“Alá não fala sobre homossexualidade no alcorão”, defende Ludovic Mohamed
   29 de janeiro de 2015   │     0:00  │  0

Ele é gay e muçulmano

Ele é gay e muçulmano

Ludovic Mohamed Zaged é gay e muçulmano. O jovem argelino fundou a Associação Homossexuais Mulçumanos da França e tenta desconstruir o islamismo pregado até hoje, com o objetivo de criar uma nova religião sem sexismo e sem homofobia.

Nascido na Argélia, país que foi colônia francesa até 1962, Ludovic se assumiu gay para a família ainda adolescente. Por incrível que pareça, foi aceito pelo pai, que disse já desconfiar a 15 anos e estar cansado de tentar mudá-lo.

Entretanto, não foi fácil para ele conviver com o islamismo, passou anos afastado da religião, tempo em que entrou em contato com outras crenças, como o budismo. “Eu estudei o alcorão na Argélia por 5 anos. Eu rezei, jejuei, fiz a peregrinação para Meca 5 vezes”, contou Ludovic em um programa do canal Memri TV.

Após anos de dúvida, ele chegou a conclusão que ser gay foi a maneira como Alá o criou e não uma doença. Casou-se com um sul-africano em uma cerimônia improvisada, em que os cônjuges recitaram o primeiro capítulo do alcorão e receberam as bênçãos dos pais e amigos.

No programa de TV, confrontado por um muçulmano tradicional, que não acreditava na felicidade de um casal gay, Ludovic defendeu que Alá não era contra os homossexuais. “Alá não fala sobre homossexualidade no alcorão. Muitas pessoas eram assassinos, ladrões, mentirosos, Alá fala sobre isso, não sobre praticar a homossexualidade”.

REAÇÃO CONSERVADORA

Ludovic disse que já chegou a receber ameaças, mas que não acha isso o principal problema, ao ponto de não andar com segurança especial. Para ele o grande problema do mundo árabe é “a utilização do islamismo contra os islâmicos e os outros, essa é a real abominação”, diz.

De acordo com uma reportagem da BBC, a França é o segundo país com mais árabes na Europa, depois da Rússia. A criação de uma mesquita ou casa de oração no país, que aceite diversidade sexual, representa uma ofensa às autoridades muçulmanas mais conservadoras.

O porta-voz da Grande Mesquita de Paris, a terceira maior do cotinente, deixou claro que a homossexualidade é proibida pelo livro sagrado. O Imã de Londres Ajmal Masroor também se pronunciou em relação ao “islamismo gay”. Ele defende que qualquer relação fora do casamento entre homem e mulher é pecado, para sunitas e xiitas.

Com informações: BBC Europe e da Memri TV

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