Monthly Archives: março 2021

Fiquei 24 horas na sauna gay, experiência que a pandemia fez impossível
   24 de março de 2021   │     10:15  │  0

Por: Márcio Sampaio

Vida ficou mais fácil com os aplicativos de pegação, mas perdeu um pouco a graça de novas descobertas

São indiscutíveis a facilidade e a liberdade que as gays têm hoje com os aplicativos de pegação, mas digo que perderam, e muito, a fase da descoberta de uma boa sauna —esse ambiente que batizou gerações e que hoje, com a pandemia, enfrenta uma decadência ainda mais acelerada.

No auge dessas casas em São Paulo, mesmo já sendo uma gay sambada, eu tinha aquele medo de bicha do interior de não sair vivo dali. Vivo eu até saí, mas isso demorou um dia para acontecer —sim, fiquei 24 horas numa sauna gay.

Eu sempre começava a noite na rua Augusta, revezando entre um drinque no Ecléticos e uma ferveção na menor pista da cidade, no Bar do Netão. Mas o rolê nunca terminava sem dar uma passadinha n‘A Lôca , que reunia as mais bafônicas da noite. Lá se podia fazer quase de tudo —tinha o famoso dark room onde todos terminavam na pegação depois de vários Toddynhos, bebida com vodca e chocolate.chocolate.

Pintura ‘Tok Stok’, obra do artista Daniel Lannes, de 2021 – Bruno Leão/Reprodução

Mas aquilo era o fim da balada, e não da caça ao boy definitivo. Já eram quase 7h da manhã quando, numa quarta-feira, passei em frente a uma sauna no caminho para casa.

Fumando um cigarro do outro lado da rua, o porteiro gritou para que eu entrasse. Como era dia de jogo, o lugar estava cheio —reza a lenda que é o dia frequentado pelos héteros casados. Resolvi entrar.

Na entrada, onde recebi a chave do armário para guardar as minhas roupas, um kit de toalhas e duas camisinhas, o recepcionista me avisou que, devido à lotação, a menor opção de chinelo era tamanho 43. Sem possibilidade de calçar o meu tradicional 38, tive de encarar um par gigantesco de Havaianas verde-limão.

Já dentro do fervo, após passar por uma placa que anunciava que o banheiro era o único lugar onde era proibido fazer sexo, caminhei para a piscina e dei de cara com boys se pegando. Meu olho foi direto para uma bichinha sarada porém pequena —eu sabia que ela estaria com o chinelo do meu tamanho e eu não queria desfilar com um pé de pato.

No momento em que a bonita deu um mergulho, disfarcei e troquei o meu gigante par pelo dela e corri para o bar para recomeçar a caça.

Comecei a minha aventura procurando o espaço físico da tal sauna propriamente dita. Quando finalmente encontrei, percebi que ela não era o principal ambiente do lugar. Quem fica no vapor quente sendo que o local era uma grande balada com homens pelados? Mesmo assim resolvi dar aquela espiada. Completamente cego no meio da fumaça, acabei sentando sem querer em cima de um cara que estava deitado ali. Assustado com o grito dele e com medo de ser agredido, saí correndo sem olhar para trás e voltei para o bar.

Eu já tinha passado muitas horas, não tinha mais noção de quanto tempo estava ali, quando dei uma cochilada e acabei dormindo por horas.

Acordei e não tinha mais noção de onde estava. Ao me virar para o lado, dei de cara com um boy que se apresentou com o apelido de Salsicha.

Naquela hora percebi que deveria ir para casa. Na saída, dei de cara com uma mulher que gritava “Jean Marcelo, sai daí, desgraçado”. “Eu só quero que você assine a porra deste divórcio. Depois você pode dar para quem quiser.”

Apavorado e debaixo daquele sol forte da manhã, parecia que o tempo havia parado desde que eu tinha entrado na sauna, mas não. Eu acabei passando 24 horas ali dentro.

Fui para casa ainda muito tonto e dormi de novo. Quando acordei, ainda antes de abrir os olhos, rezei apenas para que não tivesse levado ninguém para casa e prometi que nunca mais iria àquele lugar. Percebi que haviam ouvido minhas preces, já que eu estava sozinho na minha cama. Mas não completamente.

Quando fui até a cozinha para tomar 800 litros de água, dei de cara com um frango cru de padaria cercado de batatas numa embalagem plástica em cima da mesa.

Sem ter a menor ideia de como aquilo foi parar ali, até porque na época eu não tinha forno, comecei a procurar pistas e dei de cara com uma evidência ali perto —o chinelo 38 que eu havia roubado. Sim, esqueci meu sapato na sauna, então me senti “obrigado” a voltar lá atrás dele.

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O que é uma pessoa cisgênero?
   23 de março de 2021   │     10:30  │  0

Nunca se ouviu falar tanto em gênero. Do fim das distinções binárias homem-mulher às transformações comportamentais e de relacionamentos, o termo tem motivado polêmicas e debates. A transgeneridade é um dos temas que estiveram em alta em 2019, com destaque em novela, filmes e séries. O interesse pelo tema foi tanto que alavancou também outro conceito em expansão: a cisgeneridade. Mas o que define uma pessoa cisgênero?

O termo cisgeneridade indica uma pessoa que tem anatomia, sexo e biologia alinhados com o gênero ao qual se identifica, explica o psiquiatra Alexandre Saadeh, coordenador do ambulatório transdisciplinar de identidade de gênero e orientação sexual do Instituto de Psiquiatria do HC (Hospital das Clínicas) de São Paulo.

“A identidade de gênero é completamente subjetiva e começa a se manifestar por volta dos três ou quatro anos de idade. É a noção que cada um de nós tem de ser homem, ser mulher ou ser transgênero”, afirma o médico.

Segundo ele, cisgeneridade tem a ver com essa compatibilidade entre o sexo biológico e sua identificação como pessoa. Nasci macho, me sinto homem, ou nasci fêmea, me reconheço como mulher. O oposto do que ocorre com a pessoa transgênero (transexual ou travesti), que se identifica com o gênero oposto.

Cisgênero e hétero são a mesma coisa?

Nas atuais discussões sobre gênero e sexualidade pipocam conceitos, teorias, interpretações diversas e, sobretudo, divergências e dúvidas. No meio desse vespeiro, é um desafio cada vez maior não errar ou não se confundir ao falar sobre tantos termos, nomenclaturas e siglas.

Uma confusão comum é pensar que cisgeneridade e heterosexualidade são a mesma coisa. Não são. Conforme observa o psiquiatra Saadeh, se identificar como uma pessoa cisgênero não implica necessariamente ser hétero.

Ou seja, uma pessoa cisgênero pode ser gay, bi, pan, assexual ou hétero. “Orientação sexual não tem relação com identidade de gênero. Elas se desenvolvem em paralelo, são conceitos distintos”, ressalta o médico. Por exemplo: um homem pode ter nascido com os órgãos sexuais masculinos, se identificar como homem, mas ter desejo sexual por outro homem, num perfil cisgênero homossexual.

As pessoas cisgênero representam 99% da população mundial, segundo dados da Associação Psiquiátrica Americana. O termo vem da química orgânica, onde está relacionado com a posição dos átomos, cis (padrão), trans (o que muda). As palavras têm origem no latim, cis em português é “da parte de cá” e trans “em frente de”.

Na avaliação do especialista, a exposição maior de pessoas trans na mídia popularizou o debate sobre gênero e trouxe para as rodas de conversa também a cisgeneridade. Mais pessoas atualmente estão interessadas em entender o que está em discussão. E, na opinião do médico, isso é bom, porque pode ajudar a desfazer preconceitos.

“Na realidade, os termos cis e trans não opõem orientação e identidade de gênero, simplesmente separam em conceitos, as pessoas é que vivem essa oposição”, observa Saadeh. Para ele, o desenvolvimento da ciência vem quebrando paradigmas e derrubando velhas verdades absolutas. Ele cita como exemplo o papel da anatomia, que não é mais vista como determinante. “As pessoas hoje estão querendo romper com essas caixinhas definidoras.”

Futuro unissex?

Há lugares onde a igualdade entre masculino e feminino já é uma realidade. Suécia, Finlândia e Noruega adotaram o pronome pessoal neutro “hem”. Seria o fim do gênero?, questiona a psicanalista e blogueira de Universa Regina Navarro em seu livro “Novas Formas de Amar” (editora Planeta). “Um futuro unissex pode e deve ser apoiado pela linguagem, porém o mais importante é o conteúdo transmitido”, defende a autora.

“Falar de um modo neutro altera positivamente a mensagem para aqueles (principalmente as crianças) que não devem temer as diferenças étnicas, sociais e culturais”, escreve Navarro.

Há por exemplo quem critique o binário “cisgênero-transgênero” porque agrupa lésbicas, gays ou bissexuais em oposição às pessoas transexuais. Para o psiquiatra Alexandre Saadeh, “os termos ainda são necessários e devem ser usados”. Mas recomenda cuidado com a banalização das nomenclaturas, porque, segundo ele, isso pode levar a uma simplificação exagerada.

Por: Carlos Minuano

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Drag queen é questão de gênero ?
   22 de março de 2021   │     19:25  │  0

Apesar de ligada à comunidade LGBTQ, a arte não tem nada a ver com gênero ou sexualidade.

Homens vestidos de mulher, com maquiagens exageradas, salto alto, linguagem própria. Drag queens são a exacerbação do lado feminino de homens que encontraram na arte uma forma de expressão e até de aceitação.

Mas frequentemente as queens causam dúvidas: é o mesmo que transgênero? Toda drag queen é homossexual?

 — Foto: Editoria de Arte/G1

“As pessoas confundem muito drag com gênero, que não tem nada a ver”, diz Ikaro Kadoshi, drag queen há 17 anos. A cantora Gloria Groove é perguntada com frequência sobre o que é ser drag: “Chega todo tipo de reação. Tem gente que não entende: é uma mulher, um cara, uma travesti, uma transexual, uma drag queen? Eu ouço muito essa pergunta, ‘eu te chamo de ele, te chamo de ela’?”.

Gloria (o nome artístico de Daniel Garcia) é um homem que se identifica com seu gênero e é gay. O que significa que ele não tem problemas com o corpo em que nasceu e que sente atração por outros homens.

<img class=”i-amphtml-blurry-placeholder” src=”data:;base64,'Eu sinto que me montei para ser apresentável, assim como as cantoras que eu gosto se montam para serem apresentáveis', diz Gloria Groove — Foto: César Fonseca/Divulgação
‘Eu sinto que me montei para ser apresentável, assim como as cantoras que eu gosto se montam para serem apresentáveis’, diz Gloria Groove — Foto: César Fonseca/Divulgação

Já Pabllo Vittar (o nome artístico de Phabullo Rodrigues) é avesso aos rótulos, mas se considera genderfluid. Ou seja, se identifica tanto com o sexo masculino que nasceu, quanto com o sexo feminino. No seu dia a dia, Pabllo se expressa navegando pelos dois gêneros no que ele chama de “afeminado”, mas ele se sente atraído por homens.

“Sou homem, gay, gender fluid, drag, não gosto de me rotular. Nunca me considerei trans. Se não entendem, eu explico, não faço a louca não”, disse em entrevista à revista “Billboard”.

Lorelay Fox, drag youtuber e consultora do programa “Amor e Sexo”, explica: “Drag queen não é uma expressão de gênero. Quando a gente fala de expressão de gênero, a gente fala de uma coisa que vive no nosso dia a dia, as drags não vivem de drags no seu dia a dia. É um personagem e gênero não é personagem. Eu me monto assim para performances artísticas”.

Por isso, apesar de socialmente associada à comunidade gay, a arte drag não tem a ver com gênero ou sexualidade. Um homem hétero pode se montar para fins artísticos e mulheres, gays ou não, também. A vertente drag king é o oposto: geralmente mulheres vestidas de homens exagerando o lado masculino.

Lady Gaga brincou com isso quando apresentou ao mundo seu alter-ego masculino Jo Calderone em 2011.

Transgênero é a mesma coisa que drag queen?

Outra confusão comum envolvendo as drag queens é sobre ser transgênero. Como geralmente são homens vestido de mulher, há quem acredite que as queens são pessoas que não se identificam com seu gênero de nascimento e por isso sintam a necessidade de se vestir como o gênero oposto.

Porém, estar em drag é uma forma de expressão, uma forma de arte. A pessoa transgênero é alguém que não se identifica com o gênero atribuído no nascimento, como a personagem Ivana da novela “A força do querer”. Ivana, vivida pela atriz Carol Duarte, se identifica como homem e começa a recorrer a tratamentos médicos para se adequar a sua identidade de gênero, que é a percepção que a pessoa tem de si mesma.

Existem alguns casos de mulheres transgêneros que se descobriram depois de começar a se montar como drags. Carmem Carrera, uma das participantes do reality show RuPaul’s Drag Race, é exemplo disso. Só a “montação” de drag não resolvia seu conflito interno de ser uma mulher que não se identificava com o corpo de homem em que nasceu.

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Carmen Carrera: descobriu como drag queen que era uma mulher trans — Foto: Instagram

Travesti e transformista

No Brasil, existem ainda outras designações, como travesti e transformista. Este último já foi usado como sinônimo de drag queen, um homem que se vestia de mulher para fins artísticos. Apesar de um termo americano, drag queen passou a se diferenciar do transformista também pelo caráter social, identificando as queens como historicamente ligadas às questões LGBTQ.

Jo Fagner, professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e pesquisador sobre relações de gênero, culturas e políticas da sexualidade explica: “O nome transformista, por exemplo, surgiu no Brasil para diferenciar os atores que se vestiam de mulher apenas para trabalhos artísticos daquelas que assumiam a condição de mulher ’24 horas por dia’, que eram as travestis”.

O termo travesti representa uma questão de identidade de gênero. A travesti não se identifica com seu gênero de nascimento assim como a mulher trans, mas o termo traz implicações sociais.

“Nasceu com pênis e transita na transgeneridade. As travestis estão dentro do território do feminino, tem muitas coisas que são parecidas nesta identidade com a identidade da mulher trans. O que difere são apenas alguns pontos sociais, as diferenças estão ligadas a fatores de um imaginário social e até econômicos. Um é um termo médico, de certa forma mais asséptico, “limpo”, e outro termo mais marginalizado. A travesti não tem emprego porque não é aceita nos empregos formais, porque é expulsa de casa, é renegada, rejeitada pela sociedade”, explicou a rapper Linn da Quebrada no programa “Amor e Sexo”.

'As travestis estão dentro do território do feminino, tem muitas coisas que são parecidas nesta identidade com a identidade da mulher trans. O que difere são apenas alguns pontos sociais, as diferenças estão ligadas a fatores de um imaginário social e até econômicos.', diz MC Linn — Foto: Vivi Bacco/Divulgação
‘As travestis estão dentro do território do feminino, tem muitas coisas que são parecidas nesta identidade com a identidade da mulher trans. O que difere são apenas alguns pontos sociais, as diferenças estão ligadas a fatores de um imaginário social e até econômicos.’, diz MC Linn 

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Sexo anal, o último tabu do homem hétero
   20 de março de 2021   │     18:46  │  0

O que você, mulher, pensaria se o seu parceiro explicitasse o desejo de ser penetrado no ânus durante a relação sexual? E você, homem, gostaria de ter ou já teve essa experiência ou nem pode ouvir falar no assunto? Antes de dar a resposta, saiba alguns detalhes sobre essa prática. E o primeiro deles é que essa região do corpo é igual em homens e mulheres e ambos podem ter prazer a partir de estímulos nessa parte do corpo.

Não cabe dúvida de que o ânus é uma zona erógena com uma enorme carga simbólica, cultural e social. Durante muito tempo foi o anticoncepcional mais seguro e a única maneira que as mulheres tinham de chegar virgens ao casamento, embora não inexperientes. Talvez por isso, entregar o traseiro era sinônimo de lascívia e entranhava também um grau importante de submissão.

Na Grécia e Roma antigas, como conta Valérie Tasso em um artigo a respeito, “não existia nenhum impedimento pelo qual essa zona não pudesse ser utilizada por um homem para o prazer, independentemente de que fosse o ânus de uma mulher ou o de outro homem. Só havia uma regra de ouro que nenhum homem que se prezasse podia violar: devia ser sempre o agente ativo, e nunca um mero sujeito passivo (isso era coisa de mulheres, escravos ou efebos).

Há alguns anos, começou a falar-se do bud sex (bud nesse contexto significa colega ou amigo). Homens héteros que mantêm relações homossexuais, mas que não se consideram gays. Além disso, muitos exibem também condutas um tanto homofóbicas.

Em 2017, um sociólogo da Universidade do Oregon, Tony Silva, dedicou-se a estudar este fenômeno, que ocorria geralmente entre homens brancos que viviam num meio rural, nos EUA. Silva, a quem entrevistei para um artigo, relacionava esta prática aos múltiplos fatores que afetam a identidade sexual, como a cultura, o contexto social, o lugar, o momento histórico e as interpretações pessoais. “De fato”, dizia este sociólogo, “as identidades sexuais, tal como as conhecemos hoje em dia (héteros, gays, lésbicas, bissexuais etc.), só foram classificadas entre meados e o final do século XIX, e a forma de entendê-las não é a mesma em todo o mundo. Mas não só isso: como se viu no estudo, pessoas com a mesma cultura podem ter práticas sexuais similares, mas interpretá-las de formas distintas, dependendo do conceito que tenham da sua própria sexualidade”.

Para Silva o termo bud sex poderia ser aplicado àquelas relações que seus participantes interpretam como ajudar um amigo (em que está ausente o fator romântico), entre homens brancos e heterossexuais, ou secretamente bissexuais. São encontros secretos, sem consequências e sem associação nenhuma a ideias como feminilidade ou homossexualidade.

Nesta evolução da conduta sexual, alguns homens cogitam agora explorar, na própria carne, o prazer que o sexo anal pode lhes proporcionar com suas parceiras. “Mas fazem isso muito timidamente e procurando sempre uma permissão profissional ou social”, observa Raúl González Castellanos, sexólogo, psicopedagogo e codiretor do Ars Amandi, centro de terapias sexológicas e psicológicas em Madri.

“O beijo negro ou anilingus [estimulação oral do ânus], praticado por sua parceira, é algo mais fácil de aceitar para um hétero, mas o fato de ser penetrado já é outro assunto”, diz González Castellanos. Serena, massagista erótica que trabalha em Madri e se anuncia na Internet, reconhece que muitos homens lhe pedem o extra do pegging (penetração anal com um dildo e um arnês). “São heterossexuais, mas querem provar esta prática ou já a provaram e acham muito excitante. Entretanto, não se atrevem a pedir às suas mulheres ou parceiras, por medo da sua reação”, conta Serena.

Anos atrás, guardei um recorte do EL PAÍS sobre um espetáculo — um monólogo que a atriz Isabelle Stoffel apresentou na capital espanhola e no Festival do Edimburgo, lá por 2013. A obra se chamava A Rendição, falava de sexo anal, e Stoffel argumentava teorias como estas: “No cu, a verdade sempre vem à luz. Um pau num cu é como a agulha de um detector de mentiras. O cu não mente: se ele mente, dói em você”. Ou esta outra: “Na sodomia, confiança é tudo. Se você resistir, podem te machucar de verdade. Com esta prática aprendi muito, mas sobretudo aprendi a me render”.

O ponto G masculino

“A zona localizada entre os testículos e o ânus (incluindo também este) é uma zona muito sensível”, diz Marta Jesús Camuñas, sexóloga e psicóloga da Amaltea, centro de educação e medicina sexual em Zaragoza. Aí fica o períneo e muitos localizam o ponto G masculino, no interior do reto, a 4 ou 6 centímetros de profundidade. “É uma zona em contato com a próstata, que alguns homens relacionam com uma sensação muito prazerosa. Embora, como ocorre no sexo, o prazer dependa de muitos fatores, além do fisiológico. Há a situação e a companhia, que influenciam poderosamente no desejo”, afirma a especialista.

Os benefícios da massagem prostática é outro dos argumentos que os curiosos ou os amantes desta prática esgrimem. “Qualquer parte do corpo que receba uma estimulação correta será beneficiada”, comenta González Castellanos, “mas ainda se sabe pouco a respeito, embora já tenha ficado demonstrado que a ejaculação frequente não é boa apenas para a espermatogênese [produção de espermatozoides], mas também para adiar os problemas de próstata, apesar de antigamente dizerem que estes transtornos eram o castigo divino aos homens promíscuos. Levar a zona anal em conta também pode ser uma opção sexual a mais para homens que, por determinadas circunstâncias, não tenham ereções”, conclui o sexólogo.

Para os que estiverem dispostos a explorar a porta de trás, sem medo das etiquetas ou preconceitos, González aconselha que “seja algo combinado entre as partes e que haja um mínimo ingrediente de curiosidade e desejo. É preciso também reforçar a higiene e ir muito devagar, já que a musculatura do esfíncter anal é concêntrica e será preciso dilatá-la pouco a pouco”. As lojas de brinquedos eróticos já dispõem de pequenos dildos e de lubrificantes especialmente desenvolvidos para essa área delicada. A zona da verdade, como a chamava Stoffel.

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Como funciona adoção por casais homoafetivos no Brasil
   19 de março de 2021   │     10:17  │  0

Uma pergunta que muitos ficam em dúvida é: no Brasil, um casal do mesmo sexo pode adotar uma criança?

A resposta para esta dúvida é: sim, é possível e permitido por lei. Afinal, desde Março de 2015, a adoção para casais homoafetivos é reconhecida em nosso país. A chamada Adoção Homoparental foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal – STF – em decisão fixa o seguinte entendimento “o conceito de família NÃO pode ser restringido a casais heterosexuais“.

E como funciona o processo de adoção?

Resumidamente, o processo para adoção por casais homoafetivos é a mesma de casais heterosexuais envolvendo apresentação de documentos, entrevistas com psicólogos e assistentes sociais, visitas a abrigos até a aprovação final de um juiz.

Mas, vamos detalhar o passo a passo de todo o processo.

O primeiro passo para iniciar o processo e se habilitar a uma adoção é o casal visitar a Vara da Família, Infância e Juventude mais próximo de sua residência/cidade. Lá, eles receberão uma lista com todos os documentos necessários para a habilitação.

Uma das principais exigências para conseguir uma habilitação é que o casal homoafetivo apresente documentos como atestado de antecedentes criminais, relatório de saúde física e mental, e algumas fotos da residência onde a criança adotada morará.

* Importante ressaltar que quando um CASAL faz o pedido de habilitação, os mesmos deverão comprovar o vínculo afetivo.

Apresentado a documentação, o pedido começará a ser analisado pela Vara da Família. Neste momento, começará a segunda etapa do processo: as entrevistas.

Psicólogos e assistentes sociais irão entrevistas os candidatos para entender o perfil da criança que eles pretendem adotar. No Brasil, o perfil mais procurado é de crianças de zero e dois anos de idade, da raça branca e do sexo feminino.

Casais que não possuem exigências terão mais chances de encontrar um filho, e caso ainda aceitam adotar irmãos terá prioridades.

Se o casal for habilitado, eles entrarão na fila dos candidatos a paternidade. Essa lista é definida por ordem de chegada. O fórum irá avisar o casal quando uma criança ou adolescente for encontrada e compatível com o perfil desejado pelos parceiros, sendo que o primeiro contato, geralmente, é feito no abrigo onde a criança vive, e será lá onde passaram um período se conhecendo.

Havendo uma compatibilidade entre os candidatos e o possível candidato, a criança/adolescente será levado a casa do casal, provisoriamente, num período de avaliação e adaptação. É após essa etapa que o juiz dará início ao processo de análise para definir a decisão.

Caso o casal necessitar de ajudas externas, existem ONGs responsáveis por ajudar durante todo o processo de adoção, oferecendo todo apoio por meio de orientação social, psicológica e jurídica.

O tempo para adoção definitiva varia muito, desde as exigências à compatibilidade do casal-criança/adolescente.

Regras principais:  Ter 18 anos de idade, independentemente do estado civil; manter uma diferença etária mínima de 16 anos com o futuro adotado; não ser irmão nem ascendente do adotado; se o casal deseja adotar, eles devem ser casados ou viver em união estável devidamente comprovada, independentemente do gênero.

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