Pai da psicanálise fala sobre homossexualidade em carta escrita em 1935
   17 de março de 2015   │     0:00  │  0

A carta de Freud chegou até o sexólogo norte americano Alfred Kinsey (1984-1956) e foi publicada em uma edição do Jornal Americano de Psiquiatria em 1951 Leia Mais: Em curiosa carta, Freud fala sobre homossexualidade a mãe de jovem gay | Revista Lado A http://revistaladoa.com.br/2015/03/noticias/em-curiosa-carta-freud-fala-sobre-homossexualidade-mae-jovem-gay#ixzz16v0wFDrm Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total do conteúdo sem autorização. Lado A Comunicação 2006-2014.

A carta de Freud chegou até o sexólogo norte americano Alfred Kinsey (1984-1956) e foi publicada em uma edição do Jornal Americano de Psiquiatria em 1951

Em 1935, Sigmund Freud respondeu carta de uma mãe preocupada com seu filho gay. A resposta do criador da psicanálise deixa claro que ele não acreditava que a homossexualidade fosse uma doença. Sua crença era de que toda pessoa nasce bissexual e a orientação sexual é definida mais adiante.

Ele faz referências a vários gays célebres, como Platão, Michelangelo e Leonardo Da Vinci, garantindo à mãe: “É uma grande injustiça perseguir a homossexualidade como crime – e uma crueldade, também. Se você não acredita em mim, leia os livros de Havelock Ellis”. Ellis (1859-1939), médico e psicólogo britânico, estudou a sexualidade e foi co-autor do primeiro livro britânico sobre homossexualidade, lançado em 1897.

A carta de Freud acabou chegando às mãos do sexólogo americano Alfred Kinsey (1984-1956), responsável por um estudo até então inédito sobre comportamentos sexuais masculinos (1948) e femininos (1953), e foi publicada em uma edição do Jornal Americano de Psiquiatria em 1951. A partir daí, trechos dela foram citados em diversos estudos sobre sexualidade.

A carta do criador da psicanálise, escrita à mão, está exposta atualmente no Museu da Sexologia, em Londres.

A seguir, a íntegra da carta:

“Cara Sra. [apagado],

Vejo pela sua carta que seu filho é homossexual. Estou muito impressionado com o fato de você não mencionar o termo ao fornecer informações sobre ele. Posso perguntar por que você o evita? A homossexualidade não é certamente nenhuma vantagem, mas não é nada do que se envergonhar, nenhum vício, nenhuma degradação; ela não pode ser classificada como uma doença; consideramos ser uma variação da função sexual, produzida por uma certa interrupção do desenvolvimento sexual.

Muitos indivíduos altamente respeitáveis ??de tempos antigos e modernos eram homossexuais, vários dos maiores homens entre eles. (Platão, Michelangelo, Leonardo da Vinci, etc). É uma grande injustiça perseguir a homossexualidade como crime – e crueldade também. Se você não acredita em mim, leia os livros de Havelock Ellis.

Ao perguntar-me se eu posso ajudar, você quer dizer, suponho, se posso abolir a homossexualidade e instaurar a normalidade da heterossexualidade em seu lugar. A resposta é que de maneira geral não podemos prometer resultado. Em determinados casos conseguimos despertar tendências heterossexuais reprimidas, que estão presentes em todos os homossexuais, mas na maioria dos casos não é mais possível. É uma questão da qualidade e da idade do indivíduo. O resultado do tratamento não pode ser previsto.

O que a análise pode fazer por seu filho é uma questão diferente. Se ele é infeliz, neurótico, dilacerado por conflitos, inibido em sua vida social, a análise pode trazer harmonia, paz de espírito, eficiência, quer ele siga homossexual ou se modifique. Se você se convencer de que ele deve fazer análise comigo – eu não espero que aconteça – ele terá de vir para Viena. Eu não tenho nenhuma intenção de sair daqui. No entanto, não esqueça de me dar a sua resposta.
Atenciosamente seu com os melhores votos,

Freud
P.S. Não achei difícil entender a sua letra. Espero que você não ache entender a minha escrita e o meu inglês uma tarefa mais difícil.”

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