Category Archives: Religião

Igreja Católica investiga uso de app de paquera gay por seminaristas
   30 de agosto de 2016   │     0:00  │  0

Jovens que estudavam para se tornar padres estariam inscritos no Grindr

Blogs e cartas anônimos divulgaram a existência de uma ‘cultura gay’ na Faculdade Saint Patrick, an Irlanda - REPRODUÇÃO/FACEBOOK

Blogs e cartas anônimos divulgaram a existência de uma ‘cultura gay’ na Faculdade Saint Patrick, an Irlanda – REPRODUÇÃO/FACEBOOK

A Igreja Católica da Irlanda vai abrir investigação para apurar o suposto uso do Grindr, aplicativo de paquera gay, entre jovens seminaristas do Seminário Nacional da Irlanda na Faculdade Saint Patrick, em Maynooth, no condado de Kildare, no leste do país. A decisão foi tomada nesta terça-feira, em encontro entre os curadores da instituição, que discutiu a alegação sobre a existência de uma “cultura gay” entre os futuros padres e da “atividade homossexual” no principal seminário do país.

 “A curadoria compartilha as preocupações sobre a atmosfera pouco saudável criada por acusações anônimas junto com comentários em redes sociais que podem ser especulativas ou até maliciosas”, disse o Seminário Nacional da Irlanda, em comunicado divulgado nesta quarta-feira.

Para conseguir informações sobre o caso, a curadoria vai revisar as atuais políticas e procedimentos para a coleta de queixas e reclamações, visando “adotar as melhores práticas” para proteger denunciantes, além de avaliar e revisar as políticas sobre o “uso apropriado da internet e das mídias sociais”.

No início do mês, blogs e cartas divulgados anonimamente em redes sociais relataram a existência de atividade homossexual e o uso do aplicativo Grindr entre seminaristas e funcionários da faculdade. Por causa da repercussão, o arcebispo Diarmuid Martin chegou a afirmar que não enviaria mais estudantes para a faculdade.

No comunicado divulgado nesta quarta-feira, a curadoria do Seminário Nacional não chega a citar o termo “homossexual”, mas deixa claro que “não existe lugar na comunidade seminarista para qualquer tipo de comportamento ou atitude que contradiga os ensinamentos e o exemplo de Jesus Cristo”.

Além da investigação, o seminário vai requerer à Conferência de Bispos a instalação de uma auditoria independente para a governança e estatutos dos seminários irlandeses, a criação de uma política nacional uniforme para a admissão de novos seminaristas e o planejamento para a introdução de um ano propedêutico para todos os candidatos a padre.

“Estabelecer um subcomitê para examinar as necessidades pastorais do treinamento de padres na Irlanda contemporânea, notando em particular a recente recomendação do Papa Francisco: ‘A presença de leigos, famílias e especialmente de mulheres na formação de padres promove a apreciação da diversidade e complementaridade das diferentes vocações na Igreja’”.

Fonte: O Globo

Tags:,

Igreja na Bahia defende publicamente o assassinato de gays
   21 de julho de 2016   │     15:21  │  0

Placa exposta na fachada da instituição diz que, “se um homem tiver relações com outro homem, os dois deverão ser mortos por causa desse ato nojento”.

Apesar da placa dizer textualmente que gays "deverão ser mortos", o responsável pela igreja, pastor Milton França, nega que a frase seja homofóbica

Apesar da placa dizer textualmente que gays “deverão ser mortos”, o responsável pela igreja, pastor Milton França, nega que a frase seja homofóbica

A Igreja Batista Bíblica Salem, de Porto Sauípe, litoral norte da Bahia, decidiu testar os limites da liberdade religiosa. A instituição prega, abertamente, que homossexuais sejam mortos. A declaração de guerra aos gays se dá por meio de uma placa afixada na fachada da instituição, de modo que todos os moradores e visitantes da região recebam o recado. A publicidade diz que “se um homem tiver relações com outro homem, os dois deverão ser mortos por causa desse ato nojento; eles serão responsáveis pela sua própria morte”. Uma outra placa, logo abaixo dessa, ameaça os homossexuais ou qualquer um que seja confundido como tal: “você é livre para fazer suas escolhas, mas não é livre para escolher as consequências”.

Apesar da placa dizer textualmente que gays “deverão ser mortos”, o responsável pela igreja, pastor Milton França, nega que a frase seja homofóbica ou que esteja defendendo a morte dos gays. “Não é a igreja que vai causar a morte dos gays, e sim seus pecados”, defende. De acordo com ele, a intenção da publicidade não é incentivar agressões aos homossexuais, mas sim demonstrar a insatisfação de Deus com a vida que estas pessoas “escolheram”. “A mídia incentiva o ‘homossexualismo’. A Globo incentiva em suas novelas e programas. É uma afronta ao todo poderoso. Então eu quero mostrar o outro lado dessa história, a opinião de Deus. Os gays não devem ser mortos, devem ser salvos, pois já estão mortos espiritualmente”, diz.

 Igreja pode ser processada

O presidente da Comissão de Diversidade Sexual da OAB Bahia, Filipe de Campos Garbelotto, tem uma opinião diferente. Para ele, a placa é uma afronta ao exercício da liberdade religiosa. “A placa está virada para a rua. Não é liberdade religiosa e sim incentivo à violência. Está pregando a violência contra os gays”, explica. Filipe complementa que quem se sentir prejudicado com a ofensiva do pastor pode prestar queixa em uma delegacia e entrar com uma ação na justiça contra o religioso e sua instituição. No caso da ação na justiça, é possível até mesmo pedir uma indenização.

Caso foi encaminhado ao Ministério Público

O assunto já chegou ao Centro de Apoio dos Direitos Humanos do Ministério Público da Bahia. A coordenadora do Centro, Márcia Teixeira, encaminhou a denúncia para o promotor criminal responsável pela região de Porto Sauípe, que vai analisar o caso e pode determinar a abertura de inquérito policial.

Tags:, , , , , ,

Papa Bento XVI diz que enfrentou lóbi gay no Vaticano
   12 de julho de 2016   │     0:00  │  0

Nas suas memórias, Joseph Ratzinger garante que enfrentou um lóbi gay no interior do Vaticano, que procurava influenciar e controlar as suas decisões. Recusa ter sido forçado a renunciar.

Bento XVI renunciou em 2013. Foi a primeira vez que aconteceu em seis séculos

Bento XVI renunciou em 2013. Foi a primeira vez que aconteceu em seis séculos

O papa emérito Bento 16 diz em seu livro de memórias que ninguém o pressionou para que renunciasse, mas alega que um lobby gay no Vaticano tentou influenciar suas decisões, segundo o jornal italiano Corriere della Sera, nesta sexta-feira (1º).

O livro “As Últimas Conversas” é o primeiro caso da história em que um pontífice julga seu próprio papado após seu término. Ele deve ser lançado no dia 9 de setembro.

Citando motivos de saúde, Bento 16 se tornou o primeiro papa em 600 anos a renunciar, em 2013. Ele prometeu se manter “escondido do mundo” e está morando em um ex-convento nos jardins do Vaticano.

O jornal Corriere della Sera, que adquiriu os direitos italianos para divulgar trechos do livro, ao qual teve acesso, publicou um longo artigo nesta sexta-feira resumindo seus temas principais.

Na publicação, Bento 16 diz que tomou conhecimento da existência de um “lobby gay” composto por quatro ou cinco pessoas que procuravam influenciar as decisões do Vaticano. A reportagem diz que Bento 16 afirmou ter conseguido “desfazer esse grupo poderoso”.

Bento 16 entregou o cargo após um papado turbulento que incluiu o caso dos chamados “Vatileaks”, no qual seu mordomo vazou algumas de suas cartas pessoais e outros documentos que alegavam corrupção e uma disputa de poder no Vaticano.

À época, a mídia italiana relatou que uma facção de prelados que queriam desacreditar Bento 16 e pressioná-lo a renunciar estava por trás dos vazamentos.

A igreja católica vem mantendo sua oposição secular a atos homossexuais, mas ativistas de direitos humanos vêm dizendo há tempos que muitos gays trabalham para o Vaticano. Fontes da igreja disseram suspeitar que alguns deles se uniram para apoiar suas respectivas carreiras e influir em decisões na burocracia da entidade.

Bento 16 sempre sustentou que escolheu partir de livre e espontânea vontade, e o Corriere diz que, no livro, o religioso alemão “volta a negar chantagem ou pressão”.

Ele afirma que só informou algumas poucas pessoas sobre sua decisão de renunciar, temendo que ela fosse vazada antes de seu anúncio surpreendente no dia 11 de fevereiro de 2013.

Cristãs lançam campanha para se referir a Deus como ‘Ela’
   3 de junho de 2015   │     0:00  │  0

Muito popular nas redes sociais, Kate Botley (entre noivos) já se refere a Deus como ‘Ela’ em pregações

Emma Percy, uma das líderes do movimento pela igualdade de gênero para Deus - Reprodução/Twitter(@emmapercy3)

Emma Percy, uma das líderes do movimento pela igualdade de gênero para Deus – Reprodução/Twitter(@emmapercy3)

Um grupo de cristãs lançou campanha para incentivar os fiéis a se referirem a Deus como “Ela”. Batizado de Watch e mais conhecido como Mulheres e a Igreja, o grupo afirma que usar apenas o “Ele” nos rituais e nas orações faz com que Deus seja mais parecido com homens, o que configura um caso de sexismo.

Uma das líderes do movimento é a pastora anglicana Emma Percy, responsável pela capela do Trinity College, em Oxford (Inglaterra). Ela disse ao “Sunday Times”: 

“Quando usamos apenas o masculino para Deus reforçamos a ideia de que Deus é como um homem. Assim, sugerimos que Deus é mais semelhante aos homens do que às mulheres”.

Outra pastora, Kate Bottley, já está retirando, quando possível, todas as referências a “Ele” e “Dele” durante a pregações, contou o “Metro”.

Homossexualidade e Candomblé
   15 de dezembro de 2014   │     11:01  │  0

Artigo

Por: Jocélio Teles dos Santos – Professor do Departamento de Antropologia/UFBA

Estudo antropológico acerca da abertura das religiões afro-brasileiras aos homossexuais

Candomblé_festaAs religiões afro-brasileiras, comparadas com outras grandes religiões – Judaísmo, Islamismo, Cristianismo – são, por excelência, as religiões mais tolerantes às orientações sexuais, em que os homossexuais tanto são respeitados como são lideranças religiosas. Mas por que o candomblé teria a característica de ser receptivo, sem preconceitos estabelecidos?

Para tentar responder a questão, situarei, inicialmente, o que os estudos nas ciências sociais pensaram sobre a homossexualidade no candomblé. O candomblé, como hoje conhecemos, a sua estrutura religiosa, os espaços para rituais privados ou públicos aos orixás, inkices e voduns, existe desde o início do século XIX. Esta afirmação repousa nos documentos históricos da famigerada repressão policial, assim como se revela nos depoimentos de pais e mães-de-santo dos terreiros fundados na segunda metade do século XIX.

E para nosso deleite, já havia, naquela época, registro da presença de homossexuais nos terreiros. Em 29 de outubro de 1870, o jornal O Alabama referia-se a um “affeminado” que dizia ir para a escola “com os bolsos cheios de pomada, pó de arroz, escovinha de dentes e espelho para se mirar ante a casa de curandeiros”. É provável que fosse uma casa ou um terreiro já que muitos pais e mães-de-santo eram qualificados como curandeiros e/ou feiticeiros. Segundo o jornal, o “affeminado”, por contar com a “proteção de bambu (uma bengala) do curandeiro R. S.”, não ia às sabatinas, não era chamado à lição e espera ser approvado”. O interessante é que essa notícia revela a inserção de homossexuais em espaços afro-religiosos na cidade soteropolitana.

Ainda no século XIX, escritores e cientistas já chamavam a atenção para a bissexualidade e a androginia na mitologia das religiões afro-brasileiras. O escritor Xavier Marques, no romance O feiticeiro, destaca a bissexualidade da divindade Obatalá e Nina Rodrigues registra a concepção andrógina dos nagôs presente no Brasil, por exemplo na indumentária dos rituais, pois usava-se saias para os orixás masculinos e femininos.

O curioso é que mesmo sendo Nina Rodrigues o cientista que apontava a bissexualidade de algumas divindades, não se encontra, na sua obra, nenhuma referência a homossexuais ou bissexuais de carne e osso nos candomblés baianos. O tabu nas ciências sociais começou a ser quebrado quando entrou em cena a antropóloga norte-americana Ruth Landes, que, entre 1938 e 1939, realizou pesquisas em Salvador. Ruth Landes tinha uma verdadeira obsessão. Era uma feminista e pensava que, pelo fato da maioria dos terreiros ser liderados por mulheres, Salvador seria “uma cidade de mulheres”, uma cidade com um poder feminino que não era visto em outros lugares do mundo. Além disso, os candomblés que ela visitou, e mais ressaltava, eram os candomblés de origem ketu, os considerados mais ortodoxos, mais “puros”. Os candomblés angola ou caboclos eram por ela desprezados e considerados deturpados por terem na sua maioria lideranças masculinas. E seriam esses, justamente, os considerados com predominância de lideranças homossexuais.

A reação às afirmações de Ruth Landes foram fortes. Um outro médico e discípulo de Nina Rodrigues, Artur Ramos, considerava pura fantasia as conclusões de Landes. Só que ele estava defendendo o candomblé, ao dizer que não havia homossexualismo ritual ou religioso entre os negros no Brasil. E que era uma coincidência alguns indivíduos homossexuais terem encargos religiosos. É algo individual, dizia, e não da religião. Como a presença de homossexuais não era, e nunca foi, exclusiva dos candomblés baianos, uma outra religião afro-brasileira, o xangô pernambucano, foi estudada por René Ribeiro nos anos 50. Para quem via patologia e algo “desviante” no comportamento dos homossexuais, as conclusões foram que as personalidades eram egocêntricas, narcisistas, introvertidas, com dificuldades no relacionamento com a imagem feminina.

Dos anos 70 aos 90, alguns estudos se apresentaram para entender a presença/relevância de homossexuais nos terreiros. Peter Fry chamou a atenção para a associação entre pessoas consideradas marginais na sociedade, a periferia e essas religiões mágicas. A homossexualidade feminina no xangô pernambucano foi argumentada, pela antropóloga Rita Segato, como um resultado do processo da escravidão que rompeu com a instituição da família. Patrícia Birman, ao estudar terreiros de umbanda e candomblés cariocas, investigou a vinculação da possessão masculina com a homossexualidade para argumentar sobre a criação de gêneros masculino e feminino nesses espaços religiosos.

Fazendo um balanço da produção teórica nas ciências sociais, gostaria de apresentar os seguintes argumentos sobre o homossexualismo no candomblé: 1) Ao contrário do que Ruth Landes afirmava, a presença de homossexuais se verifica tanto em terreiros ketu quanto nos de tradição angola, caboclo, gêge; 2) Contrariamente ao que Ruht Landes e Lorand Matory, pesquisador norte-americano, pensavam, o homossexualismo não se manifesta exclusivamente em lideranças masculinas; 3) O candomblé não inventou o homossexualismo no Brasil. O homossexualismo, como demonstra Luiz Mott, é anterior à existência dos candomblés; 4) O que o candomblé fez, foi criar modos e formas de o desejo homossexual manifestar-se, realizar-se e existir, pois a mitologia cria essas possibilidades; 5) Se os terreiros absorvem homossexuais, significa dizer, também, que os homossexuais visualizam os candomblés como espaços de poder, que lhes possibilita ser reconhecidos socialmente, terem possibilidades de vir a ser líder de uma comunidade, terem proximidades e relações com personalidades do poder público, ou de recrutarem como ogãs ou ekédis antropólogos, médicos, advogados, artistas, psicólogos. Enfim, como todo espaço do mundo social, os terreiros, mesmo nas suas especificidades religiosas, são organizações feitas por humanos e aspiradas, das mais variadas formas, por desejos, gélidos ou cálidos, mas humanos.