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Homens héteros fazem mais sexo com outros homens do que imaginamos
   27 de dezembro de 2015   │     2:37  │  2

para Jane Ward, especialista em estudos femininos da Universidade da Califórnia, o sexo entre homens heterossexuais é bastante comum

para Jane Ward, especialista em estudos femininos da Universidade da Califórnia, o sexo entre homens heterossexuais é bastante comum

As pessoas são realmente controversas quando o que está em questão é a sexualidade alheia. Em um mundo ideal, onde cada um entendesse que ninguém tem nada a ver com o que as pessoas fazem entre quatro paredes, isso não seria problema, mas a verdade é que a lesbofobia, a transfobia e a homofobia impedem que os intolerantes tenham o mais simples dos raciocínios: cada pessoa tem o direito de fazer o que quiser com relação à própria vida sexual.

O fato é que a sexualidade humana é muito mais diversificada do que supomos. Não é apenas uma questão de hetero, homo e bi. Só a escala Kinsey, que é utilizada como referência nesse sentido, divide a sexualidade em SETE níveis.

O machismo, a homofobia e a ideia de que a homossexualidade é algo negativo sugerem que homens heterossexuais jamais – isso mesmo, jamais! – possam experimentar ou vivenciar o prazer ao lado de outro homem. Mas, para Jane Ward, especialista em estudos femininos da Universidade da Califórnia, o sexo entre homens heterossexuais é bastante comum.

E não estamos falando de goys, de homens bissexuais ou de gays que estão no armário. Mas de homens que se definem como héteros, que já tiveram experiências homossexuais e que, pasmem, não “viraram” gays. “A concepção que a nossa sociedade tem da heterossexualidade dos homens é fora da realidade”, declarou.

Difícil de digerir? É só pensar naquela sua amiga hétero que já ficou com uma menina ou até transou com uma garota, mas que continua preferindo homens e se diz hétero. O que acontece é que a flexibilidade da sexualidade da mulher é mais aceitável que a dos homens, apesar de nem sempre positiva. “A crença de que a sexualidade da mulher é mais receptiva só reforça o mito de que as mulheres estão sempre disponíveis sexualmente”.

Autora do livro “Not Gay: Sex Between Straight White Men (Não gay, Sexo entre Dois Homens brancos e Heterossexuais), Jan diz em entrevista ao Science of Us que a heterossexualidade de homens é muito mais frágil do que se aparenta. E destaca que geralmente tais momentos, embora sejam comuns, sempre são munidos de uma justificativa – falta de mulheres em lugares como prisões ou no exército – e defende que nem sempre elas correspondem a uma realidade.

NA PRISÃO, NO EXÉRCITO, EM TODO LUGAR

Ela afirma que muita gente sublima tais experiências, dizendo que elas ocorreram em lugares onde faltavam mulheres disponíveis. “Mas o que falar sobre as casas de banho ou bares ou entre as gangues de motociclistas ou a outros contextos em que o sexo não dependia do lugar? E é essa uma das questões: O que acontece quando puxamos essas evidências juntos?”, diz.

Outro exemplo ocorre entre garotos de programas e até em fraternidades universitárias nos Estados Unidos, onde os jovens se permitem transar um com os outros. E a relação sexual sequer é vista como sexo, mas sim como uma brincadeira. Dizem até: “Sou tão hétero que um cara pode me masturbar sem que isso gere alguma consequência”.

Nos anos 60, era comum a prática de homens casados com mulheres fazerem sexo oral um nos outros em banheiros públicos, parques ou metrôs. Um sociólogo escreveu que, como eles eram católicos e não podiam usar preservativos, uma vez que não queriam ter mais filhos, eles foram “forçados” a buscar secretamente o sexo em banheiros com outros homens.

“A justificativa da necessidade homossexual aparece muito: homens têm de fazer isso por X ou Y razão, quando não há outra escolha. Acho que as pessoas estão realmente comprometidas com esta ideia, por isso que muitos homens não aceitam escolher uma relação homossexual como algo que esteja acontecendo com eles. É por isso que a identidade heterossexual continua intacta, quando essa lógica se aplica”.

Em outras palavras, é só prazer, experimentação, sem grilos ou problemas…

SIM, SÃO HÉTEROS

“Quero dizer que não estou de forma alguma interessada em chamar esses homens de bi ou gay. Eles são homens que são héteros e, como a média de homens héteros, já tiveram na adolescência ou em outro momento do passado experiências com outros homens. Eles saem com mulheres, se casam com mulheres e é por isso que não acho produtivo chamá-los de bissexuais, pois a própria definição é significativa e um direito”, alega.

É por esse motivo que, no Brasil, os sistemas de saúde identificam muitos homens como HSH – aquele que transa com outro homem, sem se definir como homossexual ou bissexual. E é por esses e outros motivos que a homofobia – o preconceito contra aquele que transa, sente afeto e se identifica como LGB – é um mergulho na hipocrisia e na ignorância.

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