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Casal adota 5 irmãos para não separá-los
   5 de fevereiro de 2022   │     17:53  │  0

Foi a empatia que fez um casal adotar cinco irmãos que viviam em um abrigo em Rio Claro, interior de São Paulo, para não separá-los. ATUALIZAÇÃO: ESTAMOS COM UMA VAQUINHA PARA ELES. AJUDE AQUI.

Jhonatan Wiliantan da Silva, de 28 anos é casado com o enfermeiro Daniel Rocha Braz, de 28 anos. Ele conta que não pensava em ser pai antes da união. Com o relacionamento, veio a vontade de ter os próprios filhos e foi quando ele conheceu as crianças: João Miguel, de 1 ano e 6 meses, Iara, de 3 anos, Harry, de 4 anos, Wendel, de 6 anos e Douglas, de 11 anos.

Paternidade

Antes de conhecer as crianças, Jhonatan e Daniel consideraram a barriga de aluguel para realizar o desejo da paternidade. Uma tia de Jhonatan se voluntariou, mas acabou que o processo foi interrompido.

Foi quando ele conheceu Douglas, Wendel, Harry e Iara, que viviam em um abrigo da cidade. O jovem então entendeu que a paternidade poderia acontecer de outras formas.

“Eu vi que tinham muitas crianças que podiam precisar de mim”, explica. “Eu sempre gostei de cuidar”.

Jhonatan então apadrinhou os irmãos e mantinha as visitas frequentes. “Eu tinha um carro. Então eu pegava [as crianças] e levava para tomar sorvete, fazer as unhas, essas coisas”, lembra.

Com a chegada da pandemia, as visitas foram cortadas por causa das políticas de isolamento.

Como o apego já era grande, Jhonatan então passou a fazer vídeos e mandar para que as crianças se sentissem mais próximas dele. “Lá [no abrigo] falta o amor, o calor, o carinho que a gente tem na nossa casa”.

Guarda das crianças

Entendendo que os meninos já eram parte da família, Jhonatan então decidiu partir para a adoção. Só que o processo veio com alguns obstáculos.

Ele lembra que foi muito taxado por ser homossexual, principalmente por parte da família das crianças. “As pessoas que me taxavam geralmente eram as mesmas que não queriam cuidar das crianças quando a mãe perdeu a guarda”, lembra.

Além do preconceito, veio a dificuldade financeira e a insegurança de cuidar de quatro crianças pequenas. “Mas eu queria tanto, que não tinha medo de nada”.

Com a entrada do pedido de adoção, Jhonatan soube que a mãe das crianças estava novamente grávida e que o bebê também iria para o abrigo.

Ele conta que chegou a conversar com a família e a tia paterna dos meninos disse que cuidaria do mais novo. Só que após pouco tempo, ela o entregou para a casa de acolhimento.

Jhonatan então passou a ir novamente até o abrigo, mas dessa vez para cuidar de João. Quando saiu a guarda, em dezembro de 2020 e ele decidiu que também levaria o bebê para casa.

Presente de Natal

Jhonatan lembra do Natal de 2020 com muita emoção. Ele conta que os quatro irmãos mais velhos já moravam com o casal na época e só faltava João.

“Eu levei ele na noite de Natal. Deixei ele perto da árvore, chamei as crianças e perguntei: o que vocês gostariam de ganhar de presente?”.

Sorrindo, o pai disse que os meninos falaram vários brinquedos. Então ele anunciou a surpresa. “O Papai Noel mandou outro presente e disse que era para cuidar com muito amor”. Então ele mostrou o bebê e todos se emocionaram muito. “Foi uma noite muito especial e inesquecível”.

Rede de apoio

Para cuidar das crianças, o casal conta com uma rede de apoio linda de amigos. Daniel é enfermeiro e Jhonatan trabalha em uma empresa multinacional. Só que a renda é bastante apertada e hoje eles recebem leite, fralda e outras ajudas para que não falte nada para a família.

“Eu recebo ajuda de leite, brinquedos e muito mais. As pessoas apadrinharam meus filhos”, explica emocionado. “Sem eu saber, as pessoas fizeram uma vaquinha para fraldas quando o João veio para cá”.

Eles também ganharam uma treliche de uma amiga e uma cama para a Iara. Outro momento emocionante, segundo o pai, foi no dia que precisou comprar o berço para João. Quando uma pessoa da loja soube da história deles, fez questão de doar a cama para o bebê.

Mas o pai reforça que não depende das doações. Hoje, Jhonatan trabalha para que durante o dia ele possa cuidar das crianças enquanto Daniel vai para o hospital.

Ele ainda ressalta que prefere muito mais que as pessoas ajudem com coisas do que com dinheiro. “Eu tenho medo das pessoas acharam que estou usando meus filhos”, explica.

Futuro

Sobre o futuro, Jhonatan e Daniel pensam em dar o melhor para as crianças. Hoje, o medo e a insegurança diminuíram, mas eles lembram que passaram por momentos bem complicados.

“Foi difícil? Sim. Pensei em desistir? Nunca”, reforça. “Eu não nasci pai. Eu aprendi a ser um”.

E mesmo com algumas dificuldades, eles buscam sempre dar o melhor para as crianças. No ano passado, Jhonatan e Daniel levaram os cinco irmãos para ver o mar pela primeira vez.

“Eu sinto que eles sempre foram meus filhos. Eu só precisei que outra mãe os gerassem”, finaliza.

Parabéns pela família, meninos! Vocês são um grande exemplo!

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Casal lésbico faz inseminação e dão a luz a gêmeos
   14 de agosto de 2019   │     15:39  │  0

As duas mamães tiveram gêmeos com a ajuda de um programa de reprodução humana do HMIB (Foto: Mariana Oliveira / Instagram)

Não há limites (ou obstáculos!) para o sonho de ser mãe. Com certeza, é isso o que aprendemos com a história de Mariana e Érika Oliveira, um casal homoafetivo que recentemente teve os gêmeos Ana Louise e Noah por meio de um tratamento de reprodução assistida do SUS, o Sistema Único de Saúde.

As duas, naturais de Brasília, sempre souberam que gostariam de ser mães e começaram a pesquisar desde cedo as possibilidades que tinham. “Engravidar era um sonho inicialmente da Érika, então, foi natural para a gente que ela gerasse os bebês”, disse Mariana em entrevista para o Yahoo!.

A busca começou em 2014, quando o casal já estava junto há dois anos e casado no civil. “Mas, como para muitos casais homoafetivos, a fertilização e inseminação são um pouco distantes, porque são processos muito caros”. Atualmente, situações de reprodução assistida podem chegar até R$ 30 mil reais pela rede privada, o que torna o sonho de ter um bebê inviável para muitos.

Mariana explica que as duas até mesmo consideraram a inseminação artificial caseira – quando o processo é feito fora dos hospitais, em casa, com doação direta de sémen e aplicação com a ajuda de kits com o material necessário -, mas desistiu por conta das dúvidas em relação ao registro da criança e o envolvimento do doador no processo.

A resposta, então, veio da melhor forma possível. Durante as pesquisas, Érika descobriu o Programa de Reprodução Humana do HMIB, o Hospital Materno Infantil de Brasília, que é referência no Brasil todo.

O projeto é bastante abrangente e atende tanto mulheres e homens inférteis, quanto casais de mulheres que querem ter filhos. Na época, Érika e Mariana poderiam entrar em duas filas de espera, para a fertilização in vitro e para a inseminação artificial.

Por ser um processo mais rápido, medicamente falando, a fila da inseminação andou mais rápido, e Érika, que preenchia todos os requisitos sem complicações, avançou rápido. “A gente tinha conversado que a genética não era uma coisa muito importante para a gente. Sempre soube que seria mãe, mas sabia que não iria gerar [o bebê]. Ela fazer uma inseminação e [a gravidez] ser com a genética dela nem foi uma questão”, continua.

Processo tranquilo

Há quem pense que fazer qualquer tratamento pelo SUS seja complicado, estressante e, muitas vezes, ineficaz. Porém, Mariana é prova de que é possível ter uma experiência agradável no sistema público de saúde.

“Desde que a gente começou, quando foi no postinho de saúde falar com a ginecologista, ela foi super solícita, já encaminhou a gente para o hospital para fazer todo o processo. Foi bem bacana”, diz ela.

Aqui, claro, entram algumas dificuldades, afinal, apesar de o programa teoricamente cobrir todos os exames e cirurgias que contemplam o processo de inseminação, muitas examinações precisaram ser feitas na rede privada – além do tempo de espera para que o procedimento evoluísse.

Até o momento, a fila tem mais de mil e 200 números na espera para a inseminação, e cinco mil para a fertilização. Ou seja, o chá de cadeira é, mesmo, demorado, mas Mariana diz que vale a pena.

“A gente conheceu outros casais que estavam no mesmo processo que a gente, a gente foi muito bem tratada pela equipe médica… Como é uma equipe de pesquisa, tem muita gente nova, muito médico novo com muito gás, muito receptivo”, diz ela.

No fim das contas, um processo que poderia valer mais de R$ 30 mil acabou saindo por menos de R$ 10 mil. Os únicos gastos que o casal teve foi com o sêmen – que, segundo as normas da ANVISA, tem que ser nacional e adquirido em um laboratório brasileiro – e com os exames que não puderem ser feitos na rede pública.

Falando especificamente da compra do sêmen, Mariana diz que nem isso foi uma grande preocupação para ela e Érika, já que o próprio hospital cuidou da tramitação, e elas ficaram encarregadas de apenas escolherem o doador, pela internet, de um laboratório de São Paulo.

“A gente vem se tornando mãe dia a dia”

Dificuldades sempre existem, ainda mais quando se fala em um casal homoafetivo no Brasil. Mariana diz que percebeu pequenos obstáculos na rotina durante o processo, que, aliás, pouco tinham a ver com a demora do SUS.

“Por exemplo, o cartão do neném vinha com nome de ‘mãe’ e ‘pai’, mas as enfermeiras prontamente já riscavam ‘pai’ e colocavam ‘mãe'”, explica.

A boa notícia, porém, é que essas dificuldades foram mínimas diante da experiência como um todo. Mariana diz que ela e Érika sempre foram tratadas pela equipe médica como duas mães, e Mariana pode, inclusive, estar na sala de parto na hora do nascimento dos bebês. “O parto da Érika foi ótimo, os bebês nasceram supersaudáveis”.

De lá para cá, o momento é de descobertas para as duas – ainda mais com a chegada não de um, mas dois bebês. “A gente vem se tornando mãe dia a dia. É incrível a experiência, é uma coisa que a gente queria muito. A gente sabia que poderiam vir gêmeos, mas, até então, a gente não tinha tornado isso tão real até fazer o ultrassom. Foi assustador nos primeiros cinco minutos, mas depois a gente já comprou a ideia e não se vê mais não sendo mãe de gêmeos”.

Família e amigos receberam os bebês muito bem. Talvez o único ponto de atenção é um que, de acordo com ela, é bastante comum para mães lésbicas. “Às vezes, tem um contratempo aqui ou ali e pergunta e curiosidade o tempo todo, mas a gente tenta levar isso pra um lado de informação”.

“É possível ter uma família homoafetiva não tradicional”

Nessa hora, as redes sociais são grandes aliadas e tanto Mariana, quanto Érika, usam o Instagram para postar fotos da família, além de informações que possam ser úteis para conscientizar as pessoas de que é possível, sim, realizar o sonho de ter filhos em uma relação homossexual.

“É possível duas mulheres terem filhos, mesmo sem tanta grana assim. A gente tenta passar que é possível ter uma família homoafetiva não tradicional – porque a gente nem quer ser tradicional, a gente quer mesmo quebrar os padrões”, afirma . ela, que junto com Érika estão tentando criar as crianças de uma forma livre, sem imposições de gênero.

“A gente queria que as pessoas soubessem que não é tão fácil quanto parece, mas não é tão difícil a ponto de ser impossível. Se a gente conseguiu, muita gente consegue. Sério, todo mundo consegue, porque a gente realmente foi atrás do que queria. Aqui no Brasil, as coisas são realmente muito difíceis, ainda mais com esse governo de agora – provavelmente, vai complicar um pouco mais. Mas a gente está aqui para representar e para resistir, sabe?”, finaliza.

Por: Marcela De Mingo – Yahoo Vida e Estilo

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