Monthly Archives: setembro 2013

Projeto aprofunda a questão da pluralidade no sexo.
   10 de setembro de 2013   │     0:00  │  2

Casa Flexões, que aconteceu durante a exposição fotográfica de André, na Livraria Cultura, em São Paulo, em junho de 2013

Homem com mulher pode ser uma das formas ricas que o sexo pode nos proporcionar, mas não a única como muitos latem por aí. Também tem homem com homem e mulher com mulher, mas terminar as denominações por aí é empobrecer a riqueza plural do sexo, seus desejos e sua ação libertária. Foi pensando nisto que surgiu o projeto “Flexões”, de André Medeiros Martins.

 

Ele tem formação em teatro, e a fotografia – um dos veículos centrais de seu trabalho , mas não o único – para registrar o gozar da liberdade plural das sexualidades, não é sua especialidade. André disse que não se considera fotógrafo, apenas a foto é um dos veículos que o ajudam a tentar decifrar as múltiplas facetas do desejo sexual.

 

Foi pela experiência teatral que conseguiu seus primeiros modelos (amigos atores), e foi pela teatralidade que tentou iniciar sua investigação das sexualidades e desejos. As fotos acabaram, junto com textos, compondo o livro “Flexões: Um Estudo Sobre a Sexualidade Plural”, lançado este ano. A publicação tem este ar performático, com máscaras e objetos compondo o quadro. Ele revela como encaramos também o sexo não como algo nosso, mas algo externo a nós, um outro, um estranho.

 

O livro traz ainda em sua diagramação um caos próprio da sexualidade, mas tenta dar um norte ao leitor sendo ordenado em três tópicos: tempo (com textos de “notáveis”), modo (com a transcrição dos debates promovidos em diversos locais como centros de cultura e de psicanálise) e sujeito (com pessoas anônimas escrevendo sobre as fotos que foram expostas em diversos ponto da cidadede São Paulo). Esta ordenação, que justamente acaba no sujeito, mais do que guiar o livro, deu as setas dos próximos passos que André deveria seguir para aprofundar sua pesquisa sobre o plural na sexualidade.

 

Seu trabalho depois do livro se tornou mais íntimo, menos alegórico. E para criar esta intimidade, ele mesmo começou de uma forma ou outra a participar e se colocar nas fotos, revelando o quanto de sexual também existe no ato de retratar o outro, de tentar penetrar na alma do retratado. Não era mais uma alegoria (ou a alegoria de um desejo de ser fotografado de certa forma com tais objetos), agora estava se descortinando o indivíduo, o sujeito em sua essência (sexual?).

 

Ao colocar-se na foto, além de revelar o lado sexual do trabalho fotográfico e também a intimidade do sujeito, André também retira a distância entre o fotografado e o fotografo, torna-se um só, como são as melhores relações sexuais.

Um outro passo importante foi quando, ao expor as fotos do livro, André resolveu não fazer apenas uma exposição fotográfica e resolveu trazer objetos de sua casa para a mostra. O teatro e a performance estão de volta, mas em outra chave, agora não só mais íntima, como também pessoal. Não é a teatralidade que está em jogo, mas o ator (André) que usa a teatralidade para entender certas questões gerais e também suas, pessoais.

 

Ao dormir de conchinha em uma tarde na exposição com um amigo, ele mais do que evidenciar intimidade, está trazendo um elemento importante para o seu trabalho (não que não estivesse presente) agora de forma explícita: a afetividade.

 

Hoje, sexo, afetividade e intimidade aparecem como coisas totalmente distintas e desassociadas, quando estão muito mais próximas do que pensamos. Apesar dos três (sexo, afetividade, intimidade), na cultura contemporânea, serem registrados como objetivos fora de nós que precisam ser alcançados por todos, eles sempre estiveram dentro de nós.

André entra agora, nesta fase do projeto, em terreno muito mais perigoso e inquietante. Talvez esteja aí a razão do porquê, depois de três anos, suas páginas no Facebook terem sido apagadas pelos administradores da rede. Questão de pele em mundo virtual!

Fundamentalismo religioso, saúde e ciência
   9 de setembro de 2013   │     0:00  │  1

 Artigo
Por: Felipe Bruno Martins Fernandes é doutor em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina, com estágio doutoral no Center for Lesbian and Gay Studies (CLAGS) da City University of New York (CUNY) onde, como integrante do Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades (NIGS), defendeu tese sobre as políticas educacionais implementadas nas duas gestões do governo Lula através do programa federal Brasil Sem Homofobia. É mestre em Educação pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande onde, como integrante do Grupo de Estudos Sexualidade e Escola (GESE), defendeu dissertação sobre a construção da identidade ativista gay no Brasil  e membro-fundador do CELLOS/MG
A transformação do apoio governamental às organizações da sociedade civil nos anos 1990 aos dias de hoje tem relação direta com as temáticas que o CELLOS/MG me convida a articular como forma de estímulo à reflexão pré-parada: o fundamentalismo religioso, a saúde e a ciência. Deixarei o fundamentalismo religioso para outro momento, mais ao final do texto, quando analisarmos o período atual e os impactos dessa conjuntura em nossas produções ativistas e acadêmicas e, mais importante, em nossas vidas como lésbicas, gays e pessoas trans.
O movimento LGBTTT[1] brasileiro emerge no final dos anos 1970 sob um governo de ditadura militar. Como já escutei dizer James Green, historiador e um dos parceiros do CELLOS/MG, possivelmente em um governo democrático o movimento teria emergido um pouco antes. Entretanto, naquele momento, sujeitos e sujeitas ligados/as às lutas políticas estavam em coalizão contra o autoritarismo. Era um momento de “afirmação” homossexual, categoria esta presente no nome do primeiro grupo fundado no Brasil, o Somos – Grupo de Afirmação Homossexual. Boa parte dos dirigentes desse grupo tinham experiência em países onde homossexuais e trans já se organizavam politicamente e a circulação de idéias desses contextos contribuiu para a emergência de um movimento LGBTTT marcado pelos ideais de transformação social e em coalizão com outras lutas políticas, sejam elas lutas econômicas, em união com partidos políticos ou correntes da esquerda, sejam elas lutas dos novos movimentos sociais como os movimentos feminista, ambientalista, negro e outros. Desta forma a emergência do movimento LGBTTT no Brasil é marcada por uma perspectiva libertária.
A chegada da Aids no início dos anos 1980 desequilibra e re-orienta as organizações. Hoje falamos em “respostas coletivas” como um conceito, entretanto, a construção das respostas coletivas à aids foram um processo de sofrimento para toda a comunidade LGBTTT – e ainda o é, por mais que evitemos, como comunidade, falar de aids nos dias de hoje. Entretanto, como vítimas de preconceito e discriminação e frequentando os mesmos espaços de sociabilidade e luta, a solidariedade grupal tornou possível com que a própria comunidade se organizasse e enfrentasse a epidemia que era, naquele tempo, associada quase exclusivamente aos homens gays e às pessoas trans MTF (male to female, em inglês), principalmente as travestis. Novamente a circulação internacional de pessoas LGBTTT, principalmente ativistas, teve papel central na construção dessas respostas. Mas dessa vez o Brasil, menos do que no período de emergência do movimento LGBTTT, não consumia as idéias dos países do centro, mas era protagonista na exportação de um modelo de enfrentamento da epidemia que foi, pelo menos nos anos 1990, o mais eficaz no mundo.
Nesse sentido as respostas coletivas em torno da aids estruturaram a colaboração entre o movimento LGBTTT e o Estado no Brasil dos anos 1990, portanto, uma colaboração com a área de governança da Saúde. Foi com o Ministério da Saúde, e particularmente com a Coordenação Nacional de DST/HIV/Aids, que o movimento teve sua relação mais próxima e intensa de colaboração. Desta forma, a homossexualidade, como um objeto de políticas públicas, durante os anos 1990, era um objeto de políticas de saúde. E foi como objeto de políticas de saúde e com a colaboração das idéias dos movimentos LGBTTT e de intelectuais da área que passou-se a entender a vulnerabilidade social da comunidade LGBTTT como um fator determinante nos índices de infecção da comunidade ao HIV. Foi assim que a homofobia passou a ter um lugar central nas políticas de saúde.
Com a eleição de Lula em 2002 a homossexualidade passou a ser objeto de políticas públicas não apenas na área da saúde (e Justiça – ou direitos humanos – como vimos no final do governo FHC), mas passou a ser tratada por muitas outras áreas de governança, como Educação, Cultura, Segurança Pública. Isso significa que, numa primeira gestão de Lula, ampliou-se como nunca vista a colaboração entre Estado (em diversas áreas de governança) e movimento LGBTTT. Entretanto, vimos na segunda gestão de Lula e na gestão de Dilma (ainda em andamento) retrocessos importantes nessa colaboração que começaram, ainda em 2007, por exemplo, com o fim dos processos de colaboração entre Ministério da Educação e organizações da sociedade civil tendo esse fim alcançado lugar de princípio do governo federal, que passou a defender menor participação da sociedade civil na implantação de políticas públicas.
Voltemos um pouco ao momento pós-eleição de Lula. Naquele momento a expertise do movimento LGBTTT ainda estava muito marcada pela construção de respostas coletivas à aids e o modelo brasileiro de resposta à epidemia, consumido internacionalmente (e em declínio naquele momento), ainda era uma força na equação da colaboração entre Estado e sociedade civil. Com base nessa expertise o movimento LGBTTT e o Estado ensaiaram a produção de um modelo nos moldes das respostas coletivas mas, dessa vez, ao invés de “combate a uma epidemia” focaram no “combate às violências”. A homofobia como uma categoria de políticas públicas passou a organizar uma série de políticas em múltiplas áreas de governança. No início do “combate à homofobia” pelo governo federal de Lula víamos serem replicadas as mesmas táticas das respostas coletivas à aids. Entretanto, como sabemos, problemas diferentes exigem respostas diferentes e entraram em cena as universidades que passaram a “dirigir” as respostas contra a violência. Nesse deslocamento muito se ganhou e muito se perdeu. Uma das grandes perdas foi o apagamento da necessidade de continuidade de uma resposta à epidemia da aids como uma das prioridades do movimento LGBTTT.
Se a segunda gestão de Lula e o governo Dilma representam retrocessos em relação às agendas políticas do movimento LGBTTT isso se deve a dois grandes fatores. De um lado a ausência de desejo político da gestão atual em lidar com a homossexualidade e questões trans. De outro lado o fortalecimento do fundamentalismo religioso e de uma vertente de extrema direita (homofóbica e fascista) na cena pública brasileira. Nesse sentido vemos todos os dias as tentativas de criminalização dos movimentos LGBTTT em que as categorias “ativistas gays” ou simplesmente “ativistas” são usadas de forma depreciatória e buscando relacionar os sujeitos ativistas LGBTTT a meros “propagandistas da homossexualidade”, “destruidores da família” e outras acusações absurdas quando, de fato, o que se vê é a crescente desumanização de integrantes da comunidade LGBTTTT.
É necessário mencionar que mesmo na comunidade LGBTTT há uma divisão  que antes era mais difusa, se pensarmos nos tempos da afirmação homossexual. Hoje vemos alguns poucos membros da comunidade LGBTTT que se sentam com a presidenta, em conselhos, com reitores e reitoras, ou seja “representam a comunidade” política e intelectualmente, ao passo em que, em todas as cidades brasileiras parcelas enormes de nossa comunidade continuam às margens vítimas de violência, exclusão, discriminação, desempregadas, com falta de escolarização e sem projetos dignos de vida.
Por isso, concluo esse pequeno texto dizendo que o fundamentalismo religioso tem um impacto negativo enorme em nossa comunidade. Mas também devemos compreender que somos nós mesmos, pessoas LGBTTT, que nos anos 1980 nos solidarizamos uns/umas com as/os outros/outras que estamos perdendo nossa perspectiva comunitária. O esquecimento da aids como uma pauta prioritária do movimento é um dos maiores abismos criados pela agenda de direitos LGBTTT e, ao mesmo tempo, são nossas idéias, o nosso saber ativista e intelectual, nossa teoria na carne como diriam as feministas negras norte-americanas, que deve informar nossa ação política.

Alagoas é classificada mais uma vez como o estado mais violento para a população LGBT
   8 de setembro de 2013   │     16:42  │  2

Alagoas registra 5,6 % dos homicídios de homossexuais por grupo de 1 milhão de habitantes em todo o país- Jonathas Silva, 20 anos, morava na cidade de Marechal Deodoro – litoral sul do estado de Alagoas. Silva teve seu rosto esfacelado por seu algoz a golpes de pedradas. A vítima ainda foi socorrida com vinda, mas infelizmente faleceu a caminho do hospital.

De acordo com o estudo, São Paulo registrou o maior número absoluto de assassinatos de homossexuais, com 45 casos, seguido de Pernambuco, com 33, e Bahia, com 29. O levantamento, porém, aponta Alagoas como o Estado mais perigoso para integrantes do grupo LGBT, com 5,6 homicídios de homossexuais por grupo de 1 milhão de habitantes (10 casos no total), seguido por Paraíba, com 4,9 assassinatos por milhão de habitantes (19 casos) e Piauí, com 4,7 mortes por milhão de habitantes (15 casos). O Nordeste concentrou 45% dos homicídios.

 

Para o presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, a falta de educação sexual no País e a impunidade são os principais combustíveis para o avanço dos crimes contra homossexuais. “A homofobia precisa ser severamente punida pela polícia e pela Justiça”, acredita. “A certeza da impunidade e o estereótipo do gay como fraco, indefeso, estimulam a ação dos assassinos.” De acordo com o levantamento, em apenas 89 casos, dos 338, o autor do homicídio foi identificado – e apenas 24 deles foram presos.

 

Lucas Fortuna, em foto de site de relacionamento: encontrado morto em praia de Cabo de Santo Agostinho

Entre os casos destacados pelo GGB, estão o assassinato do jornalista e ativista LGBT goiano Lucas Cardoso Fortuna, de 28 anos, morto por espancamento em novembro por dois assaltantes em uma praia da região metropolitana de Recife, e o homicídio de José Leonardo da Silva, de 22 anos, morto a pedradas na saída de uma festa em Camaçari (BA), em junho . Ele foi confundido com um gay por estar abraçado ao irmão gêmeo, que também ficou ferido no ataque. Nos dois casos, porém, os agressores foram presos.

Familiares encontram corpo de jovem homossexual desaparecido desde o ultimo domingo
   6 de setembro de 2013   │     0:28  │  15

Jonathas Silva tinha 20 anos e teve seu rosto totalmente desfigurado a pedrada

No final  tarde de quarta-feira 04/09, os familiares de Jonathas Silva “20 anos”, reconheceram o corpo do jovem no IML – Instituto Médico Legal. A vítima residia na praia do Francês, litoral sul de Alagoas e estava desaparecido desde o dia 01/09.

Amigos da vitima informaram ao GGAL que no ultimo domingo, o SAMU foi acionado para prestar socorro a um jovem encontrado muito machucado, mas ainda com vida na praia, mas devido à desfiguração do rosto, que segundo informações teria sido causada  por golpe de pedras, conhecidos que estiveram no local, acabaram não reconhecendo e nem se ligando que se tratava de Silva.

Infelizmente a vitima morreu a caminho do HGE. Jonathas era homossexual assumido e segundo informações de amigos, não era usuário de drogas e não possuía passagem pela policia, mas já se há uma linha de investigação, que o delegado responsável pelo caso preferiu não revelar, para não atrapalhar na elucidação do caso.

Foi informado também, que além do rosto desfigurado, a vitima tinha vários hematomas por todo o corpo, como se antes de ser agredido a pedrada, tivesse lutado com o seu (s) algoz (es). Infelizmente Jonathas Silva, entrará para a triste lista sangrenta do Grupo Gay de Alagoas, que este ano já totaliza 10 assassinatos e mais de 30 denuncias de agressões físicas e morais em todo o estado.

Familiares encontram corpo de jovem homossexual desaparecido desde o ultimo domingo
     │     0:28  │  15

Jonathas Silva tinha 20 anos e teve seu rosto totalmente desfigurado a pedrada

No final  tarde de quarta-feira 04/09, os familiares de Jonathas Silva “20 anos”, reconheceram o corpo do jovem no IML – Instituto Médico Legal. A vítima residia na praia do Francês, litoral sul de Alagoas e estava desaparecido desde o dia 01/09.

Amigos da vitima informaram ao GGAL que no ultimo domingo, o SAMU foi acionado para prestar socorro a um jovem encontrado muito machucado, mas ainda com vida na praia, mas devido à desfiguração do rosto, que segundo informações teria sido causada  por golpe de pedras, conhecidos que estiveram no local, acabaram não reconhecendo e nem se ligando que se tratava de Silva.

Infelizmente a vitima morreu a caminho do HGE. Jonathas era homossexual assumido e segundo informações de amigos, não era usuário de drogas e não possuía passagem pela policia, mas já se há uma linha de investigação, que o delegado responsável pelo caso preferiu não revelar, para não atrapalhar na elucidação do caso.

Foi informado também, que além do rosto desfigurado, a vitima tinha vários hematomas por todo o corpo, como se antes de ser agredido a pedrada, tivesse lutado com o seu (s) algoz (es). Infelizmente Jonathas Silva, entrará para a triste lista sangrenta do Grupo Gay de Alagoas, que este ano já totaliza 10 assassinatos e mais de 30 denuncias de agressões físicas e morais em todo o estado.