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O passivo versátil e o machismo gay
   8 de novembro de 2016   │     0:00  │  0

Esse machismo cultural enraizado causa estranheza quando conhecemos um passivo que é feliz.
O termo “orientação sexual” substitui a expressão “opção sexual”, de escolha consciente virou desejo orientado pelo cérebro.

O termo “orientação sexual” substitui a expressão “opção sexual”, de escolha consciente virou desejo orientado pelo cérebro.

Nunca vi uma pessoa dizer que é passivo versátil com orgulho, a exemplo dos ativos que adoram este título secundário. Ora, ou se é versátil ou não. Não gosto de supor generalizações mas podemos dizer que todo gay gosta de pênis, e que gosta de outro homem, normalmente outro gay… Bem, mas por que tanto medo de assumir a passividade?

Há problemas sérios com muitos gays pseudo ativos. Assim como mulheres que não conseguem o orgasmo, muitos homens não sentem prazer na posição de passivos. Não necessariamente eles não são passivos, mas em muitos casos não se permitem ser. Há um machismo dominante, que joga os passivos para a inferioridade, que reproduz a situação enfrentada pelas mulheres na sociedade. Passivos que tiveram muitos parceiros são “putas”, ativos que tiveram muitos parceiros são “pegadores”. Passivos são “mulherzinha”, como nos bullyings lá da infância, e que mal tem nisso? A mulher não é inferior ao homem, ora… mas para alguns gays criados em ambientes machista, ou seja, quase todos, é sim. #sejoga

Esse machismo cultural enraizado causa estranheza quando conhecemos um passivo que é feliz, se assume como passivo, fala naturalmente sobre o assunto e escacara nossos preconceitos. Se ele for efeminado ainda, choca mais. E quem se choca ainda nos dias de hoje? Todos nós, os caretas que não podemos ver as nossas limitações intelectuais, culturais, mentais, físicas, financeiras ou emocionais superadas nos outros. #recalque

Há um preconceito grande no meio gay contra os passivos e afeminados. Parte por causa da programação preconceituosa que recebemos de nossos pais heterossexuais e da sociedade heteronormativa machista, parte por nossa falta de capacidade de se colocar no lugar do outro. Se uma pessoa assume o que gosta, seja ser passivo, seja ser afeminado, em nada isso nos prejudica, ou mesmo ao movimento, ou mesmo à imagem dos gays. Se um indivíduo é todo o estereótipo que rejeitamos para nós, não quer dizer que nossa individualidade será prejudicada. #acorda

Os afeminados, nem sempre compreendido por passivos sexualmente, são rejeitados pelos “discretos”, que também não são integrados por ativos apenas. Se a gente fala em “opção sexual”, talvez, nem ser ativo ou passivo seja uma escolha consciente, e menos ainda ser discreto ou não. Trata-se de uma construção de auto imagem, que serve muito mais para nossa auto avaliação do que para a avaliação do outro. “Sou feliz assim”, deve dizer essa identidade social. A nossa avaliação do outro deve se pautar por caráter, afinidades e “interesses”. Sim, interesses, pois conheço muito ativo discreto versátil que adora um passivo afeminado versátil, e chega na cama invertem os tais “papéis”. #safada

Eu detesto os rótulos, mas não é possível ignorá-los quando os mesmos são usados para promover a hipocrisia. Tem gente que não gosta do rótulo gay, ou tantos outros, mas enquanto os gays, sobretudo os afeminados, estiverem sendo alvo do fogo amigo ou inimigo, temos que falar assim, rotulando, para mostrar o preconceito pontual e discutir o assunto. #nolabel

O termo “orientação sexual” substitui a expressão “opção sexual”, de escolha consciente virou desejo orientado pelo cérebro, sentir atração involuntária. Há alguns anos o termo “condição sexual” foi proposto, logo foi rejeitado por condição indicar uma “doença” ou “fator anômalo”. Mas quando falamos em gay, ativo, passivo, discreto, afeminado, assumido ou não, podemos perceber que estes rótulos ou situações indicam algo importante para a felicidade, ou seja, não há escolhas, mas fatores importantes para a autorrealização e felicidade individual e ninguém tem nada a ver com isso. #sejafeliz

Parabéns a todos os passivos que são muito mais “machos” (ou não covardes) e assumem o risco de enfrentar o machismo da sociedade, o mesmo que fomenta a homofobia, pois para muitos o homossexual deveria ficar no armário, discreto e caladinho. E tem gay que concorda… pois ao se preocuparem tanto com a auto imagem esqueceram de perceber que são claramente infelizes. E não há nada mais visível e triste do que um ser mal comido.

Por: Alan John

 

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PM gaúcha autoriza soldado homossexual á usar traje de gala militar em seu casamento
   4 de junho de 2016   │     0:19  │  0

o soldado e o noivo vivem na cidade gaúcha de Uruguaiana, a 649 km de Porto Alegre

o soldado e o noivo vivem na cidade gaúcha de Uruguaiana, a 649 km de Porto Alegre

Porto Alegre – O caricatural perfil do gaúcho machista recebeu um revés esta semana. O sonho de um soldado de casar vestindo o traje de gala da Brigada Militar (a Polícia Militar do Rio Grande do Sul) deve ser realizado.

O casamento é entre Miguel Martins, 29 anos, e seu noivo, o modelo Diego Souza, 21. A corporação, com o peso de quase dois séculos de tradição, surpreendeu e já deu aval para as honrarias da cerimônia.

 Martins é policial militar desde os 18 anos. Ele e o noivo vivem na cidade gaúcha de Uruguaiana, a 649 km de Porto Alegre, no extremo oeste do Estado, na fronteira com a Argentina.

Eles se conheceram há menos de um ano e, fazendo jus a toda e qualquer paixão fulminante, dois meses depois já estavam morando juntos. A união foi se intensificando e o desejo de casar se confirmou.

Martins conta que a vontade de usar o traje de gala não fazia parte dos planos do casal. “Não era nossa prioridade para evitar ter toda essa exposição. Surgiu mesmo em resposta ao preconceito a que vínhamos sendo expostos.”

O militar lembra que colegas de farda compartilhavam em tom de deboche nas redes sociais fotos do casal retiradas do Facebook. “Primeiro eu levantei a ideia da farda, mas fui muito criticado. Então o Diego disse que casaríamos, sim, comigo de farda. ‘Para mostrar que tu tens o mesmo direito que um colega teu hétero’, ele falou.”

A ideia ganhou ainda mais força. O casal, que é conhecido na cidade e frequenta como qualquer outro o círculo militar, resolveu ir adiante. Martins requereu o direito de utilizar o traje aos seus superiores, o que foi aprovado.

O mais alto escalão da hierarquia da BM já se pronunciou. “Se para ele é importante casar fardado, assim será”, afirmou à reportagem o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Alfeu Freitas Moreira.

“Ele tem direito a receber as mesmas honrarias que qualquer outro soldado tem. Esse desejo dele demonstra o seu respeito pela instituição. Ele é muito respeitado na região, é um policial atuante, e nós temos é que incentivar essa questão do casamento”, completa o comandante.

Martins conta que assumiu sua homossexualidade já dentro da BM, quando tinha 23 anos. “Vivi três anos escondido da tropa. Mas assumi minha homossexualidade dentro justamente porque eu tive total apoio dos meus superiores.”

Embora tenha conquistado respeito e admiração, ele admite que ainda é vítima de críticas. “Vivemos um preconceito velado, embora seja muito aquém do apoio que eu tenho recebido.” E dispara: “Mas falou mal de mim, eu dou parte e vai virar processo. Quem fala o que quer, ouve o que não quer e vai responder pelos seus atos.”

“É sinal dos tempos. O soldado Martins é o primeiro que vem a público. Mas temos várias outras uniões estáveis homoafetivas na corporação. Isso é uma realidade que a gente tem tratado. Não estamos mais no tempo de sermos radicais. Se é para ser feliz, vamos ajudar. Nossa preocupação é com o bem estar da tropa. E isso não é nada ilegal”, avalia o comandante-geral.

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5 gênios homossexuais e revolucionários
   1 de maio de 2016   │     0:12  │  0

O diretor Vladimir Carvalho retrata a geração que gerou bandas como Capital Inicial, Legião Urbana e Plebe Rude

O diretor Vladimir Carvalho retrata a geração que gerou bandas como Capital Inicial, Legião Urbana e Plebe Rude

Renato Russo foi o líder de uma das bandas mais emblemáticas do rock nacional – o Legião Urbana. Criada em Brasília, infuenciou os jovens dos anos 80 e primeira metade dos 90 com canções como “Que País é Este?” e “Faroeste Cabloco.”

O cantor e compositor nunca escondeu sua homossexualidade, expressa em letras como “Meninos e Meninas” e “Maurício.”

Eterno galã de “…E o Vento Levou”, Clark Gable (na foto, em cena do filme Mogambo, de 1953) nunca assumiu sua homossexualidade, mas isso não o impediu de ter uma agitada vida amorosa.

É o que defende o britânico David Bret, autor de “Clark Gable – Tormented Star”. A obra é a primeira a tratar, em detalhes, das relações homossexuais do ator. Segundo Bret, Gable se relacionou com alguns dos mais poderosos homens de Hollywood.

Virgínia Woolf foi uma das mais brilhantes escritoras da Inglaterra, atuando também como ensaísta e crítica literária. Embora fosse casada com o editor e teórico Leonard Woolf, sua grande paixão foi a também escritora Vita Sackville-West.

Alguns críticos chegam, inclusive, a afirmar que uma de suas grandes obras, “Orlando”, tenha se inspirado na história de Vita.

Poetisa, escritora e feminista, Gertrude Stein nasceu nos Estados Unidos, mas foi em Paris, na França, que estabeleceu seus vínculos mais importantes com a vanguarda artística da primeira metade do século XX. Entre seus amigos, estiveram Pablo Picasso, Matisse e James Joyce.

Uma de suas obras mais conhecidas é “Autobiografia de Alice B. Toklas”, inspirado na mulher que foi sua companheira e grande paixão por 25 anos. O livro trata de como se formaram algumas das mais importantes correntes artísticas dos anos 10, 20 e 30.

Truman Capote revolucionou duas áreas da escrita com suas obras – foi um dos inventores do jornalismo literário, que foi recebido pelos escritores também como “romance de não-ficção”. Sua obra mais conhecida é “A sangue frio”, no qual reconstroi o brutal assassinato (real) de uma família, bem como traça o perfil dos assassinos.

Capote nunca escondeu sua homossexualidade, tendo militado ativamente pela igualdade de direitos. Seu companheiro, por cerca de 25 anos, foi Jack Dunphy – embora a relação fosse marcada por traições de Capote.

Fonte: Márcio Juliboni – EXAME

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Relações homoafetivas ainda sofrem resistência
   25 de agosto de 2015   │     11:42  │  0

Intolerância e preconceito são alguns dos desafios diários enfrentados por casais do mesmo sexo. Especialista credita à ignorância a não aceitação desses relacionamentos.

Estilistas Sidy da Costa, e Will Montovani, de Arapongas, avaliam que a rejeição está em não entender que o outro também é um ser humano, sendo a orientação sexual a única diferença (Foto: Sérgio Rodrigo)

Estilistas Sidy da Costa, e Will Montovani, de Arapongas, avaliam que a rejeição está em não entender que o outro também é um ser humano, sendo a orientação sexual a única diferença (Foto: Sérgio Rodrigo)

Desde maio de 2013, a Justiça concede a casais homoafetivos o direito de selar a união civil no papel, como qualquer casal heterossexual. De lá para cá, o Cartório de Registro Civil de Apucarana registrou quatro casamentos, todos de mulheres com idade entre 23 a 50 anos. Em Arapongas, o número é um pouco diferente. No mesmo período foram registrados oito casamentos femininos e cinco masculinos.

O dígito, em Apucarana, representa 0,26 dos casamentos realizados no município (1,505). Na cidade vizinha, o número é de 0,93% do total de uniões (1,397), mais que o dobro da média nacional, que é de 0,35%, segundo o primeiro levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e apresentado em 2014. Os dados, entretanto, não representam o número real de uniões de casais do mesmo sexo nem, tão pouco, o respeito da sociedade com casais homoafetivos. Apesar do direito garantido, a maioria, por razões individuais, ainda opta simplesmente por morar juntos.

Um exemplo é o casal de estilistas Siderlei da Costa, 35 anos, e William Marcus Montovani, 33, de Arapongas. Eles vivem sob o mesmo teto há seis anos. Apesar do casamento dito de papel passado fazer parte dos planos da vida a dois, Sidy e Will, como são conhecidos, não têm uma data definida para a oficialização da união.

Entretanto, quando decidiram morar juntos, em dezembro de 2009, realizaram uma celebração simbólica, para amigos íntimos e alguns familiares. Oficial ou não, neste período, os estilistas passaram por inúmeras experiências e brincam que são um casal comum, como qualquer outro. “Um gosta de ir ao shopping, o outro não. Fazemos almoço, lavamos louça, brigamos, pedimos desculpas. É tudo normal”, diz Will, com o aval de Sidy.

Para Will, que também trabalha como funcionário público, a rejeição está em não entender que o outro é também um ser humano, sendo a orientação sexual a única diferença. Apesar de avaliarem que nos dias atuais as pessoas estão mais tolerantes, ainda é comum serem alvos de xingamento na rua. “A agressão é diária, antes me ofendia muito mais, hoje, entra por um ouvido e sai pelo outro. Óbvio que fico constrangido porque, às vezes, estou acompanhando”, assinala Will.

O casal garante que há tempos não revida as ofensas. “Simplesmente ignoro, porque não vai me acrescentar em nada. Não vai fazer diferença nenhuma. Se não souber respeitar, ‘baixar a bola’, vira uma troca de violência, de agressão verbal, que pode acabar virando física”, ressalta.

Na concepção de Will, o processo de aceitação passa pela educação familiar. “Não adianta apenas a professora dizer na escola que deve-se respeitar o outro e, ao chegar em casa, presenciar o pai ou o tio xingando alguém”, comenta Will.

Will entende que esta postura, além de ser uma maneira de perpetuar o preconceito, pode desencadear uma frustação futura, caso venha se descobrir um homossexual.

Aceitação profissional – Sidy observa que o mercado de trabalho também traduz, de alguma forma, a não aceitação. “Hoje em dia tem mais espaço. Quando eu tinha 18 anos, não conseguia emprego por causa da minha opção sexual. Eu precisei de um padrinho dentro de uma empresa para conseguir uma vaga. Atualmente, o homossexual é mais aceito por ser um bom profissional, por saber cativar o cliente”, avalia Sidy. “Nos dedicamos muito mais, porque sentimos a necessidade que devemos ser muito bons para compensar esse julgamento”, complemente Will.

Representação na mídia – Nos últimos anos, tornou-se mais comum ver relacionamentos homoafetivos na televisão, porém, algumas vezes, os personagens parecem destoar um pouco da realidade, na avaliação de Will, como o jornalista Téo Pereira, papel de Paulo Betti, em “Império”.

Em “Babilônia”, atual novela das 21 horas da Rede Globo, que também trabalha o tema, as personagens de Fernanda Montenegro, que vive a advogada Teresa, e Nathalia Timberg, a artista plástica Estela, na avaliação de Sidy e Will, apesar da postura adequada e passar uma imagem séria, o autor Gilberto Braga errou ao colocá-las em confronto com o núcleo evangélico. “Porque não se consegue respeito agredindo ninguém”, argumenta Will.

Para o casal, o personagem mais sensato é do ator Marcello Melo Jr, que interpreta o instrutor de slackline Ivan. “O relacionamento homoafetivos é igual a qualquer outro, paqueramos do mesmo jeito e esse personagem consegue retratar melhor isso”, analisa Sidy. Para eles, quando retratados da maneira correta, a abordagem televisiva ajuda a desmistificar os relacionamentos homoafetivos.

Fonte: Vanuza Borges – Tribuna do Norte

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Relações homoafetivas ainda sofrem resistência
     │     11:42  │  0

Intolerância e preconceito são alguns dos desafios diários enfrentados por casais do mesmo sexo. Especialista credita à ignorância a não aceitação desses relacionamentos.

Estilistas Sidy da Costa, e Will Montovani, de Arapongas, avaliam que a rejeição está em não entender que o outro também é um ser humano, sendo a orientação sexual a única diferença (Foto: Sérgio Rodrigo)

Estilistas Sidy da Costa, e Will Montovani, de Arapongas, avaliam que a rejeição está em não entender que o outro também é um ser humano, sendo a orientação sexual a única diferença (Foto: Sérgio Rodrigo)

Desde maio de 2013, a Justiça concede a casais homoafetivos o direito de selar a união civil no papel, como qualquer casal heterossexual. De lá para cá, o Cartório de Registro Civil de Apucarana registrou quatro casamentos, todos de mulheres com idade entre 23 a 50 anos. Em Arapongas, o número é um pouco diferente. No mesmo período foram registrados oito casamentos femininos e cinco masculinos.

O dígito, em Apucarana, representa 0,26 dos casamentos realizados no município (1,505). Na cidade vizinha, o número é de 0,93% do total de uniões (1,397), mais que o dobro da média nacional, que é de 0,35%, segundo o primeiro levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e apresentado em 2014. Os dados, entretanto, não representam o número real de uniões de casais do mesmo sexo nem, tão pouco, o respeito da sociedade com casais homoafetivos. Apesar do direito garantido, a maioria, por razões individuais, ainda opta simplesmente por morar juntos.

Um exemplo é o casal de estilistas Siderlei da Costa, 35 anos, e William Marcus Montovani, 33, de Arapongas. Eles vivem sob o mesmo teto há seis anos. Apesar do casamento dito de papel passado fazer parte dos planos da vida a dois, Sidy e Will, como são conhecidos, não têm uma data definida para a oficialização da união.

Entretanto, quando decidiram morar juntos, em dezembro de 2009, realizaram uma celebração simbólica, para amigos íntimos e alguns familiares. Oficial ou não, neste período, os estilistas passaram por inúmeras experiências e brincam que são um casal comum, como qualquer outro. “Um gosta de ir ao shopping, o outro não. Fazemos almoço, lavamos louça, brigamos, pedimos desculpas. É tudo normal”, diz Will, com o aval de Sidy.

Para Will, que também trabalha como funcionário público, a rejeição está em não entender que o outro é também um ser humano, sendo a orientação sexual a única diferença. Apesar de avaliarem que nos dias atuais as pessoas estão mais tolerantes, ainda é comum serem alvos de xingamento na rua. “A agressão é diária, antes me ofendia muito mais, hoje, entra por um ouvido e sai pelo outro. Óbvio que fico constrangido porque, às vezes, estou acompanhando”, assinala Will.

O casal garante que há tempos não revida as ofensas. “Simplesmente ignoro, porque não vai me acrescentar em nada. Não vai fazer diferença nenhuma. Se não souber respeitar, ‘baixar a bola’, vira uma troca de violência, de agressão verbal, que pode acabar virando física”, ressalta.

Na concepção de Will, o processo de aceitação passa pela educação familiar. “Não adianta apenas a professora dizer na escola que deve-se respeitar o outro e, ao chegar em casa, presenciar o pai ou o tio xingando alguém”, comenta Will.

Will entende que esta postura, além de ser uma maneira de perpetuar o preconceito, pode desencadear uma frustação futura, caso venha se descobrir um homossexual.

Aceitação profissional – Sidy observa que o mercado de trabalho também traduz, de alguma forma, a não aceitação. “Hoje em dia tem mais espaço. Quando eu tinha 18 anos, não conseguia emprego por causa da minha opção sexual. Eu precisei de um padrinho dentro de uma empresa para conseguir uma vaga. Atualmente, o homossexual é mais aceito por ser um bom profissional, por saber cativar o cliente”, avalia Sidy. “Nos dedicamos muito mais, porque sentimos a necessidade que devemos ser muito bons para compensar esse julgamento”, complemente Will.

Representação na mídia – Nos últimos anos, tornou-se mais comum ver relacionamentos homoafetivos na televisão, porém, algumas vezes, os personagens parecem destoar um pouco da realidade, na avaliação de Will, como o jornalista Téo Pereira, papel de Paulo Betti, em “Império”.

Em “Babilônia”, atual novela das 21 horas da Rede Globo, que também trabalha o tema, as personagens de Fernanda Montenegro, que vive a advogada Teresa, e Nathalia Timberg, a artista plástica Estela, na avaliação de Sidy e Will, apesar da postura adequada e passar uma imagem séria, o autor Gilberto Braga errou ao colocá-las em confronto com o núcleo evangélico. “Porque não se consegue respeito agredindo ninguém”, argumenta Will.

Para o casal, o personagem mais sensato é do ator Marcello Melo Jr, que interpreta o instrutor de slackline Ivan. “O relacionamento homoafetivos é igual a qualquer outro, paqueramos do mesmo jeito e esse personagem consegue retratar melhor isso”, analisa Sidy. Para eles, quando retratados da maneira correta, a abordagem televisiva ajuda a desmistificar os relacionamentos homoafetivos.

Fonte: Vanuza Borges – Tribuna do Norte

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