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Repensando a idéia da homossexualidade
   23 de março de 2015   │     0:00  │  0

Artigo

Por: Estela Cristina Parra – Psicóloga Clínica e Organizacional Inscrita no Conselho Regional de Psicologia CRP: 06/119083 Profissional da área de Recursos Humanos há mais de 13 anos com capacitações em Psicoterapia Breve Dinâmica e Acompanhamento Pré e Pós Bariátrica – COESAS “Comissão das Especialidades Associadas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica”.

 A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1990 retirou a homossexualidade da sua lista de doenças mentais

Desde 1973 a homossexualidade deixou de ser classificada como doença pela Associação Americana de Psiquiatria, sendo excluída da lista de Código Internacional de Doenças (CID-10).

Em 1984 a Associação Brasileira de Psiquiatria aprovou a seguinte resolução: “Considerando que a homossexualidade não implica prejuízo do raciocínio, estabilidade e confiabilidade ou aptidões sociais e vocacionais, opõem-se a toda discriminação e preconceito contra os homossexuais de ambos os sexos”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1990 retirou a homossexualidade da sua lista de doenças mentais, declarando que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão” e que os psicólogos não colaborariam com eventos e serviços que proponham tratamento e uma possível cura da homossexualidade.

Estamos em 2015 e ainda escutamos alguns profissionais ou técnicos da saúde citando tratamentos para a homossexualidade, como se buscassem converter homossexuais em heterossexuais.

Homossexualidade não é uma doença, trata-se de uma atração emocional, romântica, sexual e afetiva para com indivíduos do mesmo gênero (sexo), exatamente como os heterossexuais. Não existem mistérios ou loucura alguma em ser humano, em “sentir”, em “amar”, em poder escolher o que nos faz feliz.

Muitos cientistas utilizam de estudos não definitivos para desvendar os mistérios da  homossexualidade, teorias sugerem fatores hormonais, genéticos, congênitos ou experiências (vivenciais/traumáticas) durante a infância. Porém independentes de motivos serem ou não descobertos a respeito destas escolhas pessoais, independente de um homossexual ter sido moldado ou não nos primeiros anos de vida, de considerarmos interações ou fatores biológicos, paremos por aqui… Pois o que temos realmente que considerar são os fatores psicológicos e sociais.

Para a homossexualidade NÃO existe última instância e SIM primeiro pensamento: RESPEITO. Não estamos tratando aqui de uma enfermidade ou desvio emocional e sim de pessoas como todas as demais, que podem ser ansiosas, inseguras, corajosas e capacitadas a qualquer tipo de trabalho ou escolha de vida.

A homossexualidade não envolve uma escolha, ela acontece e emerge logo no início da adolescência, antes mesmo de quaisquer experiências íntimas. Relatos mostram que algumas pessoas passam por anos de sofrimento tentando mudar a sua orientação sexual de homossexual para heterossexual na tentativa de se moldar a uma sociedade rígida, porém sem sucessos, submetendo-se a sofrer graves problemas como depressão, drogadicção, automutilação, alterações de ansiedade, pensamentos suicidas, dentre muitos  outros.

Nossa sociedade precisa evoluir, precisamos suspender tantos falsos estereótipos, outros muitos preconceitos injustos que rondam homens gays ou mulheres lésbicas no intuito de respeitar nossos amigos, vizinhos e conhecidos.

Sim, tudo isso é um grande desafio e talvez possa parecer impossível para algumas pessoas, talvez para alguns pais ou mães que idealizaram a vida diferente para seus filhos e netos, mas estamos nos referindo a seres humanos que podem passar por situações de extrema solidão e sofrimento ao se descobrirem. Todas estas pessoas também possuem o direito de sentir medo de grandes rejeições familiares, de colegas de trabalho e instituições religiosas… Mas merecem uma de vida de escolhas e felicidade com todos nós.

Muitos mitos persistem em sociedade sobre a homossexualidade, estes estão enraizados em nossa cultura e é nosso dever mudar esta índole racista, pois vivemos em uma cultura homofóbica interiorizada. Um típico pensamento é o de que as crianças que crescem no seio de uma família homossexual serão homossexuais futuramente. Mito também já negado (refutado) desde 1995/1996 em sérios estudos científicos (Bailey, Bobrow, Wolfe e Mikach/Golombok e Tasker).

Freud de forma brilhante citou: “Se vamos nos indagar sobre as causas da homossexualidade, é igualmente pertinente nos indagarmos sobre quais são as causas da heterossexualidade”… Já que o interesse sexual exclusivo do homem pela mulher é também um problema que exige esclarecimento e não uma evidência indiscutível que se possa atribuir a uma atração de base química” (1905/1969).

Sendo assim, respeitemos a todos como fomos criados e como nos desenvolvemos, pois não temos o direito de “pensar em mudar” o outro. Só temos o poder de mudarmos a nós mesmos, o que já se apresenta como árdua tarefa e nem sempre conseguimos.

Mudar minha essência… Tentar ser quem não sou… Talvez estes sejam os processos mais sofridos e penosos que um ser humano possa vivenciar… Caso sinta que precisa de apoio, acompanhamento ou auxílio profissional busque psicoterapia.

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