Monthly Archives: agosto 2012

Pais gays “conquistas e derrotas de um país dominado pela hipocrisia”
   12 de agosto de 2012   │     13:48  │  8

A adoção por casais gays,  direito  reconhecido em decisão  inédita  anteontem pelo STJ (Superior  Tribunal de  Justiça), tira da  criança a  possibilidade de crescer em um  ambiente  familiar formado  por pai e mãe,  afirma o padre Luiz Antônio  Bento,  assessor da  comissão para vida e  família da CNBB (Conferência  Nacional  dos Bispos  do Brasil). Nem sempre o que é legal é moral e  ético, afirma  ele. “Cremos  que a  questão da adoção por casais  homossexuais fere  o direito da  criança de  crescer nessa referência  familiar.” Para padre  Bento, as crianças têm o   direito de  conviver com as figuras masculina  e feminina no papel de   pais.

Há bilhões de pessoas que  discordam disso;  heterossexuais ou não, aceitam outras   referências. Porque  Deus, ao  contrário do que os donos da verdade   aqui na Terra podem pensar, talvez  tenha  feito um mundo não uniforme,   policromático, para dar a todos a   oportunidade de, na convivência com  o  diferente, poder pensar, analisar,   evoluir.

Evolução, entretanto, é opção de cada um, seja qual for sua crença.

As suas crianças, caso permita sua consciência, quando a única opção delas  for o amparo por  duas pessoas do  mesmo  sexo, deixe-as então ao abandono, nas ruas, ou, com alguma sorte,  num orfanato.  As crianças  do  mundo, que tal deixar que a sociedade  acorde (como seria bom se isso   acontecesse!) e decida o que é melhor para elas? Que os homens e   mulheres de   boa vontade as acolham, protejam, amparem,   independentemente do que   façam na cama, longe das crianças. (Heterossexuais   também fazem sexo  longe  das crianças, não?)

É mais fácil  deixá-las abandonadas, ou  em abrigos, orfanatos, sem   dúvida.  Vamos lá visitá-las de vez em quando, fazemos  uma pequena   doação de vez em quando, rezamos uma missa de vez em quando,  e tudo   fica bem… Para deixá-las à própria sorte, que até hoje não lhes sorriu. Para que continuem nessas instituições — algumas  vezes ao  amparo de   doentes abusadores –, não é preciso fazer muito… Aliás,  não é  preciso   fazer nada… (desde que houvesse abrigos para todos,   naturalmente).

Já para um casal  homossexualconseguir a  adoção, padre, precisará   antes provar sua  capacidade de criar,  educar. Precisará demonstrar —   ainda que por avaliação até certo ponto subjetiva do juízo competente —   ter  integridade moral, conduta  ética. Essas coisas que andam faltando a   tanta gente  e a tantas instituições “honradas” deste triste  país.

Não, não pense em nós, monsenhor. Gays,   homossexuais, desviados,   imorais, ou como queira se referir a essa   parcela da humanidade que as   igrejas em geral tanto desprezam. Segundo  suas crenças, a nós já está   reservado um lugar no Inferno, eterno. Por seu  entendimento, não  temos  mesmo nenhum direito, muito menos à  adoção. Sentimento e prática  das  verdadeiras paternidade e maternidade, para gente que pensa como o   senhor — ou como a instituição que representa e da qual é o porta-voz — devem ser possíveis somente aos seres que têm preferência pelo   sexo oposto. [Tudo, para muitos de vocês, se resume a sexo! Quanta “grandeza” de   alma!].

Pensar em direitos iguais para todos, sem discriminá-los segundo a   forma como fazem  sexo  entre quatro paredes, longe das crianças, seria   pedir demais,   reconheço.

Então, pense apenas  no bem dos  pequeninos e indefesos, gerados por pais heterossexuais que os abandonaram, que não têm   direito a optar se querem ou não um lar, ainda que com dois pais, ou   duas mães. Pense só neles. Sinta-os com o coração, e  não a nós  com o   fígado. Tente, de modo tão isento quanto lhe for possível, imaginar o   que Jesus faria, qual   seria a orientação dEle, se pudesse aqui estar  pessoalmente, em carne e osso, para se    manifestar, já que, apesar de todos os  ensinamentos que deixou, apesar dEle estar sempre presente, ainda   nos é tão difícil aplicá-los à  realidade. (mesmo para aqueles que  se julgam, ou se dizem, tão  conhecedores da  Palavra).

E, se querem mesmo evitar que   homossexuais adotem crianças, sugiro   que seu líder comece já uma   campanha (pode ser silenciosa) para que os   heterossexuais e católicos — de todo o mundo –as   adotem.  Antes de   todos. Assim, seriam amparadas por lares heterossexuais   e católicos.   Seria uma bela maneira, inclusive, de desviar a atenção e  redimirem-se   concretamente por tantos erros, de séculos e de tempos  mais recentes.   Concretamente, e não apenas com pedidos de desculpas.

[Quem sabe fossem até imitados pelas concorrentes?]

Seguindo o raciocínio implícito em sua  referência ao  exemplo   familiar, seriam quase todas heterossexuais e  católicas. Seguido o “bom exemplo”,   em breve não  haveria mais crianças para os “outros”. Daqui há    cinquenta anos o mundo  seria algo mais próximo do Paraíso que do   Inferno  atual . Seria, mas, como sabemos, ninguém quer fazer nada de verdade. É  apenas  mais uma oportunidade para atacar e tentar denegrir aqueles que  ousam  ser diferentes. Porque não puderam ser iguais à maioria, mesmo  tendo  sido, padre, todos nós, criados por famílias com pai e mãe   heterossexuais. E, como os meus, católicos. Não faltariam pessoas (católicos e heterossexuais, claro) dispostas a   atender  ao  apelo, não é mesmo? E quando não houver mais crianças   abandonadas,  padre, essa preocupação manifestada em sua (ou da instituição que representa, não importa) declaração   deixará de ter   sentido. Será desnecessária. Que Deus tenha compaixão do homem! E que proteja  sobretudo nossas   crianças (sim, padre, nossas; as crianças são do mundo, pertencem à   humanidade, são nossa continuação)  de nossos preconceitos,  atos e   omissões.

Elas  merecem um mundo melhor do que este que  encontramos. Cremos. P.S. Claro, todos têm direito à manifestação livre das idéias. Assim como Vossa Senhoria o fez, faço aqui. Com uma diferença. Este texto, poucos lerão. O seu, publicado na grande imprensa, milhares leram. Nossa diferença, padre, é que aquilo que penso influencia quase ninguém, enquanto essas suas palavras podem dificultar o bem a muitos, ou fazer muito mal. Dependendo do ponto de vista, claro. Tudo uma questão de consciência. Cada um tem a sua. Felizmente!

Avanço

Maria Tereza Alves Albuquerque, de um mês de vida, foi registrada no Recife, como filha dos empresários Mailton Alves Albuquerque, 35 anos, e Wilson Alves Albuquerque, 40 anos. Maria Tereza foi gerada por meio de fertilização in vitro – Mailton é o pai biológico e o óvulo foi de uma doadora anônima – e gestada no útero de uma prima dele que assinou uma escritura pública abdicando de qualquer direito sobre a criança.

O juiz da Primeira Vara de Família do Recife, Clicério Bezerra e Silva, autorizou o registro da criança com base nos princípios da Constituição Federal: igualdade, dignidade da pessoa humana, não discriminação por raça, sexo ou cor, e livre planejamento familiar. Clicério foi o mesmo juiz que em agosto do ano passado transformou a união estável entre os dois em casamento civil.

Juntos há 15 anos, Maílton e Wilson estão realizados e empolgados com a concretização do sonho de ter uma família. Os pré-embriões fecundados por Wilson – os dois cederam espermatozoides para serem fecundados – foram congelados e deverão ser gerados no próximo ano. “Queremos dar um irmão para Maria Tereza”, afirmou Maílton.

Mito

A lógica parece simples. Pais e mães gays só poderão ter filhos gays, afinal, eles vão crescer em um ambiente em que o padrão é o relacionamento homossexual, certo? Não necessariamente. (Se fosse assim, seria difícil, por exemplo, explicar como filhos gays podem nascer de casais héteros.) Um estudo da Universidade Cambridge comparou filhos de mães lésbicas com filhos de mães héteros e não encontrou nenhuma diferença significativa entre os dois grupos quanto à identificação como gays. Mas isso não quer dizer que não existam algumas diferenças. As famílias homoparentais vivem num ambiente mais aberto à diversidade – e, por consequência, muito mais tolerante caso algum filho queira sair do armário ou ter experiências homossexuais. “Se você cresce com dois pais do mesmo sexo e vê amor e carinho entre eles, você não vê nada de estranho nisso”, conta Arlene Lev, professora da Universidade de Albany. Mas a influência para por aí. O National Longitudinal Lesbian Family Study é uma pesquisa que analisou 84 famílias com duas mães e as comparou a um grupo semelhante de héteros. Ainda entre as meninas de famílias gays, 15,4% já experimentaram sexo com outras garotas, contra 5% das outras. Já entre meninos, houve uma tendência contrária: 5,6% nos adolescentes criados por mães lésbicas tiveram experiências sexuais com parceiros do mesmo sexo – mas menos do que os que cresceram em famílias de héteros, que chegaram a 6,6%. Ou seja, não dá para afirmar que a orientação sexual dos pais tenha o poder de definir a dos filhos.

O Brasil precisa evoluir como outros países

A rede de lojas americana JC Penney criou uma polêmica maravilhosa nos últimos dias. Na campanha do Dia dos Pais (que nos Estados Unidos acontece no terceiro domingo de junho, isto é, no próximo dia 17) eles trazem fotos de filhos sendo felizes ao lado dos pais e fazendo coisas que fazemos com nossos pais durante a infância. Tipo, sei lá, pescar. Mas a polêmica foi que a campanha traz também uma família composta de duas crianças e dois pais. Gays.

A frase é a seguinte “Primeiros amigos: O que faz papai ser tão maneiro? Ele é técnico de natação, construtor de barracas, melhor amigo, conserta bicicleta e dá abraços – tudo num só. Ou dois” (“First Pals: What makes Dad so cool? He’s the swim coach, tent maker, best friend, bike fixer and hug giver–all rolled into one. Or two.”). E o mais legal é que é uma família de verdade. Todd Koch e Cooper Smith são mesmo pais de Claire e Mason.

Hora de acordar

A verdade é. ” Enquanto a igreja luta pela moral e os bons costumes e impor direitos só para a família tradicional, a mesma se perde no fim da meada de um mundo cercado pela violência e a vulnerabilidade social, a cada dia mais jovens engravidam mais cedo, pais não tem a responsabilidade de educar e cuidar de seus filhos, crianças são jogadas em orfanatos como se fossem lixo”.

Espero que em breve a sociedade acorde das garras deste imperialismo imposto pela igreja católica, e hoje cada vez mais sustentado por outras religiões, que na verdade só defendem seus interesses própio.

Feira de negócio gay aponta visão positiva de investir em um mercado lucrativo
   10 de agosto de 2012   │     13:37  │  0

Oferecer produtos e serviços voltados ao público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) pode ser lucrativo e esse mercado já desperta o empresariado. Tanto que nesta sexta-feira (10) e sábado (11) acontece, em São Paulo (SP), o Expo Business LGBT Mercosul, feira voltada para estimular negócios no setor. O evento, que está na segunda edição, contará com palestrantes de grandes empresas, entidades nacionais e internacionais, como a Prefeitura de Tel Aviv, em Israel, cidade referência em turismo gay. Empreendedores interessados em trabalhar com esse nicho terão a oportunidade de entender as peculiaridades e exigências desse público. A entrada é gratuita.

O mercado é atrativo. De acordo com a organização do evento, com base em dados da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, os homossexuais no país são, aproximadamente, 18 milhões de pessoas e gastam, em média, 30% a mais em bens de consumo do que os héteros.
“Isso não significa que os homossexuais são mais ricos ou mais bem-sucedidos. Eles, apenas, não têm tantos familiares ou filhos para gastar dinheiro. O que sobra acaba sendo gasto em viagens, entretenimento e bens de consumo”, afirma o organizador da feira, Luiz Redeschi.
Saber  atender bem pode levar a vantagem
O atendimento ao cliente é a maior carência do mercado para Redeschi. No comércio, principalmente, é comum os homossexuais passarem por situações constrangedoras. Por isso, os empresários devem investir no treinamento de seus funcionários. E quem souber atendê-los bem pode levar vantagem competitiva. “Não precisa de tratamento especial. Basta ser igual, independentemente do sexo. Se dois rapazes entrarem numa loja, o funcionário deve mostrar a cama de casal assim como mostraria para um homem e uma mulher. O mercado tem de fazer isso e não pendurar uma bandeirinha colorida do lado de fora”, diz.
Crescimento do turismo LGBT no Brasil
O turismo é o setor que está mais avançado no atendimento ao público LGBT, segundo Redeschi. Hotéis já recebem reservas de casais gays sem nenhum tipo de constrangimento para o cliente. “Um casal gay pode chegar em um hotel e, com toda a naturalidade, o atendente pergunta se querem camas de casal ou solteiro.”  É no turismo que as irmãs e sócias Maria Carolina Diniz, 34, e Maria Cecília Diniz, 36, apostam. Há nove meses, elas criaram a MCD Travel, agência de viagens e eventos para o público LGBT. Por frequentarem ambientes gays, elas perceberam que este público não tinha muitas opções para recorrer quando queriam viajar ou realizar festas de casamento (sem cerimônia religiosa). Foi aí que nasceu a ideia de negócio. “Havia pouco espaço nas áreas de turismo e eventos. Por isso, focamos nossos esforços em um público específico que já conhecíamos, oferecendo um serviço diferenciado e de alto padrão”, afirma Maria Carolina Diniz.
Dificuldades das Empresas para conseguir anunciantes
Empresas que atuam voltadas ao público LGBT ainda precisam vencer algumas barreiras. Há nove anos no mercado, o grupo Disponível.com – que conta com um portal homônimo de relacionamentos para gays, um site de notícias e uma loja virtual – ainda enfrenta dificuldades para conseguir anunciantes. De acordo com o diretor de marketing do grupo, Augusto Rossi, 34, as grandes empresas ainda são resistentes e têm medo de associar suas marcas ao público LGBT. “Temos uma grande audiência, mas não conseguimos grandes anunciantes”, diz. O portal Disponível.com, principal marca do grupo, possui 720 mil usuários cadastrados em todo o Brasil, segundo Rossi. Há um ano, o site se expandiu para a Argentina, onde já conta com 30 mil cadastros.
Entender comportamento do público é essencial
Para o professor da pós-graduação em ciências do consumo aplicado da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) Fábio Mariano Borges, entender o comportamento da clientela é essencial para quem trabalha com um público segmentado. No caso do mercado LGBT, o empresário não precisa ser, necessariamente, homossexual para entender o comportamento do seu público, mas ele tem de estudar e compreender os gostos e necessidades de seus clientes. “Um empresário pode atuar em qualquer segmento. Do contrário, teríamos apenas mulheres vendendo para mulheres, idosos vendendo para idosos e assim por diante”, diz. Segundo Borges, segmentar um público é abrir mão de outros. Neste caso, o risco está na estratégia de negócio e a empresa precisa saber conduzir seu posicionamento. “O mercado é segmentado por atitudes. Temos produtos para a geração digital, para a melhor idade, para esportistas, para crianças rebeldes e, agora, para o público LGBT”, declara.
Novidade e expansão
Durante o encontro, a Empetur e o Recife Convention & Visitors Bureau planejam dar continuidade as ações que destacam Pernambuco como um estado receptível ao turista LGBT. Na ocasião, os participantes do evento poderão conhecer roteiros diferenciados no estado, principais festas e espaços como restaurantes, lojas, academias e centros de estética que recebem o visitante GLS por meio de um guia confeccionado pela Empetur com apoio do Recife CVB e da Secretaria de Turismo do Recife.  O gerente de Comunicação do RCVB, Thiago Falcão, também irá revelar como o estado se preparou para receber esse visitante através do selo ‘Friendly LGBT. Pernambuco Simpatiza com Você’, que tem como vertentes: capacitação profissional e promoção do destino. “A ocasião pode ser vista como uma oportunidade de reforçarmos o selo ‘Friendly LGBT. Pernambuco Simpatiza com Você’, de forma que esse visitante perceba o destino como um estado aberto à diversidade”, disse Paulo Menezes, presidente do RCVB.

Gay diz que seu pai falava ” vou orar a Deus para que ele lhe mate”
   8 de agosto de 2012   │     1:00  │  0

No programa do Fantástico deste Domingo dia 05/08 foi ao ar uma matéria sobre homofobia, a qual deixou alguns lideres evangélicos indignados. Segundo um destes líderes o Pastor Silas Malafaia a matéria ia mostrar um País homofóbico e dar mais ênfase a causa gay.

A matéria que teve por parte do pastor Silas um posicionamento contra, iniciou-se relatando a violência contra os homossexuais principalmente vindas da própria família, e antes da exibição o Fantástico colocou no ar outra matéria sobre mudança de sexo, onde mostra que muitos homossexuais fazem a mudança, por se acharem “um erro de Deus” conforme afirma psicologo entrevistado.

A força que possui a pregação da intolerância na vida das pessoas

Baseando-se em relatório da Secretária Nacional de Direitos Humanos de 2011 e sobre os depoimentos gravados pela equipe doprograma, onde foi recebido cerca de 50 ligações sobre comportamento homofóbico relatados pelos gays foi feita a reportagem. E em uma das ligações um denunciante falou que o pai dele falava que ia orar a Deus para matar ele, pois não queria um filho gay.

Por se tratar de uma matéria abordando o tema homofobia (Ódio aos homossexuais, muitas vezes levando à violência física) o que mais se viu na matéria foi denuncias de familiares que são contra a condição gay e nem todos os casos apresentava agressão física e sim um posicionamento não a favor a condição homossexual.

Segundo dados da  Secretária Nacional de Direitos Humanos as mães são as que mais agridem seus filhos por nãoaceitar a condição de homossexualidade que eles vivem e segundo dados as agressões ocorrem mais dentro das casas do que na rua.

A igualdade se anuncia, nas lutas do dia-a-dia
   7 de agosto de 2012   │     0:51  │  0

Por: Paulo Tavares Mariante – Advogado, Conselheiro Municipal de Saúde, Presidente do Conselho Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, membro do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, ativista dos direitos LGBT no estado de São Paulo e membro do Grupo Identidade

 

Carta artigo

No dia 21 de Julho de 2012, interrompemos momentaneamente as atividades de campanha eleitoral para participar, como testemunhas, no 2º Cartório de Registro de Pessoas Natur

Tais de Sumaré, de uma cerimônia de casamento entre duas pessoas muito queridas. Isso não teria nada de extraordinário, se não fosse pelo fato de que este casamento se deu entre duas mulheres: Beth e Andrea. São duas amigas, que conhecemos em nossa militância no movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) há bastante tempo, nos primeiros anos de construção do Identidade – Grupo de Luta Pela Diversidade Sexual.

Ao chegar ao Cartório, observei numa das paredes um cartaz com a bandeira do arco-íris (símbolo da diversidade sexual e da luta contra a homofobia) ao fundo. Haviam vários outros, feitos pelo Colégio Notarial do Brasil (órgão que congrega e representa oficialmente todos os cartórios do Brasil) dando informações sobre procedimentos de registros a casamentos. Mas aquele destacava: “Efetue sua escritura de união homoafetiva, garanta seus direitos”.

Comentei com Adriana, que foi militante do MO.LE.CA. (Movimento Lésbico de Campinas) e que também estava lá para ser testemunha do matrimônio, se poderíamos imaginar um cartaz como este há 10 anos atrás. Sinceramente, até mesmo um casamento como o de nossas amigas não seria possível, pois o que existia no Brasil naquela época, por uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), era o reconhecimento das uniões entre pessoas do mesmo sexo como “sociedades de fato”; ou seja, como uma relação empresarial, sem a caracterização de vínculos afetivos ou de natureza familiar.

Importante esclarecer-se que essa decisão do STJ, apesar de limitada por este aspecto – vínculo patrimonial e não afetivo –, e de algumas considerações de ordem moral do ministro relator, já fora um avanço, uma vez que até aquele momento não havia uma jurisprudência no Brasil que evitasse situações como recorrentemente éramos informados: dois homens viviam juntos. Conseguiam pelo esforço comum adquirir um apartamento para sua moradia, mas o imóvel era registrado apenas no nome de um deles. Quando um deles – em cujo nome o imóvel estava registrado – vinha a falecer, a família do falecido, que não raramente hostilizava o filho que “desonrava” seu bom nome, reaparecia para reclamar a propriedade do apartamento, muitas vezes expulsando o companheiro do falecido, deixando-o literalmente na “rua da amargura”.

Mas a luta do movimento da diversidade sexual, com todas as dificuldades, provocou o Supremo Tribunal Federal (STF), em 05 de Maio de 2011, a proferir uma decisão histórica, reconhecendo às uniões entre as pessoas do mesmo sexo e garantindo os mesmos direitos das uniões estáveis entre heterossexuais, inclusive o de converter suas uniões em casamento.

O STF teve a coragem de julgar aquelas duas ações sob a égide dos direitos humanos e dos princípios da igualdade entre as pessoas, além, é claro, da laicidade do Estado (separação entre estado e religiões). Essa é uma conquista para além da pauta LGBT, pois nem todas/os entendem a importância do respeito a estes princípios.

Este parâmetro lamentavelmente tem faltado ao Congresso Nacional – que até hoje –, em virtude das pressões e chantagens das bancadas teocráticas, e fundamentalistas religiosas, não aprovou nenhuma legislação garantindo os direitos LGBT. E o assunto parece ter sido esquecido, também, pelo Governo da Presidente Dilma Roussef, a qual suspendeu a distribuição dos vídeos do projeto “Escola Sem Homofobia”, dentre outros retrocessos nesta área em relação ao Governo Lula.

Temos consciência de que o direito ao casamento igualitário, por si só, não é garantia de que a homofobia – discriminação e intolerância contra a diversidade sexual – seja superada. São necessárias muitas outras ações nos campos da Educação, da Cultura e de outras Políticas Públicas, para alcançarmos uma sociedade mais justa e mais igualitária. Em nosso ponto de vista, a superação da homofobia só será possível com a derrocada do machismo, do racismo e de outras formas de opressão, bem como das desigualdades sócio-econômicas que também aprofundam essas discriminações.

E participar do casamento de Beth e Andreia, além da felicidade pelo momento de celebração da união afetiva, de duas amigas que há tantos anos estão juntas, se amando, e pela conquista pessoal que alcançaram, nos fez relembrar tantos anos de lutas, de vitórias e derrotas, alegrias e sofrimentos, perdas de pessoas mortas pelas diversas intolerâncias, e da perseverança de muitas e muitos com a gente, jamais desistindo de lutar, sabendo que isso depende do avanço de nossos direitos, para a conquista da tão sonhada igualdade

Por isso brindamos, com alegria e orgulho, pelo matrimônio de Beth e Andreia e todos os demais casais de lésbicas e gays, os quais têm conseguido casamentos civis e, pelo fato de estarmos vivas/os e com muita disposição para continuar esta jornada, até que sejamos todas e todos livres e iguais, sem qualquer forma de discriminação e intolerância. Abracemos a diferença!

Paulo Tavares Mariante

Pesquisa mostra que metade dos brasileiros aprovam a legalização da união gay
   6 de agosto de 2012   │     15:09  │  2

Pessoas do mesmo sexo que pretendem se casar no civil estão recebendo mais apoio da sociedade brasileira. Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada ontem, mostra que, em 2011, 38% dos entrevistados se declaravam a favor da união civil entre casais do mesmo sexo. Neste ano, o número subiu para 50%.

“Eu estou muito feliz”, comemorou Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Para ele, o resultado da pesquisa pode ser visto como uma evolução.

Reis acredita que esse crescimento foi possível por uma série de fatores. O primeiro deles diz respeito ao entendimento das pessoas sobre aquilo que é verdadeiramente defendido por quem deseja oficializar a união homossexual.

“A maioria tem percebido que queremos direitos civis. Não queremos destruir a família de ninguém. O fato de pessoas do mesmo sexo terem direito de casar não vai obrigar ninguém a fazer o mesmo”, diz ele.

A instrução e a descoberta de homossexuais próximos às pessoas, de acordo com Reis, também contribuem para que este quadro se estabeleça favorável à causa. “A sociedade tem amadurecido. As pessoas estão respeitando mais as outras”, afirma Clésio Andrade, presidente da CNT. Na opinião dele, os meios de comunicação e as discussões sobre a homofobia contribuem para a mudança da mentalidade do brasileiro sobre o assunto.

Apesar de a aceitação das pessoas não ser ainda integral, Reis acredita que o aumento foi considerável. “Isso não vai mudar de um dia para o outro. Ainda teremos de fazer muitas marchas, paradas e debates para que estes números cresçam ainda mais”. No entanto, ele se mostra otimista. “Acredito que, daqui a dez anos, já teremos igualdade plena”, afirma.

É importante salientar, de acordo com Reis, que as reivindicações da ABGLT não se destinam à conquista de privilégios. “O que nós queremos é apenas igualdade. E fico satisfeito de perceber que, mesmo havendo setores retrógrados, as pessoas têm, cada vez mais, nos dado apoio”, diz. A pesquisa da CNT foi realizada em julho deste ano, em cinco regiões do Brasil e 134 municípios. Foram realizadas 2.000 entrevistas.

Internet. O levantamento também comparou a evolução do uso da internet no Brasil entre 2011 e 2012. O percentual de brasileiros que acessam diariamente a web subiu de 25,4% para 31%. Entre as redes de relacionamento, a que apresentou maior aumento de usuários foi o Facebook – o percentual pulou de 15,8% para 36%.

Adoção

A pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) revela ainda que o número de pessoas que apoiam a adoção de crianças por casais do mesmo sexo também aumentou. No ano passado, 40% delas se declaravam a favor. Neste ano, já são 54,3%.

“A adoção está muito presente na sociedade. As pessoas consideram este um gesto simpático e acham importante que as crianças sejam acolhidas. Por que não por homossexuais?”, diz Clésio Andrade, presidente da CNT.

Para Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), a atual situação nos abrigos é um dos motivos que levam as pessoas a apoiarem a adoção de crianças por casais homossexuais.

“Muitos precisam de famílias. Poucos são os que querem adotar crianças mais velhas e adolescentes”, diz. Reis já passou por essa experiência. Ele e seu companheiro, David Haddad, que estão juntos há mais de 20 anos, adotaram uma criança há dois. “Foram sete anos até conseguirmos ter o nosso filho”, relata Reis.

Atualmente, ele se sente muito realizado como pai. “Para adotar é preciso carinho, amor, educação e recursos financeiros”, conclui

Fonte: Via Comercial