A renúncia do Papa Bento XVI e os Direitos Humanos: onde estamos e para onde iremos ?
   14 de fevereiro de 2013   │     15:40  │  1

Por: Luciano Freitas Filho – Assessor Pedagógico da Secretaria de Educação de Pernambuco, formou-se e fez mestrado em educação na Universidade Federal de Pernambuco.

 

A notícia da renúncia do Papa Bento XVI, a ser   oficializada no próximo dia 28 de fevereiro, é de causar estranheza e nos pega   de surpresa em plena folia com o Rei Momo, com os Pierrots e as Colombinas.   Essa “saída de cena” intriga e provoca reflexões não somente nos católicos,   mas também em todas as pessoas ao redor. Sejam quais forem os reais motivos   que levaram o líder máximo da Igreja Católica a abdicar do Pontificado, essa   renúncia implica em novas possibilidades para as sociedades que, embora   laicas, se movem em torno dos preceitos e costumes do   Catolicismo.

 

Justiça seja feita, por mais que tenha certa antipatia   e discorde quase que plenamente dos valores difundidos nos discursos e   práticas do atual Papa, tiro meu chapéu e aplaudo sua atitude em deixar a   vaidade de lado e abdicar do poder. Abrir mão de poder é algo que é fácil no   discurso, mas difícil na prática para qualquer que seja a pessoa e sua classe   social. Reconhecer a hora de sair e abrir mão do poder tem um gosto amargo de   fel .

 

Por outro lado, mesmo o aplaudindo, considero essa   saída um alívio para a Diversidade e os Direitos Humanos, tendo em vista que o   Bento XVI é uma liderança polêmica, pouco simpática à emancipação da mulher,   ao ser e estar dos LGBT, do atuar firmemente na defesa da recuperação dos   países africanos ou no combate à exploração dos trabalhadores. Eis um líder   que se afasta bastante de uma evangelização progressista que prima pela   liberdade das pessoas de serem e estarem enquanto diferentes, do olhar para as   pessoas para além do julgar, mas primordialmente colaborar com elas na   perspectiva de seu bem-estar e uma vida no e para o amor. Não há como evitar   estabelecer um paralelo entre o referido líder e demais líderes Católicos, a   ver como exemplo o Papa João Paulo II, Dom Helder Câmara, entre outros. O   Bento XVI de longe é um evangelizador carismático como os supracitados,   líderes que entoaram o coro de um Catolicismo da libertação.

 

A notícia em questão nos traz certa esperança de que   aquele que estar por vir, o sucessor deste, traga aos Cristãos discursos que   provoquem reais mudanças sociais. Para além de cultos e discursos   “iluminados”, é preciso que o Vaticano mova seus fieis em prol das práticas   que agreguem, que consigam ir além do julgar o certo e o errado, o moral e o   imoral, porém que apontem uma ética que guie para a felicidade e o amor ao   próximo, como é recorrente nas práticas de muitos setores da própria Igreja   Católica, de muitos líderes e fieis cristãos. De nada adianta o Conclave   quebrar padrões ao eleger uma Papa negro, latino ou oriental, se as práticas e   os discursos do próximo eleito persistirem conservadoras, opressoras ou   estimulando preconceitos. Desse modo, mudaremos o corpo, mas o espírito de   longe será santo.

 

O que se espera dos Cardeais é o enxergar dos novos   caminhos e desafios apresentados pelo Século XXI para a evangelização , um   pregar que motive e desperte nas pessoas razões para crer na Palavra com uma   fé inabalável, uma fé que se materialize na prática e cotidiano dessas   pessoas. É preciso eleger um Papa que seja o porta-voz de propostas e caminhos   igualmente para aqueles Ateus ou não Católicos, para que esses passem a não   somente respeitar a Igreja Católica, mas também a concordar e simpatizar com   ela, colaborar, mesmo que de fora, cooperar com um discurso que garanta a   liberdade, a igualdade e uma real fraternidade.

COMENTÁRIOS
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  1. SERGIO RICARDO

    A sociedade GLBT, Diversidade e os Direitos Humanos não precisa de estar aliviada com a renuncia de Bento VI, pois o Vaticano é irrelevante a esses interesses. A pedra só começou a doer no sapato do Papa quando a Alemanha o acusou de pedofilia e simpatia ao nazismo em seu passado negro, motivo esse que possivelmente culminou em sua saída. O melhor lugar para se esconder gente ruim é Igreja, pois o cara fica acima de qualquer suspeita, refiro-me a igreja mal institucionalizada,pois no inicio do Cristianismo as reuniões eram nos lares e as sinagogas eram locais de aprendizado da Torá, uma vez que ainda não tínhamos o novo testamento. Ainda creio na Igreja como um corpo de Cristo em que os irmãos vivam em comunhão, uns com os outros.

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