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A (in)visibilidade da bissexualidade
   25 de janeiro de 2018   │     11:25  │  0

Quem não é hétero é o quê? É provável que você pense ‘gay’, ou talvez até ‘lésbica’. A bissexualidade, uma das formas de amar e de se relacionar que mais encaram os preconceitos e tabus do cotidiano, é uma identidade distinta. Uma sexualidade elevada a dois e uma orientação harmonicamente homossexual e heterossexual. Para muitos, uma oscilação; para outros, uma busca pela autoaceitação. Realidade: a letra B da sigla LGBT+ ainda luta por sua legitimação fora e dentro de um dos movimentos de minorias mais poderosos da nossa cultura. Portanto, há muito ainda para se lutar e, neste domingo, vai ocorrer a 20ª Parada do Orgulho LGBT de Belo Horizonte, que espera receber 60 mil pessoas na Praça da Estação.

Praticamente sozinha, a bissexualidade enfrenta resistência e pode ser considerada a mais “destabulizadora” das identidades. “Não somos gays e nem héteros. Não há confusão. Sinto atração por homens e por mulheres. Sou bi”, declara Matheus Dias, de 30 anos. Ele é tatuador e artista plástico de BH e reitera a ideia de que a orientação é incompreendida. “Se você não fala sobre isso, é comum apontarem o dedo e falarem que você é um gay que não saiu do armário. É muito importante levantar essa bandeira pelo simples (e péssimo) motivo que é a sociedade te falando o tempo inteiro que você está errado.”

Porém, Matheus se diz um homem de sorte, já que se identificou e se entendeu rapidamente com a sua sexualidade: aos 15 anos teve suas primeiras experiências amorosas com uma pessoa do mesmo sexo. “Já tinha namorado garotas. Demorei a entender se era gay, se estava me enganando ao gostar de garotas. Mas percebi que não. Mas preferi ficar com mulheres porque era mais fácil, pois não precisava falar sobre isso. Só aos 24 anos entendi a importância de falar sobre ser bissexual”, afirma.

Analice Souza passou por um processo de entendimento parecido com o de Matheus. Aos 32, a empresária, dona do Oliver Art Bar, conta que as pessoas tendem a achar que tudo se trata de uma “fase bissexual”. “Se for uma fase, tem 18 anos que estou nela”, ela ri. “Na adolescência, comecei a conviver com orientações diversas. Ficava com meninas por ‘brincadeira’ e curiosidade, até que me apaixonei por uma mulher e entendi que não era algo transitório. Então, assumi a identidade bi”, relembra.

O belo-horizontino Davi Collares, de 32, percebe o orgulho bissexual como uma forma de revidar. Ele funciona como um método de contra-ataque. “A sociedade está constantemente nos dizendo que ser LGBT é razão pra ter vergonha”, diz. Davi é médico patologista, doutorando na França e transgênero, figurando em duas letras representativas da sigla. “Antes da minha transição de gênero, só ficava com meninas. Só fui começar a me interessar por outros homens depois de bastante tempo. Hoje em dia, não me incomoda ser visto como gay quando estou com outro cara, mas como uma menina era insuportável.” Davi nasceu menina, mas jamais se identificou com o próprio corpo. Ele conta que o entendimento da transgeneridade o fez explorar as formas de amar. “Quando ‘transicionei’, fiquei livre e passei a ser percebido como homem, em sintonia com a minha identidade”, conclui.

O conceito bissexual ainda pode se estender para a pansexualidade. Trata-se de uma identidade sexual caracterizada pela atração por pessoas, independentemente do sexo ou gênero, incluindo intersexuais, transexuais e intergêneros. “Tem gente que não entende, acha que o bissexual é a pessoa que precisa estar com os dois gêneros ao mesmo tempo (de fato, pode ocorrer). Se você é pansexual, então, vão falar que você transa com árvore”, Davi reflete.

Thiago Costa, diretor do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais, sustenta que esse estereótipo de que pessoas bissexuais são confusas ou promíscuas dificulta encontrar um parceiro que consiga entendê-las. “Não quer dizer que, por você estar aberta a viver experiências sexuais, esteja buscando por ela o todo o tempo. É como se bissexual fosse, por decisão, poliamorismo. Mas isso é apenas uma das opções. Ela pode viver um relacionamento monogâmico por escolha, assim como qualquer casal heterossexual”, pondera Thiago.

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Malawi suspende leis anti-homossexuais
   29 de dezembro de 2015   │     22:25  │  0

País replica uma moratória de 2012 que proibia as detenções e acusações de pessoas com base na sua orientação sexual.

Um casal gay detido e transportado para o tribunal em Janeiro de 2010. Mais tarde receberiam um perdão presidencial.

Um casal gay detido e transportado para o tribunal em Janeiro de 2010. Mais tarde receberiam um perdão presidencial.

O Governo do Malawi declarou a suspensão das leis anti-homossexuais previstas pela Constituição e decretou a libertação de um casal gay detido no início deste mês e acusado de actos de sodomia. A ordem surge no contexto de uma revisão da legislação sobre relações homossexuais, que está em vigência no país desde a época colonial, e pode agora ser revogada.

“Muitas pessoas pensam que o Malawi é um país cristão, o que não é verdade, somos um Estado secular”, afirmou o ministro da Justiça do país, Samuel Tembenu, no sábado, alegando que a decisão final sobre a anulação da legislação relativa à homossexualidade terá de ser aprovada pela população, como previsto pela Constituição.

Tembenu adiantou que o país está comprometido “com os padrões universais dos direitos humanos”, e levantou a queixa interposta contra dois homossexuais, detidos em Lilongwe no dia 7 de Dezembro por se envolverem sexualmente. Cuthbert Kulemela, de 19 anos, e Kelvin Gonani, de 39, foram acusados de actos de sodomia, que segundo o código penal vai “contra a ordem da natureza”, e enfrentavam uma sentença que podia ascender aos 14 anos de prisão.

Esta foi a primeira detenção de homossexuais desde que, em Maio, o Presidente Peter Mutharika assumiu o poder, e depois de a sua antecessora, Joyce Banda, ter suspendido em 2012 a prisão  de gays, perante a decisão do Supremo Tribunal de rever a constitucionalidade da legislação anti-homossexual.

A acusação a Kulemela e Gonani valeu a crítica de activistas da comunidade lésbica, gay, bissexual e transsexual (LGBT), da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch e da própria embaixadora dos Estados Unidos no país, Virginia Palmer, que numa publicação no Facebook lembrou o Governo de Lilongwe da sua “política de não deter, acusar, ou perseguir pessoas do mesmo sexo envolvidas em actos sexuais consentidos”. Palmer exigiu ainda que o Malawi cumprisse “com as suas obrigações perante os direitos humanos internacionais”.

Apesar de a Constituição prever a protecção da liberdade dos cidadãos e dos seus direitos contra formas de discriminação, a criminalização de actos de “indecência” e “contra-natura”, entram em conflito com os princípios de igualdade que o Malawi ratificou, inclusive, na Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos.

“O Governo que criminaliza relações entre pessoas do mesmo sexo, é o mesmo que as quer ajudar. Não faz sentido”, afirmou Gift Trapence, do Centro de Desenvolvimento do Povo (CEDEP), ao jornal nacional “Nyasa Times”. Trapence considera, no entanto, que este “é um encorajador passo em frente” na luta pela igualdade de direitos dos homossexuais no Malawi.

Num país onde a homossexualidade continua a ser tabu, o ministro da Justiça salientou que, mesmo com a moratória, é necessária a sensibilização da população para o tema: “A homossexualidade é um extra-terrestre para a cultura do Malawi”.

 

Texto editado por Joana Amado

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Obama nomeia primeiro homossexual para chefia civil do Exército
   21 de setembro de 2015   │     0:33  │  0

Eric Fanning ocupou nos últimos 25 anos cargos no Congresso e no Pentágono.

Fanning é especialista em questões de Defesa e Segurança Nacional

Fanning é especialista em questões de Defesa e Segurança Nacional

O Presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou na sexta-feira à noite a nomeação de Eric Fanning para secretário do Exército. Se for confirmado pelo Senado, será o primeiro dirigente reconhecidamente homossexual a ocupar o lugar.

O secretário do Exército é o chefe civil deste ramo, que dirige em conjunto com o chefe de Estado-Maior, cargo atualmente ocupado pelo general Mark Milley.

Diplomado pela Universidade de Dartmouth (New Hampshire), Fanning é especialista em questões de Defesa e Segurança Nacional e ocupou nos últimos 25 anos cargos diferentes com responsabilidade no Congresso e no Pentágono.

“Eric vai trazer anos de experiência e as suas qualidades excecionais de líder para este posto”, sublinhou Obama em comunicado.

No fim dos anos 2000, Fanning integrou a administração do Gay & Lesbian Victory Fund, uma organização que milita pelo aumento do número de pessoas LGBT [lésbica, gay, bissexual, transgénero] em todos os níveis do governo.

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Obama nomeia primeiro homossexual para chefia civil do Exército
     │     0:33  │  0

Eric Fanning ocupou nos últimos 25 anos cargos no Congresso e no Pentágono.

Fanning é especialista em questões de Defesa e Segurança Nacional

Fanning é especialista em questões de Defesa e Segurança Nacional

O Presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou na sexta-feira à noite a nomeação de Eric Fanning para secretário do Exército. Se for confirmado pelo Senado, será o primeiro dirigente reconhecidamente homossexual a ocupar o lugar.

O secretário do Exército é o chefe civil deste ramo, que dirige em conjunto com o chefe de Estado-Maior, cargo atualmente ocupado pelo general Mark Milley.

Diplomado pela Universidade de Dartmouth (New Hampshire), Fanning é especialista em questões de Defesa e Segurança Nacional e ocupou nos últimos 25 anos cargos diferentes com responsabilidade no Congresso e no Pentágono.

“Eric vai trazer anos de experiência e as suas qualidades excecionais de líder para este posto”, sublinhou Obama em comunicado.

No fim dos anos 2000, Fanning integrou a administração do Gay & Lesbian Victory Fund, uma organização que milita pelo aumento do número de pessoas LGBT [lésbica, gay, bissexual, transgénero] em todos os níveis do governo.

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