Há um quê gay que mal se contém nas peças de Tennessee Williams (1911-83). Vivendo em uma época mais opressora, contudo, o dramaturgo americano o disfarçou sob personagens femininas intensas, coadjuvantes homossexuais desajustados e algumas elipses para lá de sugestivas.
“Ele era gay e tinha uma empatia especial com as mulheres nos seus textos. Resolvemos trabalhar com essa conjectura”, diz o diretor de teatro Leonardo Medeiros, também conhecido pelo trabalho em cinema e televisão.
Trabalhar com essa conjectura significa encenar três versões para um mesmo texto de Williams: uma protagonizada por um casal de personagens héteros (como no original), uma por um casal gay e outra por um casal de lésbicas.
“As Palavras da Chuva” (hétero) e “Chuva G” (gay) já estavam em cartaz. “Chuva L” (lésbica) estreia neste domingo (1º), no horário entre elas.
Em comum entre os três espetáculos, quase tudo: texto (uma peça de um ato só), cenografia, marcação dos intérpretes etc. Mudam os atores. E o resultado cênico, é claro.
“As medidas de interpretação é que mudam”, afirma o diretor do Teatro da Rotina.
“Quando o texto da personagem feminina é passado para um ator homem, ele ganha uma eloquência que é uma libertação de gênero.”
Da mesma forma, ele afirma, quando é uma atriz que assume o papel originalmente escrito para uma interpretação masculina, o personagem “perde agressividade”.
Em cena, o casal da vez alucina, dialoga sobre o peso da solidão, devaneia sobre as impossibilidades do amor e, sobretudo, se molha no pequeno palco, todo encharcado –água é o tema simbólico sobre o qual se desenvolve o texto.
“A peça gira em torno dos significados psicanalíticos da água –o amor, o sexo– e todas as suas acepções: a água de beber, da chuva, parada.”
‘AS PALAVRAS DA CHUVA’, ‘CHUVA L’ e ‘CHUVA G’
QUANDO dom., às 18h (“As Palavras da Chuva”), às 20h (“Chuva L”) e às 22h (“Chuva G”)
ONDE Teatro da Rotina, r. Augusta, 912, tel. (11) 95489-9836
QUANTO R$ 30 (cada versão)
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
Tags:As Palavras da Chuva" (hétero) e "Chuva G", Chuva L, Cultura LGBT, Gay, peça, Tennessee Williams