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Relações homoafetivas ainda sofrem resistência
   25 de agosto de 2015   │     11:42  │  0

Intolerância e preconceito são alguns dos desafios diários enfrentados por casais do mesmo sexo. Especialista credita à ignorância a não aceitação desses relacionamentos.

Estilistas Sidy da Costa, e Will Montovani, de Arapongas, avaliam que a rejeição está em não entender que o outro também é um ser humano, sendo a orientação sexual a única diferença (Foto: Sérgio Rodrigo)

Estilistas Sidy da Costa, e Will Montovani, de Arapongas, avaliam que a rejeição está em não entender que o outro também é um ser humano, sendo a orientação sexual a única diferença (Foto: Sérgio Rodrigo)

Desde maio de 2013, a Justiça concede a casais homoafetivos o direito de selar a união civil no papel, como qualquer casal heterossexual. De lá para cá, o Cartório de Registro Civil de Apucarana registrou quatro casamentos, todos de mulheres com idade entre 23 a 50 anos. Em Arapongas, o número é um pouco diferente. No mesmo período foram registrados oito casamentos femininos e cinco masculinos.

O dígito, em Apucarana, representa 0,26 dos casamentos realizados no município (1,505). Na cidade vizinha, o número é de 0,93% do total de uniões (1,397), mais que o dobro da média nacional, que é de 0,35%, segundo o primeiro levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e apresentado em 2014. Os dados, entretanto, não representam o número real de uniões de casais do mesmo sexo nem, tão pouco, o respeito da sociedade com casais homoafetivos. Apesar do direito garantido, a maioria, por razões individuais, ainda opta simplesmente por morar juntos.

Um exemplo é o casal de estilistas Siderlei da Costa, 35 anos, e William Marcus Montovani, 33, de Arapongas. Eles vivem sob o mesmo teto há seis anos. Apesar do casamento dito de papel passado fazer parte dos planos da vida a dois, Sidy e Will, como são conhecidos, não têm uma data definida para a oficialização da união.

Entretanto, quando decidiram morar juntos, em dezembro de 2009, realizaram uma celebração simbólica, para amigos íntimos e alguns familiares. Oficial ou não, neste período, os estilistas passaram por inúmeras experiências e brincam que são um casal comum, como qualquer outro. “Um gosta de ir ao shopping, o outro não. Fazemos almoço, lavamos louça, brigamos, pedimos desculpas. É tudo normal”, diz Will, com o aval de Sidy.

Para Will, que também trabalha como funcionário público, a rejeição está em não entender que o outro é também um ser humano, sendo a orientação sexual a única diferença. Apesar de avaliarem que nos dias atuais as pessoas estão mais tolerantes, ainda é comum serem alvos de xingamento na rua. “A agressão é diária, antes me ofendia muito mais, hoje, entra por um ouvido e sai pelo outro. Óbvio que fico constrangido porque, às vezes, estou acompanhando”, assinala Will.

O casal garante que há tempos não revida as ofensas. “Simplesmente ignoro, porque não vai me acrescentar em nada. Não vai fazer diferença nenhuma. Se não souber respeitar, ‘baixar a bola’, vira uma troca de violência, de agressão verbal, que pode acabar virando física”, ressalta.

Na concepção de Will, o processo de aceitação passa pela educação familiar. “Não adianta apenas a professora dizer na escola que deve-se respeitar o outro e, ao chegar em casa, presenciar o pai ou o tio xingando alguém”, comenta Will.

Will entende que esta postura, além de ser uma maneira de perpetuar o preconceito, pode desencadear uma frustação futura, caso venha se descobrir um homossexual.

Aceitação profissional – Sidy observa que o mercado de trabalho também traduz, de alguma forma, a não aceitação. “Hoje em dia tem mais espaço. Quando eu tinha 18 anos, não conseguia emprego por causa da minha opção sexual. Eu precisei de um padrinho dentro de uma empresa para conseguir uma vaga. Atualmente, o homossexual é mais aceito por ser um bom profissional, por saber cativar o cliente”, avalia Sidy. “Nos dedicamos muito mais, porque sentimos a necessidade que devemos ser muito bons para compensar esse julgamento”, complemente Will.

Representação na mídia – Nos últimos anos, tornou-se mais comum ver relacionamentos homoafetivos na televisão, porém, algumas vezes, os personagens parecem destoar um pouco da realidade, na avaliação de Will, como o jornalista Téo Pereira, papel de Paulo Betti, em “Império”.

Em “Babilônia”, atual novela das 21 horas da Rede Globo, que também trabalha o tema, as personagens de Fernanda Montenegro, que vive a advogada Teresa, e Nathalia Timberg, a artista plástica Estela, na avaliação de Sidy e Will, apesar da postura adequada e passar uma imagem séria, o autor Gilberto Braga errou ao colocá-las em confronto com o núcleo evangélico. “Porque não se consegue respeito agredindo ninguém”, argumenta Will.

Para o casal, o personagem mais sensato é do ator Marcello Melo Jr, que interpreta o instrutor de slackline Ivan. “O relacionamento homoafetivos é igual a qualquer outro, paqueramos do mesmo jeito e esse personagem consegue retratar melhor isso”, analisa Sidy. Para eles, quando retratados da maneira correta, a abordagem televisiva ajuda a desmistificar os relacionamentos homoafetivos.

Fonte: Vanuza Borges – Tribuna do Norte

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Relações homoafetivas ainda sofrem resistência
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Intolerância e preconceito são alguns dos desafios diários enfrentados por casais do mesmo sexo. Especialista credita à ignorância a não aceitação desses relacionamentos.

Estilistas Sidy da Costa, e Will Montovani, de Arapongas, avaliam que a rejeição está em não entender que o outro também é um ser humano, sendo a orientação sexual a única diferença (Foto: Sérgio Rodrigo)

Estilistas Sidy da Costa, e Will Montovani, de Arapongas, avaliam que a rejeição está em não entender que o outro também é um ser humano, sendo a orientação sexual a única diferença (Foto: Sérgio Rodrigo)

Desde maio de 2013, a Justiça concede a casais homoafetivos o direito de selar a união civil no papel, como qualquer casal heterossexual. De lá para cá, o Cartório de Registro Civil de Apucarana registrou quatro casamentos, todos de mulheres com idade entre 23 a 50 anos. Em Arapongas, o número é um pouco diferente. No mesmo período foram registrados oito casamentos femininos e cinco masculinos.

O dígito, em Apucarana, representa 0,26 dos casamentos realizados no município (1,505). Na cidade vizinha, o número é de 0,93% do total de uniões (1,397), mais que o dobro da média nacional, que é de 0,35%, segundo o primeiro levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e apresentado em 2014. Os dados, entretanto, não representam o número real de uniões de casais do mesmo sexo nem, tão pouco, o respeito da sociedade com casais homoafetivos. Apesar do direito garantido, a maioria, por razões individuais, ainda opta simplesmente por morar juntos.

Um exemplo é o casal de estilistas Siderlei da Costa, 35 anos, e William Marcus Montovani, 33, de Arapongas. Eles vivem sob o mesmo teto há seis anos. Apesar do casamento dito de papel passado fazer parte dos planos da vida a dois, Sidy e Will, como são conhecidos, não têm uma data definida para a oficialização da união.

Entretanto, quando decidiram morar juntos, em dezembro de 2009, realizaram uma celebração simbólica, para amigos íntimos e alguns familiares. Oficial ou não, neste período, os estilistas passaram por inúmeras experiências e brincam que são um casal comum, como qualquer outro. “Um gosta de ir ao shopping, o outro não. Fazemos almoço, lavamos louça, brigamos, pedimos desculpas. É tudo normal”, diz Will, com o aval de Sidy.

Para Will, que também trabalha como funcionário público, a rejeição está em não entender que o outro é também um ser humano, sendo a orientação sexual a única diferença. Apesar de avaliarem que nos dias atuais as pessoas estão mais tolerantes, ainda é comum serem alvos de xingamento na rua. “A agressão é diária, antes me ofendia muito mais, hoje, entra por um ouvido e sai pelo outro. Óbvio que fico constrangido porque, às vezes, estou acompanhando”, assinala Will.

O casal garante que há tempos não revida as ofensas. “Simplesmente ignoro, porque não vai me acrescentar em nada. Não vai fazer diferença nenhuma. Se não souber respeitar, ‘baixar a bola’, vira uma troca de violência, de agressão verbal, que pode acabar virando física”, ressalta.

Na concepção de Will, o processo de aceitação passa pela educação familiar. “Não adianta apenas a professora dizer na escola que deve-se respeitar o outro e, ao chegar em casa, presenciar o pai ou o tio xingando alguém”, comenta Will.

Will entende que esta postura, além de ser uma maneira de perpetuar o preconceito, pode desencadear uma frustação futura, caso venha se descobrir um homossexual.

Aceitação profissional – Sidy observa que o mercado de trabalho também traduz, de alguma forma, a não aceitação. “Hoje em dia tem mais espaço. Quando eu tinha 18 anos, não conseguia emprego por causa da minha opção sexual. Eu precisei de um padrinho dentro de uma empresa para conseguir uma vaga. Atualmente, o homossexual é mais aceito por ser um bom profissional, por saber cativar o cliente”, avalia Sidy. “Nos dedicamos muito mais, porque sentimos a necessidade que devemos ser muito bons para compensar esse julgamento”, complemente Will.

Representação na mídia – Nos últimos anos, tornou-se mais comum ver relacionamentos homoafetivos na televisão, porém, algumas vezes, os personagens parecem destoar um pouco da realidade, na avaliação de Will, como o jornalista Téo Pereira, papel de Paulo Betti, em “Império”.

Em “Babilônia”, atual novela das 21 horas da Rede Globo, que também trabalha o tema, as personagens de Fernanda Montenegro, que vive a advogada Teresa, e Nathalia Timberg, a artista plástica Estela, na avaliação de Sidy e Will, apesar da postura adequada e passar uma imagem séria, o autor Gilberto Braga errou ao colocá-las em confronto com o núcleo evangélico. “Porque não se consegue respeito agredindo ninguém”, argumenta Will.

Para o casal, o personagem mais sensato é do ator Marcello Melo Jr, que interpreta o instrutor de slackline Ivan. “O relacionamento homoafetivos é igual a qualquer outro, paqueramos do mesmo jeito e esse personagem consegue retratar melhor isso”, analisa Sidy. Para eles, quando retratados da maneira correta, a abordagem televisiva ajuda a desmistificar os relacionamentos homoafetivos.

Fonte: Vanuza Borges – Tribuna do Norte

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