Category Archives: Minha História

Paixões e amores proibidos, adrenalina e segredos: o drama de viver casamentos de fachada com mulheres
   10 de junho de 2022   │     14:27  │  0

Paixão, segredo, cumplicidade: alguns gostam de sentir a adrenalina do amor proibido e a liberdade de viver uma história longe do convencional

Décadas atrás, quando os gays da Grã-Bretanha e de outros países ocidentais tinham de enfrentar o ostracismo e viviam sob a ameaça de serem processados, muitos optaram por se casar e esconder sua sexualidade.

Mas mesmo agora, com uma aceitação crescente, alguns continuam optando pelo mesmo caminho.

Nick, que está na casa dos 50 anos, é casado com sua esposa há 30 anos. Ele é gay.

Ele acha que sua mulher suspeitava há muitos anos de sua sexualidade, mas conta que tudo veio à tona quando ele teve um relacionamento com outro homem.

“Ela (esposa) perguntou se eu queria deixá-la, mas eu não queria. Acima de tudo, ela é minha melhor amiga. Então decidimos que continuaríamos juntos como melhores amigos”, diz.

Nick não é seu nome real – muitos amigos e parentes do casal não sabem que ele é gay e ele prefere se manter anônimo para proteger sua esposa.

Ele conta que, desde o começo, o casamento não era completo, com muitas dúvidas sobre se eles haviam feito a coisa certa. Ele sempre teve dúvidas sobre sua orientação sexual, e isso se agravou com o tempo.

Como muitos outros homens nessa situação, Nick se viu vivendo uma vida dupla. Na superfície, ele era um homem em um casamento feliz. Mas ele também tinha o hábito de ver pornografia gay. E conta que há seis anos, acabou se relacionando com um amigo gay quando ambos ficaram bêbados.

Nick conta que sua esposa ficou irritada e desapontada quando ela descobriu, e que, àquela altura, ele não tinha mais como negar que era gay.

“Senti que era a oportunidade ideal para ser honesto e contar para ela sobre algo que ela já suspeitava. Então, concordamos que eu se eu não fizesse mais isso, não tocaríamos no assunto – e quando voltasse a acontecer, iríamos falar sobre isso.”

Nick admite que seria melhor para sua esposa se ele tivesse admitido antes que era gay. Ela lhe disse que estava desapontada porque ele não havia confiado nela.

“Eu ainda me sinto totalmente grato a ela todos os dias por ela ser tão tolerante”, conta.

O casal optou por permanecer junto não por conta das crianças, já que eles não têm filhos, mas, sim, pelos sentimentos que nutrem um pelo outro.

“Está tudo bem com a minha esposa. Tanto que ainda amamos um ao outro e ainda estamos juntos. Mas as coisas poderiam ter sido bem diferentes.”

Apesar de o casal continuar junto, eles agora dormem em quartos separados.

Nick prometeu à mulher que ele não vai mais ter relações sexuais com outros homens – ele diz que deve isso a ela.

Mas será que ele consegue manter sua promessa. “Espero que sim. Essa é minha intenção. Sinto como se não tivesse tido uma opção no passado, como se algo tivesse sido imposto a mim. Agora estou tomando a decisão que me parece acertada, que é manter o celibato.”

Grupo de apoio

Nick participa de um grupo de apoio chamado Gay Married Men (Homens gays casados), que tem sede na cidade britânica de Manchester e foi fundado há 10 anos. Vários homens viajam de outras partes do país para participar das reuniões.

O fundador do grupo, que prefere ser chamado apenas de John, conta que os homens são, em sua maioria, mais velhos, sendo que muitos casaram nos anos 70 e 80, quando a sociedade era mais hostil aos gays.

Mas por que então eles se casaram?

Nick conta que muitos dos participantes participam do grupo justamente para tentarem se entender.

Andy, de 56 anos, dá seu depoimento: “Alguns achavam que estavam apenas passando por uma fase e que logo encontraria uma mulher que o transformaria em uma homem de verdade, como muita gente dizia.”

John, um professor de Manchester que foi casado por sete anos, diz que ele demorou para perceber que era gay. Ele sabia que sua sexualidade era ambígua, mas ele não tinha nem vocabulário para defini-la.

“Eu não sabia como era um homem gay. Na verdade, eu sabia que os gays era afeminados. E eu não me sentia assim. Logo, eu não poderia ser gay, não é?”

‘Não existimos no mundo gay porque somos casados’

Os membros do grupo estão em diferentes estágios. Alguns apenas suspeitam que sejam gays, enquanto outros vivem ou viveram com suas esposas, sendo que algumas delas já se casaram com outros homens.

John agora é casado com um homem que é seu parceiro há 23 anos. Andy está se divorciando de sua mulher após 30 anos de casamento e quatro filhos.

“Eu ainda a amo. Nós somos muitos próximos. Somos melhores amigos – o que pode soar estranho para alguns, mas temos quatro filhos juntos…”

Mas muitos outros continuam casados seja por conta da expectativa de amigos e parentes ou porque eles têm filhos e não querem que a família se separe.

Jonh diz que muitos homens se veem desesperados e sem nenhum apoio – muitos sofrem de depressão severa.

“Já vimos muitos caírem no choro porque eles estavam decepcionados e agora estão aliviados por terem descoberto que há outros homens na mesma situação. Porque isso é parte do problema, nós somos um mito, não existimos”, conta John.

“Não existimos no mundo gay. Estamos no limite do mundo gay porque somos casados. E não existimos também no mundo hétero. Então, somos invisíveis.”

Os membros do grupo dizem que não julgam pessoas como Nick e que a mensagem principal é a de que esses homens não precisam passar por isso sozinhos.

“Há pessoas que estão conseguindo lidar com sua sexualidade e sua família. Eles ainda se relacionam com os filhos, não foram cortados do relacionamento familiar”, conta Nick.

“Eu, definitivamente, estou mais feliz agora – ser honesto com a minha mulher me tirou um peso das costas.”

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Guarda municipal transexual lança livro onde conta a luta pela vida desde a infância
   22 de dezembro de 2014   │     12:00  │  0

Jô sempre se sentiu feliz na Guarda: “É a base das minhas vitórias) Foto: Guilherme Pinto

Jô sempre se sentiu feliz na Guarda: “É a base das minhas vitórias) Foto: Guilherme Pinto

Ele sobreviveu ao abandono da família, ao sofrimento nas ruas, à internação na Febem, a um estupro e toda uma série de violências físicas e morais. E, hoje, se dedica a cuidar da cidade, cenário de todos os tormentos do passado. Transexual, Jô Lessa integra desde 1997 o corpo da Guarda Municipal do Rio. E agora conta sua história no recém-lançado livro “Eu trans. A alça da bolsa. Relatos de um transexual”.

Na infância, o guarda conta que jamais se sentiu uma menina. Não entendia sua sexualidade. Não se via como lésbica nem como homem, nem mulher. Foi a história de João W. Nery, descrita no livro “Viagem solitária”, que o despertou. Era transexual.Eu sou corno de mim mesmo. O último a saber o que eu era fui eu. João fez com que eu me reconhecesse. Meu livro já cumpriu seu papel só de ficar pronto. Foi libertador — conta Jô.

Aos 47 anos, o guarda atua na equipe do “Lixo Zero” e se sente realizado na carreira. Em 2013, oficializou sua união com a artesã Bombom Lessa. Em paz com a vida, seu objetivo hoje é lutar para impedir que outros jovens sofram como ele no passado.

 Ter sido expulso de casa com 12 anos foi muito forte. O propósito do livro também é ensinar o que não fazer com seus filhos. Você não pode botar rótulo, e, por culpa, por medo de ter “errado” na criação deles, jogar o filho na rua, onde tem tudo que não presta — conta Jô, que jura não guardar mágoa:

 Eu perdoo e até sou grato. O que me construiu foi minha história.

Jô nunca teve dúvidas sobre a carreira que seguiria. Já se imaginava “suando na rua, dentro do uniforme”, quando fez a prova. Foi quinto lugar no concurso. Então, um guarda “feminino”.

 Sou feliz. A Guarda é a base de tudo que conquistei. Nunca tive dúvida, eu não “estou guarda”. Eu sou guarda. No uniforme, não tenho que disfarçar, me dá segurança — conta Jô, que só sonha agora se submeter a uma mamoplastia masculinizadora (retirada das mamas) para poder “andar sem camisa” à vontade.

 É meu sonho. Mas não quero tomar hormônio, falar grosso, ter barba não. Eu me gosto assim. Eu me sinto bem como sou — diz o guarda, que já deu conselhos a um colega atordoado pela homossexualidade da filha:

As pessoas não sabem como lidar. Estão perdidas. Antes de pai e mãe, tem que ser amigo, acolher, ouvir. Eu bati no fundo do poço e voltei. Mas muitos ficam.

 

Robson vs Paty Maionese, a drag queen queridinha da nata alagoana
   8 de abril de 2014   │     19:10  │  0

Ator Robson Barros / Personagem Paty Maionese

 

Ele saiu do município de São Miguel dos Campos, distante 60 quilômetros de Maceió, na tentativa de realizar um sonho: fazer teatro. Entretanto, Robson Barros deixou a fantasia de lado para traçar o próprio destino. Criou a personagem Paty Maionese e se transformou na maior referência drag queen em Alagoas.

“No princípio, vim do interior para estudar teatro, mas eu tive que adiar essa vontade diante da dificuldade em viver dessa arte em Alagoas. Então, eu fui obrigado a procurar alguma coisa pra me profissionalizar e que me oferecesse algum sustento. Com isso, surgiu uma oportunidade de trabalhar com carteira assinada numa empresa de eventos. Fui. Um belo dia, uma amiga me chamou para animar um chá de bebê. Coloquei uma peruca, um salto, uma roupa. De lá, começaram a surgir vários convites. Percebi, com isso, que havia grande necessidade no mercado e decidi aproveitar minha teatralidade assumindo o personagem profissionalmente. No início, tive que abandonar o emprego formal porque estava muito difícil conciliar a agenda, mas como sou uma pessoa inquieta, voltei a trabalhar em uma empresa com carteira assinada”, conta.

Distante dos cílios, do blush e do batom, Robson Barros revela que o maior preconceito emerge do próprio mundo GLS. Ele disse que sua mãe e seus irmãos, no começo, estranharam muito, mas que hoje dão até palpites nos figurinos e que a Paty Maionese se tornou no maior orgulho da família.

“Quando fazemos algo com amor, com dignidade, ganhamos o respeito das pessoas. Nunca percebi nenhum tipo de preconceito nas festas que frequento, é mais fácil encontrar reações adversas entre os gays”, revela.

Barros, assim como seu amigo Pellegrine, usa o dinheiro que recebe como Paty Maionese para pagar sua aposentadoria. “Procuro sempre dividir o dinheiro. O que ganho como Robson fica comigo, já o que ganho como Paty, parte vai para investimentos para ela. Sem dúvida, ganho mais com minha personagem. Uma das primeiras coisas que fiz quando comecei a ganhar dinheiro foi tirar meu nome do SPC e hoje já vivo tranquilo”, diverte-se.

Teatro  

Entre os mais variados espetáculos que tiveram a criação de Robson Barros, seu maior sucesso no teatro, sem sobra de duvida foi” Encontro de Verão com Paty Maionese”, estreado ano passado, no mês de fevereiro, e tem um  formato Talk show, onde Paty recebeu no palco humoristas alagoanos. A turnê passou por varias cidades polo do estado de Alagoas, além da grande capital maceioense. Uma mega produção, com a participação de vários artistas renomados de nosso estado, e um texto artístico para lá de engraçado e bem escrito. O sucesso do espetáculo foi tão grande, ao ponto de ser preciso fechar os portões do teatro Deodoro, para evitar superlotação de um dos maiores espaços teatrais de Alagoas “Deodoro”.

Mas os Patyfanáticos podem ficar tranquilos, pós a segunda temporada do  ” Encontro de Verão com Paty Maionese”, já esta de volta, e estreará em breve, passando por todas as cidades polo de nosso estado “São Miguel dos Campos, Maragogi, Penedo, Marechal Deodoro e Maceió”.

Robson vs Paty Maionese, a drag queen queridinha da nata alagoana
     │     19:10  │  0

Ator Robson Barros / Personagem Paty Maionese

 

Ele saiu do município de São Miguel dos Campos, distante 60 quilômetros de Maceió, na tentativa de realizar um sonho: fazer teatro. Entretanto, Robson Barros deixou a fantasia de lado para traçar o próprio destino. Criou a personagem Paty Maionese e se transformou na maior referência drag queen em Alagoas.

“No princípio, vim do interior para estudar teatro, mas eu tive que adiar essa vontade diante da dificuldade em viver dessa arte em Alagoas. Então, eu fui obrigado a procurar alguma coisa pra me profissionalizar e que me oferecesse algum sustento. Com isso, surgiu uma oportunidade de trabalhar com carteira assinada numa empresa de eventos. Fui. Um belo dia, uma amiga me chamou para animar um chá de bebê. Coloquei uma peruca, um salto, uma roupa. De lá, começaram a surgir vários convites. Percebi, com isso, que havia grande necessidade no mercado e decidi aproveitar minha teatralidade assumindo o personagem profissionalmente. No início, tive que abandonar o emprego formal porque estava muito difícil conciliar a agenda, mas como sou uma pessoa inquieta, voltei a trabalhar em uma empresa com carteira assinada”, conta.

Distante dos cílios, do blush e do batom, Robson Barros revela que o maior preconceito emerge do próprio mundo GLS. Ele disse que sua mãe e seus irmãos, no começo, estranharam muito, mas que hoje dão até palpites nos figurinos e que a Paty Maionese se tornou no maior orgulho da família.

“Quando fazemos algo com amor, com dignidade, ganhamos o respeito das pessoas. Nunca percebi nenhum tipo de preconceito nas festas que frequento, é mais fácil encontrar reações adversas entre os gays”, revela.

Barros, assim como seu amigo Pellegrine, usa o dinheiro que recebe como Paty Maionese para pagar sua aposentadoria. “Procuro sempre dividir o dinheiro. O que ganho como Robson fica comigo, já o que ganho como Paty, parte vai para investimentos para ela. Sem dúvida, ganho mais com minha personagem. Uma das primeiras coisas que fiz quando comecei a ganhar dinheiro foi tirar meu nome do SPC e hoje já vivo tranquilo”, diverte-se.

Teatro  

Entre os mais variados espetáculos que tiveram a criação de Robson Barros, seu maior sucesso no teatro, sem sobra de duvida foi” Encontro de Verão com Paty Maionese”, estreado ano passado, no mês de fevereiro, e tem um  formato Talk show, onde Paty recebeu no palco humoristas alagoanos. A turnê passou por varias cidades polo do estado de Alagoas, além da grande capital maceioense. Uma mega produção, com a participação de vários artistas renomados de nosso estado, e um texto artístico para lá de engraçado e bem escrito. O sucesso do espetáculo foi tão grande, ao ponto de ser preciso fechar os portões do teatro Deodoro, para evitar superlotação de um dos maiores espaços teatrais de Alagoas “Deodoro”.

Mas os Patyfanáticos podem ficar tranquilos, pós a segunda temporada do  ” Encontro de Verão com Paty Maionese”, já esta de volta, e estreará em breve, passando por todas as cidades polo de nosso estado “São Miguel dos Campos, Maragogi, Penedo, Marechal Deodoro e Maceió”.