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Governo Lula planeja criar banco de dados sobre crimes de LGBTfobia no Brasil
   13 de maio de 2023   │     18:52  │  0

Os ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos estão em tratativas para formar um grupo de trabalho para captação e processamento dos dados oficiais sobre casos de LGBTfobia no Brasil, incluindo homicídios. As informações são da Folha de S. Paulo. Em anúncio feito ao jornal pela pasta comandada pelo ministro Flávio Dino, também foi pontuado que deverá ser discutido o aprimoramento dos processos de acolhida de denúncias, atendimento e melhor encaminhamento das vítimas de LGBTfobia em todos os estados.

A elaboração de um banco de dados governamental sobre violências contra a população LGBTQIA+ brasileira é uma antiga dos movimentos sociais. Desde 2000, organizações como o Grupo Gay da Bahia (GGB) e a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) se esforçam para quantificar crimes e violências com motivação LGBTfóbica. Na última quinta-feira (11),  um dossiê elaborado pelo Observatório de Mortes Violentas Contra LGBTI+ revelou que o Brasil registrou ao menos 273 mortes violentas de pessoas LGBTQIA+ em 2022 – 228 foram assassinatos, 30 suicídios e 15 outras causas, como morte decorrente de lesões por agressão.

A média é de uma pessoa LGBT+ morta a cada 32 horas. Travestis e transexuais representam maior parte dos mortos (58%), seguidos por gays (35%), lésbicas (3%) e homens trans (3%). Ainda há pequena porcentagem de pessoas não binárias (0,4%) e outras designações (0,4%). De acordo com o relatório, justamente pela ausência de dados oficiais, as principais fontes consultadas foram notícias publicadas na mídia. A coleta de dados foi iniciada em 2000, quando foram computados 130 óbitos. Em 2017, foi registrado o pico da série histórica, com 445 mortos.

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A Paixão de Cristo na Paixão dos LGBT+
   15 de abril de 2022   │     10:54  │  0

Na sua crucifixão, Jesus se torna solidário com todos os crucificados da história, com
todos os que sofrem brutal e injustamente, incluindo os LGBT.

Por: Luís Corrêa Lima*

A hostilidade contra LGBTs, com inúmeras formas de discriminação, mesmo quando

não leva à morte, traz frequentemente tristeza profunda ou depressão.

O padre Júlio Lancellotti trabalha corajosamente na cidade de São Paulo com população
de rua. Ele relata a situação dramática que encontra:
Na missão pastoral tenho conversado com vários LGBT que estão pelas ruas
da cidade, alguns doentes, feridos, abandonados. Muitos relatam histórias
de violência, abuso, assédio, torturas e crueldades. Alguns contam como
foram expulsos das igrejas e comunidades cristãs, rejeitados pelas famílias
em nome da moral. Testemunhei lágrimas, feridas, sangue e fome.
Impossível não reconhecer neles a presença do Senhor Crucificado! [1]
Esta sensibilidade espiritual é profundamente cristã, pois o Filho eterno de Deus, ao se
tornar humano, é solidário com toda humanidade, especialmente os pobres e os que
sofrem. É o próprio Jesus que diz: “tive fome e me deste de comer, tive sede e me deste
de beber […] pois todas as vezes que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos,
foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 31-46). Ele se identifica com famintos, sedentos,
estrangeiros, nus, enfermos e encarcerados. Na sua crucifixão, Jesus se torna solidário
com todos os crucificados da história, com todos os que sofrem brutal e injustamente,
incluindo os LGBT. Mas a Sua paixão é desqualificada pelos seus adversários que
sordidamente dizem: “Salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!” (Mt
27,40).

A violência contra LGBT tornou-se mais evidente por causa de sua visibilidade no mundo
atual. No passado, para se defender da intolerância e da hostilidade, muitos deles viviam
no anonimato ou à margem da sociedade. Vários gays e lésbicas se escondiam no
casamento tradicional, constituído pela união heterossexual, para não manifestarem sua
condição. Travestis e transexuais não tinham acesso aos procedimentos de
transexualização hoje disponíveis. Em alguns lugares formavam guetos, que eram
espaços de convivência bastante reservados como forma de proteção dos indivíduos.
Atualmente, a situação é bem diferente. Muitos deles fazem grandes paradas, estão
presentes em filmes, programas de televisão, olimpíadas, empresas, escolas e outras
instituições; buscam reconhecimento, exigem ser respeitados e reivindicam os mesmos
direitos e deveres dos demais cidadãos. Esta população está em toda parte. Quem não faz
parte dela, tem parentes próximos ou distantes que fazem, velada ou manifestamente, bem
como vizinhos ou colegas de trabalho.
A aversão aos LGBT produz diversas formas de violência física e verbal. Há pais de
família que já disseram: “Prefiro um filho morto a um filho gay!”. Há avós que já
disseram: “Prefiro vinte netas putas a uma neta sapatão!”. Não são raros travestis, gays
e lésbicas expulsos de casa por seus pais. Entre os palavrões mais ofensivos em português,
constam a referência à condição homossexual (veado!) e ao sexo anal, comum no
homoerotismo masculino. Ou seja, é xingamento. Muitas vezes, quando se diz: “fulano
não é homem”, entende-se que é gay; ou “fulana não é mulher”, que é lésbica. Ou seja,
ser homem ou mulher supostamente exclui a pessoa homossexual. Esta aversão se enraíza
profundamente na cultura. No Brasil são muito frequentes os homicídios, sobretudo de
travestis. Não raramente, estes homicídios são cometidos com requintes de crueldade. Há
também suicídios de muitos adolescentes que se descobrem LGBT, e mesmo de adultos.
Eles chegam a esta atitude extrema por sentirem a hostilidade da própria família, da escola
e da sociedade. Calcula-se que o índice de suicídio nesta população é cinco vezes maior
que no restante. Toda esta hostilidade com inúmeras formas de discriminação, mesmo
quando não leva à morte, traz frequentemente tristeza profunda ou depressão.
Curiosamente, esta realidade está ausente em muitos documentos da Igreja Católica. Ao
se falar de pobres, excluídos e pessoas que sofrem, menciona-se frequentemente:
migrantes, vítimas da violência, refugiados, vítimas de sequestro e tráfico de pessoas,
desaparecidos, portadores de HIV, vítimas de enfermidades endêmicas, tóxico-
dependentes, idosos, meninos e meninas vítimas da prostituição, pornografia, violência
ou trabalho infantil; mulheres maltratadas, vítimas de exclusão e exploração sexual,
pessoas com deficiência, grandes grupos de desempregados, excluídos pelo
analfabetismo tecnológico, moradores de rua em grandes cidades, indígenas, afro-
americanos, agricultores sem-terra e mineiros [2]. Infelizmente, falar de LGBT ainda é
incômodo em muitos ambientes. Não raramente, o sofrimento desta população é ignorado
ou silenciado.
Para representar a violência sofrida por eles e elas, a travesti e atriz Viviany Beleboni
encenou uma crucifixão em uma parada em São Paulo. Depois disto, ela mesma foi
agredida violentamente duas vezes como forma de retaliação. Levou chutes, sofreu cortes
no corpo, teve hematomas e dentes quebrados. Sobre a segunda agressão, feita por cinco
homens, ela relata algo revelador sobre a motivação dos agressores:

A todo momento falavam que eu era um demônio, que essa raça tinha que
morrer. Recitavam passagens da Bíblia ou que diziam alguma coisa
relacionada à Bíblia. Falavam em Romanos e coisas como “não te deitarás
com um homem, como se fosse mulher” e muitas palavras que não entendia,
como se fosse em outro idioma. Eles diziam também “traveco vira homem”,
“praga da humanidade”. Ofensas e Chutes. Quero esquecer [3].
Lamentavelmente, estes agressores fanáticos utilizam a Palavra de Deus, tirando-a do
contexto em que foi escrita, para justificar a demonização do outro e a agressão brutal.
Tornam-na uma palavra de morte, um instrumento diabólico. Dela extraem “balas
bíblicas” disparadas impiedosamente contra homossexuais e transgêneros.
A hostilidade a LGBT não é gratuita. Há importantes indicações de que o preconceito
contra esta população seja um temor inconsciente do coração humano que se recusa a
reconciliar-se com a própria verdade. O medo do perigo de contágio, fanatismos,
rigorismos e repugnâncias em relação eles e elas revelam uma necessidade de ocultar a
verdade sobre a própria existência, ou sobre impulsos interiores. Na base dos
preconceitos, há frequentemente o medo de perder a própria segurança diante do que é
diferente, estranho e desconhecido, catalogando-o por isso mesmo como perigoso e
inferior. Quanto maiores o fanatismo e a repugnância, provavelmente existe também uma
maior necessidade de ocultar a própria existência, ou uma plena recusa a reconciliar-se
com a própria verdade.
Júlio Lancellotti reconheceu a paixão de Cristo na população de rua LGBT. Viviany
Beleboni a representou e a sofreu. Recentemente, Marielle Franco foi assassinada. Ela
era bissexual e defendia os direitos humanos de diversas populações. A paixão de Cristo,
consequência de Sua vida e luta em favor do anúncio do Reino de Deus, não deve ser
jamais desqualificada. O Seu corpo é dado e o Seu sangue é derramado pela salvação da
humanidade. Não nos esqueçamos dos crucificados da história com os quais o Cristo é
solidário, nem deixemos que os desqualifiquem e esqueçam. Cultivar a memória deles e
delas é trilhar o caminho que conduz à ressurreição.
[1] LANCELLOTTI, J. Postagem, 9/6/2015.
[2] CELAM. Documento de Aparecida, 2007, n. 402.
[3] QUERINO, Lucas. “Viviany Beleboni é espancada novamente por cinco homens:
‘Demônio’”. 12 jul. 2016.
*Luís Corrêa Lima é padre jesuíta e professor do Departamento de Teologia da PUC-Rio.
Trabalha com temas de modernidade, história da Igreja, diversidade sexual e de gênero.

 

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Inspirado em Madame Satã, peça fala sobre luxúria, racismo e LGBTFOBIA
   21 de março de 2022   │     7:55  │  0

Madame” é o novo espetáculo teatral assinado pelo dramaturgo Márcio Telles, da Companhia Odara, com direção de Marcelo Drummond. O monólogo tem o próprio Márcio interpretando Madame, figura emblemática que ora está com vestidos, lenços e maquiagem, ora traz para o palco a malandragem e mandinga do famoso capoeirista boêmio, Madame Satã (1900-1976).

O conjunto dessas personas resulta em uma figura emblemática, arisca e cheia de contradições que utiliza de seu cabaré para promover a insurgência da arte considerada “marginal” e a contestação sócio-política de camadas excluídas e preteridas socialmente.

“Dentro da minha trajetória no Oficina, ao longo das turnês dos diferentes espetáculos sempre fazíamos uma confraternização da trupe em um dos quartos dos hotéis onde ficávamos hospedados. Nessas ocasiões eu acabei criando a Madame. Isso acabou pegando e, ao final de cada apresentação, atores e técnicos já perguntavam ‘onde vai ser a festa hoje, Madame? Qual o repertório de hoje, Madame?’ Dentro desse contexto eu transitava muito com o duplo, com o espelho, o gênero. Não à toa, há seis anos tenho um trabalho na Casa Florescer dando aula de interpretação para meninas e mulheres trans que são assistidas”, afirma Telles.

No enredo da peça, Madame ocupa esse terreiro eletrônico que é o Oficina, de forma não linear, transformando-o nesse cabaré que acolhe a luxúria e a cena boêmia, além de reverberar a voz de contestações sociais como o racismo, a LGBTfobia, a intolerância religiosa e a identidade de gênero.

Em sua concepção, Madame Satã é uma figura em transformação contínua que troca de figurino como quem troca de pele, a serpente do arco-íris de Oxumarê. O Ouroboros que pica com seu veneno e também transmuta para a cura. Entre sombras e luzes, Madame envolve o público com seus enredos, sotaques e mandingas, percorrendo caminhos circulares e ancestrais das encruzilhadas, madrugadas, terreiros de candomblés e a apoteose do Carnaval. O sagrado e o profano juntos para celebrar narrativas de resistência.

“Em 2010, durante um ano de temporada com peças do Oficina, começamos a construir as camadas desse personagem que agregava todo o elenco e quando voltamos para São Paulo encarávamos esse personagem, quase uma entidade nas festas do terreiro que o Márcio dirige. O interessante é que quando resolvemos montar o monólogo, não precisamos de muitos ensaios, pois o Márcio já tinha tomado posse desses sotaques de Madame. Só cabia arrumar luz, o tempo das coisas. O próprio Oficina tem o lema de dizer que não somos corpos físicos, somos corpos mutáveis. Essa montagem ilustra bem esse pensamento”, diz Drummond.

SERVIÇO:

  • Datas: 14 de março a 28 de março
  • Local: Teatro Oficina, Rua Jaceguai, 520 – Bixiga
  • Quando: Segundas-feiras, às 21h00
  • Duração: 90 minutos
  • Classificação indicativa: 14 anos
  • Valor: 50,00 inteira – 25,00 meia
  • Link para compra de ingressos: https://bileto.sympla.com.br/event/71980

FICHA TÉCNICA:

  • Autoria e atuação: Márcio Telles
  • Direção: Marcelo Drummond
  • Produção executiva: Diego Dionísio
  • Direção de Cena: Elisete Jeremias
  • Cenografia: Tádito Produção
  • Assistente de Produção: Anderson Vaz e Robson Silva
  • Direção musical: Ito Alves
  • Preparação Vocal: Rafaela Romam
  • Piano: Rodrigo Jubeline
  • Percussão: André Santana
  • Iluminação: Luana Della Crist e Pedro Felizes
  • Assessoria de Imprensa: Baobá Comunicação, Cultura e Conteúdo
  • Imagem: Jennifer Glass

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Serial killer de homossexuais revela motivo dos crimes
   31 de maio de 2021   │     21:27  │  0

O homem acusado de ser o serial killer responsável pela morte de três homens homossexuais no Paraná e em Santa Catarina falou, em depoimento, sobre o motivo dos crimes. Ele foi preso no sábado (29), em Curitiba, após denúncia rastreada pela polícia.

A intenção de José Tiago Correia Soroka, segundo ele mesmo disse em interrogatório, era roubar os homens que ele assassinou. Contudo, ele confessou que haveria, ainda, um elemento de ódio nos crimes pelo fato de as vítimas serem homossexuais.

Segundo a delegada Camila Cecconelo, que chefia a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, ele confessou o assassinato das três vítimas e também a tentativa de homicídio contra uma quarta pessoa. Além disso, deu detalhes dos crimes.

Apesar da confissão, as investigações devem continuar para verificar a existência de outras vítimas do criminoso.

* Com informações do RICMais

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Em nome da honra, gay é decapitado por irmão e primos no Irã
   13 de maio de 2021   │     18:39  │  0

História devastadora e de revirar o estômago! O iraniano Alireza Fazeli Monfared, de apenas 20 anos, foi brutalmente assassinado pelo próprio irmão e primos, num “crime de honra” – algo que infelizmente ainda existe e é legítimo em vários países ao redor do mundo, após a vítima supostamente “desonrar” ou “envergonhar” sua família.

No caso de Alireza, o “motivo” foi porque o exército local o rejeitou após descobrir que o rapaz era homossexual. No Irã, as relações entre pessoas do mesmo sexo são passíveis de prisão, punição corporal ou até mesmo execução. De acordo com a ativista e jornalista iraniana Masih Alinejad, Monfared foi atraído para um local deserto e decapitado por seus parentes! Completamente absurdo e revoltante!

No Twitter, a profissional escreveu: “Descanse em paz, Alireza. Essa bela alma de 20 anos de idade iraniana foi brutalmente morta por seu irmão e primo, por ser gay, como parte de um ‘crime de honra’. A comunidade LGBTQ do Irã está brutalizada com o regime do país e com a intolerância de certas famílias. Alireza foi morto após ser decapitado pela própria família. Depois de decapitá-lo, a família jogou o corpo deste pobre homem debaixo de uma árvore na cidade de Ahwaz”.

Segundo a jornalista, Alireza estava prestes a fugir do Irã para se juntar ao namorado Aghil Abyat, que é um refugiado na Turquia e o esperava. Após o assassinato, os responsáveis teriam ligado para a mãe da vítima, informando sobre a localização do corpo. Em uma entrevista à rede LGBTQIA+ iraniana 6rang, o parceiro do rapaz declarou que a sogra teve de ser “hospitalizada” devido ao choque com a notícia.

No início deste ano, um relatório da ONU divulgado pelo portal Pink News, destacou que o Irã tem utilizado tortura por choque elétrico em crianças LGBTQIA+s, dentre outras violações dos direitos humanos. “Por meio de suas leis homofóbicas, propaganda anti-gay e sentenças leves para ‘crimes de honra’, a República Islâmica do Irã é responsável por facilitar o assassinato de incontáveis ​​membros da comunidade LGBTQ no Irã. Esta comunidade deseja ser ouvida pelo mundo. O mundo precisa ouvir o choro da comunidade LGBTQ do Irã”, completou Masih Alinejad.

O caso repercutiu ao redor do globo. Algumas celebridades têm se manifestado nas redes sociais, lamentando a terrível morte de Alireza. “Meu coração está partido após ouvir a história de Alireza Fazeli Monfared. Descanse no poder”, escreveu Demi Lovato, no Instagram. “Estou enojada e com o coração partido de saber que Alireza foi assassinado”, desabafou Patricia Arquette.

“Meu coração está partido por Alireza – decapitado no Irã por seu próprio irmão, por ser gay. Ele estava tentando pedir asilo na Turquia com seu namorado. Apenas 20 anos de idade. Imaginem como seria a vida dele, se ele tivesse escapado?”, entristeceu-se Jackie Cox, participante da 12ª temporada de “RuPaul’s Drag Race”. Confira as publicações.

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