O palhaço que me representa !
   17 de outubro de 2014   │     8:23  │  0

Artigo
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Por: Keila Simpson – Coordenadora-Executiva do Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT – Bahia, Vice-Presidenta da ABGLT – Secretaria de Comunicação e Assuntos Internacionais da ANTRA 
Estamos numa disputa eleitoral muito séria e importante para a nação brasileira. Nunca vi tanta gente engajada em aprovar o seu projeto politico e para isso não medir esforços em  apresentar o seu candidato da forma que acham que devem apresentar e defender. Considero tudo isso válido, estamos numa democracia e devemos continuar fortalecendo ela para que não acabe.
A pauta LGBT tomou conta dessa eleição no primeiro turno. Nunca se discutiu ou se debateu tanto os direitos da nossa população como agora, embora a porta de entrada quase sempre tenha sido da forma mais preconceituosa possível como vimos em um dos debates ao vivo na TV.
Para nossa sorte tivemos candidatas e candidatos que trouxeram e reverberaram esse tema para o centro da campanha. Estivemos na fala até para quem olhava atravessado para essa questão. Mostramos que o ódio explícito a nossa comunidade saiu do armário e que isso é um risco a todas as brasileiras e brasileiro. Foi positivo também notar que a forma que defendemos e pautamos as nossas bandeiras dentro do movimento organizado, estavam lá nítidas e explicitas, por candidaturas leais e aliadas.
Nós que lutamos todos os dias por melhores condições de vida para um coletivo plural e diverso como a população LGBT, estamos atuando fortemente para convencer a todas as pessoas da importância deste momento para nossa democracia. Não hesitaremos jamais em reagir quando o retrocesso e o ódio mostrarem a sua cara mais perversa.
Chegamos a reta final dessa campanha eleitoral que só termina de verdade dia 26 de outubro com a reeleição da nossa presidenta Dilma Rousseff. Eu não me incluo ou me incluiria na mobilização feita por aquelas pessoas que foram cunhadas como cúmplices pelos assassinatos de homossexuais no Brasil pelos seus discursos de ódio contra nós e outras populações estigmatizadas. Tenho a certeza e a consciência de que lutei e seguirei lutando no bom combate e com a boa gente. Estive e estou nas mesmas fileiras que compõe os que pensam, sentem e lutam como eu, pelo enfrentamento às forças do atraso neoliberal, do ódio conservador, e da violência contra todas as pessoas.
Foi importante para mim poder ver a reação pública das pessoas depois das excrescências ditas por um candidato dos mais retrógrados possíveis que me atrevo a chamá-lo de “seu coisinho” plagiando esse termo de um grande amigo meu. O seu coisinho caiu na boca do povo da forma mais catastrófica e caricata possível graças à internet e as redes sociais. Por outro lado é claro, teve adeptos, mas numa proporção bem menor do que o esperado pelo próprio.
Neste momento, confesso, causou-me surpresa e uma surpresa boa, a reação de um PALHAÇO, e sim, vou escrever com letras maiúsculas mesmo, pois para mim foi dessa forma que o Deputado Tiririca reagiu aos ataques do seu coisinho. E o fez de uma forma simples, mas não simplória, pois dentro do seu discurso, feito da sua forma e ainda um tanto quanto distante do nosso discurso politico é verdade, a reação dele foi positiva e me representou.
Li muitas reações negativas a sua reeleição em São Paulo. Eu prefiro acreditar e achar que é muito melhor ter aliados do que descartar pessoas que com nossa ajuda e parceria poderiam se tornar bem interessantes e aliados no cenário politico atual ajudando a avançar e mudar muito mais as condições de nossa cidadania e direito. Acredito que temos um cenário triste desenhado no parlamento brasileiro. Como disse um amigo meu, só vamos vencer a perversa violência homo-lesbo-transfóbica cotidiana a qual estamos todas, cidadãs e cidadãos, condenadas hoje a viver encantando quem nunca foi favorável a nós e remontando a frente política de nossos aliados. Ocupar, resistir e produzir novas condições a política LGBT. Deputado Tiririca, chega mais!

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