminhos e desafios apresentados pelo Século XXI para a evangelização , um   pregar que motive e desperte nas pessoas razões para crer na Palavra com uma   fé inabalável, uma fé que se materialize na prática e cotidiano dessas   pessoas. É preciso eleger um Papa que seja o porta-voz de propostas e caminhos   igualmente para aqueles Ateus ou não Católicos, para que esses passem a não   somente respeitar a Igreja Católica, mas também a concordar e simpatizar com   ela, colaborar, mesmo que de fora, cooperar com um discurso que garanta a   liberdade, a igualdade e uma real fraternidade.