CFP repúdia “homofobia, ódio, fundamentalismo, insanidade e fanatismo” dos fundamentalista
   2 de julho de 2012   │     1:00  │  0

Conselho Federal de Psicologia (CFP) enviou um manifesto de repúdio à audiência pública realizada nesta quinta-feira para tratar da proposta de um deputado que quer acabar com a aplicação de dois dispositivos acerca do atendimento psicológico a homossexuais. Pela sugestão, os psicólogos não só poderiam propor um tratamento para “cura” da homossexualidade, como poderiam se manifestar publicamente sobre suas posições em relação ao assunto. As informações são da Agência Câmara.

Confira direitos conquistados pelos homossexuais

O Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 234/11, do deputado João Campos (PSDB-GO), propõe a suspensão das orientações a profissionais que determinam: a não colaboração com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades; e o não pronunciamento ou participação de pronunciamentos públicos que reforcem preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais.

O presidente do conselho, Humberto Verona, foi convidado para o debate, promovido pela Comissão de Seguridade Social, mas não irá participar da audiência. Segundo o documento do CFP, a audiência é um “falso debate de cunho unilateral” por ter apenas uma pessoa contrária ao Projeto de Decreto Legislativo entre os cinco convidados. O conselho reclamou da ausência de entidades como o Ministério Público e o Conselho Nacional de Combate a Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

Segundo João Campos, as orientações do CFP “restringem o trabalho dos profissionais e o direito da pessoa de receber orientação profissional”. Na avaliação do deputado, com esta resolução o Conselho extrapolou o seu poder de regulamentar e usurpou competência do Poder Legislativo, “incorrendo em abuso de poder, com graves implicações no plano jurídico-constitucional”.

João Campos sustenta que o decreto legislativo constitui instrumento apropriado para promover a sustação, tendo em vista que o Conselho Federal de Psicologia é entidade vinculada ao Poder Executivo.

‘Homofobia’
Manifestantes criticaram a fala de Marisa Lobo com cartazes dizendo que a “cura” da homossexualidade é uma forma de perpetuar a homofobia. Marisa se defendeu dizendo que não possui preconceito algum contra gays e ressaltou que seu “cabeleireiro e dermatologista são homossexuais”.

A psicóloga afirmou também que pacientes com egodistonia, que é a não-aceitação de um indivíduo sobre sua orientação sexual e querer mudá-la, precisam ter o direito de se “curarem”, se assim for demandado.

O coordenador da Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT na Câmara, deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), afirmou que ficou “constrangido” com as explicações. “Orientação sexual e identidade de gênero são coisas que não confundem. Uma pessoa não pode se valer disso para querer curar uma pessoa por ser homossexual”, disse o parlamentar.

Para ele, a proposta da psicóloga só fortalece a egodistonia. “É óbvio que alguém homossexual vai ter egodistonia, mas por viver numa cultura homofóbica que rechaça e subalterniza sua homossexualidade. O certo seria colocar o ego em sintonia com seu desejo, é sair da vergonha para o orgulho”, afirmou Jean Wyllys.

A deputada Erika Kokay (PT-DF) também criticou a proposta e afirmou que autorizar a “cura” para casos de homossexualismo “constrange a cidadania e a pessoa humana”. Logo após suas falas, Jean Wyllys e Erika Kokay se retiraram do plenário em repúdio ao projeto do deputado João Campos (PSDB-GO).

O cúmulo do desequilíbrio e da prepotência do regime militar

Ao final da sessão, já esvaziada, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), crítico notório do movimento LGBT, xingou militantes gays, em protesto contra iniciativas do governo contra a homofobia, como o kit Escola Sem Homofobia, batizado por ele como “kit gay”, material que seria distribuído em escolas pelo Ministério da Educação, mas acabou vetado pela presidente Dilma Rousseff no ano passado.

“Canalhas! Canalhas! Emboscando crianças nas escolas! Canalhas mil vezes! (…) Não queiram estimular crianças, os filhos de vocês aqui, que ganham um salário mínimo, a receber uma carta de material homoafetivo nas escolas!”.

Bolsonaro afirmou que o que está em jogo com a proposta de decreto é a “esculhambação da família” e disse que Wyllis e Kokay, que já não estavam na sala, estariam militando “em causa própria”.

A verdadeira face de Bolsonaro

Em Março de 2011 Jarbas Passarinho, ex-ministro de diferentes pastas durante a ditadura militar, fez duras críticas ao deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). O parlamentar protagoniza, nesta semana, uma nova polêmica, motivada por declarações feitas a um programa de TV .  Passarinho afirma que Bolsonaro não tem apoio de todos os militares brasileiros, apenas de uma parte. Desafeto confesso, o ex-ministro diz que o deputado foi um “mau militar”.

“Nem todos os militares estão ligados a ele (Bolsonaro), mas como ele é o único que aparece falando”, disse Passarinho ao Terra Magazine. “Ele irrita muito os militares também, porque quando está em campanha, em vez de ele ir ao Clube Militar, como oficial, ele vai pernoitar no alojamento dos sargentos (risos)”, ironizou.

As declarações de Passarinho foram motivadas pela polêmica em que Bolsonaro se envolveu por declarações consideradas como racismo e homofobia. O deputado associou, na entrevista, a orientação sexual e a cor da pele à promiscuidade e à falta de educação.

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