Tag Archives: Dia da Visibilidade Lésbica

Tóquio 2020 é edição com mais atletas abertamente LGBTQ+
   26 de julho de 2021   │     0:00  │  0

Os Jogos de Tóquio são a edição olímpica com o maior número de atletas que se declararam publicamente LGBTQs, segundo um levantamento do site Outsports.

O portal, especializado em notícias esportivas voltadas ao público LGBTQ, listou neste domingo (25/07) ao menos 166 atletas abertamente gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, transgêneros e/ou não binários competindo na capital japonesa.

O número, segundo o site, é quase o triplo do registrado nos Jogos do Rio em 2016 e faz de Tóquio 2020 a edição olímpica com mais representatividade da história. Há quatro anos, o Outsports contou 56 atletas que haviam se declarado publicamente LGBTQs à época do torneio, enquanto nos Jogos de Londres, em 2012, eram 23.

“O grande aumento no número de atletas ‘fora do armário’ reflete a crescente aceitação das pessoas LGBTQ nos esportes e na sociedade. O surgimento das mídias sociais, especialmente o Instagram, deu aos atletas um fórum onde eles podem viver suas vidas abertamente e se identificar diretamente com seus seguidores”, afirma o portal.

Ao menos 27 países estão representados por pelo menos um competidor abertamente LGBTQ em Tóquio, que é também a primeira edição olímpica a contar com atletas transgêneros. Ao todo, os 166 atletas competem por 30 diferentes modalidades.

Os Estados Unidos são o país com o maior número de atletas abertamente homossexuais, bissexuais, transexuais, transgêneros e/ou não binários da lista, com 30 competidores. Em seguida vêm Canadá (17), Reino Unido (16), Holanda (16), Brasil (14), Austrália (12) e Nova Zelândia (10).

Entre os brasileiros aparecem a estrela de futebol Marta, cuja foto estampa o artigo do Outsports, e suas colegas de time Andressa Alves, Bárbara Barbosa, Formiga, Letícia Izidoro e Aline Reis. Marta vem dedicando seus gols em Tóquio à sua noiva, a também jogadora de futebol Toni Deion Pressley, e falou abertamente sobre a homenagem em entrevistas na televisão.

Formiga, por sua vez, em entrevista coletiva na última sexta-feira, falou sobre a importância de se trazer a homossexualidade a público. “A gente representa milhões de pessoas, e é importante sair do armário e quebrar barreiras”, afirmou a jogadora. “Fico feliz que minha esposa [Erica Jesus] fale na TV, que a Marta se posicione e que a Cristiane [Rozeira], com seu filhão, faça o mesmo. Dessa forma a gente vai conquistando respeito. Respeito é tudo, não só como atleta, mas como ser humano.”

O único homem na lista brasileira é o jogador de vôlei Douglas Souza, que se tornou sensação nas redes sociais ao mostrar com bom humor os bastidores dos Jogos e o cotidiano da equipe olímpica.

O Outsports lista ainda as brasileiras Ana Carolina (vôlei), Babi Arenhart (handebol), Silvana Lima (surfe), Ana Marcela Cunha (natação), Izabela da Silva (atletismo) e Isadora Cerullo (rugby). Nos Jogos do Rio em 2016, Cerullo foi pedida em casamento durante a cerimônia de entrega de medalhas por Marjorie Enya, que trabalhava no comitê organizador do torneio. Elas estão casadas há quatro anos.

A nível mundial, as mulheres também superam os homens na lista de atletas abertamente LGBTQ, por uma proporção de oito para um. Somente o futebol feminino soma mais de 40 jogadoras.

O site inclui em sua contagem os atletas que já se manifestaram sobre sua orientação sexual ou identidade de gênero à imprensa, ou fizeram postagens públicas nas redes sociais.

O Outsports frisa, contudo, que o número de atletas LGBTQ nos Jogos Olímpicos deve ser ainda maior, especialmente entre os não americanos, uma vez que o site é baseado nos EUA. A contagem também não inclui atletas paralímpicos, que serão contabilizados separadamente, e demais membros das delegações, como técnicos e treinadores.

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Lésbica tem vagina, sim !
   29 de agosto de 2013   │     0:00  │  1

Parabéns a todas as lésbicas do mundo, por seu dia. 29 de Agosto, dia Mundial da Visibilidades lésbica.

Mulher sempre carregou às costas o fardo do ser-mulher. Fardo este que, com o fluir da história, tornava-se mais pesado a cada embate social fundamentado em divergências sexistas. A mulher gay, por sua vez, viu-se diante da coerção de suportar carga duas vezes mais exaustiva. Lamentável era admitir que tal peso se tratava do ato desmoralizador de transformá-las em seres borrados – às lésbicas, sobrou o dever de serem transparentes. Até advir o importante dia em que mulheres gays uniram-se para gritar basta à transparência que lhes era imposta.

No Brasil, este dia foi 29 de agosto, quando, há 17 anos, ocorreu no Rio de Janeiro o I Seminário Nacional de Lésbicas. E eis que o corpo antes transparente ganha massa, cor e voz. Não somente por isso o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica precisa ser celebrado. Este dia tem de ser reconhecido por também denotar o momento em que a sociedade recebeu mais formato, conteúdo e consciência.

Ser lésbica é ser alguém igual em direitos e afazeres e, somente com tal admissão, podemos perpetuar a visibilidade necessária ao sobreviver em sociedade. Felizmente, hoje mais pessoas consideram que a homossexualidade feminina é natural e não pode sofrer detrimento social. Não obstante, representou um excelente convite ao exercício de humanidade o anúncio do casamento da cantora Daniela Mercury e sua companheira, a jornalista Malu Verçosa, em 3 de abril deste ano.

Evidente, há pessoas preconceituosas, intolerantes e desinformadas que mantém como sua opção social o ato da violência.

Assim, lésbicas são submetidas a chacotas públicas como agressores a proferirem que lésbica, na realidade, não é lésbica: é bissexual (o que pode ser menos abrasivo aos olhos heteronormativos da maioria). Ou a distorção da ideia da orientação sexual presente na alegação de que a lésbica é a mulher que (ainda, talvez) não se deleitou de forma correta com um pênis ou três. Ou que lesbianismo é só mais um mal viral em tempos modernos, de homossexualidade facilmente adquirida pela internet. Ou, ainda, a homossexualidade feminina ser brincadeira entre amigas, uma vez que mulheres abraçadas, de mãos dadas ou em trocas de selinhos nada mais parecem do que… amigas carinhosas.

Prejuízo moral tão desrespeitoso quanto – e paradoxal – reside no fato de homens heterossexuais utilizarem a imagem do fazer sexo e/ou do beijo lésbicos como partes de seus próprios deleites de libido de homem heterossexual, por adjetivarem de excitante e sexualmente lucrativo, a eles, duas ou mais mulheres como meros objetos sexuais em interação homossexual.

O preconceito necessita aprender que lésbica tem vagina. E que sente prazer, namora, chora, trai, cultiva os cabelos curtos, não cultiva os cabelos curtos, deixa ou não buço por querer, depila-se ou não por querer, tem ou não um seio maior que outro, ouve ou não Ana Carolina e Maria Gadú, masturba-se ou não pensando em Clarice Falcão, usa ou não salto quinze e unhas vermelhas, pilota motos ou não, cozinha ou não, planeja ser mãe ou não – e tantas outras normalidades rotineiras.

Não se deve cobrir o que é visivelmente belo e bom.

O que você faria, leitor(a), se você fosse hoje, 29 de agosto de 2013, uma garota lésbica de 17 anos de idade completamente bombardeada de informações acerca do seu viver, de dúvidas sobre o seu amar e de preconceitos contra o seu ser? Convoco-os, então, à luta diária por direitos humanos, consciência coletiva e nada mais. Assistamos à lésbica ter o direito de ser lésbica. Desta forma, podemos nos tornar, juntos, mais visivelmente humanos.

Por: Rodrigo Mergulhão- Bacharel em Letras e Militante da FALGBT

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Lésbica tem vagina, sim !
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Parabéns a todas as lésbicas do mundo, por seu dia. 29 de Agosto, dia Mundial da Visibilidades lésbica.

Mulher sempre carregou às costas o fardo do ser-mulher. Fardo este que, com o fluir da história, tornava-se mais pesado a cada embate social fundamentado em divergências sexistas. A mulher gay, por sua vez, viu-se diante da coerção de suportar carga duas vezes mais exaustiva. Lamentável era admitir que tal peso se tratava do ato desmoralizador de transformá-las em seres borrados – às lésbicas, sobrou o dever de serem transparentes. Até advir o importante dia em que mulheres gays uniram-se para gritar basta à transparência que lhes era imposta.

No Brasil, este dia foi 29 de agosto, quando, há 17 anos, ocorreu no Rio de Janeiro o I Seminário Nacional de Lésbicas. E eis que o corpo antes transparente ganha massa, cor e voz. Não somente por isso o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica precisa ser celebrado. Este dia tem de ser reconhecido por também denotar o momento em que a sociedade recebeu mais formato, conteúdo e consciência.

Ser lésbica é ser alguém igual em direitos e afazeres e, somente com tal admissão, podemos perpetuar a visibilidade necessária ao sobreviver em sociedade. Felizmente, hoje mais pessoas consideram que a homossexualidade feminina é natural e não pode sofrer detrimento social. Não obstante, representou um excelente convite ao exercício de humanidade o anúncio do casamento da cantora Daniela Mercury e sua companheira, a jornalista Malu Verçosa, em 3 de abril deste ano.

Evidente, há pessoas preconceituosas, intolerantes e desinformadas que mantém como sua opção social o ato da violência.

Assim, lésbicas são submetidas a chacotas públicas como agressores a proferirem que lésbica, na realidade, não é lésbica: é bissexual (o que pode ser menos abrasivo aos olhos heteronormativos da maioria). Ou a distorção da ideia da orientação sexual presente na alegação de que a lésbica é a mulher que (ainda, talvez) não se deleitou de forma correta com um pênis ou três. Ou que lesbianismo é só mais um mal viral em tempos modernos, de homossexualidade facilmente adquirida pela internet. Ou, ainda, a homossexualidade feminina ser brincadeira entre amigas, uma vez que mulheres abraçadas, de mãos dadas ou em trocas de selinhos nada mais parecem do que… amigas carinhosas.

Prejuízo moral tão desrespeitoso quanto – e paradoxal – reside no fato de homens heterossexuais utilizarem a imagem do fazer sexo e/ou do beijo lésbicos como partes de seus próprios deleites de libido de homem heterossexual, por adjetivarem de excitante e sexualmente lucrativo, a eles, duas ou mais mulheres como meros objetos sexuais em interação homossexual.

O preconceito necessita aprender que lésbica tem vagina. E que sente prazer, namora, chora, trai, cultiva os cabelos curtos, não cultiva os cabelos curtos, deixa ou não buço por querer, depila-se ou não por querer, tem ou não um seio maior que outro, ouve ou não Ana Carolina e Maria Gadú, masturba-se ou não pensando em Clarice Falcão, usa ou não salto quinze e unhas vermelhas, pilota motos ou não, cozinha ou não, planeja ser mãe ou não – e tantas outras normalidades rotineiras.

Não se deve cobrir o que é visivelmente belo e bom.

O que você faria, leitor(a), se você fosse hoje, 29 de agosto de 2013, uma garota lésbica de 17 anos de idade completamente bombardeada de informações acerca do seu viver, de dúvidas sobre o seu amar e de preconceitos contra o seu ser? Convoco-os, então, à luta diária por direitos humanos, consciência coletiva e nada mais. Assistamos à lésbica ter o direito de ser lésbica. Desta forma, podemos nos tornar, juntos, mais visivelmente humanos.

Por: Rodrigo Mergulhão- Bacharel em Letras e Militante da FALGBT

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