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Exame anal para detectar homossexualidade ?
   2 de março de 2015   │     13:56  │  0

Desde que os militares chegaram ao poder no Egipto, abriram guerra aos homossexuais. Os médicos usam métodos de enorme crueldade para provar crimes contra a moralidade.

Com o apoio de al-Sissi estão a ser de novo usados os "testes de virgindade"

Com o apoio de al-Sissi estão a ser de novo usados os “testes de virgindade”

Um livro de medicina francês de 1857, escrito pelo legista Auguste Ambroise Tardieu, proeminente médico e defensor de crianças sexualmente abusadas, é a base onde se apoiam os médicos egípcios para acusar pessoas de homossexualidade. Os métodos e práticas utilizados são chocantes.

Oficialmente ninguém assume e a homossexualidade nem é considerada crime no Egipto, no entanto, desde que o general al-Sissi chegou a Presidente, em 2013, o número de homossexuais presos tem vindo a aumentar, sob a acusação de “deboche” ou atentados ao pudor. Só no ano passado foram 150.

Para determinar se os presos são ou não homossexuais, os médicos do ministério da Justiça começam por lhes examinar o ânus. “A forma do ânus muda, torna-se anormal e parecida com a de uma vagina”, disse, Louis Maged, director adjunto da autoridade médica do ministério da Justiça do Egipto ao site Buzzfeed News.

O médico esclareceu ainda outras diferenças entre um ânus de um homem “normal” e o dos homossexuais: “No ânus de um homem normal não pode entrar mais do que uma articulação do dedo mindinho”. Além disso, defende que dos exames anais que levou a cabo, se conclui que nos homossexuais o ânus não se contrai quando se lhe toca, são lisos e não apresentam “rugas”, como os dos outros homens.

Numa experiência relatada pelo médico Aymen Fouda, foram introduzidas agulhas nos ânus dos suspeitos, e foram depois ligadas à corrente. Quem já foi sujeito a tais sistemas de exame anal denuncia a enorme crueldade dos mesmos. Um dos acusados do caso Queen Boat de 2001 conta que esse foi “um dos piores momentos” da sua vida. Outro dos arguidos acusou os médicos de os tratar “como porcos”.

Um caso recente veio trazer alguma esperança de mudança aos activistas dos direitos humanos no Egipto. O tribunal considerou inocentes os 26 homens envolvidos no “caso do hamman”. A polícia irrompeu por uma casa de banhos no Cairo e prendeu os 26 homens sob acusação de participação numa “festa de sexo gay”.

O caso ganhou maior relevo por a operação policial ter sido filmada por uma estação de televisão – imagens dos homens nus, a ser arrastados pela polícia causaram controvérsia. Há quem acuse o governo de pressionar os meios de comunicação social para fazerem a cobertura de casos relacionados com homossexualidade e moralidade. Ibrahim Monsour, director do jornal Tahrir News garantiu que essas “instruções” vêm do “aparelho de Estado”.

Com o apoio de al-Sissi estão a ser de novo usados os “testes de virgindade” que haviam sido banidos pela Justiça em 2011, depois da queda de Mubarak. Estes aplicam-se a mulheres e a sua utilização tem vindo a ser condenada pela Organização Mundial de Saúde e por várias organizações humanitárias, por se tratar de uma prática intrusiva e abusiva porque é feita, muitas vezes, contra a vontade das mulheres.

 

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Exame anal para detectar homossexualidade ?
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Desde que os militares chegaram ao poder no Egipto, abriram guerra aos homossexuais. Os médicos usam métodos de enorme crueldade para provar crimes contra a moralidade.

Com o apoio de al-Sissi estão a ser de novo usados os "testes de virgindade"

Com o apoio de al-Sissi estão a ser de novo usados os “testes de virgindade”

Um livro de medicina francês de 1857, escrito pelo legista Auguste Ambroise Tardieu, proeminente médico e defensor de crianças sexualmente abusadas, é a base onde se apoiam os médicos egípcios para acusar pessoas de homossexualidade. Os métodos e práticas utilizados são chocantes.

Oficialmente ninguém assume e a homossexualidade nem é considerada crime no Egipto, no entanto, desde que o general al-Sissi chegou a Presidente, em 2013, o número de homossexuais presos tem vindo a aumentar, sob a acusação de “deboche” ou atentados ao pudor. Só no ano passado foram 150.

Para determinar se os presos são ou não homossexuais, os médicos do ministério da Justiça começam por lhes examinar o ânus. “A forma do ânus muda, torna-se anormal e parecida com a de uma vagina”, disse, Louis Maged, director adjunto da autoridade médica do ministério da Justiça do Egipto ao site Buzzfeed News.

O médico esclareceu ainda outras diferenças entre um ânus de um homem “normal” e o dos homossexuais: “No ânus de um homem normal não pode entrar mais do que uma articulação do dedo mindinho”. Além disso, defende que dos exames anais que levou a cabo, se conclui que nos homossexuais o ânus não se contrai quando se lhe toca, são lisos e não apresentam “rugas”, como os dos outros homens.

Numa experiência relatada pelo médico Aymen Fouda, foram introduzidas agulhas nos ânus dos suspeitos, e foram depois ligadas à corrente. Quem já foi sujeito a tais sistemas de exame anal denuncia a enorme crueldade dos mesmos. Um dos acusados do caso Queen Boat de 2001 conta que esse foi “um dos piores momentos” da sua vida. Outro dos arguidos acusou os médicos de os tratar “como porcos”.

Um caso recente veio trazer alguma esperança de mudança aos activistas dos direitos humanos no Egipto. O tribunal considerou inocentes os 26 homens envolvidos no “caso do hamman”. A polícia irrompeu por uma casa de banhos no Cairo e prendeu os 26 homens sob acusação de participação numa “festa de sexo gay”.

O caso ganhou maior relevo por a operação policial ter sido filmada por uma estação de televisão – imagens dos homens nus, a ser arrastados pela polícia causaram controvérsia. Há quem acuse o governo de pressionar os meios de comunicação social para fazerem a cobertura de casos relacionados com homossexualidade e moralidade. Ibrahim Monsour, director do jornal Tahrir News garantiu que essas “instruções” vêm do “aparelho de Estado”.

Com o apoio de al-Sissi estão a ser de novo usados os “testes de virgindade” que haviam sido banidos pela Justiça em 2011, depois da queda de Mubarak. Estes aplicam-se a mulheres e a sua utilização tem vindo a ser condenada pela Organização Mundial de Saúde e por várias organizações humanitárias, por se tratar de uma prática intrusiva e abusiva porque é feita, muitas vezes, contra a vontade das mulheres.

 

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