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intersexualidade, condição clínica que atinge muitos recém-nascidos em todo o mundo
   4 de novembro de 2022   │     22:52  │  0

A intersexualidade é uma condição clínica que atinge, em média, 1,7% dos recém-nascidos no mundo, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas.

O assunto é pouco discutido e, por esse motivo, o último dia 26 foi pauta em vários espaços.

OHospital das Clínicas Elaine Frade Costa, responsável por esses indivíduos, explicou que essas pessoas nascem com a genitália indefinida.

“As pessoas portadoras nascem com genitais internos e/ou externos subdesenvolvidos, decorrentes sempre de alteração hormonal”, disse.

Essa alteração é de deficiência ou excesso de ação dos hormônios sexuais, seja ele o estrógeno ou testosterona.

Desde 2006, ela destaca, o termo mais utilizado é de “diferenças no desenvolvimento sexual” e a nomenclatura intersexo voltou recentemente.

Antes, hermafrodita também era usado.

O serviço oferecido no Hospital das Clínicas, segundo Elaine, é referência e, por isso, ele possui em torno de 500 pacientes em acompanhamento.

“A principal demanda deles é uma alteração dos genitais”, afirmou.

Ela lembra que, quando uma criança nasce, a primeira pergunta é sempre se “é menino ou menina.”

“Para essas pessoas, esses genitais são indefinidos, ficam no meio do caminho.”

Há uma discussão intensa na comunidade médica sobre em que momento a definição de um dos sexos deve acontecer.

“Esse indivíduo tem gênero, mas a maior parte dessas pessoas necessita adequar o seu corpo e genitais ao seu gênero, para ter uma vida plena, do ponto de vista social, sexual e emocional, então essa correção tem sido muito discutida.”

A especialista destaca que, dentre os pacientes atendidos, 100% “responderam que preferiam ter sido tratados na infância e não ter passado pela adolescência com discriminação; na nossa experiência, o melhor caminho é adequar esse indivíduo na infância.”

A médica destaca que o tratamento persiste durante toda a vida, com reposição hormonal, e é necessário acompanhamento multidisciplinar, com endocrinologistas, cirurgiões e psicólogos.

Por e produção de Isabel Campos – CNN

 

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Crianças intersexuais precisam ser operadas ainda bebês? A polêmica discussão nos EUA
   5 de fevereiro de 2020   │     0:00  │  0

Primeira parte da matéria

Primeira parte da matéria

Foi somente aos 41 anos de idade, quando já era casada e mãe de duas filhas adotivas, que a advogada americana Kimberly Zieselman descobriu que era intersexual. Ela lembrava de ter se submetido a uma cirurgia aos 15 anos de idade, após ter sido levada ao médico por seus pais, preocupados porque a menina não ficava menstruada.

Segundo Zieselman, os médicos disseram na época que ela tinha órgãos reprodutivos femininos parcialmente formados e que, sem cirurgia, corria o risco de desenvolver câncer. “Então meus pais foram convencidos a aceitar a cirurgia. O que disseram a eles — e o que eu cresci ouvindo — é que fui submetida a uma histerectomia, à remoção de órgãos femininos”, diz Zieselman à BBC News Brasil.

Quando, décadas depois, ela buscou seu histórico médico, o documento trazia termos como “pseudo-hermafroditismo masculino” e “feminização testicular”. Zieselman então descobriu que, na verdade, tinha uma condição chamada Síndrome de Insensibilidade Androgênica, que afeta a resposta do organismo a hormônios masculinos.

Apesar de ter nascido com um par de cromossomos XY, relacionados ao desenvolvimento de aparência masculina, seu corpo desenvolveu aparência feminina. Mas em vez de ovários e útero, ela tinha testículos internos, e foi isso que a cirurgia, feita em 1982, removeu.

“Eu então comecei terapia de reposição hormonal, e me disseram que eu não deveria falar sobre o assunto, que era privado, que era raro, e que eu era provavelmente a única pessoa no mundo (com essa condição)”, lembra.

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Sou intersexual, não hermafrodita
   5 de novembro de 2017   │     0:40  │  0

As pessoas que não se encaixam na atribuição tradicional do sexo pedem maior visibilidade, sem clichês ou desinformação.

Até os 18 anos, Claudia não conseguia dar nome ao que lhe acontecia. Não tinha menstruação e mantinha alguma lembrança borrada de uma cirurgia quando pequena, mas nada além disso. Até que por uma mudança na clínica, o médico pediu seu prontuário à enfermeira: “Me traga a ficha da Síndrome de Morris”, ouviu. Memorizou o nome e depois consultou-o na enciclopédia médica de sua colega de apartamento. Ali encontrou o pedaço de sua vida que faltava. “Senti alívio, porque finalmente soube o que tinha, mas o que realmente pensei foi: ninguém vai saber sobre isso”. Claudia descobriu que tinha nascido com a síndrome da insensibilidade parcial aos andrógenos, um dos tipos de intersexualidade mais comuns. Tinha as características físicas de uma mulher, mas os códigos genéticos de homem.

“Somos intersexuais, não hermafroditas. Se dá como certo que o homem é XY e a mulher XX, mas não em todos os casos”, destaca. Ela tem consciência de que a percepção social continua associando o termo grego a todas as condições de intersexualidade e persiste a ideia de que são pessoas com genitais masculinos e femininos ao mesmo tempo. Não é assim. O mito, o tabu e a lenda distorcem uma realidade muito mais complexa. “Há mais de 40 causas diferentes para sua origem e a cada ano alguma nova é descrita. Há muitas possibilidades, a intersexualidade acontece quando há uma discrepância entre o sexo genético, o da gônada e o dos genitais”, explica a médica Laura Audí, pesquisadora do grupo de Endocrinologia Pediátrica do hospital Vall d’Hebron, em Barcelona.

A OMS estima em 1% a porcentagem de pessoas intersexuais no mundo todo, mas os dados sobre a prevalência na Espanha são uma incógnita: “Podemos estimar criando paralelos com as estatísticas americanas, apesar de não ser de todo exato. Estaríamos falando que por ano nascem 250 pessoas intersexuais na Espanha”, explica o jurista Daniel J. Garcia, especialista no tema e autor do livro Sobre el derecho de los hermafroditas (sem tradução ao português).

Os bebês como Claudia, com algum tipo de discrepância genital, trazem consigo uma pergunta espinhosa: menino ou menina? A lei espanhola obriga a registrar um recém-nascido no Registro Civil sob um dos sexos em um prazo de 72 horas. Um jogo de dados contra o relógio, no qual os pais ouvem a equipe médica interdisciplinar (endocrinologistas, pediatras, cirurgiões e geneticistas) que estuda as características preponderantes no bebê para atribuir-lhe o gênero. A decisão fica na mão dos pais, mas as associações ativistas denunciam que durante muitos anos a informação que lhes foi proporcionada era escassa e ambígua, e ainda persiste um grande déficit. “Era tal a confusão que eu mesma tive de explicar para minha mãe quando soube aos 18 anos o que exatamente tinha me acontecido”, lembra Claudia. Para seus pais, há 36 anos, chegou-se a recomendar que não pesquisassem muito sobre o assunto e que fossem discretos.

 

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