Tag Archives: arte

Drag queen é questão de gênero?
   5 de novembro de 2022   │     14:00  │  0

Apesar de ligada à comunidade LGBTQ, a arte não tem nada a ver com gênero ou sexualidade.

Homens vestidos de mulher, com maquiagens exageradas, salto alto, linguagem própria. Drag queens são a exacerbação do lado feminino de homens que encontraram na arte uma forma de expressão e até de aceitação.

Mas frequentemente as queens causam dúvidas: é o mesmo que transgênero? Toda drag queen é homossexual?

 “As pessoas confundem muito drag com gênero, que não tem nada a ver”, diz Ikaro Kadoshi, drag queen há 17 anos. A cantora Gloria Groove é perguntada com frequência sobre o que é ser drag: “Chega todo tipo de reação. Tem gente que não entende: é uma mulher, um cara, uma travesti, uma transexual, uma drag queen? Eu ouço muito essa pergunta, ‘eu te chamo de ele, te chamo de ela’?”.

Gloria (o nome artístico de Daniel Garcia) é um homem que se identifica com seu gênero e é gay. O que significa que ele não tem problemas com o corpo em que nasceu e que sente atração por outros homens.

'Eu sinto que me montei para ser apresentável, assim como as cantoras que eu gosto se montam para serem apresentáveis', diz Gloria Groove — Foto: César Fonseca/Divulgação
‘Eu sinto que me montei para ser apresentável, assim como as cantoras que eu gosto se montam para serem apresentáveis’, diz Gloria Groove — Foto: César Fonseca/Divulgação

Já Pabllo Vittar (o nome artístico de Phabullo Rodrigues) é avesso aos rótulos, mas se considera genderfluid. Ou seja, se identifica tanto com o sexo masculino que nasceu, quanto com o sexo feminino. No seu dia a dia, Pabllo se expressa navegando pelos dois gêneros no que ele chama de “afeminado”, mas ele se sente atraído por homens.

“Sou homem, gay, gender fluid, drag, não gosto de me rotular. Nunca me considerei trans. Se não entendem, eu explico, não faço a louca não”, disse em entrevista à revista “Billboard”.

Lorelay Fox, drag youtuber e consultora do programa “Amor e Sexo”, explica: “Drag queen não é uma expressão de gênero. Quando a gente fala de expressão de gênero, a gente fala de uma coisa que vive no nosso dia a dia, as drags não vivem de drags no seu dia a dia. É um personagem e gênero não é personagem. Eu me monto assim para performances artísticas”.

Por isso, apesar de socialmente associada à comunidade gay, a arte drag não tem a ver com gênero ou sexualidade. Um homem hétero pode se montar para fins artísticos e mulheres, gays ou não, também. A vertente drag king é o oposto: geralmente mulheres vestidas de homens exagerando o lado masculino.

Lady Gaga brincou com isso quando apresentou ao mundo seu alter-ego masculino Jo Calderone em 2011.

Transgênero é a mesma coisa que drag queen?

Outra confusão comum envolvendo as drag queens é sobre ser transgênero. Como geralmente são homens vestido de mulher, há quem acredite que as queens são pessoas que não se identificam com seu gênero de nascimento e por isso sintam a necessidade de se vestir como o gênero oposto.

Porém, estar em drag é uma forma de expressão, uma forma de arte. A pessoa transgênero é alguém que não se identifica com o gênero atribuído no nascimento, como a personagem Ivana da novela “A força do querer”. Ivana, vivida pela atriz Carol Duarte, se identifica como homem e começa a recorrer a tratamentos médicos para se adequar a sua identidade de gênero, que é a percepção que a pessoa tem de si mesma.

Existem alguns casos de mulheres transgêneros que se descobriram depois de começar a se montar como drags. Carmem Carrera, uma das participantes do reality show RuPaul’s Drag Race, é exemplo disso. Só a “montação” de drag não resolvia seu conflito interno de ser uma mulher que não se identificava com o corpo de homem em que nasceu.

Travesti e transformista

No Brasil, existem ainda outras designações, como travesti e transformista. Este último já foi usado como sinônimo de drag queen, um homem que se vestia de mulher para fins artísticos. Apesar de um termo americano, drag queen passou a se diferenciar do transformista também pelo caráter social, identificando as queens como historicamente ligadas às questões LGBTQ.

Jo Fagner, professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e pesquisador sobre relações de gênero, culturas e políticas da sexualidade explica: “O nome transformista, por exemplo, surgiu no Brasil para diferenciar os atores que se vestiam de mulher apenas para trabalhos artísticos daquelas que assumiam a condição de mulher ’24 horas por dia’, que eram as travestis”.

O termo travesti representa uma questão de identidade de gênero. A travesti não se identifica com seu gênero de nascimento assim como a mulher trans, mas o termo traz implicações sociais.

“Nasceu com pênis e transita na transgeneridade. As travestis estão dentro do território do feminino, tem muitas coisas que são parecidas nesta identidade com a identidade da mulher trans. O que difere são apenas alguns pontos sociais, as diferenças estão ligadas a fatores de um imaginário social e até econômicos. Um é um termo médico, de certa forma mais asséptico, “limpo”, e outro termo mais marginalizado. A travesti não tem emprego porque não é aceita nos empregos formais, porque é expulsa de casa, é renegada, rejeitada pela sociedade”, explicou a rapper Linn da Quebrada no programa “Amor e Sexo”.

<img class="i-amphtml-blurry-placeholder" src="data:;base64,'As travestis estão dentro do território do feminino, tem muitas coisas que são parecidas nesta identidade com a identidade da mulher trans. O que difere são apenas alguns pontos sociais, as diferenças estão ligadas a fatores de um imaginário social e até econômicos.', diz MC Linn — Foto: Vivi Bacco/Divulgação
‘As travestis estão dentro do território do feminino, tem muitas coisas que são parecidas nesta identidade com a identidade da mulher trans. O que difere são apenas alguns pontos sociais, as diferenças estão ligadas a fatores de um imaginário social e até econômicos.’, diz MC Linn — Foto: Vivi Bacco/Divulgação

Tags:, , , , , , ,

Espetáculo Homens Pink traz relatos de gays idosos
   2 de maio de 2022   │     10:54  │  0

Casal de Idosos gay Ian McKellen e Derek Jacobi protagonistas da série Vicious (Foto: Divulgação) . O espetáculo é uma performance documental solo

Partindo de depoimentos de homens gays idosos e com uma obra que celebra o orgulho da ancestralidade LGBT+ Renato Turnes dirige, escreve e protagoniza Homens Pink. O solo, da Cia La Vaca (SC), estreiou na sexta-feira, 29 de abril, às 21h30, no Sesc Belenzinho.

Tags:, , , ,

Campanha “TODO MUNDO CHORA” marcará o mês setembro amarelo com foco na população LGBTQIA+
   8 de setembro de 2021   │     14:20  │  0

A iniciativa busca conscientizar sobre o perigo da pandemia de suicídios principalmente entre os jovens agravada com o isolamento social. Serão apresentados debates e um curta espetáculo estrelado pela drag queen performer Ruby Nox

O suicídio é uma questão que preocupa os profissionais de saúde mental no mundo. Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente o “Setembro Amarelo”. Nesta sexta-feira, dia 10 é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano. A web TV7BRASIL, no Youtube se sensibilizou e traz ao longo deste dia debates, curta espetáculo e durante o mês de setembro depoimentos de profissionais no seu Instagram – @tv7brasil.

O diretor da TV7BRASIL Marcone Felix criou a campanha “Todo Mundo Chora” e produziu um debate que será exibido sexta-feira (10), às 19h, mediado pela psicanalista Shyrley Araújo, coordenadora do Instituto Lótus de Psicanalise e a participação das psicólogas Maria do Céu, Presidente do Instituto Boa Vista, representante da Aliança Nacional LGBTQIA+ Pernambuco, Iris Maria, representante do Conselho Regional de Psicologia, além do psicanalista Bruno Filizola, Coordenador do Projeto Escutatória e o SOS Preces.

A conversa entre os profissionais gira em torno do constante crescimento nos índices de suicídio no Brasil.  A influência da era ‘pós-moderna’ nessa tomada de decisão. Também questões centrais das realidades da população LGBTQIA+, seus pontos de angústia específicos e outros temas curiosos discutidos em um debate cheio de informações.

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde somente em 2019, mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio o que representa uma pessoa a cada 100 mortes. Quando falamos de pessoas LGBTQIA+ o ato fica mais alarmante. As pesquisas apontam que jovens LGBTQIA+ pensam três vezes mais em suicídio que jovens CIS heterossexuais e tem cinco vezes mais chances de tentar de fato o suicídio. Os números são preocupantes, e refletem o stress crônico de se esconder e todo preconceito envolvido na sociedade.

Também outro dado   importante é que cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar é a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens.

CURTA ESPETÁCULO – Para levar a realidade às telas a TV7BRASIL ousou. O diretor Marcone Felix, foi mais longe e produziu o espetáculo “Todo Mundo Chora” de forte teor emocional, mas real. A personagem do ato cênico é estrelada pela drag queen performer Ruby Nox, que encarna uma jovem LGBTQIA+ em estágio depressivo e que tenta desistir da vida com citações da escritora Clarice Lispector.. Na primeira vez desiste. Na segunda sobe em um arranha-céu e dos seus 150 metros acima do mar encontra a libertação driblando os seus medos durante a dublagem da música tema da campanha “Everbody Hurts”, na voz da cantora australiana Tina Arena. A canção é triste e melancólica, porém reflexiva foi composta por Michael Stipe, da banda R.E.M, no início dos anos 90 em reação à epidemia de suicídios entre pessoas jovens.

“Me sinto honrada pelo convite e incorporar este personagem de forte dramatização. Me preparei psicologicamente para discutir o tema e levar o melhor da minha arte”, revela Ruby Nox, que figura no teatro de Pernambuco pela sua participação como Elis Regina, em 2021, no Teatro do Parque, no espetáculo “O Botequim de Elizeth Cardoso”, produção da AMOTRANS no projeto Janeiro de Grandes Espetáculos.

Outro destaque do curta espetáculo é o vestido amarelo usado por Ruby Nox e produzido em filó de armação com mangas bufantes, um corpete e uma calda de 5,5 metros. A estilista pernambucana Bethania Borges é quem assina o figurino. O curta espetáculo será exibido na sexta-feira (10), às 22h, no canal da TV7BRASIL, no Youtube. Emocionante…

A MARCA TODO MUNDO CHORA –  A marca na sua grafia há digitais anônimas quis remeter, de uma forma sutil, as vidas perdidas por este ato de tristeza que nos faz refletir.

O desenho do jovem é assinado por Joana Velozo, grandiosa ilustradora e designer pernambucana radicada desde 2017 em Barcelona, na Espanha. Para o seu processo de criação, a artista expressou em linhas um personagem envolto a uma atmosfera de desamparo, abandono e isolamento social.

Forte, mas de uma sutileza que toca o coração, que nos faça a ter uma leitura da vulnerabilidade de muitos. É uma obra de incentivo a humanidade para estender a mão e resgatar uma VIDA!

“Para este trabalho, além de ter como referência uma obra minha anterior, juntou-se o fato de que tenho uma tendência a simplificar, busco comunicar uma ideia ou sentimento da maneira mais direta e sem rodeios possível”, disse Joana Velozo.

Todo Mundo Chora tem o apoio do Conselho Regional de Psicologia; Instituto Lótus; Projeto Escutatória; SOS Preces; CVV; Rio Ave Corporate Center; Empresarial Charles Darwin; Espaço da Criança – A.R.H; Amotrans e Instituto Boa Vista.

.

Tags:, ,