Universidade Federal de Pernambuco lança Política de Acolhimento LGBT
   16 de maio de 2016   │     10:27  │  0

O programa espera que  a política sirva de modelo para outras universidades

O programa espera que a política sirva de modelo para outras universidades

A Universidade Federal de Pernambuco passa a contar, de forma pioneira entre as instituições de ensino superior brasileiras, de uma série de ações voltadas para sua população de LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros. O documento foi lançado durante evento realizado na tarde dessa segunda-feira (11) na Biblioteca Central da UFPE. “Essa é uma política que vai ter uma inserção direta na vida da comunidade LGBT da Universidade Federal de Pernambuco. E é importante dizer que ela é para os alunos e alunas, para os docentes e técnicos e técnicas. A gente espera que ela sirva de modelo para outras universidades”, afirmou a professora Luciana Vieira, do Departamento de Psicologia.

A Política LGBT da UFPE tem o objetivo de favorecer o acolhimento, a inserção e a permanência dessa comunidade na Universidade. A partir dela, vão ser promovidas ações afirmativas objetivando minimizar os efeitos das desigualdades sociais e regionais, reduzir as taxas de retenção e evasão escolar das pessoas travestis, transexuais, transgêneros e intersexuais, e também promover a inclusão social pela educação. “A universidade, como uma instituição pública pertencente à sociedade, forma pessoas com uma visão ética, uma visão de cidadania, e que possam reagir a quaisquer tipos de violência ou de assédio às opções de gênero a que qualquer um tem naturalmente direito”, disse o reitor Anísio Brasileiro durante o evento de lançamento. “Essas são políticas concretas voltadas para o acolhimento e a diversidade das opções de gênero de todos e de todas”, completou o reitor.

O documento prevê ainda a promoção de ações protetivas direcionadas à saúde dessa população e voltadas à pesquisa LGBT. “Isso é uma ação importante da instituição no sentido de acolhimento a uma população que é cultural e historicamente marginalizada. Ela se insere em um contexto mais amplo de uma política federal de acolhimento e afirmação da população LGBT que tem dimensões preventivas, na área de proteção dessas pessoas e de acolhimento também. É de fundamental importância que a gente tenha, dentro da Universidade Federal de Pernambuco, uma política de acolhimento à população trans”, disse o diretor de Informações da Pró-Reitoria de Comunicação, Informação e Tecnologia da Informação (Procit), Rômulo Pinto, que citou ações como a portaria que permite à população trans utilizar o nome social em todos os documentos institucionais, já em vigor, bem como a campanha de sensibilização da comunidade universitária, que vai estar presente em cartilhas, banners e em inserções na TV Universitária, entre outros espaços.

A estudante Maria Clara Araújo elogiou a política LGTB da UFPE

O evento contou ainda com o debate “Políticas de Educação para as Pessoas LGBT: Pensando Acesso e Permanência”, que teve entre seus participantes a ativista e aluna do Curso de Pedagogia da Universidade Maria Clara Araújo. “Toda política que venha transformar essa universidade em um lugar seguro para as pessoas LGBT como um todo é muito importante, porque a gente vê a universidade sendo do povo, para o povo. E a universidade popular é um caminho que nós devemos trilhar”, disse. “Eu fico muito feliz por estar sendo implantada toda uma estrutura para amparar esse público, que precisa de um olhar específico para suas demandas”, completou Maria Clara Araújo.

O lançamento da Política LGBT da Universidade Federal de Pernambuco teve ainda a participação do promotor do Ministério Público de Pernambuco Maxwell Vignole “Nós precisamos não só do anteparo da academia, mas dessa luz, dessa informação que a parte científica e técnica pode nos dar para que nós, técnicos e aplicadores do direito, possamos conseguir, efetivamente, uma mudança.”

Promotor Maxwell Vignole faz palestra na abertura do eventoA iniciativa faz parte das ações que estão sendo promovidas na Semana do Amor Igual, evento organizado pela UFPE, Ministério Público de Pernambuco, Movimento Mães pela Igualdade, Humanitas-Unicap e Instituto José Ricardo. A ação segue até o próximo dia 18 com audiências públicas, rodas de diálogos, exibição de curtas-metragens em diversas comunidades da Região Metropolitana do Recife, apresentações artísticas e outras ações voltadas a enfrentar a lesbo-homo-transfobia.

Ações da Política LGBT da UFPE

1. Ações afirmativas
Projeto “Vai ter trans na UFPE, sim!”
Minimizar os efeitos das desigualdades sociais e regionais; reduzir as taxas de retenção e evasão escolar das pessoas trans; promover a inclusão social pela educação; e garantir a prioridade no acesso à bolsa de manutenção dessa população.
Projeto “No mundo do trabalho cabem todas as cores”
Criar parcerias com instituições públicas e privadas para inserção dos (as) alunos (as) LGBT no mundo do trabalho.
Elaboração do programa “Na UFPE ninguém precisa ficar no armário”
Programa de TV que será realizado por docentes e alunos (as) LGBT na grade da TVU.
Criação da “Diretoria de Assuntos LGBT”
Instância ligada ao Gabinete do Reitor que será responsável pela execução da Política LGBT da UFPE.

2. Ações preventivas
Lançamento da campanha de sensibilização da comunidade da UFPE em relação ao uso do nome social e ao uso do banheiro pelas pessoas trans.
Campanhas de afirmação dos diretos LGBT.
Exposições itinerantes e cinedebates voltados à temática LGBT.
Cursos de capacitação dos(as) servidores(as) em relação à temática LGBT.

3. Ações protetivas
Elaborar um regimento ético que preveja punições para lesbo-homo-bi-transfobia na UFPE.
Criar um aplicativo para mapear e denunciar estas práticas na UFPE.
Criar a ouvidoria da diversidade.

4. Ações direcionadas à saúde da população LGBT
Ampliar o quadro de funcionários (as) e construir um novo local para o “Espaço de acolhimento e cuidado para pessoas trans do HC-UFPE”.
Criar a linha de cuidado LGBT no SPA (Serviço de Psicologia Aplicada).

5. Ações voltadas para pesquisa LGBT
Produzir uma linha editorial LGBT.
Elaborar editais de fomento a pesquisa relacionados à problemática LGBT.
Criar o prêmio “A diversidade na UFPE” para estimular e fortalecer as pesquisas sobre esta temática.
Realizar seminários e congressos voltados às temáticas LGBT

Fonte: ASCOM

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