Depois da intensa cobertura nacional e internacional da vinda do Papa Francisco ao Brasil, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus – a mais numerosa agremiação evangélica do Brasil – chamou de “covarde” a forma como o pontífice se referiu aos homossexuais no voo de volta ao Vaticano, após a Jornada Mundial da Juventude. Disse o papa, na ocasião: “se uma pessoa é homossexual e procura Deus e a boa vontade divina, quem sou eu para julgá-la?”.
Malafaia, em texto publicado no site Verdade Gospel nesta terça-feira, disse que o religioso cedeu ao lobbygay. “Faltou ao Papa a firmeza de dizer que a prática homossexual é pecado. Uma maneira subjetiva e covarde de não assumir uma posição firme que a Bíblia não negocia”, escreveu o pastor. “Depois a Igreja Católica reclama que está perdendo gente para a igreja evangélica. Falta-lhe condenar o pecado”, afirmou ainda.
As declarações do papa foram extremamente bem recebidas por alguns grupos de defesa dos direitos homossexuais que, embora não tenham visto mudanças nas posições oficiais do catolicismo, elogiaram a abertura ao diálogo.
Para o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Carlos Magno Fonseca, disse que “Quando o Papa fala sobre integrar nossa comunidade, isso é muito importante. É um comportamento melhor do que o de pastores evangélicos”, aponta. Na opinião do presidente, o posicionamento vindo de um líder da Igreja Católica é surpreendente”.
Já Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia e uma das lideranças mais antiga do Brasil, as palavras do Papa não muda e nem mudará o estrago, que para ele incalculável na vida de gays, lésbicas, travestis, negros, mulheres entre outros grupos marginalizados e massacrados pela igreja, desde a época da inquisição. Mott também rebate a fala de Silas Malafaia dizendo. “”Vamos continuar lendo a palavra da Bíblia, pregando a palavra, distribuindo a palavra de Deus ao povo brasileiro. É exatamente o que está faltando à Igreja Católica e evangélica, que ao invés de doar, vende a mesma ao seus fieis “.
O alcance das palavras do pontífice teve ainda outro efeito no Brasil: um padre excomungado pela Igreja Católica por declarações a favor dos homossexuais, em Bauru (SP), entrou na justiça para reverter a decisão de sua diocese.
Já o deputado federal Marco Feliciano, outro pastor evangélico cuja falas têm grande repercussão, pronunciou-se sobre a vinda do papa. Ele, porém, se mostrou de acordo com o conteúdo das declarações, mas não com a cobertura da imprensa. “Ao fazerem uma matéria com o tema que fizeram, a mídia é desonesta, dá-se a entender que o papa liberou o que a bíblia proibiu”, disse Feliciano.